Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

domingo, 1 de setembro de 2013

GLOBO OVERSEAS ATACA LULA (DE NOVO) Depois pede ajuda ao Lula e desculpas por cuspir no Golpe (o de 64) em que comeu …

Conversa Afiada reproduz o Cafezinho no Tijolaço:

GLOBO FAZ NOVO ATAQUE DIRETO A LULA



Na semana em que as redes sociais bombaram com o lançamento do novo livro de Palmério Dória, o Príncipe da Privataria, no qual relata as negociatas feitas para FHC aprovar a emenda da reeleição para si mesmo, a edição de domingo do Globo vem com um novo ataque à… Lula.

O pior é que nem se trata de história nova. A reportagem traz dados requentados, sobre os repasses de Marcos Valério a Freud Godoy, ex-segurança do presidente Lula.

Godoy possuía empresa de segurança, e recebeu dinheiro de Valério. A mídia de oposição quer usar isso para ligar Valério à Lula, só que a história não faz sentido, pelas seguintes razões:

1) Lula já estava eleito quando a empresa de Godoy recebeu dinheiro de Valério. Todas as suas despesas, naturalmente, já eram pagas pela Presidência da República. Qual o sentido em receber dinheiro de Valério para pagamento de suas despesas?

2) Os valores são pequenos, compatíveis com algum serviço de segurança privado, provavelmente para o PT, prestado por Godoy. Valério, a esta época, estava ajudando o PT a pagar suas dívidas de campanha, entre elas, dívidas do partido com a empresa de Godoy. Antes da posse de Lula, Gogoy prestava serviços de segurança ao PT. É o mais lógico que tenha acontecido.

Repare que os sigilos de Godoy foram quebrados. Sua vida foi inteiramente devassada. Nada disso ocorreu jamais com nenhum tucano. Eles continuam incólumes, intocáveis, blindados.  Nunca houve CPI para investigar tucano. Nunca se quebrou sigilo de tucanos. Nunca houve nenhum julgamento bombástico de tucanos. Nunca se investigou a compra de votos na reeleição. Nunca se investigou a privataria. E o trensalão voltou a ser abafado pela mídia.

A Globo, uma concessão pública que recebe bilhões de reais em recursos de propaganda do governo federal, blinda totalmente os tucanos, manipula diariamente as notícias, e seus colunistas ainda fazem chacota com a pressão bem sucedida ao STF para condenarem petistas mesmo sem provas.

E os platinados agora vêm pedir desculpas por terem apoiado o golpe de 64.

Assim é fácil, eu apoio um golpe de Estado, ponho 50 bilhões de reais na minha conta, mantenho a mesma linha golpista… Depois peço desculpas e fica tudo bem.

Por: Miguel do Rosário 


Clique aqui para ler “Globo vai a Lula. Precisa da Ley de Medios”. 

aqui para ler “Globo cospe no Golpe em que comeu e engordou”. 

Livro diz que FHC “vendeu o país para comprar sua reeleição”

*Mídia X 'Mais Médicos': a farsa das demissões "para dar lugar a um cubano'.

*O belicista cool: Obama quer o 'yes' do Congresso para despejar Tomahawks em Damasco.

*Nem o trabalhismo de Blair embarcou na aventura; mas o PS francês vai bombardear a Síria, com 64% da França contra .





GLOBO: O  ODOR DA SATURAÇÃO

Não se sabe ainda se há relação de causalidade entre uma coisa e outra. O fato é que  manifestantes do Levante Popular guarneceram a sede da Globo em SP, neste sábado, com fezes.Uma retribuição, em espécie, disseram os integrantes do protesto, ao conteúdo despejado diuturnamente pela emissora nos corações e mentes da cidadania brasileira. No mesmo dia, com intervalo de horas, uma nota postada no site do jornal O Globo, manifestava o arrependimento da corporação pelo editorial de 2 de abril de 1964, de apoio ao golpe que derrubou Jango e instalou uma ditadura militar no país. Se a matéria-prima do protesto motivou a purgação é imponderável.  Mas por certo a recíproca é verdadeira. O fecalismo voador de que foi alvo o edifício-sede das Organizações Globo na capital paulista é decorrência do apoio coeso, contínuo e, não raro,beligerante, que o maior grupo de mídia do país tem dispensado ao conservadorismo. Armado ou não. A nota deste sábado é histórica. Mais pela evidencia da mudança na correlação de forças que obriga  a emissora a se desfazer de um legado incomodo, do que pelo arrependimento que simula. No fundo, apenas lamenta ter sido tão desabrida, como se não houvesse amanhã. O amanhã chegou. O editorial de 1964  não expõe apenas um ponto de vista episódico. Ele consagra um método. Que a experiência recente não pode dizer que caiu em desuso. Mas que vive um ponto de saturação. Ilustra-o a necessidade de mostrar arrependimento. Bem como o sugestivo odor exalado da sede da empresa em São Paulo, neste sábado. (LEIA MAIS AQUI).




Há mais ou menos duas semanas, fui convocado para uma reunião com a Geração Editorial, que lançou o best-seller “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que vendeu perto de duas centenas de milhar de cópias e que contou os negócios obscuros de José Serra durante a privatização de empresas públicas no governo FHC.
A editora se preparava para lançar outro livro-bomba que ainda não podia ser divulgado porque, sabe-se lá como, o PSDB havia tomado conhecimento dele e estava fazendo ameaças de processar não só a Geração Editorial, mas também o autor da obra que está sendo lançada e que conta como Fernando Henrique Cardoso conseguiu o seu segundo mandato.
O autor de “O Príncipe da Privataria” é o jornalista e escritor Palmério Dória, que já publicara, pela mesma Geração Editorial, o laureado “Honoráveis Bandidos”, que contém as peripécias de José Sarney em seu feudo eleitoral, o Maranhão.
O livro-bomba de Dória esmiúça o escândalo da compra de votos de deputados pelo governo Fernando Henrique Cardoso, ao custo de R$ 200 mil por cabeça, para votarem a favor da emenda constitucional que lhe permitiu se reeleger. O livro traz à luz um personagem que o jornal que denunciou o escândalo – a Folha de São Paulo, através do então repórter Fernando Rodrigues – nominou como “Senhor X”.
Aquela matéria da Folha de 13 de maio de 1997 tornou público fatos que seriam solenemente ignorados por toda a grande imprensa. O jornal O Estado de São Paulo só tocou no assunto uma vez e, ainda assim, para defender FHC. Abaixo, a matéria que contém entrevista do “Senhor X”, quem denunciou todo o esquema a Fernando Rodrigues.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
13 de maio de 1997
Governadores do Acre e Amazonas negociaram pagamento a políticos
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As conversas do deputado Ronivon Santiago sobre a votação da emenda da reeleição foram captadas ao longo de vários meses, em diversas oportunidades. Essas conversas ocorreram todas depois da votação do primeiro turno da emenda, em 28 de janeiro passado. Segundo as gravações em posse da Folha, os governadores do Acre, Orleir Cameli (sem partido), e do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL), foram os responsáveis pela compra dos votos de cinco deputados acreanos.
Para não despertar suspeitas, a pessoa que fez as gravações falou sobre assuntos variados. São conversas pessoais, que se arrastam às vezes por cerca de uma hora a respeito de assuntos sem interesse público. Partes das gravações foram condensadas ou suprimidas. Isso foi feito porque a divulgação completa dos diálogos poderia permitir a identificação do interlocutor de Ronivon. A Folha vai preservar o nome do interlocutor de Ronivon. Ele está identificado como “Senhor X”.
A reportagem teve acesso às fitas originais das conversas. As datas e as circunstâncias em que se deram esses diálogos não serão reveladas também para preservar a identidade da pessoa que se dispôs a fazer as gravações. A seguir, a Folha selecionou os trechos mais relevantes. A ordem das declarações é cronológica. Como as conversas ocorreram em dias diferentes, os assuntos muitas vezes se repetem:

*
O negócio
Neste trecho, Ronivon é indagado sobre um suposto pagamento que o governador do Acre, Orleir Cameli, teria de fazer aos deputados federais do Estado -com alguma ligação a aprovação de projetos no Orçamento federal.
O deputado muda de assunto e diz que recebeu apenas R$ 100 mil “agora para a votação”. No final deste trecho, é possível identificar que “a votação” era a da emenda da reeleição.
Ronivon também explica que recebeu R$ 100 mil em dinheiro. E mais R$ 100 mil lhe seriam pagos por intermédio de uma empreiteira, a CM. Essa empresa teria executado uma obra para o governo do Acre e lhe repassaria R$ 100 mil quando recebesse o pagamento do governador Orleir Cameli:
Senhor X – Ele (Orleir Cameli) não pagou nada daqueles do Orçamento de 94, de 95?
Ronivon Santiago – Não. Ele me deu R$ 100 mil… R$ 100 mil agora para a votação. Deu em cheque e em dinheiro. Me deu um cheque. Aí, depois, me deu dinheiro. Eu devolvi o cheque. Me deu R$ 100 mil, em dinheiro.
Senhor X – Para a votação?
Ronivon – É. Mas, dentro daquele negócio. Aí, eu fui e acertei com ele. Eu digo, olha, faz o seguinte: aí tem uma nota para mim, quando eu receber de 400 e poucos mil de um (trabalho) que a firma fez, que é para poder me reter o meu dinheiro. Mas está lá para pagar e até hoje não pagou esse dinheiro. E esse dinheiro que dá para pagar todos esses pagamentos. Estou aguardando.
Senhor X – Mas, me diga uma coisa. Ele não deu 200 mil para cada um?
Ronivon – Mas eu peguei só 100.
Senhor X – E quem foi que pegou?
Ronivon – Não, todo mundo pegou 200.
Senhor X – Todo mundo pegou 200… pela votação?
Ronivon – E eu peguei 100. Mas eu tinha um assunto meu. Que ele ia me pagar isso aqui. Aí ficou pra CM. Aí, eu, né…? Ficou pra CM, porque a empresa que está lá, pra faturar essa nota, que é para poder me pagar tudo. Aí, ficou dentro os meus outros 100. Tô pra receber, ele vai me pagar…
Senhor X – Orleir chegou a dizer a algumas pessoas lá no Acre que os votos tinham sido pagos…
Ronivon – 200 paus.
Senhor X – 200 paus para cada um?
Ronivon – É.
Senhor X – E você, tirou 200?
Ronivon – Só um. Mas eu tenho… vou receber. Está negociado.
Senhor X – O João Maia também recebeu os 200?
Ronivon – Recebeu.
Senhor X – Os 200?
Ronivon – Todo mundo… Osmir, Zila…
Senhor X – Então quer dizer que, nesse caso, na reeleição, tudo o que se votou, isso? Hein? O Inocêncio não lhe arrumou nada de dinheiro, não?
Ronivon – Não. Inocêncio, não.

O cheque sustado
Neste trecho, o deputado explica que a primeira tentativa do governador Orleir Cameli teria sido pagar em cheque. Depois, houve a troca por dinheiro.
O dinheiro só foi entregue na medida em que os deputados se apresentavam e rasgavam o cheque recebido anteriormente:
Senhor X – E aquele cheque? Foi pago?
Ronivon – Foi. Só que veio em dinheiro.
Senhor X – O cheque não foi descontado, não?
Ronivon – Não. Rasgou.
Senhor X – Você rasgou?
Ronivon – Rasguei. Não só o meu, como o do Osmir, da Zila, de todo mundo.
Senhor X – Eu pensava que naquele episódio da reeleição você tinha arrumado mais…
Ronivon – Não. O que tem de mais aí ficou acertado. Ele ligou na minha frente para fazer a nota de 400 e poucos paus. Está lá, está feito. Está autorizado lá, está tudo prontinho lá. Saiu, aí eu pego. É meu. Então, eu não briguei por uns 100 real porque estou vendo que está embutido. A hora que sair a firma me dá, sem problema nenhum.
Senhor X – Quer dizer que o acerto eram 200?
Ronivon – 200 para todo mundo.
Senhor X – E por que que ele desconfiou daquele cheque que eles deram…?
Ronivon – Não, porque ali foi uma jogada. O Amazonino: “Você é tão infantil, rapaz? Vai dar esse cheque para esse pessoal? Pega um dinheiro e leva”. Aí, ele pegou todo mundo e deu a todo mundo em dinheiro. Eu e com o Orleir, nós fizemos um acerto lá que…
Senhor X – Mas esse cheque não foi dado na véspera da votação?
Ronivon – Mas no outro dia ele deu em dinheiro.
Senhor X – Deu em dinheiro?
Ronivon – De manhã, antes da votação aqui à tarde.
Senhor X – Arrumaram esse dinheiro como, hein?
Ronivon – Sei não. Aí você me enrolou (risos).

As dívidas (1)
Aqui o deputado fala um pouco das suas dívidas bancárias. O assunto é recorrente nas conversas.
Neste trecho, são citados o Banco do Brasil e o Banacre:
Senhor X – Mas, Rôni, aquele episódio da reeleição… Você, de qualquer maneira, diminuiu um pouco o seu sufoco, não diminuiu? Pagou os seus negócios de banco, já?
Ronivon – No Banco do Brasil. Todinho, total, não devo nada. Tenho só R$ 10 mil para o dia 10.
Senhor X – E lá no Banacre? Acertou?
Ronivon – No Banacre eu tenho lá, mandei resumir, dá tudinho dá 132. Eu recebi essa nota, entra, já tá autorizado para descontar. Eu negociei através da nota.

O acerto da empreiteira
Aqui, neste trecho, fica mais evidente que parte do pagamento do voto da reeleição seria por meio de uma empreiteira, a CM:
Senhor X – Mas quer dizer que essa nota faz parte…
Ronivon – Faz parte do acerto da CM.
Senhor X – Da CM e dos 100 que faltou lá do acerto lá da reeleição, é?
Ronivon – É. Eu vou até esperar para receber…
Senhor X – Na semana anterior da votação, já tinha ficado acertado que ia ser R$ 200 mil para cada um?
Ronivon – Levei R$ 100 mil só dele. Só isso. Entregou aqui de manhã. Pro cheque, por aquele cheque.
Senhor X – Quer dizer que os outros R$ 100 mil…
Ronivon – Tá dentro do que eu vou receber ainda.
Senhor X – Os R$ 100 mil do voto?
Ronivon – Na semana que vem. Vem dentro do outro, dos 400 e poucos. É só entrar lá, aí desconta tudo, vou descontar meu negócio do Banacre.

Os interlocutores
Ronivon explica agora que houve muita confusão na negociação dos votos. Os governadores do Acre, Orleir Cameli, e do Amazonas, Amazonino Mendes, tiveram participação ativa na montagem da operação, segundo o deputado:
Senhor X – Esse foi um assunto (reeleição) que foi tratado direto com o Orleir?
Ronivon – O caso é o seguinte. Deixa eu te contar. Houve um rolo do caralho. O Amazonino tinha uma jogada aí, pro lado do governo. Finalmente, apareceu o Amazonino. Você está me entendendo? Amazonino, você sabe que é assim, né? Eu, muito vivo, eu fui na hora da reunião -estava o Osmir, estava a Zila, estava todo mundo- eu disse, olha: Amazonino, eu não sabia que era com você a reunião, pra mim era com o pessoal do governo. Mas, já que é você que vai acertar, eu não tenho acerto nenhum com você. Eu tenho com o Orleir Cameli, porque sou fiel a ele até o final. E aqui, o resto da conversa com o Orleir eu fiquei de fora. E fui embora. Ficou Zila lá… Ele chegou… Aí foi um rolo doido: Zila, Osmir… e eu lá fora.
Senhor X – Agora, aquele cheque…
Ronivon – Para todo mundo.
Senhor X – Se vocês não tivessem trocado o cheque por dinheiro, estariam sem receber até hoje?
Ronivon – Estava. Ah, estava. Tranquilo. Não, mas eu acho que não. O Osmir disse que recebeu. Ele disse que pegou o dele.
Senhor X – E o dele foi quanto?
Ronivon – 200. O meu também foi 200.
Senhor X – E João Maia?
Ronivon – 200. Todo mundo foi 200. Só que eu só peguei 100 porque eu tenho um negócio aí. Eu falei pra ele: eu tenho lá para receber que ele vai me fazer (…) para ele passar com os 100 lá dentro.

Dinheiro de Amazonino
Segundo Ronivon, o dinheiro da compra de seu voto teria sido providenciado pelo governador Amazonino Mendes. Aqui, o seu relato:
Ronivon – Mas aí, deixa eu te contar. Quem deu o dinheiro para ele (Orleir Cameli) lá foi o Amazonino. Ele não trouxe nem dinheiro. O problema é o seguinte: o Amazonino marcou dinheiro para dar 200 para mim, 200 pro João Maia, 200 pra Zila e 200 pro Osmir. Você está me entendendo? Então ele foi e passou pro Almir, tsk, pro Orleir. Só que ele foi… Mas no dia anterior ele parece que precisou dar 100, parece que foi pro Chicão, e só deu 100 pra mim.
Senhor X – Ah, Chicão também pegou?
Ronivon – Peeegouuu! Eu não sei de nada. Pelo amor de Deus. Não sei se foi 200. Eu sei que parece que ele prometeu lá… Eu sei que ele tinha de dar 200 pra Zila, 200 por Osmir, 200 pro João Maia e 200 pra não sei quem, e, no finalmente, ele só me deu 100 porque ele teve de deixar 100…

Cehques rasgados
Neste trecho é relatado o episódio em que os cheques de R$ 200 mil foram devolvidos rasgados em troca de dinheiro vivo:
Senhor X – Mas naquela altura vocês já estavam com o cheque… E o cheque era de quem?
Ronivon – Do Eládio (Cameli, irmão de Orleir). Da firma do Eládio lá no Banco do Amazonas.
Senhor X – Mas, quer dizer que o cheque foi cancelado?
Ronivon – Rasgou.
Senhor X – Rasgaram?
Ronivon – Na hora. Aí, eu sei que eu soube depois, já a posteriori, porque ele não me deu, porque eu cheguei por último. Então, ele foi deu… ele tinha acertado um negócio com o Chicão, parece…
Senhor X – Quer dizer que o Orleir quando veio naquele dia, ele não trouxe o dinheiro?
Ronivon – Ele não tinha, não. Zerado. Não. Ele ligou e mandou chamar o Eládio: “Você vem aqui que eu quero acertar uns negócios aqui (…). Você sabe que eu não posso tirar dinheiro. Não posso fazer isso. Você sabe que lá no Acre é difícil. Vou mandar meu irmão, é pessoal. Vocês vão depositar os cheques de 200 paus e vão retirar. Ou, então, vou mandar o Eládio trocar no dia tal”.
Senhor X – E o Eládio veio com o cheque?
Ronivon – Veio. Aí o Eládio veio com o cheque e voltou.
Senhor X – O Eládio veio de Manaus para cá só para entregar o cheque?
Ronivon – Foi.
Senhor X – Aí, saiu cada um com seu cheque na mão?
Ronivon – Cada um com seu cheque na mão.
Senhor X – Aí, quando foi à noite, disseram: “O cheque não presta”?
Ronivon – É… Aí, de manhã cedo ele ligou pra todo mundo e mandou ir lá. Eu fui o único que não cheguei. E ele já tinha conversado com Chicão às 7h30. Mas aí chegou o Osmir, tava lá com a sacola assim… (risos) João Maia com a outra. Aí o Orleir: “Êpa, melhorou esse negócio!” Aí, ele me chamou lá dentro. “Não, não. Tu leva só esses 100 aqui porque depois eu te dou os 100 dentro daquele acerto que tu tem. Aí eu pago tudo dentro daquele pra você tem por lá. Aí, tô aí. O meu foi assim.

As dívidas (2)
É importante notar que esse valor citado pelo deputado (“196 pau”) não se refere apenas ao Banco do Brasil.
A pergunta do interlocutor inclui o Banco do Brasil, mas Ronivon faz um corte abrupto -isso é perceptível na fita de áudio- para dizer que pagou todas as suas contas:
Senhor X – E João Maia? Pagou também todas as contas?
Ronivon – Não sei. Aí, eu não sei. Eu só fiquei a Caixa um pouquinho.. Ah, eu tô no BRB também, mas é pouquinho.
Senhor X – Mas você pagou, você pagou, o Banco do Brasil…
Ronivon – Numa porrada só.
Senhor X – Logo? Na mesma hora?
Ronivon – Não… Na semana passada… Na semana passada (risos). Sou leso? Não, isso foi tudo na semana passada… Deixei assentar a poeira. Fui lá e negociei. Paguei 196 paus.
Senhor X – 196?
Ronivon – Pau! Os meus cheques sem-fundos tudinho. Eu tive que arrecadar esses cheques tudinho. Paguei, só de cheques aí deu 46 mil de cheques. Em Rio Branco tinha seis.
Senhor X – A reeleição lhe salvou, né?
Ronivon – Ôô!
Senhor X – A reeleição.
Ronivon – Eu me protejo, rapaz…

Os pagamentos
A seguir, mais detalhes sobre os pagamentos pela reeleição e quem seriam os deputados que receberam, segundo Ronivon Santiago.
É curioso que em um trecho anterior Ronivon diz ter sido o único a receber apenas R$ 100 mil. Os outros colegas do Acre teriam embolsado R$ 200 mil. Nesta parte da conversa, entretanto, ele afirma que o deputado João Maia (PFL) também teria recebido só R$ 100 mil:
Senhor X – Na véspera da reeleição… aquele dinheiro que foi chegando lá e seus colegas estavam saindo com ele na sacola, ali tinha R$ 800 mil. Eram R$ 200, R$ 200, R$ 200, R$ 200. E na hora ‘H’ saiu R$ 200, R$ 200, R$ 200, R$ 100 e R$ 100. Você e o João Maia que receberam R$ 100?
Santiago – João Maia só pegou R$ 100 também.
Senhor X – E ele já completou os outros R$ 100?
Ronivon Santiago – O João Maia, não.
Senhor X – Também não?
Santiago – Eu acho que não, não sei. Não perguntei. Só vi o meu… Eu não sei. Eu sei o meu.
—–
Voltando ao presente, o livro de Palmério Dória traz à luz o “Senhor X”. Trata-se do acreano Narciso Mendes, de 67 anos. Mendes usou um gravador emprestado por Fernando Rodrigues para gravar conversas de deputados federais que foram subornados pelo ministro das Comunicações de FHC, Sergio Motta, para aprovarem emenda constitucional que permitiu a Fernando Henrique Cardoso disputar a própria sucessão, em 1998.
Dória, dono de um estilo literário que prende o leitor da primeira à última página do livro – que este blogueiro já leu, pois recebeu um “boneco” da obra encadernado com espiral em papel tamanho ofício –, define, em uma frase, a verdadeira “grande obra” de FHC: “Vendeu o país para comprar a própria reeleição”.
“O Príncipe da Privataria”, pois, chega às livrarias nesta sexta-feira, 30 de agosto de 2013. Sugiro que você, leitor, corra para buscar o seu porque a primeira edição já está praticamente esgotada e, também, porque o PSDB já promete fazer tudo para censurar um livro que desnuda Fernando Henrique Cardoso dos pés à cabeça.
*
Abaixo, fac-símile da capa de O Príncipe da Privataria

Ombud da Folha diz ai, ai, ai para mentira do jornal

aiaiai

1 de setembro de 2013 | 07:48

A jornalista Suzana Werner, ombudswoman da Folha, critica neste domingo a matéria de pura propaganda do jornal ao anunciar em manchete, sexta-feira,  que “Prefeitos demitirão médicos locais para receber os de Dilma”.
Ela reconhece que “embora uma das regras básicas da Folha seja sempre ouvir o outro lado, o Ministério da Saúde não foi procurado e que se a reportagem tivesse ouvido antes o Ministério da Saúde, o jornal teria registrado que há um cadastro on-line que permite ao governo “monitorar mudanças de equipe e punir os municípios que fizerem trocas”.
Mais, D. Suzana: teria sabido que o convênio que as prefeituras assinaram proíbe clara e expressamente que isso aconteça, sob pena de anulação.
Ela diz que a chefia justificou-se por não ouvir o Ministério porque o “outro lado” seriam os prefeitos. Os médicos são “da Dilma” para a manchete, mas para a apuração do jornal são “do prefeito do interior”.
Ah, bom…
Quer ver como uma apuração de estagiário, com a simples preocupação de perguntar à Assessoria de Comunicação do Ministério – ou passar alguns minutos no Google, como fez este blog, “derruba” a matéria de manchete para notinha?
“Embora isso seja proibido pelo convênio que assinaram com o Ministério da Saúde, alguns prefeitos pretendem substituir profissionais de suas unidades de Saúde por aqueles que receberão no programa “Mais Médicos”…
Pronto, o escândalo nacional teria se reduzido ao que é, uma pretensão de esperteza de meia dúzia de prefeitos interioranos.
Folha sequer se deu ao trabalho de perguntar às supostas “vítimas” dos médicos cubanos onde trabalhavam, para saber se eram plausíveis as alegações de que faltavam sistematicamente ao serviço. A Dra. Junice Moreira, que Suzana reconhece ter recebido “grande destaque” do jornal, tem, segundo o cadastro do SUS, até primeiro de agosto deste ano, quatro empregos em prefeituras, distantes 442 quilômetros entre si, perfazendo uma carga horária de incríveis 128 horas semanais -18 horas e 15 minutos diários, se trabalhar de domingo a domingo, sem folga – , sem contar as viagens entre os seus plantões.
Isso é irrelevante, também? Basta dizer que saiu para dar lugar a um cubano e ajudar na histeria.
ombusdwoman da Folha, como se previu aqui, diz “ai, ai, ai, pessoal” para os repórteres, mas se omite de dizer que a definição de que essa má apuração passou por toda a cadeia de comando do jornal até ser definida como manchete. E que essa cadeia de comando não é composta de correspondentes no interior, mas de gente com capacidade mais que sobrante para avaliar o rigor da apuração.
Para eles, nem “ai, ai, ai”.
Com esse nível de jornalismo, é estranho que ela se limite a afirmar que o jornal “errou um pouco a mão”.
Levou ao leitores – e aos muito mais não-leitores, porque manchetes funcionam como cartazes afixados em dezenas de milhares de bancas de jornais – um não-fato.
E divulgar não-fatos como verdades é desastroso, como a Folha deveria ter aprendido no malsinado caso da Escola-Parque.
Mesmo que alguns prefeitos pretendessem tentar fraudar o programa, isso não poderia acontecer sem consequências.
Pior, generalizou uma eventual intenção de um ou dois secretários de saúde (uma delas ex-vereadora tucana) para torná-la um fenômeno nacional:”Prefeitos demitirão médicos locais para receber os de Dilma”!
Nestes tempos em que a Folha pretende discutir ética médica, tomara que não seja com os parâmetros de sua ética jornalística.
Mas quem somos nós para criticar, não é? O Tijolaço é apenas um “guerrilheiro cibernético”, segundo a ombudswoman.
Que seja, mas não age assim: “criando”  informação para sustentar opinião.
Por: Fernando Brito

Inspetora da ONU: rebeldes é que usaram armas químicas

obama-syria-war


31 de agosto de 2013 | 23:38
Essa notícia deveria estar na primeira página dos jornais, mas o arco midiático em apoio aos lobbies da guerra restringiu severamente sua disseminação. Uma das inspetoras da ONU encarregada de checar o uso de armas químicas na Síria declarou, em maio deste ano, que todos os indícios apontavam para a responsabilidade dos rebeldes. Os rebeldes é que estariam usando armas químicas, e jogando a culpa no governo.
A declaração de Carla Del Ponte circulou em alguns veículos europeus (como a BBC) e em todos os sites árabes, mas foi abafada pela hegemônica mídia pró-americana. Autoridades russas, nervosas com a possibilidade dos EUA iniciarem mais uma guerra insana, voltaram a citar o testemunho de Ponte no intuito de amainar o frenesi guerreiro dos falcões americanos.
Apesar da declaração de Ponte não se referir aos ataques mais recentes, a informação colhida por ela reforça a teoria de que são os rebeldes é que usam gás sarin para chocar a opinião pública mundial e jogá-la contra o presidente sírio.
Segundo o New York Times, Obama deu um passo atrás, e afirmou que deixará a decisão de atacar a Síria nas mãos do Congresso. Mas é difícil acreditar que o Congresso resistirá a pressão dos bilionários lobbies da guerra e da grande mídia americana. O New York Times, como sempre, apoia a guerra; daqui a alguns, possivelmente, fará uma mea culpa.
Por: Miguel do Rosário