Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Golpista da Veja confunde ensino com apologia à ditadura



Um vídeo se alastrou pela internet a partir do último dia 31 de março. Foi feito pelos alunos da Faculdade de Direito da USP, instalada no Largo de São Francisco, em São Paulo, desde 1903. Este post não se destina a divulgar esse vídeo, mas a expor fatos que sucederam sua divulgação.
O vídeo mostra protesto feito por estudantes contra o professor Eduardo Gualazzi, quem, no dia do aniversário do golpe de 1964, em vez de dar aula resolveu afrontar não só os seus alunos, mas o próprio Centro Acadêmico XI de agosto.
Para quem não sabe, o Centro Acadêmico XI de Agosto é o órgão representativo dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e recebe o nome “XI de Agosto” em homenagem à data da lei que criou as duas primeiras faculdades de Direito do Brasil, uma em São Paulo e outra em Olinda.
O XI de Agosto é o mais antigo centro acadêmico de Direito do país. Teve participação decisiva nas mais relevantes campanhas políticas nacionais, principalmente nos movimentos de defesa do Estado Democrático de Direito contra a ditadura militar que brotou do golpe de 1964.
O professor Gualazzi cometeu um desatino ao levar para leitura em sala de aula um texto de sua autoria intitulado “Continência a 1964”. O texto exalta a ditadura militar justamente em uma instituição cuja história se confunde com a luta contra essa ditadura.
A ligação da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco com a luta contra o regime militar é tão forte que, enquanto Gualazzi fazia apologia àquele regime em sala de aula, o próprio reitor daquela instituição, José Rogério Cruz e Tucci, participava de protesto contra a ditadura a algumas centenas de metros daquela Faculdade.
A intenção de Gualazzi, portanto, foi claramente a de provocar. O que ele estava fazendo, quando sua “aula” foi interrompida pela manifestação dos alunos, não era ensinar. O texto que lia não continha fatos históricos, mas a sua opinião sobre a ditadura.
Professores dão opiniões em sala de aula em todos os níveis de ensino. Isso é comum. Todavia, qualquer professor que disser opiniões em classe corre sérios riscos.
Conto uma história para explicar como é perigoso um professor confundir suas opiniões com a matéria que é pago para ensinar aos seus alunos.
Há alguns anos, uma de minhas filhas, durante aula na faculdade, ouviu de uma professora críticas duras a blogueiros de esquerda e, surpresa das surpresas, também ouviu o nome de seu pai ser incluído na acusação de que tais blogueiros seriam “pagos pelo governo”. Obviamente que ela protestou com veemência na mesma hora e, depois, fez queixa formal da professora, que foi advertida pela faculdade.
Apesar de o vídeo em questão já ter sido muito visto, vale explicar, para quem não viu, que os estudantes organizaram um protesto à altura da ousadia do professor de afrontar não só a eles, mas à própria instituição em que leciona.
O protesto começou do lado de fora da sala de aula. Estudantes simularam gritos de pessoas sendo torturadas e depois entraram cantando em classe, todos vestindo capuzes iguais aos que eram colocados nos presos políticos que a ditadura torturou e/ou matou.
Quem quiser ficar em cima do muro pode dizer que os dois lados erraram. Ainda assim, terá que reconhecer que quem cometeu o primeiro erro foi o tal professor Gualazzi. Contudo, à luz do amplo repúdio (inclusive internacional) à ditadura militar iniciada em 1964, é difícil qualificar a reação dos alunos como um erro. Foi mera reação a uma afronta.
A razão deste post é a de rebater uma versão distorcida desses fatos que está sendo alardeada pela revista Veja através de seus colunistas, entre os quais Rodrigo Constantino. Ele publicou um post em seu blog, hospedado no portal da revista, em que afirma que o tal professor da USP foi “impedido de criticar o comunismo”.
Abaixo, o comentário de Constantino no portal da Veja:
—–
Vejam como agem os comunistas, esses seres jurássicos que ainda procriam e se espalham, colocando em xeque a teoria da evolução darwinista. São tolerantes, democratas, a favor do debate aberto. Só que não! São autoritários, intimidam quem pensa diferente, querem calar o contraditório no grito. Impediram uma aula sobre as tiranias vermelhas e o contexto de 1964. Invadiram a sala e humilharam o professor. É apenas assim que sabem agir: covardemente e em bando
—–
Ao fim deste post, o leitor que ainda não assistiu o vídeo em questão poderá assistir. Quem assistiu, sabe que o texto do professor Gualazzi não se destinou a criticar o comunismo e sim a fazer apologia da ditadura militar. O próprio título do texto (“Continência a 1964”) diz tudo.
Chega a ser bizarro que alguém que, como Constantino, apoia um regime cuja principal característica foi a censura por meios violentos se queixe do que enxerga como “censura”.
Aliás, o regime que Constantino defende não se valia de manifestações teatrais para censurar. Preferia métodos mais “eficientes”, tais como torturas, estupros, assassinatos. Sevícias inclusive a crianças e adolescentes diante dos pais, a esposas diante dos maridos etc.
Concluo externando a opinião deste blog sobre a iniciativa dos alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. É mais do que necessário que todos quantos possam não percam a oportunidade de denunciar a ditadura militar. Este país não pode mais conviver com apologias a um crime de lesa-humanidade como foi aquela ditadura.
Cada cidadão consciente dos horrores daquele período terrível de nossa história deve tomar para si a obrigação de não permitir que exaltem aquele processo criminoso desencadeado neste país há meio século. Pesquisas recentes sobre o que pensam os brasileiros mostra que estão divididos sobre o que aconteceu neste país. É inaceitável.
A ausência de denúncias contundentes sobre a violação da democracia e dos direitos humanos durante cerca de duas décadas é o que faz quase metade dos brasileiros julgarem de forma tão equivocada a ditadura militar.
Este blog, pois, exorta a todo aquele que sabe a verdade a que não aceite, de modo algum, apologias de quem quer que seja à ditadura. Pode ser amigo, parente, colega de trabalho etc. Se fizer apologia da ditadura deve ser contestado prontamente, mesmo ao custo da ruptura ou do esfriamento de sua relação com aquela pessoa.
Este blogueiro tem dito nas redes sociais que não tem o menor interesse em manter amizade ou qualquer outra relação com pessoas que apoiam o regime militar de 1964. Hoje há muita informação. Todos sabem dos crimes cometidos naquele período. Quem apoia aquilo, portanto, não presta. Não vale a pena manter relações com alguém assim.
*
Assista, abaixo, ao vídeo citado no post

Interpelação de Gilmar Mendes
Informo que no último dia 31 de março foi protocolada no Supremo Tribunal Federal a ação inicial contra o ministro Gilmar Mendes. Por instruções dos advogados, por enquanto o Blog não divulgará publicamente o teor da inicial. As pessoas que participam da ação receberão por e-mail cópia do processo.

Rever partilha é "golpe nos interesses brasileiros"

Receituário neoliberal gera desemprego recorde na Itália: 13%; inflação cai à mínima na zona do euro, economia hiberna.

Levante da Juventude marca o 1º de abril com escrachos contra três torturadores impunes: coronel Brilhante Ustra; Aparecido Callandra e coronel Pedro Ivo Vasconcelos

Hollande dobra a aposta e indica Manuel Valls como premiê: direita do PS, Valls já quis mudar o nome do partido para adequá-lo aos mercados.
 
Ministro Celso Amorim diz que Forças Armadas vão investigar tortura em sete dependências militares.


Opinião é de Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) quando o Brasil descobriu as jazidas do pré-sal, durante o governo Lula, ao comentar, em entrevista ao 247, a proposta do presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG); em palestra a empresários, tucano disse na segunda-feira que pretende rever, caso eleito, o modelo de partilha válido para a exploração do petróleo na área do pré-sal, voltando ao regime de concessões, vigente no governo FHC; "Seria um grave erro para o interesse dos brasileiros", ressaltou Lima
2 de Abril de 2014 às 07:06
Gisele Federicce, 247 – Em palestra concedida na última segunda-feira 31 a empresários em São Paulo, o presidenciável do PSDB, senador Aécio Neves, expôs sua intenção em rever o modelo de partilha utilizado hoje para a exploração do petróleo na área do pré-sal. Sua proposta, caso seja eleito, é retomar o modelo de concessões, vigente durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A mudança "seria um grave erro para o interesse dos brasileiros", disse ao 247 Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) na época da descoberta das jazidas do pré-sal, durante o governo Lula. Segundo ele, a alteração "contraria os interesses nacionais", uma vez que procuraria "satisfazer os interesses das multinacionais" na exploração de grandes áreas de petróleo.
No Brasil, a exploração de petróleo é dividida em dois modelos: o de concessão, que domina a maioria dos trabalhos no setor brasileiro e se aplica a casos em que se acredita que exista uma quantidade pequena ou média de petróleo, e onde há alto risco exploratório; já o de partilha é usado apenas em casos em que há grande quantidade de petróleo e, portanto, baixo risco exploratório.
No caso do Brasil, o modelo de partilha se aplica apenas à área do pré-sal, única de baixo risco exploratório no País. Segundo Haroldo Lima, é assim que o setor funciona no mundo todo. "Temos que levar em conta os interesses nacionais, e para não perdê-los de vista, temos que olhar os hábitos que existem no setor do petróleo. Esse é o costume normal no mundo. Essa divisão não é inovação do Brasil", disse.
O argumento do especialista de "satisfazer os interesses das multinacionais" se explica da seguinte forma: no regime de concessões, a Petrobras precisa competir com empresas privadas nacionais e estrangeiras para ter acesso a novas reservas, enquanto no modelo de partilha, instituído em 2010, no governo Lula, o governo fica com a maior parte dos lucros obtidos na exploração e a Petrobras é parte obrigatória na exploração de todos os campos.
Segundo Haroldo Lima, no modelo proposto por Aécio, os grupos estrangeiros tentariam negociar para explorar grandes áreas de petróleo em outros países, como Rússia e México, e não conseguiriam, mas encontrariam as portas abertas no Brasil. "Eu espero que esse ponto de vista que você está me dizendo, que foi apresentado, não seja feito, porque é um golpe nos interesses brasileiros", disse ele.
Pasadena
O ex-presidente da ANP aproveitou para comentar, sobre o caso de Pasadena, que as denúncias contra a estatal não podem ter o objetivo de fragilizar a empresa. "Essas coisas de suborno, Pasadena, têm que ser apuradas, mas não se pode enxovalhar a Petrobras, isso é prestar um desserviço à nação brasileira", disse.
Segundo ele, a empresa "precisa ser prestigiada, beneficiada, para assumir as responsabilidades que nós colocamos a ela na área do pré-sal". A pretexto do caso de Pasadena, disse Lima, "estão acabando com a Petrobras", que acaba "não conseguindo recursos para cumprir com suas responsabilidades". É preciso apresentar "casos concretos, pessoas concretas, mas não fragilizar a empresa", completou.
 

O “novo” Aécio é a volta do Brasil de sempre. O da senzala social

ilhafiscal

A “coluna social” de Monica Bérgamo, na Ilustrada da Folha de hoje é um retrato sem retoques do que representa Aécio Neves.
Representa Fernando Henrique Cardoso, nada mais, nada menos.
Leia.
É uma visão dantesca do Brasil que, tomara, tenha ficado sempre para trás.
O Brasil governado para o capital.
Não para o povo.
Não para “os que votam como o estômago”, como diz o banqueiro André Esteves.
Esta gente que tem o estranho desejo de comer todo dia, desatenta ao fato de que sempre foi preciso que passasse fome para que os salões do nosso capitalismo brilhassem.
“Esgotou (-se) a capacidade de crescer pelo consumo (da população).”
É como se dissessem: “chega, você já tiveram o que merecem, acabou o recreio, voltem para a senzala social”.
Sonham com a “reconquista” do Brasil, porque não querem o povo brasileiro como parceiro de seu sucesso, mas como uma massa de servos de seus empreendimentos.
Uma elite que não se emenda, que nem mesmo tendo visto do que este país é capaz quando é um só, não aceita os pobres, os negros, os mestiços, o povão senão ali, nas caras telas de Di Cavalcanti penduradas na parede da mansão.
Eles são lindos assim: imóveis, passivos, decorativos.
“Estou preparado para as decisões necessárias, por mais que sejam impopulares”, garante Neves, e um empresário traduz: aumentar as tarifas públicas.
Não o dirá aos que votam com o estômago, mas que importa? Pois se podem deixados sem comer, o que é deixá-los sem saber? Eles não estão aqui, senão nos servindo canapés e não entendem o que se diz.
Não vão saber, como não saberão que será vendido o que sobrou do período Fernando Henrique e o petróleo que depois dele se encontrou.
Os negros, os mulatos, os pobres dos quadros de Di Cavalcanti tudo ouvem, porém, nas paredes da mansão.
Fugiriam das telas, se pudessem, para dizer aos seus iguais, de carne e osso o que dizem os “sinhôs”.
Não podem, mas nós podemos.
O que se vai enfrentar nas eleições não é uma decisão sobre o futuro.
É um fantasma do passado.

Aécio: estou preparado para decisões impopulares

Mônica Bergamo
No pequeno púlpito montado na sala de jantar de sua casa, tendo como fundo uma parede com quadros de Di Cavalcanti, João Doria Jr. chama Aécio Neves para falar à seleta plateia de empresários que foram ao encontro com o presidenciável tucano. “Um jovem amigo. Um dos mais valorosos nomes da política brasileira. Ele é o novo!”
Os convidados, que já tinham aplaudido os governadores Geraldo Alckmin, de SP, e Antonio Anastasia, de Minas, voltam a bater palmas.
Mas é quando Fernando Henrique Cardoso é anunciado que o público realmente se empolga.
Empresários como José Luiz Cutrale, maior produtor de suco de laranja do mundo, André Esteves, do BTG Pactual, Guilherme Leal, da Natura, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, se levantam para aplaudir aquele que, segundo Doria, é um “exemplo de homem público”, “de ser humano”, “de brasilidade”, “de estadista”. E o grande fiador da candidatura de Aécio.
Antes de ceder o microfone, Doria fala dos 50 anos do golpe militar. “Viva a democracia!”, afirma. E todos, em uníssono: “Viva!”.
FHC se diz “sem palavras”. E inicia um breve discurso de apresentação de Aécio.
Lembrando seu próprio governo, acena com a possibilidade de reformas numa eventual gestão do tucano mineiro. “O reformador só é aplaudido depois de muito tempo.” O Brasil precisa de um novo rumo, segundo ele. “E não dá para mudar com as mesmas pessoas. O cachimbo deixa a boca torta.”
Antes de falar, Aécio chama Armínio Fraga, presidente do Banco Central no governo FHC, para ficar ao seu lado, sinalizando que ele terá papel primordial na condução da economia em seu eventual governo. “Ninguém tem o time que nós temos”, diz o mineiro. “Vou anunciar aos poucos quem estará comigo. Esse time dará confiança ao mercado.”
Aécio segue: “Eu conversava com o Armínio e ele me perguntou: Mas é para [num eventual governo] fazer tudo o que precisa ser feito? No primeiro ano?’. E eu disse: Se der, no primeiro dia’”.
“Eu estou preparado para tomar as decisões necessárias”, diz. “Por mais que elas sejam impopulares.” Num outro momento, repete: “Se o preço [das medidas] for ficar quatro anos com [índices de] impopularidade, pagarei esse preço. Que venha outro [presidente] depois de mim”. Sua ambição, diz, não é ser querido. E sim “fazer o maior governo da história do país”.
O tucano não detalhou que medidas seriam essas. Um dos empresários disse à Folha: “Ele está querendo dizer que vai reajustar tarifas. Não dá mais para empurrar com a barriga, como o governo [Dilma Rousseff] está fazendo, por populismo”.
Começam as perguntas. O banqueiro André Esteves diz que o país vive numa “armadilha do baixo crescimento”, em que se “esgotou a capacidade de crescer pelo consumo”. “Temos que investir” e, para isso, o governo tem que despertar “a confiança”.
Horacio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp, pergunta como o presidenciável fará sua mensagem chegar “aos que votam com o estômago”, referindo-se aos beneficiários de programas sociais do governo. Jorge Gerdau pede que ele se comprometa a não aumentar a carga tributária.
Depois de responder a todas as perguntas, Aécio Neves se despede com uma brincadeira: “Se tudo der errado, eu tenho um craque para entrar em campo”. Ele, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.