Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 25 de janeiro de 2015

Você acredita que há racionamento de luz? E de água? Qual você sente?

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A partir de segunda-feira da semana passada, a dita “grande imprensa” brasileira passou a tratar da mesma forma questões que estão longe de se nivelar. Como são questões que afetam diretamente a vida dos brasileiros – sobretudo os de São Paulo e Minas Gerais –, esse noticiário tem se constituído em virtual delinquência ideológica.
Apesar de ninguém que lê sobre política ser cego e surdo, vale rever exemplos de como a dita “grande imprensa” vem tratando questões absolutamente distintas, sobre fornecimento de água e luz. Apesar de os consumidores não estarem enfrentando os mesmos problemas para obter do Estado os dois serviços, a forma como são prestados está sendo tratada da mesma forma pela mídia, o que trata de desinformar o público, desviando-o da postura natural que deve ter para cada questão em particular.
Vamos aos exemplos de como a mídia trata o racionamento velado de água em São Paulo, a falta de água em algumas cidades mineiras, a mera queda do volume dos reservatórios no Rio de Janeiro e o fornecimento de energia elétrica.
Porém, o texto que melhor desnuda a estratégia da autoproclamada “grande imprensa” de equiparar o que não pode ser equiparado é editorial do jornal Folha de São Paulo publicado neste domingo, onde os donos do jornal dizem, sem pudor, que o povo enfrenta no fornecimento de energia os mesmos problemas que enfrenta no de água – em SP e, em muito menor escala, em Minas Gerais.
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Você, consumidor, é capaz de dizer que o que ocorre em São Paulo é comparável ao que ocorre nas outras instâncias supracitadas? Você, por acaso, tem conhecimento de que milhões de brasileiros ficam sem luz todo santo dia, sistematicamente, assim como há milhões de paulistas e mineiros que sofrem falta de água todo santo dia?
Conversa. Mentira. Enganação. Isso não existe. Não está acontecendo. Só o que existem são alguns “especialistas” levados a público por órgãos de imprensa que aderiram ao projeto político-eleitoral do PSDB e que OPINAM que PODE haver racionamento de luz no futuro.
Todavia, como este Blog mostrou em post recente, desde 2009 a “grande imprensa” já anunciou OITO vezes que o país estaria para começar a racionar energia. Em algum momento você teve notícia desse racionamento? Ou melhor: sentiu-o? Tem havido falta de luz sistemática no bairro em que você vive, em barros próximos ou em sua cidade?
Mesmo que algum leitor possa relatar um problema assim, jamais conseguirá PROVAR que esse problema tem ocorrido em mais do que alguns locais isolados e nunca, jamais por falta de energia, mas por conta da distribuição direta a consumidores, a cargo dos mesmos governos estaduais que também estão deixando faltar água, além de deixarem as Eletropaulos da vida deixarem faltar luz.
Não há racionamento de luz explícito ou velado – como em São Paulo – em qualquer parte do Brasil. Só o que houve foi apenas mais um dos 11 blecautes em mais de um Estado – e de breve duração, de poucos minutos ou horas – que ocorreram no país desde 2005 e que ocorrerão sempre em países continentais como o Brasil.
Há, sim, alguns jornalistas e seus empregadores afirmando, sob aval de “especialistas” de uma corrente opinativa só, que PODE, apenas PODE vir a haver racionamento. São previsões do futuro que se repetem há quase seis anos de forma sistemática, porém sem jamais terem se materializado.
Você até pode odiar o PT, mas acreditar que está acontecendo com você e com a sua comunidade o que NÃO está acontecendo, e só porque a Globo ou um jornaleco ou revista qualquer estão dizendo, é sinônimo de falta de inteligência, de credulidade, de irresponsabilidade e/ou de burrice mesmo. Pura e simples burrice.

William Bonner promete “imparcialidade” logo após mentir para proteger PSDB

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A edição do Jornal Nacional da última sexta-feira (23) começou tratando da crise hídrica em SP. Como sempre, tratou-se de uma reportagem absolutamente despolitizada que tentou dividir entre governo Federal e governo paulista a responsabilidade pela calamitosa situação do abastecimento de água no Estado mais rico do país.



 Em seguida, outra reportagem tenta equiparar a situação paulista com a de Minas Gerais, que, apesar de estar sofrendo com falta de água em algumas cidades, não tem um desastre urbano em sua metrópole, Belo Horizonte, como tem a capital paulista, onde milhões ficam sem água quase todo dia.
A terceira reportagem sobre a seca no país tenta colocar também o Rio de Janeiro no mesmo barco paulista falando sobre redução no nível do maior reservatório fluminense. A reportagem sobre a seca no Rio, tal qual a da seca em SP, não explica ao expectador que não há termo de comparação com SP.
Mas é na quarta reportagem que a Globo vai mais longe. A matéria versa sobre notícia do jornal Valor econômico que diz que se o governo federal tivesse construído usinas previstas em 2006 não estaria havendo um problema de geração de energia elétrica que só se constata na mídia, já que o que vem sofrendo racionamento não é a energia, é a água.


A matéria do JN recorre a um dos famigerados “especialistas” da Globo para dizer “onde foi que o governo Dilma errou” e qual sua responsabilidade por uma situação energética que, ao menos até aqui, não causou nenhum transtorno à população, já que blecautes episódicos de poucos minutos ou horas acontecem em qualquer lugar do mundo por acidentes em linhas de transmissão.
Entram os comerciais. Eis que em um dos spots comemorativos aos 50 anos da Globo – fundada em 1965 com ajuda da ditadura militar para que esta tivesse uma grande tevê para ludibriar os brasileiros – mostra um William Bonner, com ares de satisfação, prometendo “imparcialidade” aos telespectadores.


 Faltou a propaganda dizer quando a Globo começará a fornecer essa “imparcialidade” aos telespectadores.
Senão, vejamos: a mesma edição do JN que versou sobre suposta “responsabilidade” do governo federal em uma crise energética que, até aqui, simplesmente não existe, para ser imparcial não deveria versar, também, sobre as responsabilidades do governo Alckmin sobre o racionamento que já está sendo aplicado em São Paulo sem aviso oficial?
Como se sabe, em 2004 o governo paulista comprometeu-se com a Agência Nacional de Águas a construir um novo aquífero, já que os então existentes – incluso o Cantareira – já eram considerados insuficientes pelos técnicos. Por que o “imparcial” JN não deu essa informação ao seu público?
A resposta é simples: a tão alardeada “imparcialidade” da Globo – alardeada pela própria Globo, é claro – é idêntica ao volume de água do Cantareira: a cada dia fica menor. Para fazer um trocadilho infame, poder-se-ia dizer que a emissora já está usando o “volume morto” de sua imaginária “imparcialidade”.