Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 21 de junho de 2016

Machado provará encontro com Temer na Base Aérea


Machado provará encontro com Temer na Base Aérea



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Ex-presidente da Transpetro promete apresentar aos investigadores da Operação Lava Jato uma série de provas da reunião que teve com o então vice-presidente da República em uma sala na Base Aérea de Brasília, onde Michel Temer teria pedido, segundo Sérgio Machado, ajuda para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012; em sua delação, ele deverá informar, por exemplo, a data exata do encontro, com base em informações da locadora do veículo e pode até ter o testemunho do motorista que o levou; Temer foi enfático ao negar ter participado do encontro 

247 – O presidente interino, Michel Temer, nega ter se encontrado com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, na Base Aérea de Brasília, mas o delator da Lava Jato promete levar ao Ministério Público Federal uma série de provas da reunião. A informação é da jornalista Vera Magalhães, da coluna Radar Online.

Machado está prestes a descobrir e a informar a data exata do encontro, por exemplo, com base em informações da locadora do veículo. Ele também pode ter o testemunho do motorista que o levou até a Base Aérea em setembro de 2012 e disse que, se for necessário, pedirá à Justiça a quebra de sigilo telefônico para fins de localização.

Na ocasião, Machado diz que Temer pediu a ele ajuda para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo daquele ano. O delator diz que o repasse ocorreu no valor de R$ 1,5 milhão e por meio da empreiteira Queiroz Galvão, que doou oficialmente para o diretório nacional do PMDB.

Na última semana, o presidente interino negou ter participado do encontro. Em nota, ele afirmou na quarta-feira 15 que mantinha "relacionamento apenas formal e sem nenhuma proximidade com Sérgio Machado". O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, reforçou a defesa ao Planalto: "Não teve esse encontro".

Clube de Engenharia: Em andamento no Congresso, privataria do setor nuclear é mais um golpe na soberania do Brasil




Clube de Engenharia: Em andamento no Congresso, privataria do setor nuclear é mais um golpe na soberania do Brasil


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Projeções feitas em Belo Horizonte por Cardes Cardês

VIOMUNDO

Usinas nucleares: o silêncio ensurdecedor de decisões sem debate

Do Clube de Engenharia

É sabido nos meios científicos e técnicos que no suprimento de energia, assim como o século 19 foi dominado pelo carvão, o século 20 pelo petróleo, o presente século será mais e mais dominado pelo combustível nuclear.
Daí o interesse das principais potências do planeta em controlar o acesso a ele.
Aqui, o setor nuclear ganhou um silencioso destaque nas últimas semanas no Congresso Nacional, em função da tramitação das Propostas de Emenda Constitucional (PEC) 122/07 e da PEC 41/11, apensada à primeira.
Silencioso, porque após longos nove anos, entre arquivamentos e desarquivamentos, as propostas receberam, sem alarde, em 12 de maio último, parecer favorável do relator da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania e chegarão em breve ao plenário.
Trata-se de um raro movimento do Legislativo em relação à área nuclear.
Mas não é positivo; tampouco é neutro.
As mudanças propostas põem a perder quase seis décadas de esforços que levaram o país a, desde a década de 1980, integrar o seleto grupo de países que domina todo o ciclo do combustível nuclear, ao lado de Alemanha, China, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Irã, Japão, Paquistão, Reino Unido e Rússia.
Dono de uma das maiores reservas naturais de urânio do mundo, o país passou a dominar, após a construção da Fábrica de Combustível Nuclear em Resende/RJ, o ciclo nuclear completo em escala industrial.
Desde então, detém a tecnologia e as ferramentas necessárias para a autonomia na produção do combustível, a se concretizar após a conclusão de Angra 3.
Trata-se, pois, de injustificável alienação de soberania, consubstanciada na exclusão do monopólio da União para a construção e operação de reatores nucleares para fins de geração elétrica (PEC 122/07) e na vedação à construção e instalação de novas usinas que operem com reator nuclear no país, permitindo entretanto as atividades das usinas já existentes e em construção (PEC 41/2011).
As emendas constitucionais em apreço têm por objetivos inviabilizar a produção industrial de combustível nuclear no país, e possibilitar a privatização das usinas nucleares existentes, ora operadas pela Eletronuclear.
Deixarão o país, caso aprovadas, mais uma vez à mercê de interesses externos.
São iniciativas que se somam ao ataque ao Pré-Sal, à atualização do Código de Mineração para favorecer mineradoras multinacionais, à proposta de permitir a compra indiscriminada de terras por estrangeiros, à de “privatizar o que for possível” relegando-nos à condição de fornecedores de matérias-primas para o mundo.
É a volta ao Brasil Colônia.
Longe de sermos xenófobos, preocupa-nos o nosso futuro como nação.
Em face da sua extensão territorial, dos seus recursos naturais e da sua população, o Brasil, que já é hoje uma das 10 maiores economias do mundo, não pode renunciar sem mais nem menos à sua soberania.
Capitais produtivos externos são bem-vindos, pois aqui geram empregos, pagam impostos e nos auxiliam no desenvolvimento tecnológico, desde que, contudo, subordinados aos interesses nacionais.
Os que deles querem abrir mão, não pensam no Brasil.
Merecem nosso repúdio.

Do Clube de Engenharia

É sabido nos meios científicos e técnicos que no suprimento de energia, assim como o século 19 foi dominado pelo carvão, o século 20 pelo petróleo, o presente século será mais e mais dominado pelo combustível nuclear.
Daí o interesse das principais potências do planeta em controlar o acesso a ele.
Aqui, o setor nuclear ganhou um silencioso destaque nas últimas semanas no Congresso Nacional, em função da tramitação das Propostas de Emenda Constitucional (PEC) 122/07 e da PEC 41/11, apensada à primeira.
Silencioso, porque após longos nove anos, entre arquivamentos e desarquivamentos, as propostas receberam, sem alarde, em 12 de maio último, parecer favorável do relator da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania e chegarão em breve ao plenário.
Trata-se de um raro movimento do Legislativo em relação à área nuclear.
Mas não é positivo; tampouco é neutro.
As mudanças propostas põem a perder quase seis décadas de esforços que levaram o país a, desde a década de 1980, integrar o seleto grupo de países que domina todo o ciclo do combustível nuclear, ao lado de Alemanha, China, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Irã, Japão, Paquistão, Reino Unido e Rússia.
Dono de uma das maiores reservas naturais de urânio do mundo, o país passou a dominar, após a construção da Fábrica de Combustível Nuclear em Resende/RJ, o ciclo nuclear completo em escala industrial.
Desde então, detém a tecnologia e as ferramentas necessárias para a autonomia na produção do combustível, a se concretizar após a conclusão de Angra 3.
Trata-se, pois, de injustificável alienação de soberania, consubstanciada na exclusão do monopólio da União para a construção e operação de reatores nucleares para fins de geração elétrica (PEC 122/07) e na vedação à construção e instalação de novas usinas que operem com reator nuclear no país, permitindo entretanto as atividades das usinas já existentes e em construção (PEC 41/2011).
As emendas constitucionais em apreço têm por objetivos inviabilizar a produção industrial de combustível nuclear no país, e possibilitar a privatização das usinas nucleares existentes, ora operadas pela Eletronuclear.
Deixarão o país, caso aprovadas, mais uma vez à mercê de interesses externos.
São iniciativas que se somam ao ataque ao Pré-Sal, à atualização do Código de Mineração para favorecer mineradoras multinacionais, à proposta de permitir a compra indiscriminada de terras por estrangeiros, à de “privatizar o que for possível” relegando-nos à condição de fornecedores de matérias-primas para o mundo.
É a volta ao Brasil Colônia.
Longe de sermos xenófobos, preocupa-nos o nosso futuro como nação.
Em face da sua extensão territorial, dos seus recursos naturais e da sua população, o Brasil, que já é hoje uma das 10 maiores economias do mundo, não pode renunciar sem mais nem menos à sua soberania.
Capitais produtivos externos são bem-vindos, pois aqui geram empregos, pagam impostos e nos auxiliam no desenvolvimento tecnológico, desde que, contudo, subordinados aos interesses nacionais.
Os que deles querem abrir mão, não pensam no Brasil.
Merecem nosso repúdio.

Usinas nucleares: o silêncio ensurdecedor de decisões sem debate
Do Clube de Engenharia

É sabido nos meios científicos e técnicos que no suprimento de energia, assim como o século 19 foi dominado pelo carvão, o século 20 pelo petróleo, o presente século será mais e mais dominado pelo combustível nuclear.
Daí o interesse das principais potências do planeta em controlar o acesso a ele.
Aqui, o setor nuclear ganhou um silencioso destaque nas últimas semanas no Congresso Nacional, em função da tramitação das Propostas de Emenda Constitucional (PEC) 122/07 e da PEC 41/11, apensada à primeira.
Silencioso, porque após longos nove anos, entre arquivamentos e desarquivamentos, as propostas receberam, sem alarde, em 12 de maio último, parecer favorável do relator da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania e chegarão em breve ao plenário.
Trata-se de um raro movimento do Legislativo em relação à área nuclear.
Mas não é positivo; tampouco é neutro.
As mudanças propostas põem a perder quase seis décadas de esforços que levaram o país a, desde a década de 1980, integrar o seleto grupo de países que domina todo o ciclo do combustível nuclear, ao lado de Alemanha, China, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Irã, Japão, Paquistão, Reino Unido e Rússia.
Dono de uma das maiores reservas naturais de urânio do mundo, o país passou a dominar, após a construção da Fábrica de Combustível Nuclear em Resende/RJ, o ciclo nuclear completo em escala industrial.
Desde então, detém a tecnologia e as ferramentas necessárias para a autonomia na produção do combustível, a se concretizar após a conclusão de Angra 3.
Trata-se, pois, de injustificável alienação de soberania, consubstanciada na exclusão do monopólio da União para a construção e operação de reatores nucleares para fins de geração elétrica (PEC 122/07) e na vedação à construção e instalação de novas usinas que operem com reator nuclear no país, permitindo entretanto as atividades das usinas já existentes e em construção (PEC 41/2011).
As emendas constitucionais em apreço têm por objetivos inviabilizar a produção industrial de combustível nuclear no país, e possibilitar a privatização das usinas nucleares existentes, ora operadas pela Eletronuclear.
Deixarão o país, caso aprovadas, mais uma vez à mercê de interesses externos.
São iniciativas que se somam ao ataque ao Pré-Sal, à atualização do Código de Mineração para favorecer mineradoras multinacionais, à proposta de permitir a compra indiscriminada de terras por estrangeiros, à de “privatizar o que for possível” relegando-nos à condição de fornecedores de matérias-primas para o mundo.
É a volta ao Brasil Colônia.
Longe de sermos xenófobos, preocupa-nos o nosso futuro como nação.
Em face da sua extensão territorial, dos seus recursos naturais e da sua população, o Brasil, que já é hoje uma das 10 maiores economias do mundo, não pode renunciar sem mais nem menos à sua soberania.
Capitais produtivos externos são bem-vindos, pois aqui geram empregos, pagam impostos e nos auxiliam no desenvolvimento tecnológico, desde que, contudo, subordinados aos interesses nacionais.
Os que deles querem abrir mão, não pensam no Brasil.
Merecem nosso repúdio.

Além do pai de Aécio, dinheiro público do Minas Sem Fome serviu aos Perrella; agora, quem Marcos Valério pretende delatar?







Além do pai de Aécio, dinheiro público do Minas Sem Fome serviu aos Perrella; agora, quem Marcos Valério pretende delatar?

VIOMUNDO

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Aécio entre Perrella e Anastasia e com o pai; a Perfil em Montezuma e a Limeira em Mirada Nova de Minas; o advogado Miraglia e a modelo assassinada
Da Redação
Aécio Neves, através da Epamig, contratou seu aliado político, o deputado estadual Zezé Perrella, para produzir sementes. Sem licitação.
Epamig é a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais.
O então governador de Minas Gerais não poderia tê-lo feito, dentre outros motivos porque a Limeira Agropecuária e Participações Ltda. não é uma empresa sem fins lucrativos.
Quando o convênio foi assinado, além de deputado Zezé Perrella era administrador da Tapera Participações e Empreendimentos Ltda., sócia da Limeira.
Antonio Anastasia sucedeu Aécio no Palácio da Liberdade.
Ele manteve os convênios. De forma irregular, porque o filho de Zezé, Gustavo, elegeu-se deputado estadual e tornou-se sócio da Limeira.
Os negócios entre o Estado e empresas de autoridades públicas são vetados.
Hoje, os senadores Aécio, Anastasia e Zezé (PTB-MG) trabalham juntos pelo impeachment de Dilma Rousseff no Senado.
Zezé teve o filho, agora ex-deputado Gustavo, indicado para ser o novo Secretário Nacional de Futebol no governo interino de Michel Temer.
Gustavo, quando deputado em Minas, empregou em seu gabinete o piloto do helicóptero flagrado com 445 quilos de pasta base, depois de um vôo que fez a rota Pedro Juan Caballero (Paraguai)-Afonso Cláudio (Espírito Santo).
No caso das sementes, há dúvidas se elas de fato foram produzidas ou distribuídas.
O prejuízo para os cofres públicos pode ter sido de R$ 18 milhões.
Tudo isso está minuciosamente descrito em 162 páginas de uma auditoria da Controladoria-Geral de Minas Gerais (ver íntegra abaixo), que atribuiu infrações a 11 funcionários da Epamig, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais.
A empresa trabalhava ao lado da Emater, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, no programa Minas Sem Fome, descrito assim: “O Minas Sem Fome, executado pela Emater–MG, é um Programa do Governo de Minas Gerais, que tem o objetivo estratégico de buscar a segurança alimentar e nutricional, com redução da pobreza, resgate da cidadania e inclusão produtiva, conforme expresso no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado – PMDI 2007–2023″.
Quando o programa foi lançado o governador de Minas era Aécio Neves.
Onze dias antes de Aécio deixar o governo para disputar o Senado, a Epamig fechou um Termo de Parceria Técnica com a Perfil Agropecuária e Florestal Ltda. para o plantio de sementes de feijão.
A Perfil pertencia então ao pai do governador, Aécio Cunha.
Ele recebeu R$ 150 mil para plantar sementes na Fazenda Ribeirão, que fica nos municípios de Montezuma (MG) e Mortogaba (BA).
O deputado petista Rogério Correia denunciou o caso ao Ministério Público.
Segundo o jornal mineiro O Tempo, ele afirmou: “Já fizemos denúncias parecidas com essa. Ele, enquanto governador, beneficia familiares com um acordo como este. O pai dele fez um contrato com o Estado enquanto ele era o chefe do Executivo. É claro que é algo a se desconfiar”.
O ex-presidente da Epamig, Baldonedo Arthur Napoleão, descartou a denúncia como “improcedente e demonstra total desconhecimento quanto aos programas conduzidos pela Epamig em estímulo à transferência de tecnologia para a produção de sementes no Estado, notadamente nas regiões mais pobres, como o Norte de Minas, onde se localiza a referida propriedade”.
REGIÃO POBRE, MAS NÃO PARA TODOS
Montezuma, de fato, fica numa região pobre. O mesmo não se pode falar da família Cunha. Só na fazenda Ribeirão, ela dispõe de 950 hectares.
A posse da propriedade foi questionada durante seis anos pela própria Advocacia Geral do Estado. As terras seriam do Estado.
O pai de Aécio venceu a longa batalha judicial.
Ele foi um homem poderoso.
Antes de se estabelecer na região, foi deputado estadual, deputado federal e ministro do Tribunal de Contas da União, entre 1955 e 1999.
Pertenceu ao Partido Republicano, deu sustentação à ditadura na Arena-PDS e foi do PFL e DEM.
No início dos anos 60, antes do golpe, Aécio Ferreira da Cunha apareceu em uma lista de candidatos que receberam financiamento do IBAD, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática, um front da CIA para montar uma bancada contra João Goulart no Congresso com dinheiro de empresários brasileiros e norte-americanos.
É por causa de Aécio Cunha que Montezuma dispõe de um luxo extraordinário para a região pobre, dizem os moradores.
O município, de apenas 8 mil habitantes, tem uma pista de pouso capaz de acomodar um Boeing.
O aeroporto local recebeu investimentos de um programa que pretendia regionalizar os vôos em Minas. Um projeto do governo Aécio.
Coincidentemente, os dois lados da família do então governador foram contemplados: em Cláudio, o lado materno; em Montezuma, o paterno.
Hoje a pista de Montezuma está abandonada e serve para que os moradores façam caminhadas.
Por outro lado, a cidade não tem maternidade e os montezumenses nascem em hospitais da região.
Um verdadeiro choque de gestão.
TUDO BEM COM QUEM FECHOU OS NEGÓCIOS
Baldonedo, o ex-presidente da Epamig que defendeu a parceria das sementes com o pai de Aécio, é mencionado na auditoria relativa à família Perrella pela infração de três leis.
Apesar disso, a carreira dele, ex-deputado estadual, seguiu adiante.
Foi nomeado em seguida vice-presidente da Prodemge, a empresa de tecnologia da informação de Minas e hoje cuida da eleição municipal em sua cidade de origem, Barroso.
Como se nada tivesse acontecido.
A auditoria da Controladoria-Geral revelou que houve várias manobras exóticas na relação entre a Epamig e os Perrella.
Uma delas foi o adiantamento de R$ 2,8 milhões feito pela empresa antes da entrega das sementes.
A auditoria também descobriu forte relação entre a Limeira e os dois outros escolhidos para fechar convênios, Manoel Pinhão e Geraldo de Oliveira Costa.
Geraldo foi sócio da Limeira e Manoel, depois de trabalhar na empresa, foi assessor de gabinete de Zezé Perrella no Senado.
Ou seja, um verdadeiro negócio entre amigos.
Com dinheiro público.
O dono das sementes Guará teve carreira vertiginosa em Minas. Zezé Perrella começou com uma loja no mercado central da capital mineira antes de brilhar na presidência do Cruzeiro.
Fernando Torquatti Jr., que fez oposição a ele no clube, disse ao Jornal da Record que o cartola misturou seus negócios pessoais com os do clube enquanto dirigiu o time mineiro.
Perrella foi deputado federal entre 1999 e 2003 e estadual entre 2006 e 2009.
Ao se candidatar a suplente de senador de Itamar Franco, em 2010, Zezé declarou à Justiça Eleitoral ter modesto patrimônio: R$ 470.077,56.
Isso mesmo, 470 mil reais, apesar das fazendas da Limeira serem avaliadas hoje, por baixo, em R$ 60 milhões. Nelas, ele cria gado, porco, planta eucalipto e tem uma fábrica de ração.
A empresa está em nome dos irmãos Gustavo e Carolina, filhos de Zezé Perrella, e do sobrinho dele, André Almeida Costa.
Advogados de Perrella defendem seu cliente dizendo que ele é perseguido por um promotor.
Trata-se de Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, que cuida do caso.
Isso não é exatamente um bom sinal em Minas.
TERRA DAS PERSEGUIÇÕES
O deputado Rogério Correia quase teve o mandato cassado quando denunciou Aécio e seu grupo político por envolvimento com o mensalão mineiro e a lista de Furnas, esquemas de financiamento tucano nas campanhas de 1998 e 2002.
O delator Nilton Monteiro, profundo conhecedor do submundo tucano em Minas, foi preso durante a campanha de Aécio à presidência, em 2010, por insistir na autenticidade da lista que relacionava candidatos financiados com dinheiro de fornecedores de Furnas. Nilton é acusado de falsificação de documentos e achaques.
O jornalista Marco Aurélio Carone teve o mesmo destino de Nilton, ele que denunciou muito antes da revista Época — três anos e quatro meses antes — a existência de uma fundação ligada à família de Aécio no paraíso fiscal de Liechtenstein.
O advogado Dino Miraglia, que já representou o delator Monteiro, sofreu busca e apreensão em sua casa e escritório.
Miraglia ainda hoje sustenta que a morte da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, em Belo Horizonte, em agosto de 2000, teve relação com o mensalão tucano.
Ela seria a “mula” do esquema, ou seja, a distribuidora de propinas entre os envolvidos. Além disso, teria tido envolvimento amoroso com gente graúda.
Miraglia representa a família dela.
Inicialmente, o assassinato de Cristiana foi considerado suicídio, até que uma segunda perícia desmontou o embuste (ver reprodução da revista Época, abaixo).
Em 2009, o ex-detetive Reinaldo Pacífico de Oliveira Filho foi condenado a 14 anos de prisão pelo homicídio. A motivação do crime teria sido um ataque de ciúmes.
Reinaldo até hoje não cumpriu um dia sequer de pena. Obteve um habeas corpus do STJ.
Para Miraglia, que participou do julgamento, a suposta falta de esforço para encarcerar Reinaldo Pacífico é significativa de um complô para abafar o caso (não deixe de ouvir a entrevista dele à repórter Lucia Rodrigues).
São mistérios que permanecem ocultos entre as montanhas de Minas Gerais.
Espera-se que Marcos Valério, organizador do mensalão tucano, possa jogar alguma luz sobre este e outros casos se de fato fizer a delação premiada que vem prometendo.
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Marcos Valério negocia delação premiada e pode entregar ’20 nomes’
Estadão Conteúdo — 19/06/2016
Em mais uma tentativa de fechar um acordo de delação premiada, o operador do mensalão Marcos Valério entregou na semana passada ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais uma proposta de colaboração para revelar novos detalhes sobre os escândalos do mensalão do PSDB e do PT.
O advogado Jean Robert Kobayashi Júnior, escalado para negociar a proposta, afirma que Valério deve entregar “cerca de 20 nomes”, incluindo parlamentares com foro privilegiado de diversos partidos, e nomes envolvidos nos escândalos investigados na Lava Jato, a quem a defesa de Valério encaminhou uma proposta de colaboração no ano passado.
Há três anos preso na região metropolitana de Belo Horizonte, Valério pegou a maior pena entre os condenados no histórico julgamento do STF e cumpre 37 anos de prisão por corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
A interlocutores, ele tem dito que “cansou de apanhar” e que “agora vai começar a bater”. Valério está na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde trabalha para descontar dias de sua pena.
A expectativa dele era de conseguir ir para o regime semiaberto em um ano e meio, mas ele ainda está prestes a ser julgado por envolvimento no mensalão mineiro, pela Justiça estadual, e também já foi alvo de uma denúncia da Lava Jato perante o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o que pode, na prática, impedir que ele deixe o regime fechado.
Seu interrogatório na ação penal que responde no mensalão mineiro está marcado para o dia 1º de julho.
Diante disso, no ano passado, a defesa de Valério, sob responsabilidade do criminalista Marcelo Leonardo, encaminhou uma proposta de delação à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, que avalia os termos. Agora, com um advogado somente para a negociar a colaboração, o operador do mensalão promete contar mais detalhes também sobre o esquema operado por ele que financiou o caixa dois da campanha à reeleição do ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo ao governo de Minas em 1998 e que pode também ter envolvido outras pessoas e políticos na década de 1990.
Como o mensalão mineiro é investigado pela Justiça Estadual, essa nova proposta foi encaminhada ao Ministério Público do Estado.
A lei que define as organizações criminosas (12.850, de 2013) estabelece que a colaboração com a Justiça pode ser feita a qualquer tempo e independe de uma condenação anterior, desde que a colaboração resulte em resultados como a identificação de coautores e partícipes da organização criminosa e dos crimes; revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização, entre outros.
Marcelo Leonardo continua a defender Marcos Valério nas ações penais e informou que não iria comentar sobre as eventuais tratativas de delação de seu cliente. O Ministério Público de Minas Gerais confirmou que recebeu proposta de delação, e avalia se o operador do mensalão pode trazer fatos novos para as investigações.
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