Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Sob risco de investigação, Marina altera patrimônio

:

Candidata do PSB enviou retificação à Justiça Eleitoral acrescentando R$ 45,6 mil ao seu patrimônio, no mesmo dia em que foi publicada na imprensa a intenção da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) de pedir ao Ministério Público investigação sobre ocultação de bens de Marina Silva; valor acrescentado representa um terço do patrimônio total que ela havia declarado em julho, que agora passou de R$ 135 mil para R$ 181 mil; correção e ameaça de investigação aconteceram quatro dias depois de revelação do faturamento da empresa de palestras da presidenciável, de R$ 1,6 milhão em três anos 

247 – Quatro dias depois da revelação, por uma reportagem da Folha de S. Paulo, de que a empresa de palestras de Marina Silva havia registrado faturamento de R$ 1,6 milhão entre março de 2011 e maio de 2014, a candidata do PSB enviou uma retificação à Justiça Eleitoral para corrigir seu patrimônio.
De acordo com informação divulgada hoje pelo jornal, a presidenciável acrescentou R$ 45,6 mil ao seu patrimônio, aplicados em poupança e renda fixa no HSBC. A quantia representa um terço do que ela havia declarado anteriormente, no início de julho, como sendo o total de seus bens. O patrimônio sobe agora de R$ 135 mil para R$ 181 mil.

A correção foi solicitada por Marina no mesmo dia em que foi divulgada na imprensa a intenção da campanha do PT, da presidente Dilma Rousseff, de pedir ao Ministério Público investigação sobre ocultação de bens da candidata, por conta do faturamento de sua empresa.
Segundo o advogado da campanha de Marina, Ricardo Penteado, o que ocorreu foi um esquecimento na primeira declaração feita à Justiça Eleitoral. Os valores, segundo ele, estão todos informados na declaração de Imposto de Renda da candidata.

Por que o Correio apontou a metralhadora para Dilma?

:
Foto na primeira página da edição de segunda-feira (8/9) do Correio Braziliense coloca deliberadamente o rosto da presidente da República, Dilma Rousseff, na mira de uma metralhadora do carro blindado do Exército Brasileiro, que desfila na parada de 7 de setembro, em Brasília; estando na capa, trata-se de uma escolha de responsabilidade dos editores do jornal
10 de Setembro de 2014 às 08:34
Por Venício A. de Lima, do Observatório da Imprensa
A foto abaixo (11,8 x 19,6 cm, na edição original) está na primeira página da edição de segunda-feira (8/9) do Correio Braziliense. É de autoria do fotógrafo Daniel Ferreira, que trabalha para o Correio e para a D.A. Press, ambos do grupo dos Diários Associados.
Estando na capa, por óbvio, trata-se de uma escolha e é de responsabilidade dos editores do jornal.
Observe o leitor(a) que a foto coloca deliberadamente o rosto da presidente da República, Dilma Rousseff, na mira de uma metralhadora do carro blindado do Exército Brasileiro, que desfila na parada de 7 de setembro, em Brasília.
Qual a mensagem implícita/explícita na foto?
É normalmente aceito como sendo de Confúcio, filósofo chinês que viveu no século V antes de Cristo, a conhecida frase “uma imagem vale mais que mil palavras”. Os que vivemos no mundo contemporâneo sabemos que a afirmação de Confúcio permanece atualíssima, vinte e cinco séculos depois, nestes tempos marcados por imagens de todos os tipos, do cinema, da televisão, das fotos popularizadas digitalmente nas redes da internet.
O que estaria o Correio Braziliense sugerindo a seus leitores(as) com a foto publicada na capa do jornal?
Nela está a maior autoridade da República brasileira, no palanque oficial, rodeada de outras autoridades constituídas, assistindo ao desfile da data símbolo da pátria brasileira: o 7 de setembro, dia de nossa independência.
A foto foi cuidadosamente selecionada, entre centenas de outras disponíveis. É, portanto, legítimo concluir que havia, sim, uma intenção orientando a escolha.
O jornalista que fez a edição da foto para o Correio Braziliense (e respondeu a meu e-mail sobre as razões da escolha) a considerou excelente e a melhor ilustração para o noticiário político do dia.
Credibilidade da democracia
Para além da partidarização inequívoca da grande mídia brasileira e diante de exemplos sucessivos, parece que ela não está sendo capaz de fazer uma distinção fundamental, sobretudo agora, em tempos de campanha eleitoral: a distinção entre o ritual dos cargos públicos, os símbolos nacionais, a institucionalidade da política, dos políticos, dos ocupantes dos mais elevados cargos públicos da democracia representativa brasileira; e sua opinião/posição (dela, grande mídia) em relação a esses eventuais ocupantes.
As consequências dessa “não-distinção” podem ser trágicas para a própria democracia. Ao se desrespeitar reiteradamente eventuais ocupantes de altos cargos públicos, inclusive em fotos com insinuações inconfessáveis, esse desrespeito é transferido para as instituições e a credibilidade da própria democracia. Como mostrou há décadas a professora Maria do Carmo Campello de Souza, “o teor exclusivamente denunciatório de grande parte das informações [dos meios de comunicação] acaba por estabelecer junto à sociedade (...) uma ligação direta e extremamente nefasta entre a desmoralização da atual conjuntura e a substância mesma dos regimes democráticos”.
No atual nível de partidarização da grande mídia brasileira, não há solução de curto prazo para que se desfaça esta confusão nefasta. A cobertura adversa e a desqualificação da politica e dos políticos é sua pauta preferencial. Resta torcer para que a democracia representativa brasileira sobreviva a uma grande mídia que, apesar de se apresentar como sua principal defensora, corrói, cotidiana e reiteradamente, seus fundamentos mais caros.
A ver.

Tio Rei, o último Aécioman, revela o que Marina prometeu aos bacanas do Bank of América


reinaldo1

O Brasil é um país sui-generis em matéria de imprensa.

Um exemplo? Como é que três empresários – Apolo Vieira Santana, Eduardo Ventola e João Paulo Lira – que compraram, sem contrato ou recibo e usando contas-laranjas, depois de um mês, não foram abordados por um repórter sequer, não têm uma foto ou uma declaração – mesmo que seja nada a declarar – estampadas nos jornais, nos sites, na tevê?

Mistério….

Mas há um novo quase-mistério na praça.

Anteontem, o Bank of America, agora com o charmoso apelido de Merril Lynch, reuniu mais de 500 pesos-pesados das finanças brasileiras, a nata da “turma da bufunfa” para ouvir os emissários de Marina Silva: o vice, Beto Albuquerque, André Lara Resende e Alexandre Rands, além dos coordenadores Walter Feldman, Maurício Rands, Bazileu Margarido e João Paulo Capobianco.
532, para ser exato, porque o Estado de Minas publica algo próximo de um press-release sobre o encontro, onde se fala tudo, menos do que se falou nele.

Obviamente, não foi permitido o acesso da plebéia imprensa.

Mas será que não tem um coleguinha capaz de, como a gente chama na profissão, “recuperar” o que se disse ali sobre o que pretendem fazer com o país?

Mas, calma.

Nem tudo está perdido.

Reinaldo Azevedo- o último Aécioman da Terra, agora que Merval Pereira marinou -tinha um amigo por lá.

Não vou tirar leitores do Reinaldo, cujo blog sempre visito, em nome de minhas convicções sobre a biodiversidade.

Mas trago o essencial, retirado da espuma petófoba que lhe sai.
Diz que a bola ficou com André Lara Resende*, o cavaleiro (cavaleiro, mesmo, sem lh) do Plano Cruzado e das traquinagens do  Governo FHC, cujo retrato deixo que a própria Veja faça, numa nota ao pé desta página, para evitar que ele se aborreça.

Diz Reinaldo depois que ele  falou do que Marina (eles, claro) pensa sobre de preços, “os que o ouviram saíram de lá com a impressão de que ele defende um tarifaço de cara para retomar a credibilidade… ”.

Que mais, que mais, como diz no rádio o Sardemberg?

Disse que vão promover uma desvalorização do Real e, logo, uma alta do dólar: Os “vocalizadores” de Marina também acham que o câmbio está valorizado de maneira artificial, e se supõe, então, que a turma pretenda trabalhar com um dólar mais fraco e um real mais forte.

Ah, e os empresários vão ser convocados para um “mutirão” cívico na infraestrutura – supõe-se que com dinheiro próprio, não com o do BNDES, que dizem estar hipertrofiado –  e em troca  a “ categoria deixaria de ser “tratada como bandida”.

Diz Reinaldo que “falou-se até em rever a postura “perversa e autoritária” da Receita Federal”.
Aquela coisa horrorosa do tipo autuar o Itaú pela merreca de R$ 19 bilhões de imposto sonegado, sabe como é…

Então está aí, com meus agradecimentos a Reinaldo Azevedo, este repórter atucanado sempre com a notícia, por ter revelado como é que seria (seria, do verbo não será) a “nova economia” da “nova política”.
Palmas para o jornalismo econômico brasileiro, que deixou passar uma “reunião de bacanas” que nem o Bezerra da Silva perdoaria.

* sobre André Lara Resende, da Veja: “Economista brilhante, Lara Resende ajudou a criar o Plano Cruzado, juntamente com o colega Persio Arida. Teceu também as bases do Plano Real. Para favorecer a vitória do Opportunity na compra da Tele Norte Leste, em detrimento do consórcio Telemar, negócio que não se concretizou, Lara Resende foi diretíssimo ao ponto em suas conversas telefônicas com Arida. “”Se precisar vou ter de detonar a bomba atômica””, disse ele ao amigo, referindo-se ao presidente Fernando Henrique Cardoso. “”Vai lá e negocia, joga o preço para baixo. Depois, se precisar, a gente sobe e ultrapassa o limite””, instruiu Lara Resende, segundo fitas divulgadas pela imprensa à época.” Foi absolvido, apesar disso, por falta de provas.

Marina você desbotou


Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras que agora recorre à delação premiada, foi demitido da estatal em 27 de abril de 2012
 
Dilma, ao Estadão: nós investigamos tudo, doa a quem doer; mas não foi assim (em março de 2001) quando afundou uma plataforma de petróleo no governo FHC. Não é próprio das plataformas saírem por aí afundando E aquela custou R$ 1,5 bilhão, são duas Pasadenas, viu? E não investigaram.
 
Dilma, em entrevista ao Estadão: Quem acha que vai governar sozinho (com os bons) normalmente tem algum poderoso por trás e normalmente é alguém muito rico. Isto não é nova política; é uma política velha, que levou a crises no passado
 
Aprovação à Presidenta Dilma sobe 5 pontos e vai a 52,4%; avaliação de seu governo soma 76,5% entre regular, ótimo e bom (pesquisa CNT).
 

Nas últimas horas a 'nova política' de Marina adquiriu o frescor de uma Margareth Thatcher de museu de cera.

por: Saul Leblon
Reprodução/Muda Mais

A exemplo do que ocorre em praticamente todo o planeta, a dominação financeira tornou-se um problema estrutural do desenvolvimento brasileiro.

A novidade é que nestas eleições ela se transformou, também, em um tema divisor da democracia.

Trata-se de uma novidade vertiginosa.

Que injeta transparência histórica à disputa presidencial, e tem potencial esclarecedor capaz de impulsionar as grandes viradas eleitorais.

Justiça seja feita, deve-se isso em parte ao fervor novo-cristão da candidatura Marina Silva.

A independência do Banco Central, viga mestra do programa do PSB, funcionou como esse coágulo polarizante, incômodo e revelador, que atropelou a pauta do Brasil aos cacos, imposta pela mídia conservadora à disputa.

O ‘ruído’ empresta transparência política aos interesses alinhados em torno das duas candidaturas mais competitivas de 2014.

E isso não é bom para quem se avoca o estuário dos melhores, dos bons e dos justos.

A polaridade está posta há muito tempo na sociedade brasileira e em todo o mundo.

Mas foi o surgimento de uma terceira voz, empenhada em conquistar audiência junto ao mercado financeiro, que catalisou a dimensão histórica daquilo até então expresso de forma técnica pelo conservadorismo. E contornado de maneira mitigada pelo campo progressista.

Eduardo Campos e Marina chegaram com sede ao pote, determinados a disputar com o PSDB a primazia na representação dos interesses graúdos na vida do país.

A oferta teria que vir acompanhada de uma contraprova de vantagem e validade insofismável.

O selo de garantia foi a inclusão da independência do BC no alicerce programático da dupla.

A morte de Campos e a radicalização da disputa fez o resto.
 O alegre consenso em torno da ‘nova política’ impôs ao próprio governo, e ao PT, a necessidade de explicitar o polo oposto de um braço e ferro que a crise de 2008 já havia revelado em sua natureza inconciliável: quem vai ordenar o passo seguinte do desenvolvimento, a soberania democrática ou despotismo financeiro?

A disjuntiva, agora clara, depois de um hiato de perplexidade com o aluvião conservador, desembarcou nesta 3ª feira na campanha eleitoral de Dilma na televisão.

E o fez da forma como Lula cobrou em encontro com a militância na última 6ª feira: demarcando a natureza de classe da disputa em curso no país (assista aqui).

Ou seja, dando a essa contraposição um simbolismo que expõe causas e consequências com uma clareza poucas vezes presente na narrativa dos embates vividos desde 2003.

Se o governo e o PT são requisitados a dar expressão política literal a um conflito antes tratado de forma difusa (leia ‘A nau de Marina e o dilúvio antipetista’), do lado contrário fica cada vez mais difícil levitar na ‘terceira via’, depois de atravessar o Rubicão da parceria carnal com os mercados.

A verdade é que nas últimas horas a  ‘nova política’ de Marina Silva adquiriu o frescor de uma Margareth Thatcher de museu de cera.

E esse não é um problema de natureza geriátrica.

Mas de um arrendamento histórico conferido ao capital financeiro em seu programa de governo, que tem no Banco Central independente um pilar de sustentação política e ao mesmo tempo um garrote de credibilidade eleitoral.

A 25 dias da urna o PT aprendeu a girar a rosca.
 Fica difícil a Marina despir-se desse marcador ideológico com a mesma frivolidade com que desembarcou os direitos GBLT de sua plataforma, 24 horas após a intervenção tutelar do bispo Silas Malafaia.

Seu bonde eleitoral derreteria em menos tempo ainda se tentasse uma guinada dissimuladora para fora da dominância financeira que encampou.

O sacrossanto “tripé”, do qual Marina se tornou uma defensora ardorosa, enlaça assim o pescoço da nova-cristã ameaçando esganá-la qualquer que seja o seu ponto de fuga.

Uma espécie de enforcador à distância, o tripé consiste de uma coleira dentada que permite ao dinheiro grosso submeter governos, partidos e demais instâncias sociais a um comando de desempenho monitorado por três variáveis.

A saber:
1. regime de metas de inflação, ancorado no chicote dos juros “teatrais”, se necessários, asseverou Marina  para delírio do mercado;

2. câmbio livre, leia-se, nenhum aroma de controle de capitais, o que condena o BC ‘independente’ a se tornar uma correia de transmissão da irracionalidade especulativa dos mercados globais para dentro do país;

3. o superávit “cheio” – leia-se arrocho fiscal para garantir os juros dos rentistas.

Marina descobriu que quando abre a boca pautada por essa melodia encanta banqueiros e rentistas em geral.

Os meetings de seus assessores com a turma do mercado frequentemente são interrompidos por aplausos calorosos.

Escavar um fosso entre a representação política da sociedade e o poder efetivo do dinheiro sobre o seu destino é tudo o que esses auditórios almejam.

Se alguém trata isso com leveza, sedução e aroma popular como resistir?

A resistência teria que vir do outro lado da radicalização rentista introduzida por Marina na disputa de 2014.

É o ponto onde estamos.E essa será a toada da campanha progressista de agora em diante.

Trata-se de espetar em Marina as suas próprias propostas na forma de perguntas emolduradas pela contradição determinante em nosso tempo. 

Serve ao Brasil um Presidente da República que terá apenas o orçamento fiscal para governar, já que a moeda, o juro, o câmbio e o poder de compra das famílias serão ordenados pela banca através do BC independente?

Serve ao Brasil um Presidente da República que tem como meta programática desregular o mercado de crédito no país? E desobrigar a banca privada da destinação obrigatória de parte dos depósitos à vista e da poupança ao crédito agrícola e ao financiamento habitacional?

Serve ao país um Presidente da República que se propõe a reforçar a hipertrofia de um poder financeiro, cuja participação na Bolsa brasileira já é o dobro da registrada pelo seu equivalente nos EUA, mas que não financia a produção e menos ainda a infraestrutura?

Serve ao país um Presidente da República que se avoca herdeira dos protestos de 2013 por melhores serviços e maior qualidade de vida, mas que se apoia em uma terceirização do poder de Estado desse calibre?

A resposta da candidata do PSB é flutuar no tempo e no espaço que resta de campanha na tentativa de escapar ao atrito corrosivo que contrapõe os interesses populares aos da hegemonia financeira acolhida em seu projeto para o país.

Ao campo progressista cabe o desafio de maximizar o giro do ponteiro eleitoral.

Com propostas que articulem a verdadeira nova política para um novo ciclo de desenvolvimento em meio à desordem neoliberal: aquela ancorada na repactuação do futuro com ampla participação democrática da sociedade.