Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ali Kamel processa Miguel do Rosário, o homem que descobriu a sonegação da Globo

globohipo


O todo poderoso Ali Kamel, o todo poderoso diretor de jornalismo da Globo, está processando o amigo, colega e parceiro neste blog, Miguel do Rosário.
Miguel, para quem não sabe, foi o homem que, em seu blog O Cafezinho, revelou o escândalo de sonegação fiscal de mais de R$ 600 milhões da Rede Globo na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002.
O processo contra Miguel não vai “sumir”, como sumiu o da Globo.
E ele mostra, no post que reproduzo, que não vai se acovardar diante de um funcionário do Império, se não se acovardou ante o Império todo.
Abaixo, seu texto. E, por todos os lados e tempos, a nossa disposição de estarmos juntos, todos, ao seu lado nessa luta.

Ali Kamel processa Cafezinho

Miguel do Rosário
O Cafezinho perdeu a virgindade. Eu esperava que isso fosse acontecer mais cedo ou mais tarde. Mas confesso que fiquei decepcionado, porque foi muito previsível. O diretor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, está me processando por tê-lo chamado de “sacripanta reacionário e golpista”, num post de janeiro deste ano, intitulado As taras de Ali Kamel, no qual eu procuro defender o colega Rodrigo Vianna, que fora absurdamente condenado por um chiste.
A acusação, porém, é tosca e inepta. Tem um erro grosseiro logo no início, ao dizer que eu o acusei de cometer “todo o tipo de abuso contra a democracia” e “a dignidade humana”, e se empenhar dia e noite para denegrir a imagem do Brasil, aqui e no exterior” e de utilizar “métodos de jornalismo” que “fazem os crimes de Rupert Murdoch parecerem estrepolias de uma criança mimada”.
Kamel se identifica tanto com a empresa onde trabalha, que ele acha ser a própria empresa. O meu texto, que inclusive vai reproduzido no processo, diz textualmente:
“É inacreditável que o diretor de jornalismo da empresa que comete todo o tipo de abuso contra a democracia, contra a dignidade humana, a empresa que se empenha dia e noite para denegrir a imagem do Brasil, aqui e no exterior, cujos métodos de jornalismo fazem os crimes de Ruport Murdoch parecerem estrepolias de uma criança mimada, pretenda processar um blogueiro por causa de um chiste!”
Ou seja, esses carinhosos epítetos são destinados à empresa, à Globo, e não a Ali Kamel. Ele vestiu a carapuça por sua conta.
Ainda mais incrível, o processo tenta jogar a própria Justiça contra mim, ao dizer o seguinte:
“Como se não bastasse, o réu ainda afirma que a Justiça seria ‘empregadinha dos poderosos’.”
Ora, Ali Kamel quer me processar por críticas ao Judiciário brasileiro? No caso, minhas críticas nem foram ao Judiciário em si, mas à decisão judicial de condenar Rodrigo Vianna.
Prezado Ali Kamel, os adjetivos “sacripanta reacionário e golpista” não se referem à sua pessoa, visto que não lhe conheço, e sim ao cargo de diretor de jornalismo de uma empresa ao qual eu faço duras críticas políticas. Isso fica bem claro no texto.
É realmente ridículo que o executivo mais poderoso do jornalismo da Globo, cujo maior ativo é uma concessão pública líder no mercado, e portanto constitui um agente político com grande influência na opinião pública e nos processos eleitorais, queira asfixiar as vozes dissonantes através de chicanas jurídicas.
O processo reitera que deve aplicar a pena maior possível contra o blogueiro, para “desestimular ao máximo que o imenso sofrimento do autor com as descabidas ofensas que lhe foram dirigidas no post As taras de Ali Kamel se repita ou venha a ser experimentado por novas vítimas do réu”.
Imenso sofrimento?
Quem sofre sou eu, blogueiro latino-americano, sem dinheiro no bolso, esmagado por um governo inerte (na questão da mídia), de um lado, e uma imprensa historicamente golpista e reacionária.
Kamel pede R$ 41.000,00 de indenização moral. Hahaha.
Ou seja, ele simplesmente pretende destruir o blog que noticiou um dos maiores crimes de sonegação da história da mídia brasileira, cometido pela empresa para o qual ele mesmo trabalha, porque o blogueiro lhe chamou de “sacripanta reacionário” e fez críticas à sua empresa?
Tenho esperança que o Judiciário não vai deixar barato esse ataque sórdido à liberdade de expressão, ainda mais grave porque cometido por uma pessoa que dirige uma concessão pública confessadamente golpista e, como tal, com obrigação de ser humilde e tolerante no trato com aquelas mesmas vozes que ela ajudou a calar nos anos de chumbo.
O advogado de Ali Kamel, João Carlos Miranda Garcia de Souza, é também advogado da Rede Globo. É pago, portanto, com recursos oriundos de uma concessão pública que se consolidou durante um regime totalitário, e com apoio de um governo estrangeiro (EUA). Posso afirmar, portanto, que estou sendo processado pelas mesmas forças que implantaram a ditadura no Brasil.
Eu não tenho advogado, não tenho dinheiro, nem minha conta bancária foi abastecida com recursos da ditadura ontem, e da Secom hoje.
Só que estamos em outro momento, Kamel. Ou pelo menos, eu quero acreditar que estamos.
A família Marinho, segundo noticiado hoje por este blog, é a segunda maior fortuna de mídia do planeta. Com tanto dinheiro, mídia e poder, qualquer agressão de seus diretores a blogueiros políticos que criticam a sua linha editorial se torna um atentado particularmente hediondo à democracia.
Em 1981, já nos estertores do regime militar, uma tragédia terrível aconteceu na minha família. Meu tio, Francisco do Rosário Barbosa, um homem pacato, sem filiação partidária, sem militância política, mas com alguma ideologia, foi preso num ônibus, sem razão nenhuma além de ter protestado contra a forma como os policiais estavam revistando os passageiros.  Levado a 9ª DP do Catete, foi torturado até a morte. Tinha 9 irmãos, entre eles meu pai, primogênito, e uma mãe.
Diante do sofrimento inaudito que quase levou a família à loucura, meu pai reuniu a todos e disse que a melhor forma de lidarem com aquela tragédia era a usarem como mais um instrumento de luta contra a ditadura.
Nesse momento, em que vivemos uma democracia pujante, mas conspurcada por um sistema de comunicação oligopolizado, herdeiro do regime militar, não me resta outra saída senão me aferrar àquela postura tão digna de meu pai, José Barbosa do Rosário, e afirmar que vou usar este processo do diretor de jornalismo da Globo contra minha pessoa como mais um instrumento para derrubar, ou ao menos debilitar, esse odioso oligopólio midiático liderado pela família Marinho e seus capangas.
processo é o número 0314414-68.2013.8.19.0001, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A primeira audiência de “conciliação” acontece em fevereiro de 2014. Não preciso de nenhuma contribuição financeira porque acho muito improvável que eu perca esse processo, que é surreal. E se eu perder, vou recorrer até as últimas instâncias.
Por: Fernando Brito

Inside Job - A Verdade da Crise (legendado em português)




DILMA CONTESTA FOLHA E COBRA DESCULPAS DOS EUA

BLACK BLOCS: O ALVO É A COPA Pesquisadora Esther Solano Gallego conversou com cerca de 30 jovens que utilizam a tática Black Bloc nas manifestações.

Conversa Afiada reproduz entrevista publicada no site do Brasil de Fato:

BLACK BLOCS, O ALVO É A COPA



Paulo Hebmüller
de São Paulo

Jovens na casa dos 20 anos, com emprego e acesso ao ensino superior, embora ambos de qualidade discutível; submetidos à precariedade dos serviços públicos do Estado em áreas como saúde, transporte e educação; defensores de uma visão de mundo na qual atacar símbolos do capitalismo não pode ser considerado um ato violento, pois a verdadeira violência contra a população é praticada pelo sistema político e corporativo – dados como esses compõem o perfil dos black blocs de São Paulo, na visão da pesquisadora Esther Solano Gallego.

“Eles querem ser escutados, mas por alguém que tenha um olhar um pouco mais imparcial e se disponha a realmente entendê- los”, diz a professora de Relações Internacionais na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Esther vai às ruas desde junho – primeiro como manifestante; depois, com o colega Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas, passou a conversar com diferentes grupos para procurar entender suas motivações.

A pesquisa acabou centrada na dinâmica entre os policiais, a cargo de Alcadipani, e os adeptos da tática black bloc. É ao lado deles que a professora fica nas manifestações. O objetivo do trabalho, de acordo com Esther, não é emitir julgamentos ou defender qualquer dos lados, mas sim tentar entender um fenômeno social que cabe aos pesquisadores conhecer.

Uma das questões que agora ocupam a pesquisadora tem a ver com a criação de uma força-tarefa, unindo Ministério Público e as polícias Civil e Militar, anunciada pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo no início de outubro.O secretário Fernando Grella Vieira defende o indiciamento dos black blocs por associação criminosa.

Na entrevista a seguir, a espanhola Esther Solano – que se doutorou em Ciências Sociais em meio à crise econômica em seu país e veio para o Brasil em 2011, diz que é difícil saber se as medidas levarão os jovens a radicalizar suas ações ou a retroceder por medo da prisão. Certo mesmo é que por enquanto os adeptos da tática permanecem nas ruas, e que seu objetivo é chamar a atenção do mundo – literalmente – na Copa de 2014, cuja abertura coincidirá com o primeiro aniversário das grandes manifestações de junho.


Brasil de Fato – Com quantos jovens que utilizam a tática Black Bloc você já conversou?

Esther Solano Gallego – Mais ou menos 30. Comecei a falar com eles porque me parece muito importante entender o que está acontecendo, e a única forma de entender é sair para a rua e conversar com eles, o que para mim, por paradoxal que pareça, é muito fácil. Esses jovens não consideram os meios de comunicação de massa seus interlocutores. Mas, quando eu me apresentei como professora e pesquisadora, me aceitaram muito bem.

Qual o perfil que você já identificou neles?

É bem heterogêneo. Temos que diferenciar: há aqueles que sabem realmente o que significa a tática black bloc, leem e sabem articular um discurso mais ou menos politizado, e que são a grande maioria dos que entrevistei. Mas claro que há alguns que simplesmente aproveitam o momento de caos para cobrir o rosto. Tenho tentado conversar com eles também, porque acho que estão representando sua própria forma de violência. Mas são a minoria na minha pesquisa, e essas conversas não têm dado muitos frutos.

Em relação ao primeiro grupo, são jovens que têm um projeto político, que quando saem para a rua para quebrar um banco entendem que esse gesto tem um significado. Os mais novos têm 17 anos, mas em geral a idade vai de 20 a 24 anos; a grande maioria trabalha, muitos estudam. Há alguns formados, a maioria em universidade particular, mas há também gente de universidades públicas como a USP. A maioria é de classe média baixa. São usuários do transporte público, do SUS, da escola pública, mas a maioria não vem daquela periferia mais pobre e excluída.


Eles fazem parte do que vários estudiosos têm chamado de um subproletariado que vem crescendo muito nos últimos anos no Brasil?

A maioria, sim. São jovens que trabalham há pouco tempo, mas já conhecem bem a precariedade do Estado. Friso novamente que a maior parte não é daquela periferia que praticamente não tem acesso às manifestações.

Que tipo de leitura e formação política têm esses jovens com quem você conversa?

Tem de tudo. Alguns leram bastante os anarquistas e articulam bem essa linguagem. Outros não leramtanto, mas têm uma visão política bem articulada. São basicamente duas coisas: a grande maioria possui uma visão política mesmo – talvez não a da academia –, e enxerga bem o que quer fazer. Vale a pena reiterar que a maior parte dos jovens que entrevistei tem um pensamento definido como base de suas ações, o que não impede que, em momentos de manifestações maiores, apareçam indivíduos com muito menos articulação ou que simplesmente se aproveitam do momento.

Há alguma conexão com a origem dos black blocs na Alemanha do final da década de 1980 e com os chamados movimentos antiglobalização dos anos de 1990?

A maioria dos que entrevistei não pensava no que era o black bloc antes das manifestações. Muitos falam que começaram a pensar nisso depois daquele protesto do dia 13 de junho (no Centro de São Paulo), quando a Polícia Militar, como eles dizem, “chegou batendo”. Alguns já tinham lido alguma coisa, mas a grande maioria se envolveu pela ação e reação do momento.
Como você analisa a acusação de que eles são fascistas e estão a serviço de outra causa que não é a intenção original das manifestações?

Acho que aí existem duas coisas. Primeiro, que a esquerda mais institucionalizada, mais partidária, talvez se sinta muito afastada do que aconteceu. Minha percepção é de que há um certo ressentimento com isso, porque ninguém contou com os partidos de esquerda, com os sindicatos ou com os movimentos tradicionais para ir à rua. Outro aspecto é que, em todas as conversas que tive com eles, não percebi nenhuma indicação de que sejam manipulados ou de que respondam a outro grupo. Creio que a motivação é a indignação própria, e que eles têm um grau de autonomia suficiente para não ser movidos por outro grupo.

O anticapitalismo é o discurso mais forte?

Uma jovem me deu uma ótima explicação: em São Paulo a ação começou com o discurso black bloc internacional, de anticapitalismo e ataque aos símbolos do capital, mas depois foi se apropriando do discurso das manifestações brasileiras. Ou seja, talvez não tanto contra o capital, mas incorporando as bandeiras e as reivindicações dos protestos: mudanças e melhoria do sistema político de forma geral. O anarquismo é a inspiração, mas, durante as conversas, aparecem muito mais a precariedade do Estado brasileiro e a violência institucional do que as ideias anarquistas como motivações de sua presença nas ruas.
Eles também se colocam como a linha de frente contra a polícia, não é?

Eles dizem que nunca convocam as manifestações, e que vão à rua para proteger os manifestantes. São duas ações: uma que eles chamam de proteção – a linha de  frente –, e outra, de ação direta. Essa é a forte agora: chamar a atenção, “dar um grito”, utilizando a violência como forma de expressar a indignação. Vale a pena perguntar por que esses jovens chegaram ao ponto de enxergar na violência a única forma de ser escutados.

Os black blocs de São Paulo já podem ser considerados um grupo?

Eles sempre falam que o black bloc não é um grupo, mas uma tática. No final das contas, não são muitos os que saem na rua. Acho que no Rio de Janeiro o movimento é maior. Em São Paulo, não são tantos assim, e acabam sendo as mesmas pessoas que a polícia já levou para a delegacia, já identificou etc. Há também outros que vão aparecendo, que simplesmente cobrem o rosto, e aí você perde a noção de quem é quem. As novas medidas da Segurança Pública em São Paulo podem representar um ponto de virada. Quase todos os black blocs, digamos, mais frequentes já foram para a delegacia. Os policiais também muitas vezes são os mesmos. Então já pedem a documentação, revistam as mochilas etc. Imagino que a polícia saiba quem é a maior parte deles.

Eles têm receio de ser presos e processados, agora que o Estado anunciou o endurecimento da reação?

Sem dúvida. Os que já têm uma passagem por delegacia receiam ser presos novamente e considerados reincidentes. Agora podem ser enquadrados até por formação de quadrilha. Processar por associação criminosa me parece excessivo, embora deva dizer que não tenho grande conhecimento do Direito em geral e do brasileiro em particular. Mas a questão é que os delegados passam a ter legitimado pelo Estado o poder de fazer esse enquadramento. O Estado, no seu papel de protetor da propriedade pública e privada, está se valendo de seu aparato policial e jurídico para propor o endurecimento das penas.


Você já teve algum problema nas manifestações?

Nunca. Comigo os jovens são muito respeitosos, e a polícia também. Isso também pode parecer paradoxal em razão das cenas de violência nas manifestações, mas o fato é que minha experiência destes meses nas ruas é esta, tanto com os policiais como com os Black blocs. Mas claro que fico com um pouco de medo quando começam a aparecer pedras e bombas.

O que eles acham de ser chamados de vândalos ou baderneiros?

Eles são absolutamente contra essa dicotomia criada entre o “bom manifestante” e o “ruim”, categorias que a imprensa coloca para tentar defini-los. Eles dizem que o que fazem não é violência, é performance – é um tipo de espetáculo, em que querem atingir símbolos para chamar a atenção. O discurso é de que a verdadeira violência é a de um sistema político que não dá respostas para a população e que mantém, por exemplo, índices altíssimos de homicídios e de mortes no trânsito. Para eles, a violência é a do sistema, e o que fazem é chamar a atenção para essa violência política e corporativa.

Críticos ao redor do mundo dizem que essa tática sequer arranha o capitalismo.

É. Inclusive há todas aquelas incoerêcias do tipo quebrar um banco, mas usar iPhone. Isso é parte do paradoxo humano. Claro que eles sabem que o dono do banco não está nem aí quando depredam uma agência – mas que conseguem chamar a atenção sobre as coisas que para eles estão equivocadas, tanto no governo quanto na ordem econômica, isso conseguem, até porque de fato a espetacularização dos acontecimentos por parte da imprensa é evidente. Agora, a partir da constatação de que as ruas estão ficando esvaziadas, já presenciei diálogos entre eles sobre se a população está entendendo ou não o que eles tentam fazer.

Você esteve na manifestação do dia 25 de outubro (quando o coronel da PM Reynaldo Simões Rossi foi agredido)?

Não, mas depois conversei com algumas pessoas que foram. O fato é que o Movimento Passe Livre (MPL) tem muita capacidade convocatória, então conseguiu juntar bastante gente que utiliza a tática black bloc. Como já disse, é um movimento muito heterogêneo, e entre eles há quem acredite numa violência mais focada e mais simbólica, e outros que acreditam numa violência mais pesada; os que são mais articulados e os menos, como aliás em todo grupo social. Quando você junta tantas pessoas, num estado de emoções à flor de pele – o componente emocional é muito importante –, com grandes tensões com a polícia, era claro que ia acontecer o que aconteceu. À noite é quando a tensão aumenta e todo mundo vai perdendo a paciência. É sempre o pior momento das manifestações.

Você conhece os rapazes que foram presos?

Os que eu conheço não foram presos. Sei que houve prisão de gente do MPL, anarcopunks etc. Ou seja, foi uma manifestação bem heterogênea. Não dá para falar que só havia black blocs.


Você acha que, a partir do episódio do espancamento do coronel, a PM e a Justiça vão endurecer definitivamente as ações contra os black blocs?

Claramente as políticas vão endurecer. O governador Alckmin já falou da necessidade de penas mais rígidas para quem agride policiais. O espancamento do coronel Reynaldo vai esquentar muito os ânimos. Foi uma agressão filmada, transmitida em todos os meios de comunicação, e espetacularizada, de um PM de alta patente. Depois houve a resposta da presidenta Dilma oferecendo ajuda à PM de São Paulo. É claro que isso vai trazer como consequência uma série de respostas institucionais, radicalizando o discurso, tanto em nível policial como jurídico. O problema será entrar numa dinâmica de ação-reação violenta na qual as posturas dos dois lados endureçam.

O black bloc veio para ficar?

Pelo menos por enquanto, sim. Mas, a partir dessas medidas do governo, será que eles vão se radicalizar? Ou vão retroceder com medo de ser presos? Não sei. De qualquer maneira, a Copa está aí e o foco deles é fazer um espetáculo nela para chamar a atenção de todo o mundo – de todo o mundo mesmo! Pode até acontecer de a ação policial ser muito dura e conseguir esvaziar o movimento. Afinal, eles são jovens de vinte e poucos anos, e é possível que fiquem com medo de ser presos. Mas a ideia é estar na Copa.

E logo depois tem a eleição…

A espiral da violência vem aumentando. Estou preocupada com o que possa vir a acontecer no ano que vem.

MANTEGA APONTA SUPERÁVIT DE R$ 73 BILHÕES. É POUCO?

FOLHA PEDE AJUDA AO EXTERIOR PARA O GOLPE O problema da Folha não são as contas da Dilma. São as contas da Folha.


Saiu na Folha (*): 

DÚVIDAS SOBRE CONTROLE DE GASTOS DO GOVERNO FAZEM DÓLAR DISPARAR


Cotação vai a R$ 2,289 no câmbio usado em comércio exterior, a maior desde 6 de setembro

Humor de investidores também pressiona taxa de juros, que tende a subir; para analistas, falta comunicação.
 ?????????????????????????????????????

Como se sabe, a Big House não tem candidato.
São tantos que não tem nenhum.
Não tem candidatos e nem sabe o que quer, além de tirar os trabalhistas do Poder, como observou o Marcos Coimbra.
O jeito é o de sempre, da UDN, ou do PRP de São Paulo que tentou a Guerra da Secessão de 1932, de que participou como um dos heróis, o “seu”Frias – São Paulo é o único lugar do mundo que celebra fragorosa derrota …
Disseminar o caos – é o último cartucho.
Tentar o Golpe no PiG (**), de novo.
Como faz notável colonista (***) do PiG cada vez menos cheiroso, o Valor, que seguiu o papel que seus antecessores desempenharam antes e anunciou que o Lula ia confiscar a poupança.
A palavra de ordem, agora, é o risco da desordem fiscal.
(Enquanto não fomentam a desordem nas ruas, com a ajuda dos black blocs.)
O Delfim Netto e o próprio Valor tem demonstrado que o “desmando fiscal”, o caos que precede o Golpe, não passa de uma meia dúzia de propostas demagógicas em curso no Congresso: 

“Dilma tenta (sim, porque a Dilma jamais consegue no PiG: sempre “tenta”- PHA) frear projetos que podem custar R$ 60 bilhões” – diz o Valor na primeira página: são projetos de aumentos de salários para servidores e o tal do “orçamento impositivo” que acelera os projetos de emenda orçamentária dos congressistas.
Típica esperteza de congressista, que, agora, conta com o estadista Henrique Alves na presidência da Câmara, o pai do orçamento impositivo e sua aplicação automática.
Vamos ver se a “tentativa” da Dilma fracassa …
Como espera o título do Valor.
As contas do Governo Federal são sólidas.
Por isso, o PiG precisa contar com a ajuda das agências de risco.
Reduzir o grau de investimento da Petrobras é um dos objetivos desse Golpe.
O Brasil volta melancolicamente a 2001.
Quando o Paulo Leme, no Goldman Sachs, criou o Lulômetro: o risco – Brasil subia com a ascensão do Lula nas pesquisas.
Foi quando o PiG, os bancos americanos e seus solícitos economistas brasileiros e as agências de risco tentaram provar que o Lula ia argentinizar o Brasil.
(Aliás, pena que não tenha feito: a Globo ia ser dividida em seis e o Ustra estava na cadeia, assim como os colaboradores e epígonos dos presidentes militares).
(Clique aqui para ler “Jango foi derrubado pelo PiG e pelos americanos no auge de sua popularidade.)
Como não consegue ganhar eleição, a Folha dá o Golpe.
Como não consegue dar o Golpe aqui dentro, semeia lá fora.
O problema da Folha não são as contas do Brasil.
São as contas da Folha.




Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(***) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

LEVY LEMBRA: BRASIL NÃO ESTA À BEIRA DO ABISMO



Os black blocs de gravata de seda


Justiça atropela a Câmara e barra sanção do IPTU em SP

 Impasse fiscal derruba popularidade de Obama, que tem apoio de 39% e desaprovação de 53% (Gallup)

 Investimento público nos EUA cai ao menor nível do pós-Guerra, 3,5% do PIB, contra média histórica de 5% 

Dilma: até março, o Mais Médicos cobrirá uma população de 46 milhões de pessoas,equivale a uma Argentina.

Zé Dirceu, sobre setores do governo receptivos a alta dos juros, com arrocho fiscal: para isso não precisam de nós; a direita faz

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Há uma violência que campeia invisível no Brasil nos dias que correm. Em vez de máscaras, ternos de corte fino; as gravatas são de seda, italianas. O uniforme, de grifes famosas, que faíscam nas vitrines da Via Condotti, em Roma, adorna protagonistas  confortavelmente instalados no anonimato de uma legenda poderosa.

Eles se avocam ‘o mercado’. Do rosto desconhecido ecoam decibéis sustenidos. Ora de forma cifrada, ora escancarada, o alarido martela diuturnamente. Suas sentenças tem a dureza dos vereditos inapeláveis. Nas chantagens irrecorríveis, opera um amplo sistema de difusão.

Os  black blocs do dinheiro graúdo não legitimam aqueles outros, que se instalam no confortável papel de implodir  o patrimônio público nas ruas, indiferentes ao  árduo compromisso de democratizá-lo (leia as análises de Marco Aurélio Weissheimer e Wanderley Guilherme dos Santos; nesta pág).

Mas não são menos violentos no menosprezo pelo destino da sociedade e a sorte do seu desenvolvimento.
Há quem arrisque dizer que são almas gêmeas, produto de um mesmo tempo e de uma mesma lógica. Diferem na escala.

E isso deveria significar alguma coisa para aqueles que imaginam implodir o sistema chutando uma cabine de caixa eletrônico.

As labaredas nas escaramuças de rua formam uma espécie de tanquinho de areia perto dos incêndios estruturais que ameaçam ou ardem em torno de um alvo maior.

‘O mercado’ não reconhece os compromissos compartilhados que tornam possível a vida em sociedade.

Menos ainda a supremacia do interesse público sobre a ganância, que toma de assalto recursos, como se não houvesse amanhã.

‘O mercado’ acusa o governo Dilma de  obstruir  seu livre curso.

Centuriões avisam que ‘o mercado’ quer um Brasil com a legislação trabalhista da China.

Sem a contrapartida do Estado chinês.

Quer uma taxa de desemprego espanhola, de 26%, para dobrar de joelhos o custo Brasil.

Mas sem a indigência falimentar do Estado espanhol.

‘O mercado’ quer um Brasil desossado,  à moda grega.

Mas com o charme de Paris, sem o IPTU do Haddad.

É esse cosido de país dilacerado que os blac blocks de gravata de seda reivindicam no noticiário econômico inflamável dos dias que correm.

Quanto custará a paralisia que essa guerra de expectativas pode trazer –já está trazendo--  ao investimento, enquanto múltiplos de bilhões se refugiam no abrigo da liquidez de curto prazo ?

Difícil dizer. Mas não é descabido afirmar: são valores suficientes para decepar um pedaço do futuro daqueles que hoje imaginam estilhaçar o sistema chutando ícones dele na avenida Paulista.

O Brasil, como se sabe pelas sirenes do noticiário,  patina em baixa taxa de poupança interna (embora R$ 6,7 trilhões de riqueza financeira estejam aplicados em papéis de curto prazo); seu investimento (por isso) desliza;  as exportações definham diante da competitiva manufatura chinesa (que traz embutido o comando econômico do PC da China); as importações vão  de vento em popa nas velas de um câmbio valorizado, cujo ajuste requer uma pactuação que não esfarele o poder de compra dos salários...

E assim por diante.

Há dois caminhos: conversar sobre o assunto e eleger linhas de passagem para superar a teia dos impasses atuais -- isso quem faz é a disputa política, ou decidir que a fatalidade lacrou o futuro brasileiro.

Há exatamente dois anos, em novembro de 2011,  indignados espanhóis ocuparam as ruas num misto de voluntarismo e aversão ao sistema político.
Cravaram uma abstenção de 30% nas eleições gerais.

A captura do Estado espanhol pelos mercados foi avassaladora. A vitória incondicional do extremismo conservador, com as consequências hoje sabidas, pesará sobre o futuro de sucessivas gerações de espanhóis.

Os blac blocks de gravata de seda, extremamente competitivos, querem cumprir suas metas e bônus, não se  importam com a sorte da nação.

 É deles o lema que pulsa no noticiário isento: deve haver um abismo no mundo onde cabe esse país que só não afundou ainda por falta de uma cova do seu tamanho.

As labaredas desse incêndio incontrolável  irrompem no jornal da manhã e reacendem no noticiário da noite.

A mensagem das chamas tem um alvo: 2014.

‘O mercado’ não quer mais a ‘gastança social’ do PT, nem o   ‘intervencionista’ de Dilma.

Mas  ‘o mercado’ quer entrar no Brasil de qualquer jeito para desfrutar da sua riqueza e do seu mercado.

Há uma fila de espera de dez instituições financeiras internacionais querendo entrar na economia brasileira nesse momento.

As licenças do governo demoram até dois anos para serem liberadas.

Os gravatões de seda consideram isso um acinte.

O insuspeito noticioso do amigável  Valor Econômico admite que o governo Dilma autorizou o ingresso de quase 8 bancos por ano desde 2011.

Acima até da média de Lula, de seis bancos/ano.

Mas nada que se compare ao desempenho de FHC: 18,4 bancos por ano.

O governo Dilma acaba de autorizar os bancos Bradesco, Itaú e Banco do Brasil a aumentarem de 20% para 30% a participação estrangeira no seu capital.

Os black blocs enrolam a gravata de seda e espiam por cima dos óculos de aro made in France.

O problema é que Dilma quer saber exatamente o que o capital estrangeiro vem fazer aqui e que vantagem trará ao país.

‘O estilo ultradetalhista da presidente tem alimentado suspeitas de que existe um viés nacionalista contra o aumento da participação estrangeira em instituições financeiras’, justifica o amigável Valor.

A presidente do Brasil só autoriza banco novo se ficar demonstrado o interesse do país na operação.

Dilma quer saber o que o banco fará pelo financiamento de longo prazo indispensável a um novo ciclo de desenvolvimento.

A Presidenta faz o que determina a Constituição. E o que determina a Constituição  o ‘mercado ‘ rejeita.

Agora ela quer disciplinar o acesso à riqueza mineral do subsolo brasileiro.

O governo quer realizar leilões de reservas minerais comprovadas, cujo risco é zero.

E elevar de 2% para 4% os royalties sobre a atividade mineradora.

O Brasil está entre os maiores exportadores de minério de ferro do mundo. Só o faturamento da Vale do Rio Doce em 2012 foi de R$ 90 bilhões.

A arrecadação de royalties de todo o setor mineral brasileiro no ano passado rendeu ao caixa do Estado pouco mais de R$ 2 bilhões.

A acusação mais branda que se ouve no setor é a de que o governo está querendo fazer caixa para persistir na gastança fiscal.

Ideólogos dos blac blocks de gravata de seda, lotados na FGV, vaticinam: ou o Brasil derruba a política de reajuste do salário mínimo em 2014 –que beneficia também os aposentados, ou o PT vai imitar Haddad, em 2015, e taxar mais os ricos para sustentar os pobres.

O país está entre esses dois fogos.

Que fazer?

Salpicar o país de  fogueiras esparsas que rendem uma manchete exclamativa na Folha de amanhã?

Ou montar um poderoso contrafogo de barragem política, que amplie a abrangência e a profundidade da agenda progressista?

A ver.