Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Vendedor de adesivos criminosos contra Dilma tem “alta reputação” no “Mercado Livre”

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Que a histeria antipetista criou um mercado do ódio para espertalhões explorarem, não é novidade. E que sempre há trouxas para alimentarem picaretas, também. Um dos aproveitadores mais notórios que acharam um jeito de ganhar dinheiro com a estupidez alheia é o “empresário Marcello Reis, do grupo fascista “revoltados on line”.
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O que ninguém imaginava é que esse comércio vil pudesse ir tão longe. Nos últimos dias, o país foi pego de surpresa pela comercialização de um adesivo criminoso para automóveis em que a presidente Dilma Rousseff aparece em uma montagem com “pernas abertas” sobre a boca do tanque de combustível destinada ao abastecimento.
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A comercialização de produtos anti Dilma e anti PT é antiga e muitos sites fazem. Mesmo após a ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, ter pedido “ação urgente” ao Ministério Público e à Polícia Federal para “impedir a produção, veiculação, divulgação, comercialização e utilização do material” criminoso, vários sites na internet continuam anunciando o produto.
Clique nas imagens para visitar os sites
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Esses sites, porém, remetem à página do “Mercado Livre”, site que há muito vem explorando o comércio antipetista. Seguramente, mantêm com ele algum acordo de participação nos lucros pelos clientes que remetem.
O “Mercado Livre”, alias, explora há muito tempo o mercado de ódio contra o PT.
Clique na imagem para visitar o site
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O site “Mercado Livre” é polêmico por esse tipo de iniciativa e pela falta de critérios além do lucro em suas atividades. Para que se tenha uma ideia de como conduz seus negócios sem ética, basta ver a reputação que o site atribui à pessoa que andou comercializando o adesivo criminoso contra a presidente da República, uma mulher chamada “Raisa Siqueira (vide a imagem no alto da página).
Cada pessoa física ou jurídica que anuncia na “Mercado Livre” tem um escore de pontuação pelos produtos que oferece. No caso da tal Raisa – que, segundo as notícias divulgadas pela mídia, seria de Pernambuco –, o site informa que ela vem “vendendo há 5 anos na “Mercado Livre”, que é “vendedor em destaque por suas boas qualificações” e que 71 vendas dos adesivos criminosos foram concretizadas.
A história da “Mercado Livre” é interessante. Em março de 1999, Marcos Galperin, co-fundador do site e CEO, enquanto terminava seu MBA na escola de negócios da Universidade de Stanford escreveu o plano de negócios da “MercadoLivre” e começou a formar uma equipe de profissionais para colocá-la em execução.
O empresário norte-americano fez várias parcerias de negócios e atua em Argentina, Brasil, México, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Chile, Equador, Peru, Costa Rica, República Dominicana, Panamá e Portugal.
A empresa utiliza seu site para intermediar os negócios entre vendedores e compradores cobrando “taxas de intermediação” via transferências bancárias eletrônicas. Para isso, utiliza outra empresa do grupo, a “Mercado Pago”.
O problema é que pesam na justiça várias denúncias contra esse grupo empresarial que vão desde contas excluídas sem motivo e retenção de dinheiro da “Mercado Pago” até  usuários que não conseguem realizar contado direto com responsáveis pelo site, pois a empresa resiste ao contato direto com o público consumidor, sejam vendedores ou compradores.
As regras que regem o site limitam-se somente às perguntas pré-estabelecidas que os usuários acessam e que, na maioria das vezes, não esclarecem adequadamente dúvidas referentes aos serviços prestados, provocando conflitos entre vendedores e o site.
Exemplo disso são as taxas criadas e cobradas através do braço financeiro do grupo, a “Mercado Pago”, para desbloqueio de anúncios a fim de que os vendedores continuem a exibir seus produtos no site.
São comuns, também, mensagens aos vendedores exigindo pagamentos por transferência (on-line) via cartão de credito (parcerias da “Mercado Livre” com as operadoras de cartão de crédito) com os seguintes dizeres:
Limite de Vendas – Seus anúncios ativos estão bloqueados, pois você alcançou o limite de vendas determinado por sua trajetória no site. Para continuar vendendo, adicione um crédito em sua conta no valor de R$xx,xx (quantia em Reais)“.
Como se não bastasse, a “MercadoLivre” é um dos sites com mais reclamações de cliente no site de reclamaçõesReclame Aqui.
Desde 2010, são 23.011 reclamações da “Mercado Livre” e 4.094 na “Mercado Pago”. Segundo o site de reclamações, apenas 2 foram resolvidas.
Além disso, como toda empresa que lida diretamente com dinheiro a “MercadoLivre” é constantemente alvo de fraudes praticadas por hackers e pessoas mal-intencionadas. E, diferentemente de bancos, a empresa não se responsabiliza por quaisquer danos causados aos seus clientes.
A “MercadoLivre” também vem sendo acusada de favorecer pirataria, pedofilia, prostituição, venda de produtos roubados ou furtados e de sonegar impostos.
Em ações judiciais, raramente o “Mercado Livre” é absolvido, pois, apesar de, em seus Termos e Condições, estar escrito que a empresa não se responsabiliza pelas negociações, a justiça brasileira têm entendido que quando a empresa cobra do vendedor uma comissão pelo anúncio e intermedeia com regras as negociações, ela é responsável também pelos negócios realizados.
Agora, o currículo desse obscuro grupo empresarial ganha um novo e triste capítulo. O que sobra, é a seguinte questão: até quando essa empresa continuará facilitando a criminalidade sob os olhos inexplicavelmente complacentes das autoridades?

A Onda: As serpentes da segunda noite estão nas ruas

O filme alemão 'A Onda' reforça o coro de vozes de alerta para o perigo do ovo da serpente do nazifascismo chocado no Brasil.

reprodução

















Vimos o filme Retorno a Ítaca, no último fim de semana. Filme decepcionante, de um diretor belga que até então admirávamos, Laurent Cantet, e coautor do roteiro de Leonardo Padura, festejado escritor cubano de O homem que amava cachorros, um amargo crítico do governo do seu país. Preparada para comentá-lo, antes nós assistimos ao vídeo amador da mais recente abordagem dos imbecis fanáticos de direita ao ministro Guido Mantega que almoçava com a mulher num restaurante de São Paulo - cidade cujo bairro dos Jardins e adjacências vão se tornando tristemente conhecidos como um vasto ofidário. 
 
Decidimos passar na frente da dupla Cantet-Padura a resenha do filme alemão A Onda, (de Dennis Gansel/ 2008), aguardando na fila de trabalho, para reforçar o coro de vozes de alerta para o perigo do ovo da serpente do nazifascismo chocado no Brasil. Ovo já estalado e transmutado nas serpentes que circulam pelas ruas – pelo menos nas ruas das nossas grandes metrópoles. 
 
Na época do seu lançamento, Die Welle causou grande comoção na Alemanha. Nas dez primeiras semanas foi visto por mais de dois milhões de espectadores. O ensaio no qual foi inspirado, The third wave, é de autoria de um professor americano que relata um experimento realizado com seus alunos de nível médio, em uma escola de Palo Alto, na Califórnia, em 1967. Os fatos são reais. 
 
Este trabalho do professor Ron Jones deu origem ao livro homônimo ao filme - The wave, de Morton Rhue – que se tornou leitura obrigatória no currículo das faculdades de ensino alemãs. O filme traz o assunto para o cenário alemão – poderia ser qualquer outro - , em uma adaptação livre, e para a época atual. 
 
Ron Jones conta como um professor de ensino médio, ao decidir fazer sua experiência pedagógica, pode manipular e intoxicar os garotos com uma ideologia autocrática atraindo-os com símbolos, uniformes, saudações, espírito de corpo, pichações, roupas com slogans, provocações públicas e, com muita sutileza, despertando e estimulando preconceitos adormecidos em relação aos que não se sentem à vontade e se contrapõem para aderir ao seu movimento. Discriminando, agredindo - até fìsicamente - e insultando.
 
Em A Onda, o professor Rainer Wenger propõe esse perigoso exercício “unificador” aos meninos que não acreditavam na possibilidade de se repetir um regime totalitário na Alemanha de hoje. A participação dos alunos, terceira geração pós Segunda Guerra, é entusiasmada. Rainer começa o experimento para demonstrar como é fácil manipular as massas. O método adotado é simular um governo ditatorial representado por ele próprio. Os alunos, a população governada por ele. 
 
O principal motivo do professor Wenger – assim como Jones na vida real – ao iniciar este processo foi se concentrar nos argumentos dos alunos que diziam não conseguir entender como tantos alemães foram coadjuvantes do nazismo. A obra mostra como ideologias nascidas da serpente podem estar acima de um povo que se cala. E, no final, acaba inocentado porque foi exposto à poderosa e hipnótica corrente mental.
 
A última sequência do filme, cuja narrativa todo o tempo é ágil e absorvente, com ritmo ajustado, mostra uma assembleia dos membros do movimento, afinal batizado de A Onda, convocada pelo professor no auditório da escola. Herr Wenger (como exigia ser chamado pela ‘população’ escolar) percebe que a experiência está fugindo do seu controle. Deseja esvaziá-la e terminá-la. Tarde demais. A história acaba em tragédia.
 
Outro cenário em um auditório – este, para dois mil alunos, lotado como o do professor Rainer: o da PUC/RS, em Porto Alegre, mês passado. O palco está montado para o Fórum da Liberdade*, é decorado com os logotipos dos patrocinadores oficiais do evento - Souza Cruz, Gerdau, Ipiranga e RBS (afiliada da Rede Globo) – e apresentam a atraente guatemalteca Gloria Alvarez, de 30 anos, filha de pai cubano e mãe descendente de húngaros. 
 
Companheira ideológica da blogueira cubana Yoani Sánchez com quem realizou um périplo de trabalho pelas capitais da América Latina este ano ( palestras, seminários, apresentações variadas) subvencionadas ambas por grupos e instituições da direita radical dos EUA e de think thanks conservadores americanos, Alvarez é recebida com aplausos pelos meninos da PUC-RS também eles entusiasmados assim como os do professor Rainer. Começa pregando perigosas besteiras. Sempre aplaudida, às vezes de pé, por uma plateia que ela sabe bem, com seu talento e graça, inflamar por meio da tal corrente hipnótica.
 
Algumas das suas perniciosas abobrinhas:
 
“Não há minorias; a menor minoria é o indivíduo, e a ele o que melhor serve é a meritocracia”.
 
“É essa a verdade, meus queridos amigos do Brasil - todos somos egoístas. E isso é ruim? É bom? Não, é apenas a realidade.”
 
“Imaginem que, nesse auditório, alguns queiram o direito à educação, outros o direito à saúde, outros o direito à moradia. ... se eu dou a vocês a educação todos aqui vão pagar por isso; e vocês vão ser VIPs e eles, cidadãos de segunda categoria. Se eu dou a eles a saúde, todos neste auditório vão pagar pela saúde deles, e eles vão ser VIPs. Se eu dou a esses as moradias, vou ter que tirar de todos vocês para dar moradia a eles, e eles vão ser os VIPs. Isso não é justiça social; é desigualdade perante a lei.” Risos, muitos risos de aprovação e aplausos.
 
A sequência na PUC-RS poderia ser encaixada, com brilho, no filme A Onda onde a manipulação política é apresentada através da escola. 
 
Aliás, a propósito da onda gaúcha lembramos um estudo produzido na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais que diz sobre o filme alemão: “O vazio de identidade com o qual a juventude sofre; o consumismo desenfreado presente na sociedade capitalista, a ausência de projetos coletivos e o desinteresse das pessoas, em geral, pela política, podem levar à alienação política e ao cultivo de lideranças autoritárias.”
 
Mas outras formas existem de produzir a tal poderosa corrente hipnótica que intoxica, aliena e entorpece. É a que estamos vivendo com exacerbo nesta hora do Brasil com a onda radical de lavagem de cérebros da nossa população por parte da mídia. Da velha mídia concentrada nas cinco famílias, mas em particular da mídia/globo monopolista agindo em cadeia nacional de televisão fechada e aberta, em jornais, rádios e revistas de ampla circulação.
 
A corrente se alimenta dos bonecos de pano enforcados de Lula e Dilma, na manifestação da Paulista. Da camiseta abjeta do cafajeste estampada com a mão do presidente Lula. Das ameaças de morte à deputada Maria do Rosário e da pichação diante da residência de Jô Soares. A temerária abordagem agressiva, na rua, a um pai petista com o bebê no colo. Os adesivos insultuosos. A provocação recente dos grupinhos ridículos – mas não inocentes -, no domingo da ciclovia paulista. A vulgaridade e a ignorância de um apresentador domingueiro barato, de TV. As duas agressões ao ex-ministro Mantega. As ironias e as caras-e-bocas das jornalistas que analisam (?!) movimentos políticos. A desinformação premeditada. A informação cuidadosamente manipulada. O jornalismo de esgoto.
 
Estes rebentos do regime ditatorial civil- militar, agora já adultos, este viveiro de serpentes brasileiras faz relembrar um poema que muitos acreditam, equivocadamente, ser de autoria de Brecht. Chama-se No caminho, com Maiakóvsky e é do niteroiense Eduardo Alves da Costa. Foi escrito em 1936, em plena Alemanha nazista. 
 
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada. 
 
Neste momento nós estamos na segunda noite.
 
 
*Leia Mais: A nova roupa da direita 


Créditos da foto: reprodução