Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O RISCO-MARINA NÃO É ECONÔMICO. É POLÍTICO.

O PT seria espancado se pregasse o cesarismo anunciado por Beto Albuquerque.
Embora não tenha sido bem clara sobre a natureza de suas preocupações com propostas do programa de governo de Marina Silva, a presidente Dilma indicou que seus temores são relacionados com a economia: a instabilidade, a desindustrialização, a quebra da matriz energética e derivados.
Relativamente à economia, Marina já ajoelhou e beijou a cruz para o mercado. Vem dizendo o que o setor financeiro, a indústria e até o agronegócio querem ouvir, contrariando o próprio discurso recente. Já se comprometeu com o tripé câmbio livre-metas de nflação-superavit, prometeu o BC independente. O risco maior do governo de uma candidata que na prática não tem partido político, está alojada em uma sigla de baixa densidade e expressão e vem se revelando avessa às coalizões, num presidencialismo que não pode prescindir delas, é fundamentalmente político.
Como destaca o Brasil247, o vice de Marina, deputado Beto Albuquerque, fez ontem as declarações mais graves de toda a campanha eleitoral. Se Lula, Dilma ou qualquer candidato petista pregasse algo parecido com o que disse o vice de Marina Silva, Beto Albuquerque, estariam sendo espancados verbalmente e chamados de “populistas”, “chavistas”, “bolivarianistas” e outros “istas” que podem ser resumidos pela categoria “cesarista”: governante que, como os césares de Roma, dispensa a mediação dos partidos e das instituições e procura se entender diretamente com o povo.
Se a “nova política” que Marina e PSB pregam descambar para a “anti-política” anunciada ontem por Beto, estamos feitos: “Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas e dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças necessárias ao país”, disse o companheiro de chapa. Todos os governantes que tentaram peitar o Congresso, desde a monarquia parlamentar de Dom Pedro, deram-se mal. Exceto os ditadores: Vargas no Estado Novo e os militares no pós-64. Washington Luís foi varrido pela Revolução de 30, Jânio renunciou e não voltou, Collor levou o impeachment. Jango, sem maioria parlamentar, foi “tolerado” até o momento em que, no comício da Central, em 13 de março, apelou ao povo para que o ajudasse a aprovar as reformas pressionando o Congresso. Veio o golpe.
A coalizão que apoia Marina, composta basicamente por PSB e PPS, hoje tem 30 deputados: 24 do PSB e seis do PPS. Se as duas bancadas dobrarem de tamanho no pleito do dia 5, pela força do efeito-Marina, serão 60. Ah, “mas eu vou governar com os melhores de cada partido”, tem dito ela, falando especificamente em “melhores do PT e do PSDB”. Indivíduos não formam coalizões nem garantem maiorias. Para chegar aos 257 deputados na Câmara, sem o quê ninguém governa, ela teria que recorrer ao que chama de velha política: fazer alianças, compartilhar o poder, ceder cargos e negociar as políticas a serem votadas. Estará Marina disposta a isso? Beto informa que preferem apelar às ruas para dobrar o Congresso.
O PSDB bem sabe o que significa a falta de estrutura e base política para governar. Mesmo sabendo que ganharia a eleição de 1994 com a força do Real, Fernando Henrique tratou de firmar aliança com o PFL. Estava certo, o PFL foi importante para a sua governabilidade. Agora, boa parte dos tucanos “marinam” discretamente acreditando que o governa lhes cairia no colo. Ainda assim, o PSDB hoje é um partido de 44 deputados. Se dobrar a bancada, uma coligação PSB-PPS-PSDB ainda estará longe da maioria. Os outros teriam que ser coagidos pelas ruas.
Afora o Congresso, a estabilidade política exige capacidade de negociar também com os diferentes segmentos da sociedade civil: empresários, sindicatos, corporações etc. Marina tem dito que quer “ouvir”. Sua mecenas Neca Setúbal diz que ela difere de Dilma porque ouve. Ouvir é uma coisa, negociar e conciliar é outra. Na hora dos confrontos de força e interesse, ela cederá ou chamará o povo?
“Perco o pescoço mas não perco o juízo”, disse Marina quando trombou definitivamente com o Governo Lula, recusando-se a flexibilizar posições do Ministério do Meio Ambiente em relação às licenças para acelerar as obras de construção das hidrelétricas da Amazônia, fundamentais para aumentar a oferta de energia.
Se na Presidência ela repetir e praticar este bordão, estará mesmo arriscando o pescoço. Mas não será só o dela. Será o nosso, o da democracia que os brasileiros vêm construindo, com todos os vícios e virtudes de nosso sistema político, que precisa mesmo de reformas, mas dentro da normalidade institucional, pela via da negociação. Um presidente que sai forte das ruas deve aproveitar o momento em que transpira força e legitimidade para conduzi-la. Fernando Henrique, Lula e Dilma perderam o “timing”, a lua de mel passou, não deram prioridade à reforma política. Depois já era tarde. Mas o que Beto Albuquerque anuncia é outra coisa. É o cesarismo, com qualquer nome contemporâneo que se queira lhe dar.

BLÁBLÁ QUER A TERCEIRIZAÇÃO RADICAL ! Pau no trabalhador ! Daqui a pouco ela vai abolir o 13º…

Ilustração sugerida pelo amigo navegante Dionisio


​De amiga navegante:​

Procuramos no programa de Marina. Bastou digitar a palavra ​”​terceirização​”​ para saber o que ela pretende: não há limite para o que a empresa tomadora de serviços pode terceirizar.

Veja na Página 75: 


“…terceirização de atividades leva a maior especialização produtiva,a maior divisão do trabalho e, consequentemente, a maior produtividade das empresas. Com isso, o próprio crescimento do setor de serviços seria um motor do crescimento do PIB per capita. Ambas as explicações salientam o papel do comércio e serviços para o bem-estar da população. Mesmo assim, o setor  encontra uma série de entraves ao seu desenvolvimento. Há no Brasil um viés contra a terceirização, e isso se traduz bem no nosso sistema tributário, que impõe impostos como ISS e ICMS − em cascata ou cumulativos − em transações que envolvem duas ou mais empresas. A consequência: algumas atividades que poderiam ser terceirizadas por empresas acabam realizadas internamente, em prejuízo da produtividade, porque essa forma de tributação eleva os custos e tira a vantagem da operação.”

Na página 76: 

“Disciplinar a terceirização de atividades com regras que a viabilizem, assegurando o equilíbrio entre os objetivos de ganhos de eficiência e os de respeito às regras de proteção ao trabalho.”
​E, como diz o Vagner, presidente da CUT:

“E​la não tem nem nunca teve compromisso com os trabalhadores. O compromisso de Marina é com banqueiros, especuladores, ​e ​neoliberais defensores do ​E​stado ​M​ínimo​.
​O que isso significa, Estado Mínimo ? Menos professores, menos médicos, menos servidores públicos federais que prestam serviços em áreas essenciais como previdência pública etc.”

Como diz o Aécio: “o programa dela é um clone do nosso” !

E como diz aquele teu navegante: “luta de classes pra ela é entre duendes e fadas”.

E pau no trabalhador !

De navegante amiga.


Em tempo: e não esquecer que o Itaúúú é o campeão de demissões – PHA


Paulo Henrique Amorim

WANDERLEY GUILHERME AO 247: "MARINA É INVIÁVEL"

Gilson Caroni Filho: “Nova política” oferece aos jovens o pão que o diabo amassou em forma de arrocho e desemprego

daniel de oliveira
Marina Silva e o pastor Silas Malafaia. E quando a Chevron tuitar? [Ilustração de Daniel de Oliveira, via José Antonio Orlando, no Facebook]

Jovens, vocês querem mesmo Marina?

por Gilson Caroni Filho, especial para o Viomundo

 A simples leitura do programa de governo de Marina da Silva que, como todos sabem, foi escolhida pela “providência divina” e os acontecimentos recentes envolvendo as alterações no seu programa partidário permitem levar ao eleitorado jovem pontos fundamentais que revelam a natureza extremamente conservadora. Comecemos pelas questões macroeconômicas:

1) Marina pretende dar autonomia ao Banco Central, o BC. O que significa isso? Entregar o banco ao mercado financeiro. Não por acaso conta com o apoio de banqueiros em sua campanha.

2) No documento, consta que políticas fiscais e monetárias serão instrumentos de controle de inflação de curto prazo. Como podemos ler este ponto? Arrocho salarial e aumento nas taxas de desemprego.

3) O programa ainda menciona a diminuição de normas para o setor produtivo. Os mais açodados podem pensar em menos carga tributária e burocracia para as empresas. Não, trata-se de reduzir encargos trabalhistas com a supressão de direitos que facilitem as demissões. Há muito que a burguesia patrimonialista pede o fim da multa rescisória de 40% a ser paga a todo trabalhador demitido sem justa causa. O capital agradece.

4) Redução das prioridades de investimento da Petrobrás no pré-sal. O que significa? Abrir mão de uma decisão estratégica de obter investimentos para aplicar na Saúde e na Educação. Isso, meus amigos mais jovens, é música para hospitais privados, planos de saúde e conglomerados estrangeiros que atuam na educação. O que o grupo Galileo fez com a Gama Filho e Univercidade , aqui no Rio, é fichinha perto do que está por vir. Era com uma coisa desse tipo que vocês sonhavam quando foram às ruas em junho do ano passado?

5) Em vez do fortalecimento do Mercosul, o programa da candidata, que ” quer fazer a nova política,” prega o fortalecimento das relações bilaterais com os Estados Unidos e União Europeia.Vamos retroceder vinte anos e assistir a um aumento da desnacionalização da economia latino-americana. É isso que vocês querem?

6) Meus caros amigos, não sei se foi a providência divina quem derrubou o avião em que viajava Eduardo Campos. Mas o que a vice dele, uma candidata que está à direita de Aécio Neves, lhes oferece é o pão que o diabo amassou. Gosto da vida, gosto da juventude, mas, agora, cabe a vocês escolher o que desejam enfiar goela adentro. Não há mais ninguém inocente.

No campo dos costumes, cabem outras indagações. O Partido Socialista Brasileiro, que sempre teve uma agenda progressista, foi criado em 1947.

Ao ceder a pressões para lançar a candidatura de Marina da Silva, acabou. No lugar dele, surgiu um PSB capturado pelo “Rede” da candidata do Criador.

Pois bem, bastaram quatro tuitadas do Pastor Malafaia para o partido retirar de seu programa de governo o casamento civil igualitário. Se em quatro mensagens por twitter houve um retrocesso desse porte, imaginem em quatro anos de um eventual governo do consórcio Itaú-Assembléia de Deus. Descriminalização do aborto? Esqueçam. Descriminalização dos usuários de drogas? Nem pensar. No mínimo, procedimentos manicomiais para os dependentes. Pensem nos direitos conquistados pelas mulheres nos últimos anos sendo submetidos ao crivo de dogmas medievais. Nos homossexuais como anomalias apenas “toleradas”, jamais como sujeitos de direitos.
Sim, pois vislumbramos uma religião se transformando em política de Estado.

 É isso que vocês querem para o país? É isso que vocês querem para suas vidas e a dos filhos que vierem a ter? Em caso afirmativo, chamem Torquemada e me avisem: não quero ver ninguém ardendo em fogueiras. Tudo é força, mas só Malafaia é poder. Não acredito que vocês desejem isso. Melhor, não quero acreditar.

Leia também:

Marina topa tudo. O PT topa ousar ou vai se render?




Dilma peita o conservadorismo e nega ajuste no lombo dos trabalhadores: 'Não pretendo de maneira alguma acabar com a política de valorização do salário mínimo' (que passa a valer R$ 788 reais)

Marina critica desaceleração da economia, mas desdenha do pré-sal que prevê US$ 220,6 bilhões em investimentos até 2018; encomendas requeridas pela Petrobrás vão gerar 2 milhões de empregos até 2020.

Hollande faz na França o ajuste que Aécio e Marina preconizam para o Brasil; resultado: desemprego recorde de 3,4 milhões de franceses

Desemprego na Itália salta para 12,6% em julho

Gasto do consumidor tem queda nos EUA, a primeira desde janeiro

Inflação média nos 42 meses do governo Dilma: 6,1%; inflação média nos oito anos de governo FHC: 9,2%. Portanto, Aécio, menos, menos.

Marina copia o PSDB no neoliberalismo; segue Malafaia nos costumes e obedece aos mercados na independência ao Banco Central.

Mercados deliram e Bolsa sobe 1,6% no dia em que o PIB cai 0,6%. Motivo: Marina topa tudo, de tarifaço a arrocho fiscal; de câmbio livre ao esvaziamento do Mercosul.
 



Programa de Marina pode ser resumido em uma linha: nova política reserva 20% do orçamento para educação e saúde, mas entrega comando fiscal à agenda do arrocho.

por: Saul Leblon  

Arquivo


 
O programa de Marina Silva, lançado na mesma sexta-feira em que o Datafolha lhe dava uma vantagem de 10 pontos sobre Dilma Rousseff no segundo turno --ao qual se credenciou depois de crescer nada menos que 13 pontos em 11 dias-- tem 242 páginas.

É um livro.

Mas poderia ser resumido em uma linha: a ‘nova política’ da novíssima Marina Silva é ortodoxa nas questões econômicas que condicionam o destino da sociedade, e liberal nos costumes que já romperam as amarras do presente.

Assim: o Brasil de Marina Silva entrega a moeda, os juros, o câmbio, os salários, a política externa e a fiscal à supremacia dos mercados financeiros.

Em resumo, o país renuncia ao comando do seu destino e ao destino do seu desenvolvimento.

Mas acolhe o que já é um fato reconhecido até pela Justiça: o justo pleito da união civil entre homossexuais e o direito à adoção de crianças por casais gays, por exemplo.

Se do ponto de vista da evangélica Marina Silva isso pode criar algum ruído junto a apoios prometidos –como o do pastor Silas Malafaia , um cruzado da homofobia (leia ‘Ousar e vencer ou entregar o Brasil aos mercados passivamente?’; nesta pág) ; de outro lado, essa concessão é mais que compensada pela abrangência de interesses contemplados por outras diretrizes de superlativo impacto na repartição do poder e da renda.

Por exemplo, rebaixar o espaço estratégico do pré-sal na política de desenvolvimento e resgatar o da energia nuclear.

Mas também fragilizar o Mercosul em benefício de acordos bilaterais –leia-se subordinar a diplomacia brasileira à agenda hegemônica dos livres mercados numa restauração da lógica da Alca sepultada desde 2003 (leia mais no blog do Emir; nesta pág.)

Marina Silva se oferece assim às elites e aos endinheirados como uma espécie de ‘topa tudo’. Um candidatura desfrutável como um Bom Bril, que se presta a mil e uma utilidades.

Não é pouco .E não surpreende que amplas parcelas do PSDB --e da mídia que apoiava seu candidato, já tenham cristianizado Aécio Neves, para embarcar no meteórico ônibus da ‘nova política’, rumo à Brasília.

Repita-se aqui o que disse Carta Maior em nota anterior. A oportunidade representada por Marina Silva contempla aspirações de poder que invariavelmente, desde 2002, encontraram dificuldade de se expressar através de um palanque que emprestasse carisma popular a um projeto de raízes tão excludentes.

Agora não mais, graças à ascensão desse super-bond chamado ‘nova política.

De novo, vale repetir: trata-se de um retrofit político e ideológico.

Retro, do latim “movimentar-se para trás” e fit do inglês, adaptação, ajuste.

Termo originado da arquitetura, o retrofit é recomendável quando um edifício chega ao fim de sua vida útil.

É uma opção para corrigir o desgaste e a decadência do uso sem, todavia, alterar seus alicerces e estruturas de sustentação. Fica mais barato e é funcional.

O programa de Marina Silva é um retrofit do neoliberalismo .

O desafio de vida ou morte do campo progressista nesse momento é restaurar a transparência dos dois polos em confronto na sociedade brasileira, dissimulados sob a aparência de uma ‘nova política’.

O calcanhar de aquiles do retrofit conservador é o antagonismo entre a maquiagem da fachada e de alguns equipamentos e a rigidez dos pilares e colunas estruturais.

Num edifício isso é contornável com algum jogo de decoração.

Numa sociedade pode ser insuportável.

A participação soberana e democrática da população nas decisões sobre o desenvolvimento frequentemente evoca mudanças estruturais que colidem com os interesses calcificados que a ‘nova política’ visa preservar.

Um exemplo resume todos os demais.

O programa de Marina Silva afirma que vai destinar 10% do orçamento à educação em seu mandato –antes, portanto, do ciclo de dez anos previsto pelo governo Dilma, que ancora sua projeção em ganhos com os royalties do pré-sal, cuja centralidade será descartada em um governo do PSB.

Diz, ainda, que assentará 85 mil famílias de sem terra (em 2012 foram assentadas 23 mil).

E sinaliza que destinará outros 10% do orçamento à saúde.

Uma pergunta: fará tudo isso ao mesmo tempo em que entrega aos centuriões do mercado o comando da política fiscal para procederem ao arrocho no gasto público?

Não só.

Marina afirma apoiar o decreto de Dilma, demonizado pela elite que a festeja, da Política Nacional de Participação Social.

É justo perguntar: participação em que, quando se terceiriza aos operadores do mercado a prerrogativa de fixar os principais preços da economia, entre eles a taxa de juros, delegada a um Banco Central independente? (Leia esclarecedor artigo de Paulo Kliass sobre esse tema; nesta pág).

Marina e seus formuladores defendem a mesma autonomia em relação a outros preços estratégicos.

O câmbio, segundo eles, deverá flutuar livremente.

Quanto aos ao salários (o terceiro preço decisivo no capitalismo) , já se antecipou que a política de valorização do salário mínimo adotada pelos governos petistas será revertida.

É justo repetir a pergunta: assim encapsulada a economia nas mãos do mercado, o que sobra à participação social endossada por Marina Silva?

Visto desse prisma da dinâmica econômica e social, o programa de 242 páginas resume-se a um embrulho vistoso que guarda uma única determinação implacável: devolver a agenda do desenvolvimento à supremacia dos mercados.

A um custo social não mencionado, mas implícito.

Dizer que manterá o Bolsa Família , como o faz o calhamaço, mas sinalizar com o arrocho do salário mínimo, implica devolver à miséria milhões de famílias assalariadas.

Prometer assentar 85 mil sem terra e praticar uma política cambial, monetária e tarifária como querem os operadores de mercado é enxugar o chão com a torneira aberta: centenas de milhares de famílias serão cuspidas de seus lugares e de seus empregos.

Por tudo isso, é pertinente dizer que o endosso de Marina à política de participação social lançada por Dilma significa pouco mais que um retrofit na palavra simulacro.

O conjunto, porém, envolve uma operação de potencial lucrativo tão elevado que ao mercado compensa tolerar os penduricalhos da ‘professora que veio dos seringais’ –desde que a cozinha econômica fique, como já se definiu que ficará, nas mãos experientes dos açougueiros do mercado financeiro.

Não é só uma sucessão presidencial, portanto, o que está em jogo.

É uma mutação histórica do desenvolvimento brasileiro que se for implementada marcará funestamente a vida desta e de futuras gerações.

Diante da gravidade do que se avizinha, Carta Maior reitera seu editorial anterior:

Ao aluvião de interesses graúdos -- e de descontentamento difuso, seduzido pelo glamour da ‘nova política’, não basta contrapor o exaustivo balancete publicitário do que se conquistou e se incorporou à rotina do país nestes últimos 12 anos.

É importante, mas não é suficiente.

É forçoso contrapor à ‘nova política’ aquilo que a desnuda e afronta.

É urgente dizer pelo que se luta; e contra quem se trava a batalha dos próximos dias e noites.

 Essa é uma batalha entre a democracia social e as forças regressivas mobilizadas pelos interesses globais que acossam a economia brasileira.

É preciso escancarar a contradição entre o retrofit messiânico que as expressa e as estruturas calcificadas que ele maquia.

É preciso contrapor a isso um salto efetivo da democracia participativa que devolva à sociedade o poder reordenador que agora se pretende terceirizar aos mercados.

Tornar esse salto palpável aos olhos da população requer um símbolo de magnetismo equivalente às tarefas que essa agenda encerra em termos de repactuação de metas, concessões, salvaguardas e organização política.

Um novo governo estruturado em torno dessa renegociação do desenvolvimento requer um chefe de Casa Civil dotado, ao mesmo tempo, de inexcedível sintonia com a Presidenta Dilma , e de incontrastável representatividade popular.

Essa referência existe; já funciona de fato como líder político do campo progressista; deveria ser oficializado desde já no anúncio antecipado da composição de um segundo governo Dilma.

Seu nome é Lula.