Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Criada CPI da Espionagem para investigar braço da CIA no Brasil


*Sindicatos levam pautas progressistas às ruas e afrontam a receita conservadora de arrocho contra a crise:  ninguém rasgou bandeiras vermelhas, nem ofendeu as legendas de esquerda nos atos unitários. Protestos contra a Globo e o monopólio das comunicações arrematam as jornadas em várias capitais. O 11 de julho decepcionou profundamente o dispositivo midiático, que transformou um dia de luta progressista em cobertura de trânsito. Saiba mais sobre as manifestações e sua repercussão, ouvindo os boletins da RádioBrasil Atual'http://www.redebrasilatual.com.br/radio/capa/ao-vivo  .  

CRIADA A CPI DA ESPIONAGEM: CONSULTORIA DO 

GOVERNO FHC  ERA  O BRAÇO DA CIA NO BRASIL 

O Congresso tomou a decisão incontornável diante de sua obrigação soberana: por iniciativa da Senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB, será instalada uma CPI da Espionagem  para investigar a base de operação da CIA que operou diuturnamente em território brasileiro, pelo menos até 2002. A sociedade tem direito de saber o que ela monitorou e com que objetivos. Há outras perguntas de vivo interesse do momento político nacional, que uma CPI não pode ignorar. O pool de espionagem apenas coletou dados no país ou se desdobrou em processar, manipular e distribuir informações, reais ou falsas, cuja divulgação obedecia a interesses que não os da soberania nacional? Fez o que fez de forma totalmente clandestina e ilegal? Ou teve o apoio interno de braços privados ou oficiais e mesmo de autoridades avulsas? Ainda opera? Uma Comissão Parlamentar de Inquérito tem a obrigação de se debruçar sobre essas e outras indagações, de evidente relevância nos dias que correm. Há, ainda, coincidências que gritam por elucidação. A empresa que coordenava o trabalho de grampos da CIA, a Booz-Allen, na qual trabalhava o agente Snowden, é uma das grandes corporações de consultoria mundial. No governo FHC, ela foi responsável por estudos estratégicos contratados pela esfera federal. Inclua-se aí desde o "Brasil em Ação" (primeiro governo FHC) até o "Avança Brasil" (segundo governo FHC) e outras, como as dos programas de privatização e de reestruturação do sistema financeiro nacional, com o descarnamento dos bancos públicos. Vale repetir: a mesma empresa guarda-chuva do sistema de espionagem que operou no Brasil até 2002, a Booz Allen, foi a mentora intelectual de uma série de estudos e pareceres, contratados pelo governo do PSDB, para abastecer uma política de alinhamento (‘carnal', diria Menen) do Brasil com a economia dos EUA. A turma da versátil Booz Allen trabalhava em segmentos estanques? Ou aqueles encarregados de assessorar o governo tucano também coletavam informes do interesse imperial no país? (Leia nesta pág)

A Booz Allen, que deu consultoria ao governo de Fernando Henrique Cardoso
O Congresso tomou a decisão incontornável diante de sua obrigação soberana: por iniciativa da Senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB, será instalada uma CPI da Espionagem  para investigar a base de operação da CIA que operou diuturnamente em território brasileiro, pelo menos até 2002.
A sociedade tem direito de saber o que ela monitorou e com que objetivos. Há outras perguntas de vivo interesse do momento político nacional, que uma CPI não pode ignorar. O pool de espionagem apenas coletou dados no país ou se desdobrou em processar, manipular e distribuir informações, reais ou falsas, cuja divulgação obedecia a interesses que não os da soberania nacional? Fez o que fez de forma totalmente clandestina e ilegal? Ou teve o apoio interno de braços privados ou oficiais e mesmo de autoridades avulsas? Ainda opera?
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito tem a obrigação de se debruçar sobre essas e outras indagações, de evidente relevância nos dias que correm. Há, ainda, coincidências que gritam por elucidação. A empresa que coordenava o trabalho de grampos da CIA, a Booz Allen, na qual trabalhava o agente Snowden, é uma das grandes corporações de consultoria mundial.
No governo FHC, ela foi responsável por estudos estratégicos contratados pela esfera federal. Inclua-se aí desde o “Brasil em Ação” (primeiro governo FHC) até o “Avança Brasil” (segundo governo FHC) e outras, como as dos programas de privatização e de reestruturação do sistema financeiro nacional, com o descarnamento dos bancos públicos.
Vale repetir: a mesma empresa guarda-chuva do sistema de espionagem que operou no Brasil até 2002, a Booz Allen, foi a mentora intelectual de uma série de estudos e pareceres, contratados pelo governo do PSDB, para abastecer uma política de alinhamento (‘carnal’, diria Menen) do Brasil com a economia dos EUA.
A turma da versátil Booz Allen trabalhava em segmentos estanques? Ou aqueles encarregados de assessorar o governo tucano também coletavam informes do interesse imperial no país?

Manifestações de trabalhadores são outra coisa

Escrevo no começo da tarde de quinta-feira, 11 de julho de 2013. Até este momento, as manifestações das centrais sindicais que começaram ainda cedo em São Paulo refletiram diferenças marcantes em relação às que ocorreram no país ao longo de junho.
Ainda que ocorrendo nos mesmos locais – estradas e grandes avenidas – que as manifestações do mês passado, as de trabalhadores preservaram o direito de ir e vir. Apesar de alguns congestionamentos maiores, a cidade pôde funcionar.
Na foto acima, o leitor confere flagrante que este blogueiro captou da janela de seu apartamento. A imagem é da avenida 23 de maio, próximo ao obelisco do Ibirapuera. Essa via liga a zona Sul da cidade à zona Norte. O que se vê é uma das várias marchas que, no fim da manhã, originaram-se de vários pontos da cidade em direção à avenida Paulista.
As grandes veias de circulação da cidade, pois, tiveram faixas de rodagem preservadas para emergências, como circulação de ambulâncias e da polícia. Os carros de som das centrais davam orientações aos manifestantes sobre que rumo seguir.
À exceção de confusão em reunião dentro de um sindicato de motoristas de ônibus, não houve notícias de violência ou de depredações. A postura civilizada dos manifestantes os diferenciou dos que incendiaram o país no mês passado.
É possível que até o fim do dia ocorra algum incidente, mas, nas manifestações de junho, a violência explodia por toda parte e o ambiente foi sempre de tensão, exigindo enorme aparato policial. Nas manifestações de trabalhadores, a polícia pareceu despreocupada.
Nas manifestações de trabalhadores apareceram bandeiras e camisetas de partidos políticos e de sindicatos. Não houve repressão a posições políticas e ideológicas. Pelo menos até o momento em que tais atos públicos já se encaminhavam para o fim.
O horário das manifestações, portanto, é outro indicativo de um conceito cidadão e civilizado sobre como se deve sair à rua para reivindicar direitos. Começando cedo e terminando no meio do dia, a cidade já retomava o seu ritmo após o recado ter sido dado.
É nesse ponto que surge uma das principais diferenças: nas manifestações de trabalhadores de 11 de julho não houve a intenção clara de tumultuar ou de gerar clima de medo. A escolha dos horários dos atos e a rapidez com que os manifestantes evoluíram pelas ruas foram qualificadas pelos telejornais da manhã e do começo da tarde como responsáveis pelo funcionamento normal da cidade.
A avenida Paulista foi sendo tomada desde cedo pelos manifestantes, mas, no fim da manhã, passeatas menores, originárias de várias regiões da cidade, iam aumentando o tamanho da manifestação no local em clima ameno, sem tensão.
Até o começo da tarde de quinta, a diferença na forma de se manifestar ia ficando cada vez mais clara. Os carros de som das centrais e sindicalistas encarregados de orientar as marchas impediram excessos.
Estradas foram bloqueadas, porém não geraram confrontos, violência ou acidentes. Até por serem marchas orientadas por lideranças que já mantinham negociação com as autoridades a fim de liberar as vias. Mesmo sendo desnecessário, porque tais marchas já se encaminhavam para o fim.
Outra diferença importante foi no tom que a mídia dispensou aos atos das centrais sindicais. Na Globo, por exemplo, voltaram as reportagens com motoristas reclamando dos manifestantes por interromperem o trânsito, o que não ocorreu em junho.
A boa vontade da mídia com manifestações ordeiras e pacíficas, que não convulsionaram a cidade, foi muito menor do que com as manifestações de junho, que produziram o caos. O tom crítico aumentou muito.
Também houve diferença de número de manifestantes. Ainda que os números de São Paulo não tenham sido fechados, já se pode dizer que algumas dezenas de milhares de trabalhadores foram à rua. E, à diferença dos manifestantes de junho, todos unidos nos mesmos propósitos.
Provavelmente esse número de manifestantes virá a se mostrar um pouco menor, mas será impossível dizer que não houve um grande afluxo de cidadãos aos atos.
Foi inevitável notar, também, ausência de politicagem. Não houve grupos tentando prejudicar este ou aquele partido ou governante em particular.
A conclusão que se pode extrair do Dia Nacional de Lutas das centrais sindicais, portanto, é a de que foi importante porque mostrou ao país que é possível, sim, fazer atos públicos civilizados, forjados sob razões claras e com respeito aos direitos de quem não participou.
Mais ainda, os atos das centrais mostraram que há setores organizados da sociedade que saberão se fazer presentes se as ruas voltarem a ser usadas com o fim nefasto com que foram no mês de junho, quando o direito de manifestação foi desfigurado por fascistas.

Ah, a CIA espionou o pré-sal? Que coisa, hein, Dr. Bernardo?











Vejam que coisa!
O Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, admitiu hoje, no Senado, que  há “a possibilidade de vazamento de informações estratégicas do governo brasileiro, como, por exemplo, dados sobre os leilões de exploração do petróleo do pré-sal”.
Não diga, Ministro! Será? Não será isso uma injustiça com um país que nunca fez nada mais grave que bombardear e  invadir outros em busca de petróleo?
É só o senhor olhar para a pressão de seus novos amigos da mídia para que se abra totalmente o pré-sal às empresas multinacionais, que não querem que a Petrobras seja a única empresa operadora neste estratégico mar de petróleo.
Dr. Paulo, por que é que o senhor acha que a Marinha está toda empenhada no Projeto Amazônia Azul, buscando se equipar de naves e de comunicações para defender nossas bacias petrolíferas? É porque eles querem brincar de barquinho?
E nos não precisamos de uma rede de fibras óticas como a da Telebras, operada por uma empresa pública, que garanta tráfego de dados no Brasil, não é? Tanto que o senhor colocou esse projeto na gaveta ou andando a passos de cágado manco.
Mas agora o senhor diz:
- Se vai mandar e-mail secreto ao colega, pode tirar o cavalinho da chuva: a cópia já vai para lá (em referência aos Estados Unidos).
O senhor se diz espantado  com “a possibilidade de empresas brasileiras terem tido qualquer participação nisso e a história de que teria havido no Brasil uma base de coleta de dados”?
Que empresas brasileiras, Dr. Bernardo, se são as multis que controlam nossas telecomunicações, aquelas mesmas que o senhor disse que eram competentes e capazes de funcionar com segurança? Telecomunicações não eram estratégicas, mas apenas uma questão de mercado e consumidor, não é?
Ah, mas a Anatel vai tomar providências drásticas. Anote o número do protocolo:dois-zero-um-três-zero-zero-um-seis-ponto-nove-cinco-oito- quatro…
É por isso que este caso tem de ser tratado pelo Itamaraty e pela Defesa. O resto é “me engana que eu gosto”.
Por: Fernando Brito

Na mídia, manifestação agora é “bloqueio, interdição,fechamento…”











Ler os sites de notícia, agora de manhã, é um exercício de sociologia política.
Sumiram os rostos jovens, os cartazes em primeiro plano, “a voz das ruas…”
Gente quase não aparece, quando aparece é de longe.
Em seu lugar, embora as manifestações sejam ordeiras e pacíficas, sem depredações ou vandalismo, imagens abertas, distantes, que mostram apenas ônibus  parados e vias fechadas.
A chamada do último jornal da Globonews era mais ou menos assim: vias fechadas, ônibus parados, hospitais sem atendimento: centrais sindicais fazem protesto”.
Os telejornais da Globo parecem boletins de trânsito.
A democracia da mídia é seletiva.
Classe média é bonita, não é essa gente feia que acorda cedo para protestar, não é?
Aliás, tem algum Anonymous por aí?
Chega mais, rapaziada…
 Por: Fernando Brito

Nada de Bernardo e Cardozo. Caso da CIA é para Itamaraty e Defesa











A Folha hoje publica que o Governo Brasileiro, por duas vezes, admitiu que sabia da espionagem telefônica e cibernética americana no Brasil, desde o longínquo ano de 2001, através de um projeto chamado Echelon.
A magnífica repórter Heloisa Vilella, no Viomundo, conta a história do Echelon e disponibiliza o acesso ao um documento de 194 páginas elaborado em 1999 (!) sobre o programa, criado nos tempos da guerra-fria e funcionando a todo vapor.
Lá está escrito, com todas as letras:
Negotiations concerning a project worth US$ 1.4 bn concerning the monitoring of Amazon Basin (SIVA) Discovery that the Brazilian selection panel ad accepted bribes. Comment by Campbell: Raytheon supplies equipment for the Sugar Grove interception station. 
Ou: Negociações relativas a um projeto no valor de US$ 1,4 bilhão relativo ao acompanhamento da Bacia Amazônica (SIVAM). Descoberta de que o comissão de licitação aceitou subornos. Comentário de  Campbell:  ARaytheon fornece equipamentos para a estação de intercepção de Sugar Grove.
Há quatro anos o site Environmental Graffitti divulgava histórias escabrosas sobre as escutas realizadas pelo Echelon sobre todas as partes do mundo, inclusive os próprios Estados Unidos. E a história de Margaret Newsham, uma ex-agente que dorme com um revólver e um  cachorro pastor alemão no quarto, desde que saiu da base de Menwith Hill, em Yorkshire, Inglaterra,(a que está na foto) o mais importantes dos diversos centros de escuta do Echelon espalhados pelo mundo.
Edward Sowden só deu documentos e provas novas ao que todo mundo já sabia.
E, aqui no Brasil, ninguém sabia melhor que os militares e os diplomatas.
Até o velho Brizola, quando todos achavam ridículo ele perguntar: E a CIA, onde está a CIA?
E nós vamos mandar o Paulo Bernardo mandar a Anatel  investigar? A Polícia Federal?
Se quisermos assumir posições com base em informações sérias e confiáveis, só os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores podem comandar este processo.
Nas mãos do Celso Amorim e do alto comando das Forças Armadas isso anda. Nas de José Eduardo Cardozo, Paulo Bernardo e Anatel, rendem, no máximo um protocolo de 0800.
 Por: Fernando Brito

GLOBO TRAZ GILMAR À RIBALTA A carreira controversa da herança maldita do FHC, o “meu presidente !”

****Sindicatos levam bandeiras progressistas às ruas do país e afrontam a receita conservadora de arrocho contra a crise. Mídia ignora o conteúdo e reduz jornadas a uma cobertura de trânsito. Manifestantes continuam a chegar na Paulista, para o ato unitário no vão livre do MASP.   

Conversa Afiada reproduz post do Diário do Centro do Mundo:

A CONTROVERSA CARREIRA DE GILMAR



Para ajudar os leitores, preparamos perguntas e respostas sobre o complicado ministro do Supremo.

Um problema nacional


O texto abaixo foi publicado em abril passado. Como Gilmar apareceu no Escândalo Globo como o responsável pelo habeas corpus concedido à funcionária da Receita que tentou sumir com o processo, entendemos oportuno republicá-lo.

E eis que o ministro Gilmar Mendes está metido em mais uma controvérsia. Para ajudar os leitores do Diário a se situarem, montamos um grupo de perguntas e respostas sobre Gilmar.
Quem indicou Gilmar Mendes para o STF?
Fernando Henrique Cardoso.
Como a indicação de Gilmar Mendes para o STF foi recebida por juristas ilibados?
No dia 8 de maio de 2002, a Folha de S. Paulo publicou um artigo do professor Dalmo Dallari, a propósito da indicação de Gilmar Mendes para o Supremo Tribunal Federal, sob o título de Degradação do Judiciário.
Qual era o ponto de Dallari?
“Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado”, afirmou Dallari, “não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional.”
Por quê?
Gilmar, segundo Dallari, especializou-se em “inventar” soluções jurídicas no interesse do governo. “Ele foi assessor muito próximo do ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao direito”, escreveu Dallari. ”No governo Fernando Henrique, o mesmo  Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes negada pelo STF, “inventaram” uma tese jurídica, que serviu de base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto em que se baseavam as demarcações. Mais recentemente, o advogado-geral da União, derrotado no Judiciário em outro caso, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem decisões judiciais.”.
Como Gilmar, no cargo de advogado- geral da União, definiu o judiciário brasileiro depois de suas derrotas judiciais?
Ele fez uma afirmação textual segundo a qual o sistema judiciário brasileiro é um “manicômio judiciário”.
Como os juízes responderam a isso?
Em artigo publicado no “Informe”, veículo de divulgação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, um juiz observou  que “não são decisões injustas que causam a irritação, a iracúndia, a irritabilidade do advogado-geral da União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder Executivo”.
Havia alguma questão ética contra Gilmar quando FHC o indicou?
Sim.  Em abril de 2002, a revista “Época” informou que a chefia da Advocacia Geral da União, isto é, Gilmar, pagara R$ 32.400 ao Instituto Brasiliense de Direito Público – do qual o mesmo Gilmar é um dos donos.
Criador e criatura


O que Dallari disse desse caso?
“Isso é contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito longe de se enquadrar na “reputação ilibada”, exigida pelo artigo 101 da Constituição, para que alguém integre o Supremo”, afirmou Dallari.
Em outros países a indicação de juízes para o STF é mais rigorosa?
Sim.  Nos Estados Unidos, por exemplo, um grande jurista conservador, Robert Bork, indicado por Reagan, em 1987, foi rejeitado (58 votos a 42), depois de ampla discussão pública.
Como o Senado americano tratou Bork?
Defensor declarado dos trustes, Bork foi arrasado pelo senador Edward Kennedy A América de Bork – disse Kennedy – será aquela em que a polícia arrombará as portas dos cidadãos à meia-noite, os escritores e artistas serão censurados, os negros atendidos em balcões separados e a teoria da evolução proscrita das escolas.

O caso foi tão emblemático que to bork passou a ser verbo. Mais tarde, em outubro de 1991, o juiz Clarence Thomas por pouco não foi rejeitado, por sua conduta pessoal. Aos 43 anos, ele foi acusado de assédio sexual – mas os senadores, embora com pequena margem a favor (52 votos a 48), o aprovaram, sob o argumento de que seu comportamento não o impedia de julgar com equidade.

Na forte campanha contra sua indicação as associações femininas se destacaram. E o verbo “borquear” foi usado por Florynce Kennedy, com a sua palavra de ordem “we’re going to bork him”.
Já no Supremo, Gilmar continuou a agir contra os interesses dos índios, como fizera antes?
Sim. Em 2009, o governo cedeu aos guaranis-caiovás a terra que eles ocupavam então. Em 2010, o STF, então presidido por Gilmar Mendes, suspendeu o ato do governo, em favor de quatro fazendas que reivindicam a terra.
A mídia tem cumprido seu papel de investigar Gilmar?
Não, com exceção da Carta Capital. Na edição de 8 de outubro de 2008, a revista revelou a ligação societária entre o então presidente do Supremo Tribunal Federal e o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).
O que é o IDP?
É uma escola de cursinhos de direito cujo prédio foi construído com dinheiro do Banco do Brasil sobre um terreno, localizado em área nobre de Brasília, praticamente doado (80% de desconto) a Mendes pelo ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz.

Ayres Brito deu aula magna no IDP


O que a Carta Capital revelou sobre o IDP?
O autor da reportagem, Leandro Fortes, revelou que o IDP, à época da matéria, fechara 2,4 milhões em contratos sem licitação com órgãos federais, tribunais e entidades da magistratura, “ volume de dinheiro que havia sido sensivelmente turbinado depois da ida de Mendes para o STF, por indicação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.
Quem dava aulas no IDP, segundo a Carta Capital?
O corpo docente do IDP era formado, basicamente, por ministros de Estado e de tribunais superiores, desembargadores e advogados com interesses diretos em processos no Supremo. “Isso, por si só, já era passível de uma investigação jornalística decente”, escreveu em seu blog o autor da reportagem. “O que, aliás, foi feito pela Carta Capital quando toda a imprensa restante, ou se calava, ou fazia as vontades do ministro em questão.”
O jornalista deu algum exemplo?
Sim.  Na época da Operação Satiagraha,  dois habeas corpus foram concedidos por Mendes ao banqueiro Daniel Dantas, em menos de 48 horas. Em seguida, conforme Leandro Fortes, “a mídia encampou a farsa do grampo sem áudio, publicado pela revista Veja, que serviu para afastar da Agência Brasileira de Inteligência o delegado Paulo Lacerda, com o auxílio do ministro da Defesa, Nelson Jobim, autor de uma falsa denúncia sobre existência de equipamentos secretos de escuta telefônica que teriam sido adquiridos pela Abin”.
Como Gilmar reagiu às denúncias?
A Carta Capital e o repórter, por revelarem as atividades comerciais paralelas de Gilmar Mendes, acabaram processados pelo ministro.

Mendes acusou a reportagem de lhe “denegrir a imagem” e “macular sua credibilidade”. Alegou, ainda, que a leitura da reportagem atacava não somente a ele, mas serviria, ainda, para “desestimular alunos e entidades que buscam seu ensino”.
Como a justiça se manifestou sobre o processo?
Em 26 de novembro de 2010, a juíza Adriana Sachsida Garcia, do Tribunal de Justiça de São Paulo, julgou improcedente a ação de Gilmar Mendes e extinguiu o processo.
O que ela disse?
“As informações divulgadas são verídicas, de notório interesse público e escritas com estrito animus narrandi. A matéria publicada apenas suscita o debate sob o enfoque da ética, em relação à situação narrada pelo jornalista. (…) A população tem o direito de ser informada de forma completa e correta. (…) A documentação trazida com a defesa revela que a situação exposta é verídica; o que, aliás, não foi negado pelo autor.”
É verdade que Ayres Brito, que prefaciou o livro de Merval Pereira sobre o Mensalão, proferiu aula magna no IDP?
Sim.
Procede a informação de que, em pleno Mensalão, Gilmar foi ao lançamento de um livro de Reinaldo Azevedo em que os réus eram tratados como “petralhas”?
Sim.

Bons amigos: Merval e Ayres Brito

E agora, como entender a crise entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso?
Nas palavras do colunista Janio de Freitas, esta crise “não está longe de um espetáculo de circo, daqueles movidos pelos tombos patéticos e tapas barulhentos encenados por Piolim e Carequinha. É nesse reino que está a “crise”, na qual quase nada é verdadeiro, embora tudo produza um efeito enorme na grande arquibancada chamada país”.
É verdade que o Congresso  aprovou um projeto que submete decisões do Supremo ao Legislativo?
Não. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, como explicou Janio de Freitas,  nem sequer discutiu o teor do projeto que propõe a apreciação de determinadas decisões do STF pelo Congresso. “A CCJ apenas examinou, como é de sua função, a chamada admissibilidade do projeto, ou seja, se é admissível que seja discutido em comissões e eventualmente levado a plenário”, explicou Jânio. “A CCJ considerou que sim. E nenhum outro passo o projeto deu.”
E qual foi a atitude de Gilmar neste caso?
Ele afirmou que os parlamentares “rasgaram a Constituição”.  Isso só é equiparável, segundo Jânio, à afirmação de Gilmar de que “o Brasil estava sob “estado policial”, quando, no governo Lula, o mesmo ministro denunciou a existência de gravação do seu telefone, jamais exibida ou comprovada pelo próprio ou pela investigação policial”.

'ELEITOR VAI COBRAR CARO SE POVO NÃO FOR OUVIDO'