Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

“Choro” de Venina no Fantástico é igual a suas “denúncias”

venina
A entrevista que a ex-gerente da Petrobrás Venina Veloso da Fonseca concedeu ao programa Fantástico, daGlobo, no último domingo, não acrescentou nada ao que disse anteriormente. A entrevista apenas tratou de darcor e forma aos ataques que a nova “heroína” da mídia vem fazendo aos superiores na empresa e que, agora, estendeu, sem provas, ao ex-presidente Lula.
A entrevista inócua e politizada dessa senhora ocupou ¼ de um programa de cerca de duas horas de duração, mas, de novo mesmo, tal entrevista só “revelou” que o ex-diretor Paulo Roberto Costa teria lhe feito uma declaração que implicaria o ex-presidente Lula em irregularidades na Petrobrás.
Ao dizer que que Costa apontou o retrato de Lula ao insinuar que ele seria “derrubado” caso as “denúncias” da subordinada fossem investigadas, a ex-gerente implicou um ex-presidente da República com base em nada. A Globo, com essa entrevista, fez a mesma coisa que a revista Veja na véspera da eleição presidencial em segundo turno, há menos de dois meses.
Como tudo o que Venina diz não tem sustentação em nada mais do que sua palavra, na mesma linha do que faz poder-se-ia dizer que a investigação interna da Petrobrás a que está sendo submetida está por trás de suas denúncias tardias, que demoraram anos para ser feitas publicamente.
A “explicação” dessa senhora para a autorização que deu à Petrobrás em 2004 e em 2006 para que firmasse contratos de quase oito milhões de reais com a empresa do homem com quem se casaria em seguida, é risível. Dizer que tudo está esclarecido porque só se casou com ele um ano depois de lhe autorizar o segundo contrato, não dissolve suspeita alguma.
A Petrobrás, em resposta às denúncias de Venina, alega que mandou investigar tudo que ela fez chegar à direção da empresa. Porém, a empresa informa também que, paralelamente, a denunciante é alvo de suspeitas e investigações.
Esse fato foi minimizado pelo Fantástico.
A extensa entrevista dessa senhora ao programa global, portanto, parece ter tido o único objetivo de, em determinado ponto, envolver Lula da mesma forma covarde com que ele sempre foi envolvido em acusações de seus adversários políticos, ou seja, sem prova alguma e sem possibilidade de defesa eficiente, porque fica a palavra de um contra o outro.
Lá pelo fim da entrevista, como seria de esperar de quem faz o papel de heroína, coube a Venina apresentar a Pièce de résistance do que soa como farsa:  o choro.
A voz embargada e a longa pausa, apesar de sugerirem fortemente que a nova heroína midiática chorava, não se fizeram acompanhar de um elemento que falta ao pranto assim como as provas faltam às acusações: Venina chorou sem derramar uma mísera lágrima, sem seus olhos marejarem.
Dizer que o choro de Venina resumiu-se à modulação da voz é tão válido quanto ela fazer as acusações que fez. Nem este que escreve nem aquela que acusa têm provas de que, respectivamente, o choro foi simulado ou os fatos relatados pela ex-gerente são verídicos.
Diante da denúncia sem provas da tal Venina, portanto, é que decorre presunção igualmente sem provas de que o choro dela foi forjado. A tese é tão boa quanto a do Fantástico ao levar essa mulher ao ar para enlamear a imagem de Lula, quem a mídia partidarizada e os políticos que essa mesma mídia apoia temem que se candidate à sucessão de Dilma em 2018.
***
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista e o choro “seco” de Venina

“A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin”

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"Duas vidas diferentes?", pergunta o jornalista Fernando Brito, do blog Tijolaço; ele resgata informações do perfil da ex-gerente da Petrobras na rede social corporativa Linkedin e constata que "durante ao menos sete anos era auxiliar de confiança de Paulo Roberto Costa"; ele contesta o fato de ela ter sido "afastada" da empresa em Cingapura, como afirmou, e de ter sido pressionada; "Quando PRC cai, Venina não é perseguida, mas promovida"; "Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os", escreve o blogueiro 

247 – Em um novo post no blog Tijolaço, o jornalista Fernando Brito compara informações dadas pela ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca durante entrevista ao Fantástico, na noite deste domingo, e as que constam em seu perfil na rede social corporativa Linkedin. "Duas vidas diferentes", pergunta o blogueiro.

Ele contesta os argumentos de Venina de que teria sido pressionada na Petrobras a deixar de denunciar irregularidades, ressalta que ela trabalhou por mais tempo do que revelou ao lado de Paulo Roberto Costa, alvo da Lava Jato, e questiona o isolamento relatado por ela em Cingapura, onde teria sido proibida de trabalhar.

Brito diz não acusá-la de nada, pois não há provas, mas argumenta que "não é possível afastá-la de todo deste caso. Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os". Leia abaixo:
A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin... Duas vidas diferentes?

Depois de aceitar que Paulo Roberto Costa passou ao menos três anos roubando “enojado” e “enojado” continuava recebendo parcelas de propinas por contratos mesmo depois de ter sido afastado da empresa, agora temos a história mais que capciosa de D. Venina Fonseca, a quem não posso, por desconhecimento, acusar de nada – a Petrobras não abriu os detalhes dos processos interno que correm contra ela, embora ela tenha ido ao Fantástico acusar a presidente da empresa de cúmplice de todos os malfeitos da empresa.

Mas posso, como qualquer jornalista deveria fazer, comparar o que ela disse na televisão com o que é, segundo ela própria, sua carreira na empresa.

Segundo a transcrição da entrevista feita pelo Diário do Centro do Mundo, ela diz que “eu trabalhei junto com Paulo Roberto, isso eu não posso negar. Na diretoria de abastecimento, a partir de 2005″.
Não é verdade, segundo a própria Venina informa em seu currículo no Linkedin.

Lá, consta que ela era – o texto eu cito em inglês, como está escrito – “Manager, Implementation of Integrated Management Systems at Natural Gas Logistics Supervision Centre. De “May 2002 – May 2004 (2 years 1 month)“.

Ora, de 2001 a 2003, Paulo Roberto Costa era responsável pela Gerência Geral de Logística da Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras…

Depois, segundo a própria Venina, em  seu Linkedin, foi ser “Assistant Manager to the Downstream Director’s Office” (diretor de abastecimento), em maio de  2004.

Paulo Roberto Costa assumiu a diretoria de abastecimento em… 14 de maio de 2004.

Não seria justo inferir ligações anteriores, mas é a própria Venina quem documenta que não foi “na diretoria de Abastecimento, a partir de 2005″, mas que durante ao menos sete anos era auxiliar de confiança de Paulo Roberto Costa.

Mais adiante, Venina diz:

“A opção que eles fizeram em 2009 foi realmente me mandar para o lugar mais longe possível, isso está entre aspas, onde eu tivesse o menor contato possível. Com a empresa, aparentemente eu estaria ganhando um prêmio indo para Cingapura, mas o que aconteceu foi que realmente quando eu cheguei lá me foi dito que eu não poderia trabalhar, que eu não poderia ter contato com o negócio, era para eu procurar um curso”.

De fato, Venina foi para Cingapura, como “Chief Executive Officer, PM Bio Trading Pte Ltd”, uma joint-venture entre a Petrobras, a Mitsui e a empreiteira Camargo Correia, empresa subordinada a… Paulo Roberto Costa, o diretor de Abastecimento, o enojado …

Quando PRC cai, Venina não é perseguida, mas promovida.

Passa a diretora-gerente (“Managing Director, Petrobras Singapore Private Limited”).

E, segundo ela própria, com amplos poderes pois assim ela define suas funções, desde então:

“Responsável por conduzir o aumento das receitas junto com as margens de lucro e ser responsável por todos os contratos, a evolução dos negócios, as principais partes interessadas e clientes. – Reestruturação de toda a unidade, que resultou em significativa redução de custos e aumentando o lucro líquido três vezes nos primeiros seis meses de nomeação. – Liderou s Petrobras Singapore (PSPL) para atingir um lucro líquido recorde de US 59,5 milhões  em 2012 de US $ 18 milhões em 2011, e, posteriormente, outro avanço no lucro líquido, de US $ 184 milhões em 2013″

Nada de ficar “encostada”, portanto. E muito menos de viver trancada, numa situação de quase “escrava branca”, algo que justificasse a melodramática declaração ao Fantástico de que ” me afastar(am) do meu país, das empresas que eu tanto gostava, dos meus colegas de trabalho. Eu fui para Cingapura, eu não vi minha mãe adoecendo. Minha mãe ficou cega, transplante de coração, eu não pude acompanhar minha mãe.

Meu marido não pôde mais trabalhar, ele teve que retornar.”

O marido de Venina, Mauricio Luz, também segundo o seuLinkedin, “had been lived in Singapore from january 2010 to june 2012, working as a consultant and helping to implement the Braskem office in Singapore“.

A Braskem é uma empresa que tem, entre os principais acionistas … a Petrobras, com 47% e a Odebrecht, com 50%.

A saída de Luz, também casualmente, coincide com a queda de Paulo Roberto Costa.

Não se faz aqui, como se viu, nenhuma acusação a Venina, porque seria um absurdo acusar, como ela faz, alguém de irregularidades e cumplicidades sem ter provas cabais disto.

Mas não é possível afastá-la de todo deste caso. Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os.

O Brasil está mesmo virando uma fábrica de “santinhos”

Venina chora e convoca novos delatores à Globo

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Usada como ponta de lança na estratégia para derrubar a presidente da Petrobras, Graça Foster, a ex-gerente Venina Velosa concedeu uma longa entrevista à jornalista Glória Maria, do Fantástico, em que a principal revelação foi o fato de Venina ter admitido que contratou o então namorado, com quem depois se casou, para a realização de serviços de consultoria por R$ 7,8 milhões; sobre Graça Foster, ela disse que a alertou por email (o que não era novidade) e também pessoalmente (o que não pode ser provado); no ponto lacrimejante da entrevista, Venina disse que perdeu a família e não viu a mãe ficar cega, pois havia sido mandada para Cingapura; no fim, convocou outros funcionários a delatar superiores; "estou convidando você também" 

247 - "Foram dois contratos. Um em 2004 e outro em 2006. Mas nós só nos casamos em 2007", disse Venina Velosa, ex-gerente executiva da Petrobras. Assim ela justificou o fato de ter contratado, por R$ 7,8 milhões, seu ex-marido para a realização de serviços de consultoria para a Petrobras. Venina disse ainda que, após o casamento, os contratos foram interrompidos, mas não informou quanto havia sido pago até o enlace matrimonial.

Esta foi a principal revelação de uma entrevista de mais de vinte minutos, concedida por Venina à jornalista Glória Maria, e tratada como bombástica pelo programa Fantástico, da TV Globo. O que o Fantástico pintou com crores dramáticas foi algo que não pode ser provado: a frase dita por Venina sobre o alerta que teria feito, pessoalmente, à atual presidente da companhia, Graça Foster, em relação a supostas irregularidades na companhia.

De resto, apenas repetições, como os emails enviados a Paulo Roberto Costa e Graça Foster, publicados pelo jornal Valor Econômico nove dias atrás.

No ponto melodramático da entrevista, Venina foi às lágrimas, quando Gloria Maria a perguntou sobre sua família. "Eu tinha uma família. Não vi minha mãe ficar cega e meu marido teve de retornar para poder trabalhar", disse Venina, atribuindo o divórcio ao fato de ter sido enviada para Cingapura. Lá, ela insinua ter sido colocada na geladeira para não criar mais problemas para seus superiores.

No fim, Venina fez um convite para que outros funcionários da Petrobras denunciem seus superiores. "Estou convidando você também", disse ela, para que os brasileiros possam voltar a sentir orgulho da empresa.
Leia mais sobre Venina em "Ex-quase-heroína da mídia pode terminar vilã".