Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 2 de novembro de 2014

Carro com família dentro é atacado por ter adesivo de Dilma

Apesar de a eleição presidencial de 2014 ter acabado, o PSDB, partido do candidato derrotado Aécio Neves, recusa-se a aceitar a derrota. Além de estar pedindo recontagem dos votos, no último sábado promoveu manifestações em várias capitais. Em ao menos uma delas, os manifestantes apelaram para ato violento e criminoso.
Ao longo do processo eleitoral, este Blog relatou o caso do cadeirante Enio Barroso, agredido por quatro homens em uma SUV que, vendo-o com camiseta e broche do PT, exigiram que se despisse de tais símbolos e, diante de sua recusa, agrediram-no fisicamente. Agora, apesar do fim da eleição, o relato que você lerá a seguir mostra que o clima de guerra civil continua.

Lamentavelmente, apesar do término do processo eleitoral, a violência continua. Antonio Felipe Gonçalves (32) é servidor público em Brasília. No sábado (1/11), saiu de carro com a família para almoçar. Estavam com ele no veículo a esposa, a sogra e a filha de seis anos. Os quatro foram covardemente agredidos por uma horda enfurecida.
O veículo de Antonio tem no vidro traseiro um adesivo da campanha de Dilma Rousseff. Ao passar por manifestação que, segundo o jornal Correio Brasiliense, foi convocada naquela cidade pelo advogado Matheus Sathler, candidato a deputado distrital pelo PSDB na eleição deste ano, o veículo foi cercado e depredado.

Enquanto os manifestantes tucanos chutavam a lataria do carro e insultavam a família, encurralada lá dentro, as duas mulheres e a criança entraram em pânico. A certa altura, um dos manifestantes atirou uma pedra contra a janela dianteira do passageiro e a quebrou, ferindo a esposa de Antonio no braço.
Leia, abaixo, o relato de Antonio no Facebook.

Estupefato com o caso, entrei em contato com Antonio e gravei uma breve entrevista.
*
Blog da Cidadania – Antonio, seu relato sobre a agressão de que foi vítima com sua família diz que tudo ocorreu na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, correto?
Antonio Felipe Gonçalves – Foi na Esplanada. A gente estava passando pela manifestação pró Aécio, pró-golpe, pró-qualquer-coisa, com duas pistas [da avenida] fechadas. Conduzi meu carro pela pista mais externa, mais distante da manifestação, mas, quando viram nosso carro, vieram pra cima.
Blog da Cidadania – Mas por que atacaram seu carro? Tinha algum adesivo, alguma coisa?
Antonio Felipe Gonçalves – Sim, sim, tinha um adesivo grande de Dilma no vidro traseiro e no vidro lateral esquerdo tinha um adesivo com o número 13.
Blog da Cidadania – Você acredita que quantas pessoas atacaram seu carro?
Antonio Felipe Gonçalves – Não pude contar, mas quero ressaltar que do alto do carro “trio-elétrico” incentivavam os agressores xingando a mim e à minha família de “petistas ladrões”, “mensaleiros”, “bandidos” e foi nessa hora que a turba veio pra cima mesmo com bandeiras na mão, batendo no carro e, de repente, tacaram alguma coisa na janela do carro – provavelmente, uma pedra – que estourou o vidro do passageiro, onde minha esposa estava.
Blog da Cidadania – Sua esposa se feriu?
Antonio Felipe Gonçalves – Os estilhaços cortaram um pouquinho o braço dela.
Blog da Cidadania – E a sua filha também estava no carro?
Antonio Felipe Gonçalves – Minha filha de seis anos e minha sogra estavam no carro.
Blog da Cidadania – Além de atirar a pedra, fizeram mais alguma coisa?
Antonio Felipe Gonçalves – Chutaram a lateral do carro. Está todinha amassada.
Blog da Cidadania – A sua filha deve ter ficado muito assustada…
Antonio Felipe Gonçalves – Quando eu vi como ela estava em pânico, avancei com o carro para perto da Polícia, que estava a 5 metros da gente e não fez nada. Ficou assistindo depredarem meu carro.
Blog da Cidadania – Você fez um boletim de ocorrência, certo?
Antonio Felipe Gonçalves – Fiz. E, agora [domingo] pela manhã vou fazer a perícia e poderei pegar o boletim hoje ou amanhã.
Blog da Cidadania – Você tem testemunhas de tudo isso?
Antonio Felipe Gonçalves – Na hora só tinha gente deles, além da minha família acuada dentro do carro. Mas o local está cheio de câmeras que por certo filmaram tudo. E o que é mais esquisito é que quando eu cheguei à delegacia para fazer o B.O., a polícia já sabia que eu estava indo pra lá…
Blog da Cidadania – Você ainda não tem o B.O., mas tem o número do protocolo?
Antonio Felipe Gonçalves – Tenho, sim. Ocorrência 14.115/2014
Blog da Cidadania – Antonio, você está me dizendo que esse protesto em Brasília foi organizado por um deputado ou candidato a deputado pelo PSDB?
Antonio Felipe Gonçalves – Uma matéria do Correio Brasiliense de ontem diz que um dos organizadores foi um advogado chamado “Matheus Sathler”. Procurei o nome dele na internet e descobri que foi candidato do PSDB a deputado distrital.
[...]
Leia, abaixo, matéria do UOL sobre o tucano que organizou esse festim diabólico em Brasília

Nos EUA, aécistas de SP e DF que pediram golpe iriam em cana


O Brasil ainda paga o preço pela irresponsabilidade demagógica e eleitoreira de Aécio Neves e do PSDB durante e após a recente campanha eleitoral. Neste sábado, 1º de novembro, hordas de dementes saíram às ruas de São Paulo e Brasília portando bandeiras de Aécio Neves e do PSDB e pedindo, entre outras coisas, golpe militar e separação de SP do resto do país.
Confira, abaixo, matéria do portal de O Globo
Cerca de 3 mil se reuníram na Avenida Paulista com cartazes de ‘fora Dilma’
POR MARIANA SANCHES E CAROLINA BRÍGIDO
01/11/2014 15:35 / ATUALIZADO 01/11/2014 17:39
Cerca de 3 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, participaram na tarde deste sábado em São Paulo de um protesto contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Um grupo de 400 manifestantes também protestou em Brasília. Eles reclamam dos escândalos de corrupção no governo e acusam a presidente de ser conivente com o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
Em São Paulo, alguns dos manifestantes, do alto de um carro de som, chegaram a dizer que as eleições deste ano não valeram, enquanto outros seguravam uma faixa com a frase “Eleição da Dilma: a maior fraude da história”.
Os manifestantes também pediram o impeachment da presidente. Outras faixas, separatistas, ameaçavam: “ou impugnação, ou intervenção militar”.
Os entusiastas pela separação de São Paulo do resto do país também seguravam ao fim do ato, em frente do Monumento às Bandeiras, na região do Parque do Ibirapuera (Zona Sul), uma faixa dizendo “São Paulo é o meu país”. Segurando bandeiras do estado de São Paulo, muitos cantaram o hino nacional por diversas vezes.
O início do protesto ocupou totalmente a pista da Avenida Paulista sentido Consolação e parcialmente a pista sentido contrário, Paraíso. A PM acompanhou a caminhada da Paulista ao Ibirapuera, sem escudos e armas empunhadas. A corporação chegou a ser saudada pelos presentes: “Viva a PM!”.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi lembrado pelos manifestantes paulistas aos gritos de “Lula, ladrão, vai lamber sabão” e “1,2,3 Lula no xadrez”. Os manifestantes diziam “defender o Brasil da criação de um estado totalitário de esquerda pelo PT”.
- Vim aqui me manifestar porque querem fazer a democracia bolivariana. Eu acordei (politicamente) desde que tentaram fazer passar o referendo do Estatuto do Desarmamento. O clima no país é de absoluto terror e intolerância. Só eleição não é democracia – disse Maria Cecília Sarti, de 57 anos.
MANIFESTANTES LEVARAM BANDEIRAS DE AÉCIO
Em Brasília, a passeata foi capitaneada por um carro de som com a propaganda do deputado Izalci (PSDB-DF). Os organizadores empunhavam bandeiras de Aécio Neves, o candidato tucano derrotado nas eleições. Um dos cartazes pedia “pena de morte para políticos corruptos e ladrões”. Outro queria o fim da reeleição. O grupo cantou o hino nacional.
Muitos carros seguiram a passeata buzinando, em sinal de apoio às causas. Ao longo do percurso, carros da Polícia Militar do Distrito Federal garantiram a segurança e pediram para os protestantes deixarem ao menos duas faixas da pista livres, para não atrapalhar o trânsito.
- Isso aqui não é a Marcha das Vadias, é uma manifestação ordeira da família brasileira. Vamos cooperar com a polícia – gritou um dos organizadores, no microfone do carro de som.
Por volta das 16h, quando começou a chover, o grupo reduziu para cerca de 150 pessoas.
Algumas breves considerações.
Em primeiríssimo lugar, o ex-candidato a presidente Aécio Neves e o seu partido têm obrigação de vir a público dizer se apoiam correligionários que estão praticando atos que se ocorressem em um país como os Estados Unidos seus participantes seguramente seriam presos e, muito provavelmente, enviados a Guantánamo.
Ou alguém acha que em sociedades civilizadas se pode sair às ruas e pregar um crime? Imaginem um grupo tomar a 5ª Avenida, em Nova Iorque, e pedir que militares americanos estuprem a constituição do país e derrubem o presidente Barack Obama menos de uma semana após ter sido reeleito democraticamente.
Ocorre que esses dementes acham que existem preceitos legais para meia dúzia de generais juntarem algumas tropas e tomarem o poder pela força, apesar de a Carta Magna de 1988 ser bastante detalhista quando às formas legais para destituir governos, o que não inclui uso da força, a não ser por convocação dos Poderes Constituídos.
Não dá mais para o país assistir calado a espetáculos como esse. Quem vai se levantar e dizer que este país só aceita caminhos de eleição ou destituição de governos que figurem dentro dos preceitos constitucionais? Como pode um partido de oposição se deixar representar em atos como esses e não ser cobrado?
Isso já passou dos limites. Essa gente está transformando o Brasil em uma republiqueta bananeira.