Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 18 de abril de 2017

JN MASSACRA LULA, PASSA POR AÉCIO E ESQUECE TEMER

Diretas Já ou Brasil Nunca Mais



Diretas Já ou Brasil Nunca Mais




Marcelo Zero


O moralismo hipócrita e neoudenista, utilizado para tirar a presidenta honesta do poder, destruiu a democracia, a economia e a política do Brasil. O país está em frangalhos. E tende a piorar.

Os nossos moralistas de ocasião, que insuflaram paneleiros de classe média e procuradores messiânicos contra Dilma e o PT, com discurso raso e equivocado, agora se veem tragados pelo maelstrom das investigações "purificadoras".

Cometeram o mesmo erro de certos setores da classe política alemã, que acharam que Hitler podia ser útil no combate aos "comunistas". Mas, uma vez deflagrados, esses processos de histeria coletiva adquirem dinâmica própria, intensificando-se com a crise política e econômica. A caixa de Pandora do protofascismo moralizante, uma vez aberta, é muito difícil de ser fechada. Em pouco tempo, o Reichstag (o parlamento) já está pegando fogo e as instituições democráticas são reduzidas a cinzas.

No Brasil, com os últimos e sempre ilegais vazamentos da Lava Jato, o nosso Reichstag já está em chamas. Isso tem consequências sérias.

Com um presidente com 5% de popularidade, a tocar um ministério de acusados, e um parlamento reduzido a cinzas, o poder real no Brasil deslocou-se definitivamente do sistema de representação política para um consórcio formado pelo grande capital, especialmente o internacional e o financeiro, o poder judiciário, o ministério público e a mídia oligopolizada.

Obviamente, essa não era a intenção inicial do golpe e da Lava Jato. O objetivo era (e é ) afastar, de forma definitiva, o PT e a esquerda do poder. Entretanto, não houve como circunscrever as investigações apenas ao PT, como queriam. Com o tempo, começou a ficar muito clara a seletividade escancarada e desavergonhada da Lava Jato, que criminalizava o "caixa um", legal, do PT e tentava ignorar as propinas, depositadas em contas no exterior, do PMDB e do PSDB. Os vazamentos e os indiciamentos tinham de se generalizar, justamente para dar credibilidade à seletividade.

Na Alemanha, o sistema político foi destruído para que Hitler chegasse ao poder. No Brasil, o sistema político está sendo destruído para impedir que Lula volte ao poder. Vazamentos eventuais contra o PMDB, PSDB e DEM, apoiadores do golpe, são o dano colateral inevitável do maelstrom deflagrado contra o projeto progressista. Dano que poderá ser amainado nos misteriosos meandros da "justiça".

Contudo, o prejuízo geral e grave à política, à economia e à democracia já está feito.

Isso suscita a questão: como o golpe e sua restauração neoliberal vão continuar? Como tocar reformas tão impopulares, como a reforma da previdência e a trabalhista, sem voto, sem legitimidade e com um Executivo e Legislativo com altíssima rejeição? Acima de tudo, como o consórcio que concentra o poder real no país vai tirar o Brasil da pior crise da sua história com um governo sem nenhuma credibilidade e com o mais baixo índice de popularidade já registrado?

Há duas possibilidades: 1) continuar, aos trancos e barrancos, com a "solução" Temer até 2018, ou 2) dar o "golpe dentro do golpe" e eleger indiretamente um novo governo formado por figuras "ilibadas e técnicas".

Ora, nenhuma das duas tem a menor condição de funcionar. A primeira por motivos bastante óbvios. Ninguém aguenta mais a "solução" Temer, que virou um problemão para os próprios apoiadores do golpe e, sobretudo, para o país. O governo ilegítimo de Temer só prolonga e aprofunda a crise política e econômica. Mesmo que consiga aprovar as reformas impopulares e fazer o trabalho sujo para o consórcio golpista, não oferecerá saída viável para a crise. Falta-lhe um mínimo de credibilidade.

Já a solução 'técnica', que seria propiciada pelo "golpe dentro do golpe", esbarra numa contradição fundamental: nas condições atuais, ela significaria o enterro da classe política vigente e das suas lideranças colocadas sob suspeita, mas ela teria de ser votada por essa mesma classe. Com o PSDB atirado também no maelstrom, não sobraram atores políticos de relevo para o "golpe dentro do golpe".

Porém, mesmo que fosse promovida, tal "solução" teria exatamente a mesma probabilidade de funcionar que a "solução Temer", pois ela também não possuiria credibilidade e legitimidade.

O grande engodo do golpe não foi ter substituído a presidente honesta pela "turma da sangria". O grande engodo da Lava Jato partidarizada não foi ter levado a opinião pública a acreditar que o PT havia criado o "maior esquema de corrupção do Brasil".

O grande engodo do golpe e da Lava Jato foi o de mudar em cento e oitenta graus os rumos de todas as políticas do país (econômicas, sociais, externa, de educação, saúde, previdência, etc.) sem fazer disputa política aberta e democrática. A grande fraude do golpe e da Lava a Jato é política e democrática: roubaram da população o poder de decidir seu próprio destino.

Ou alguém aí votou para que se contribua meio século ininterruptamente para conseguir se aposentar com proventos integrais? Para que o trabalho precário e terceirizado, sem férias e outros direitos, se torne a norma no Brasil? Para vender o pré-sal e a Petrobras a preço de bananas podres? Para vender as terras do Brasil a estrangeiros? Para acabar com o Ciência sem Fronteiras e a Farmácia Popular? Para "desinvestir" em Saúde e Educação por 20 anos? Claro que não. Foi necessário um golpe para se fazer tudo isso.

Roubaram do povo, fonte do poder democrático, a capacidade de decidir. A partir daí, a criminalização de toda a classe política era apenas uma questão de tempo. Não há corrupção pior do essa. Não há corrupção pior que o roubo da soberania popular. O Brasil está sendo vendido e destruído sem um único voto.

O cerne da crise brasileira é político. O Brasil não sairá da mais grave crise de sua história sem política. Não há nada crível para ser colocado no lugar do sistema de representação, mesmo com todos os seus problemas. Banqueiros, donos de meios de comunicação, juízes e procuradores não têm voto. Uns têm dinheiro e outros têm fama e prestígio ocasionais. Nenhum tem legitimidade para governar, a não ser que se aposte numa nova forma de ditadura, com a substituição de militares por juízes e procuradores.

A política precisa reagir e sair do gueto moral em que foi jogada pelo golpismo e a Lava Jato messiânica e partidarizada.

Mas a classe política, por sua vez, não representará opção crível e legítima se não for renovada pelo crivo do voto.

Não serão delatores e corruptores à procura de absolvição e procuradores e juízes à procura de holofotes que vão passar o "país a limpo". A única coisa que passa um país democrático a limpo é o voto popular.

Portanto, a única saída para a classe política e para o Brasil são eleições diretas já. A urgência é necessária pela profundidade da crise e, sobretudo, para se evitar que país inteiro seja vendido e destruído pela agenda retrógrada do golpe.

A construção civil pesada e a engenharia nacional já se foram. O pré-sal, nosso passaporte para o futuro, e a Petrobras estão sendo vendidos a preços aviltados. Vêm aí a venda das terras a estrangeiros e a abertura do espaço aéreo para o capital internacional. Subsolo, solo e ar brasileiros serão leiloados. Prepara-se a privatização dos bancos públicos e, como disse o presidente ilegítimo, de "tudo o que for possível". São grandes negociatas que renderão muito dinheiro ao capital internacional e aos seus associados golpistas. Procuradores, acredita-se, não interferirão. Continuarão a perseguir Lula e seus pedalinhos.

No próximo mês, o Estado de Bem Estar, já duramente golpeado pela emenda constitucional do congelamento dos investimentos, será praticamente destruído pela reforma contra a aposentadoria e a reforma contra o trabalhador.

No ritmo em que a destruição do país vai, não haverá mais um Brasil em 2018.

Diretas Já ou Brasil nunca mais.

Cunha diz que Odebrecht agendou diretamente com Temer a reunião da propina; vice decidiu sobre pedido de impeachment

Cunha diz que Odebrecht agendou diretamente com Temer a reunião da propina; vice decidiu sobre pedido de impeachment





Em nota escrita do complexo penal onde está preso, em Curitiba, o ex-deputado Eduardo Cunha rebateu o teor de entrevista do presidente Michel Temer, no sábado (15), à TV Bandeirantes.
Na nota, Cunha questiona dois pontos principais: no primeiro, sustenta que o encontro de 2010 – em que delatores da Odebrecht dizem ter negociado propina para o PMDB em reunião de que ele e Temer participaram – foi “agendado diretamente com” o presidente.
No segundo, afirma que a decisão de abrir o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em dezembro de 2015, foi discutida com o então vice dois dias antes de oficializada.
O texto foi distribuído a interlocutores próximos.
Temer confirma a existência da reunião, realizada em seu escritório político em São Paulo, mas nega que nela tenham sido discutidos valores ou acertos escusos. Também negou, em entrevista à Band, no sábado, ter sido ele o responsável por agendar a reunião.
“[Em 2010], o Eduardo Cunha diz: ‘Há uma pessoa que quer colaborar, mas quer pegar na sua mão, quer cumprimentá-lo’. E ajustamos um dia em que eu estava em São Paulo. Eu até confesso que cheguei um pouco atrasado à reunião”, disse Temer.
Na nota, Cunha diz que “o presidente se equivocou nos detalhes”.
“A referida reunião não foi por mim marcada. O fato é que estava em São Paulo, juntamente com Henrique Alves e almoçamos os três juntos no restaurante Senzala, ao lado do escritório político dele, após outra reunião e fomos convidados a participar dessa reunião já agendada diretamente com ele.”
Cunha diz, no entanto, que na reunião “não se tratou de valor nem [se fez] referência a qualquer contrato daquela empresa”.
“A conversa girou sobre a possibilidade de possível doação e não corresponde a verdade o depoimento do executivo”, escreveu o peemedebista.
Os delatores da Odebrecht sustentam ter recebido, nesse encontro, a chancela de Temer para o pagamento de US$ 40 milhões em propina a integrantes do PMDB
IMPEACHMENT
Na mesma nota, Cunha afirma que sua decisão pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff foi previamente submetida ao então vice.
Segundo Cunha, o parecer foi “debatido e considerado por ele correto do ponto de vista jurídico”.
“O verdadeiro diálogo ocorrido sobre o impeachment com o então vice-presidente, às 14 horas da segunda-feira, 30 de novembro de 2015, na varanda do Palácio do Jaburu, 48 horas antes da aceitação da abertura do processo de impeachment foi submeter a ele o parecer que aceitava o impeachment”, escreve.
“O parecer, preparado por advogados de confiança mútua, foi debatido e considerado por ele correto do ponto de vista jurídico”, diz o deputado.
Na mesa entrevista à Band, no sábado, Temer havia dito que Cunha o procurara para dizer que, como o PT havia prometido votar a seu favor no processo de cassação que tramitava no Conselho de Ética, o então deputado decidira engavetar os pedidos.
Depois, no entanto, quando o PT anunciou posição favorável a sua cassação – seguiu Temer – Cunha voltou a procurá-lo para dizer que o acordo tinha ruído e que o processo seria aberto naquela tarde.
CONDENAÇÃO
Em março, Cunha foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelo juiz Sergio Moro pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas.
Ele é acusado de receber propina de US$ 1,5 milhão em um negócio da Petrobras em Benin, na África. Além do recebimento do dinheiro, Cunha também foi condenado por ter ocultado os valores entre 2011 e 2014, enquanto era deputado, segundo o juizsa é a primeira condenação de Cunha na Lava Jato.
Ele também é réu em outras duas ações, por suposto recebimento de propina em contratos de aquisição de navios-sonda pela Petrobras junto a um estaleiro sul-coreano e também em um desdobramento da operação, que prendeu Lucio Funaro, apontado como operador financeiro do ex-deputado.
Cunha ainda é investigado em ao menos outros cinco inquéritos.
Na decisão em que o condenou, Moro criticou o envio de questionamentos por Cunha para o presidente Michel Temer, arrolado inicialmente como testemunha de defesa no caso.
O juiz afirma que Cunha, já em seu período na cadeia, provavelmente tentou provocar “alguma espécie de intervenção indevida” de Temer em seu favor na Justiça ao encaminhar perguntas a ele na ação penal, em novembro passado.
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