Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A RESPOSTA É MAIS DEMOCRACIA


*Trabalho e supremacia financeira: assista à entrevista do professor Ricardo Antunes, nesta pág, leia também o texto de Dario Pignotti sobre a campanha da The Economist, ou seja, do capital financeiro internacional, contra Mantega **Duas dinâmicas em confronto: vendas do varejo crescem em abril; produtividade cresce na indústria; dólar recua e inflação está em declínio; mas a mídia quer arrocho fiscal, desemprego, Palocci e mais juros (leia a análise de Amir Khair, nesta pág)



Não enxergar o elo entre as ruas e o ciclo histórico costuma
ser fatal às lideranças de uma época. Acreditar que o elo, no caso dos recentes protestos em São Paulo, está no aumento de 20 centavos sobre uma tarifa de transporte congelada desde janeiro de 2011, é ingenuidade. Supor que a ordenação entre uma coisa e outra poderá ser  restabelecida à base de cassetetes e pedradas é o passaporte para o desastre. Desastre progressista, bem entendido. A lógica conservadora nunca alimentou dúvidas existenciais ou políticas quanto a melhor forma de manter o caos nos eixos. O colapso do trânsito,  inclua-se nesse desmanche o custo e o tempo despendidos nos deslocamentos, é o termômetro mais evidente de um metabolismo urbano comatoso. Cerca de 1/3 dos paulistanos, aqueles mais pobres, residentes nas periferias distantes, levam mais de uma a até mais de duas horas no trajeto da casa ao trabalho. Os tempos indicados são referentes à ida; não consideram o  gasto no retorno. Não se produz uma irracionalidade desse calibre sem um acumulo deliberado. O Brasil  tem a  taxa de urbanização mais alta em uma América Latina que lidera o ranking mundial, diz a ONU. Isso se fez sob a chibata de uma ditadura militar e não poderia ter sido feito exceto assim.  Não é figura de retórica dizer que esses ingredientes acionam o pino de cada bomba de gás lacrimogênio e faíscam o pavio de cada enfrentamento irrefletido nas batalhas campais registradas em São Paulo nos últimos dias. Carta Maior saudou a vitória de Fernando Haddad em 2012 por entender,como entende,  que ele representa o resgate do cimento  da democracia na reconstrução de São Paulo. O  trunfo do prefeito é ter sido eleito para isso. Ele tem legitimidade para subtrair espaços à engrenagem opressora e devolve-los a  uma cidadania há muito alijada das decisões referentes ao seu destino e ao destino do seu lugar. A capacidade de erguer essas linhas de passagem terá um peso decisivo nas disputas em curso na vida brasileira.(LEIA MAIS AQUI)

Um retrato horrendo da nossa elite



Imperdível a entrevista na Folha da socióloga Walquiria Leão Rego,que está lançando o livro Vozes do Bolsa Família, que escreveu em parceria com o filósofo italiano Alessandro Pinzani, depois de cinco anos de entrevistas com beneficiários do programa no paupérrimo Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, no interior do Maranhão, Piauí e Recife.
O que salta aos olhos de suas observações e o retrato horrendo de uma elite escravocrata, que não gerou um modelo de pobreza como ainda desqualifica os pobres que, para ela, são “vagabundos” que não querem trabalhar.
Transcrevo alguns trechos.
Sobre o boato do fim do programa:
“(…)Foi espalhado o pânico entre pessoas que não têm defesa. Uma coisa foi a medida administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal). Outra coisa é o que a policia tem que descobrir: onde começou o boato. Fiquei estupefata. Quem fez isso não tem nem compaixão. Nossa elite é muito cruel. Não estou dizendo que foi a elite, porque seria uma leviandade.Tem uma crueldade no modo como as pessoas falam dos pobres. Daí aparecem os adolescentes que esfaqueiam mendigos e queimam índios. Há uma crueldade social, uma sociedade com desigualdades tão profundas e tão antigas. Não se olha o outro como um concidadão, mas como se fosse uma espécie de sub-humanidade. Certamente essa crueldade vem da escravidão. Nenhum país tem mais de três séculos de escravidão impunemente.
Sobre os que “não querem trabalhar”:
Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha.
Sobre o coronelismo:
(…) enfraqueceu o coronelismo. O dinheiro vem no nome dela, com uma senha dela e é ela que vai ao banco; não tem que pedir para ninguém. É muito diferente se o governo entregasse o dinheiro ao prefeito.(…)Foi uma ação de Estado que enfraqueceu o coronelismo. Elas aprenderam a usar o 0800 e vão para o telefone público ligar para reclamar. Essa ideia de que é uma massa passiva de imbecis que não reagem é preconceito puro.
Sobre consumismo:
As pessoas quando saem desse nível de pobreza não se transformam só em consumidores. A gente se engana. Uma pesquisadora sobre o programa Luz para Todos, no Vale do Jequitinhonha, perguntou para um senhor o que mais o tinha impactado com a chegada da luz. A pesquisadora, com seu preconceito de classe média, já estava pronta para escrever: fui comprar uma televisão. Mas o senhor disse: ‘A coisa que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto’. Essa delicadeza… a gente se surpreende muito.

Por: Fernando Brito

Pré sal: eles querem o paraíso de FHC

Está se aproximando a definição das regras do leilão do primeiro – e maior – campo de petróleo do pré-sal e a imprensa só fala dos bilhões que o bônus de assinatura pode dar ao Tesouro brasileiro.
Ontem, aqui, a gente já procurou explicar, da maneira mais simples possível, que essa questão do bônus é uma armadilha que pode comprometer todo o significado da mudança de regime de exploração do petróleo, que passou ao modelo de partilha, no lugar das simples concessões -em troca de bônus de assinatura – feitas por Fernando Henrique Cardoso.
(Aliás, tomo a liberdade de pedir que difundam, como puderem, aquelas informações. Não é propaganda, mas um ato de defesa do nosso país).
Hoje, quero mostrar o que está em jogo na divisão de um oceano de petróleo que pode equivaler a tudo o que já foi descoberto antes no país.
O gráfico aí em cima, elaborado pelo BNDES mostra o quanto é a parte do poder público – “government take” – na produção de petróleo em diversos países. Ela considera todos os valores: royalties, participações especiais, impostos de toda ordem e, inclusive, os bônus de assinatura, com os quais se obtêm as concessões
As barrinhas indicam as variações que, com a mudança do preço internacional do petróleo, podem ocorrer. E as letras “P”e “C” indicam o regime de exploração, se partilha ou concessão.
Ambos os cálculos foram feitos com base em poços de alta produção em águas profundas, o que é o caso do pré-sal brasileiro.
Agora, imagine essa diferença percentual aplicada sobre bilhões e bilhões de barris de petróleo e veja o quanto isso representa em dinheiro.
Mas veja, também, que não basta que seja concessão ou partilha, mas a parcela a ser partilhada.
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Na Indonésia, por exemplo, ela varia de 70 a 90%, embutidos neste cálculo impostos e vendas a melhor preço para o mercado interno.
Os dois gráficos laterais mostram o quanto fica, em matéria de fluxo de caixa com as receitas de operação, com as petroleiras (OC) e o governo, este em vermelho nos gráficos.
Novamente, considere que os valores estão na casa de bilhões de dólares. Portanto, as diferenças também são de bilhões de dólares.
E, por conta disso, os investidores estrangeiros estariam correndo da Indonésia?
Não, eles estão correndo para a Indonésia.
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E ela é uma economia ínfima, perto do que é a brasileira, com um potencial de consumo que é infinitamente menor que o nosso.
E fica mais fácil entender como, perdida a batalha para o regime de partilha, eles acenam com os bilhões do bônus para dificultar uma participação maior da Petrobras na licitação do pré-sal e, amanhã, reverter o regime de exploração, de novo, para o de concessão. Agora, olhando estes números, você entende porque o pessoal do lobby pró-concessão faz tanta força.
O jogo é pesado e o povo brasileiro, infelizmente, não pode contar com a imprensa para que ele seja conhecido em seus detalhes.
Daí o meu apelo para que cada leitor ajude a repassar estas informações.
Por: Fernando Brito

Aécio, o “Moço do Restelo”

Aécio Neves vestiu a carapuça e reagiu às declarações de Dilma Rousseff de que no Brasil existem muitos que são como o “Velho do Restelo”, personagem de Camões que ficava agourando a partida das naus portuguesas que partiam para as conquistas “d”além mar”.
Diz ele na Folha:
“Não serão ataques fortuitos e fora do tom à oposição que vão permitir que a inflação volte ao controle. Muita serenidade nessa hora. Que a queda nas pesquisas não afete o humor da presidente. Ela tem que planejar o país, o que não foi feito até agora.”
Como assim, Aécio?
Não tem planejamento?
Quando é que teve, no Governo Fernando Henrique?
Tinha um programa de investimentos públicos como o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC?
Tinha um programa de habitação, por mínimo que fosse, semelhante ao “Minha Casa, Minha Vida”?
Tinha um projeto como o Plano de Investimentos da Petrobras, de US$ 236,7 bilhões nos próximos cinco anos, ou estava apenas entregando as áreas petrolíferas às multinacionais?
Onde estão as usinas, as refinarias, as estradas de ferro, as obras públicas daquele período?
Ou será que tínhamos o “Bolsa-Família” ajudando milhões de pessoas a terem o mínimo para comer e sobreviver?
Aécio, Minas não tem mar, mas como você passa boa parte do tempo aqui no Rio de Janeiro,como diz o Estadão,  por que não sai do circuito Ipanema-Leblon e dá um pulinho ali no Caju, para ver um imenso navio, de quase 330 metros de comprimento, sendo transformado em plataforma de petróleo para o pré-sal, num estaleiro que estava reduzido a sucata quando o “dindinho” FHC estava (estava?) no leme do Brasil?
Como sei que sua praia é outra, ajudo colocando aqui o vídeo caseiro de um brasileiro comum, o Ricardo Cardoso, gravou, espantado com a grandeza da obra, em lugar de ficar aí, como faz o “Moço do Restelo”, dizendo que “não há projeto” aqui.
Aliás, se alguém desse ouvido ao “Aécio do Restelo” na época do Infante D. Henrique, Portugal jamais teria sido a potência que foi, indo “além da Taprobana” e por mares “nuca d’antes navegados”. Este “nunca d’antes”  lembra alguém, Aécio?
E quais são os “projetos” os que você, Aécio, anuncia?
Combater a inflação taxando com alíquota mais alta do Brasil a luz que paga o povo de Minas, como a gente mostrou aqui, ou baixar a conta de luz, como fez Dilma, reduzindo impostos e apertando as concessionárias de energia?
Ah, não, você mesmo diz o que é, na mesma Folha:
“É preciso explicar às agências de rating internacionais que não está havendo inflação, deterioração das contas públicas”.
Você pode explicar isso, Moço do Restelo, como se fazia no tempo de Fernando Henrique.
Sem esquecer de tirar os sapatos, antes, claro.
Mas você vai ficar agourando como fez o Velho do Restelo à partida das naus de Vasco da Gama.
É inútil a dizer que não vai fazer isso para a Eliane Cantanhêde dizer que você é“bom moço” e, na mesma edição do mesmo jornal, entrar na onda do terrorismo inflacionário.
Bom ou mau, o Moço do Restelo vai ver as caravelas passarem.
Por: Fernando Brito

Para rico, incentivo; a pobre, populismo



Quando o caro amigo ou a cara amiga ler ou ouvir a palavra populismo, cuidado.
Em geral, é um adjetivo usado para desqualificar o que é bom para o povo.
Hoje, em editorial, o Estadão diz que o crédito facilitado para que os beneficiários do programa “Minha Casa, Minha Vida” comprem móveis e eletrodomésticos é “um ato populista”.
Porque “o Tesouro terá de subsidiar o novo programa de estímulo ao consumo”.
Curioso é que esse argumento não vale quando quem é estimulado é o capital, não o consumo.
Não há preocupação com quanto sai do Tesouro para bancar a elevação da taxa de juros. Nem com quanto deixa de entrar com o fim do IOF sobre investimentos estrangeiros.
Exigem superávits cada vez maiores, a qualquer preço, no Brasil. Mas os europeus, os EUA, o Japão, todos eles têm déficits astronômicos e ninguém os chama de populistas.
Quando Lula, em 2009, tirou o IPI de uma série de produtos para enfrentar a crise européia também não faltaram críticas deste tipo: populista, irresponsável, eleitoreiro.
E, se não fosse isso, a marolinha teria sido mesmo um tsunami.
O financiamento oferecido ao público do Minha Casa, Minha Vida, além do benefício imensurável que traz à vida doméstica de milhões de brasileiros de baixa renda, tem outros méritos.
Inclusive no combate à inflação.
Ao fixar valores máximos para os produtos elegíveis para a compra, a linha de crédito contribuirá para segurar os preços de várias linhas de consumo. Que empresa desejará, por alguns reais, deixar seus produtos fora dos limites do que pode ser financiado? Além disso, com a alta do dólar, o que é produzido aqui, com custos em real, será mais competitivo, certamente.
A roda da economia vai girar e é isso o que mantém a bicicleta equilibrada.
A finalidade das políticas econômicas é produzir bem estar, não superávits a qualquer custo social.
Isso não é populismo. Isso é considerar a economia um bem de todo o povo, não a economia para os bens de uns poucos.

Por: Fernando Brito

LULA: DILMA “JAMAIS” VAI PERMITIR VOLTA DA INFLAÇÃO

NADA A FAZER, TUDO A FAZER

Snowden e Manning contra a arrogância do poder

Mauro Santayana

O mundo não conseguiu ainda sair do espanto causado pelas revelações do soldado Bradley Manning – cujo julgamento por traição começou há dias – e uma denúncia ainda mais grave   foi encaminhada ao Guardian pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden. O denunciante era, até o dia 20 de maio, um dos maiores especialistas em segurança de informações da Booz Allen, contratada pelo governo norte-americano para assessorar a NSA (Agência Nacional de Segurança).
De acordo com os documentos oficiais, filtrados por Snowden, e não desmentidos, Obama determinou a invasão dos sistemas de comunicação eletrônicos do mundo inteiro – também  no próprio território norte-americano. Os meios técnicos permitem aos invasores capturar mensagens e documentos, apagar, reescrever, reendereçar emails. Mais ainda: os hackers oficiais poderão intervir no sistema de comandos dos computadores. Em tese, e de acordo com a tecnologia disponível, serão capazes de alterar a rota dos aviões, provocar incidentes militares nas fronteiras, falsificar telegramas diplomáticos, de forma a intrigar governos contra governos.
Atos de espionagem e de provocação são comuns na História, mas os meios tecnológicos de hoje os tornam catastróficos. A única esperança de que planos como o do presidente Obama sejam   divulgados está nos cidadãos dos próprios países agressores que, os conhecendo, como é o caso de Bradley Manning e de Edward Snowden, se disponham a denunciá-los ao mundo.
Snowden, como Manning, é um homem ainda jovem. Aos 29 anos, ganhando um bom salário, de 200 mil dólares brutos por ano, vivia com conforto no Havai, com sua jovem namorada, quando, ao tomar conhecimento das 18 páginas das diretivas de Obama aos serviços de segurança, resolveu revelá-los.
O governo norte-americano tenta minimizar a gravidade da denúncia, ao afirmar que um tribunal criado para supervisionar os serviços de informação e segurança aprovou a medida, da qual, também as comissões especiais do Congresso tomaram conhecimento e lhe deram endosso. 
Há várias questões postas, que devem ser examinadas com serenidade. Em primeiro lugar, aquela velha presunção norte-americana de que eles foram predestinados ao domínio universal, e  foi definida pelo senador Fullbright como “a arrogância do poder”. Sentindo-se os mais poderosos, assim como os soberanos, julgam-se irresponsáveis pelos seus atos e inimputáveis.  Não consideram que haja acima deles nenhum poder punitivo. Seus fundamentalistas protestantes, entre eles Bush II, acreditam  agir com a cumplicidade de Deus. Foi assim que o então presidente justificou a segunda guerra contra o Iraque: – em conversa com o Todo Poderoso, dele ouviu a ordem de caçar Saddam Hussein e eliminá-lo.
A espionagem e os atos de provocação são antigos na história do poder. Todos os grandes sistemas da Antiguidade deles se valeram. Bismarck foi um mestre na recuperação  dessa perfídia, ao falsificar um telegrama sobre encontro entre o embaixador francês em Berlim e o kaiser Guilherme I, e, assim, provocar a Guerra Franco-Prussiana de 1870. Mas nem o “Chanceler de Ferro”, nem Hitler, outro mestre nesse jogo canalha, dispunham dos meios técnicos de manipulação como os de nosso tempo.
Outra lição do fato é a de que não há mais segredos no mundo, principalmente quando o rege a lógica do mercado. Há, de acordo com as informações oficiais, 25.000 pessoas envolvidas no sistema nacional de segurança dos Estados Unidos, a maior parte delas funcionárias de empresas privadas, como a Booz Allen, cujo faturamento, em 98%, é obtido em contratos com a Agência Nacional de Segurança. É impossível, assim, manter essas operações em sigilo.
Outra grande surpresa é o cinismo do presidente Barack Obama, que irrompeu no cenário norte-americano como aquele predestinado a recuperar os mais altos valores dos “pais fundadores” da grande república. Na campanha eleitoral de 2008, ele qualificou os vazamentos do mau comportamento do governo como “atos de coragem e patriotismo, que podem, muitas vezes, salvar vidas e, com frequência, poupar dólares dos contribuintes, e devem ser encorajados, em lugar de combatidos”, como ocorria durante a administração Bush.
Na reação contra Manning e Assange, Obama absolve o “guerreiro” Bush. Snowden, em entrevista ao Guardian, diz que se sente mais ou menos seguro em Hong Kong, aonde chegou há 3 semanas. Mas os republicanos do Congresso pediram ao governo que exija a sua extradição. Como se sabe, a autonomia da antiga colônia britânica é limitada: o território está sob a soberania estatal chinesa. Será interessante verificar se o governo chinês decidirá acatar um pedido de extradição que um pequeno país, como o Equador, se nega a atender, no caso de Julián Assange.
Os observadores se dividem, na previsão do que virá a ocorrer, diante desse novo escândalo mundial. A maioria, com a mente já colonizada pela hegemonia norte-americana, acha que nada há a fazer. Em suma, é inevitável aceitar o mando norte-americano, para que nos salvemos do “terrorismo islamita”, assim como foi melhor aceitar as inconveniências da Guerra Fria, para que nos livrássemos do comunismo ateu.
Há, no entanto, os que sabem ser necessária uma aliança da inteligência e da dignidade dos homens, a fim de reagir, enquanto há tempo, contra essa tirania universal.

EDUARDO QUER QUE DILMA COPIE FHC FHC não ouvia ninguém. Ele só ouvia o FMI.


Saiu na Folha (*):

CAMPOS DIZ QUE MEDIDAS DE ESTÍMULO À ECONOMIA NÃO RESOLVEM CRISE E CITA FHC


No mesmo dia em que o governo federal anunciou que beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida terão 5% de desconto na compra à vista de eletrodomésticos e móveis, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse nesta quarta-feira (12) que esse tipo de medida “não resolve” o problema do desempenho ainda fraco da economia, associado à queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff. 

O governador sugeriu que a presidente Dilma faça como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que, em 2002, chamou os pré-candidatos à Presidência para discutir os rumos do país. 

“É importante que a gente aprenda com esses bons momentos da história, onde as pessoas podem deixar ambições pessoais e partidárias de lado e pensar no futuro do país”, disse Campos. (DANIEL CARVALHO).

O Governador Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes, deveria ter uma noção mais precisa da História Sombria do governo do Farol de Alexandria.
O Presidente Fernando Henrique jamais consultou ninguém sobre como administrar a Econômica.
Ele tinha um consultor permanente, na sala, no quarto e na cozinha: o FMI.
Essa mesma obsoleta instituição que agora pede desculpas pelo crime que cometeu na Grécia.
Fernando Henrique, sim, chamou os candidatos a Presidente ao Palácio, quando o Governo agonizava, sangrava por todo lado, a ponto de não conseguir eleger o sucessor.
(Aliás, o candidato, dele, o Padim Pade Cerra, renegou a paternidade e não citou o Fernando Henrique na campanha – clique aqui para entender a razão desse repúdio, na explicação serena do Marcos Coimbra.)
Fernando Henrique chamou os candidatos – Lula entre eles – ao Palácio para dar conta das medidas de emergência que teriam efeito sobre o governo do sucessor.
Não foi para receber sugestões, como essa: suspenda o consumo, Presidenta !
O povo não precisa consumir mais !
O provo prefere investir !
Fernando Henrique não queria ouvir ninguém.
Foi para ler o próprio obituário.



Em tempo: Eduardo está na categoria do Velho do Restelo.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Dilma e os dois personagens de Camões


Inspirada em sua recente viagem a Portugal, Dilma hoje mandou um recado para a mídia e para a oposição (ou serão o mesmo?).
Lembrou o Velho do Restelo, personagem de Camões , que ficava olhando as naus portuguesas e agourando, incrédulo nas conquistas de Portugal durante as grandes navegações.
Dilma comparou o “terrorismo inflacionário” à onda do “apagão” que a mídia tentou levantar no início do ano.
E lembrou que, mesmo com a “onda”, não faltou luz, mas foi o tal “apagão “”o que desapareceu de todos os jornais porque não era real”. “São movimentos localizados, especulativos, que duram um tempo, mas geram danos ao Brasil.”
Sobre as aves de mau-agouro (um doce para quem adivinhar que espécie de pássaro são), a Presidenta garantiu:
“Muitos ‘Velhos do Restelo’ apareceram nas margens das nossas praias. Mas eu asseguro a vocês que, hoje, ele não pode, não deve e não terá a última palavra no Brasil.”
Aproveitando a lembrança de Camões, bem faz Dilma em assumir a ofensiva, para que não ocorra aquilo que o poeta português diz no Canto 138 de seu Os Lusíadas: “Que, vindo o Castelhano devastando/As terras sem defesa, esteve perto/De destruir-se o Reino totalmente,/Que um fraco rei faz fraca a forte gente”.
Porque tem muita gente ficando fraca com a cantilena diária de nossos “velhos do Restelo” tupiniquins.
PS. Se a conexão ajudar, daqui a pouco  coloco a fala de Dilma aí na seção vídeos.
Por: Fernando Brito