Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

O dragão das inflação não passa de uma lagartixa

O dragão inflacionário está contido, e hoje não passa de uma lagartixa. Gélida e incômoda, mas uma lagartixa. O resto é agenda eleitoral. Quando a inflação mensal sobe, é manchete dos cadernos de economia dos principais jornais; quando cai, fica escondida entre outras matérias consideradas “mais importantes” pelos editores. Por Victor Leonardo de Araujo

Podem perceber: quando a inflação mensal sobe, é manchete dos cadernos de economia dos principais jornais; quando cai, fica escondida entre outras matérias consideradas “mais importantes” pelos editores. Assim ocorreu após o anúncio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação, referente ao mês de maio: variou 0,37%, bastante inferior aos meses anteriores, e pouco se comentou. O item “alimentos e bebidas”, vilão da inflação no Brasil nos últimos meses (e em quase todos os últimos repiques inflacionários), subiu 0,31%, e ficou abaixo da média dos últimos seis meses (desde dezembro tem ficado acima de 1%). 

Inflação é sempre um assunto muito sério, porque reduz o poder de compra dos trabalhadores, e porque os ônus das medidas antiinflacionárias costumam sempre recair sobre os seus ombros, seja na forma de salários menores, seja na forma de mais desemprego. O problema é que no Brasil o debate sobre inflação é sempre conduzido de forma muito pobre, e a politização necessária acaba sendo sempre direcionada para o rumo eleitoreiro. O assunto merece algumas ponderações.

A primeira delas é que o chamado “Regime de Metas de Inflação” foi introduzido no Brasil em 1999; nos quatro anos do segundo governo FHC, em dois deles (metade, portanto) a inflação medida pelo IPCA ficou acima da meta, tendo alcançado dois dígitos em 2002 (12,5%). Desde 2005 a inflação tem ficado dentro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional. Nos oito anos de governo FHC, a inflação anual média foi de 9,1%, contra 5,7% a.a. dos dois governos Lula, e 5,8% dos 10 anos de governo Lula+Dilma. Os dados falam por si: os tucanos conduziram a política antiinflacionária de forma muito pior, embora, na sua retórica, tentem posar de paladinos da inflação baixa.

A segunda é algo repetitivo, mas necessária dizer: o combate à inflação deve levar em consideração as suas causas. Não dá para falar em inflação de demanda em uma economia que desacelera desde 2011, e que tem registrado taxas de crescimento pífias. Os alimentos e bebidas, que mais têm pressionado os índices de inflação nos últimos repiques inflacionários (13,5% acumulados nos 12 meses findos em maio, ou seja, o dobro do índice médio), têm subido ora por motivos climáticos, ora por causa dos preços internacionais das commodities – típicos choques de oferta. Em ambos os casos, elevação da taxa de juros Selic constitui uma medida inócua para o seu combate. No caso dos serviços pessoais (8,76% acumulado em 12 meses), a política de aumento real do salário mínimo tem sido apontada como a principal causa. Trata-se de uma mudança de preços relativos, cuja transição tem provocado e ainda provocará aumentos acima da média. A economia brasileira precisará saber acomodar esses aumentos sem recorrer à tradicional política de arrocho salarial. O salário mínimo no Brasil ainda é baixíssimo, e o salário médio também. As remunerações dos trabalhadores brasileiros não são altas: são apenas relativamente mais altas do que no passado. A distribuição de renda no Brasil continua ruim: é apenas um pouco melhor do que no passado. Estancar os parcos ganhos obtidos pelos trabalhadores sob o pretexto de fazer política antiinflacionária é de uma crueldade sem tamanho.

Entender que a economia brasileira precisa acomodar melhor os ganhos salariais reais não é o mesmo que ser condescendente com a inflação. Mas esta acomodação é mais fácil em um contexto de crescimento do produto e da produtividade, porque permite elevar salários sem comprimir as margens e sem repassar os aumentos aos preços finais – eis o calcanhar de Aquiles. Entre 2000 e 2009, a produtividade média da economia brasileira cresceu apenas 0,9% ao ano; a produtividade da indústria de transformação caiu 0,6% a.a., e a da agropecuária cresceu 4,3% a.a. 

A terceira ponderação a se fazer sobre a inflação é sua relação com a taxa de câmbio. O desmonte de elos importantes da indústria brasileira durante o governo FHC fez com que a economia brasileira ficasse mais dependente dos produtos importados, e os preços passaram a ter maior correlação com a taxa de câmbio. O pouco ou nenhum esforço do governo petista em reconstruir antigos ou novos elos da cadeia produtiva mantém esta dependência e coloca o governo numa encruzilhada: precisa desvalorizar a taxa de câmbio para atender às demandas de um segmento da indústria, mas quando o faz a inflação sobe; se deixa o câmbio apreciar, mantém a inflação baixa, mas provoca prejuízos ao setor industrial.

As ponderações acima levam a uma importante constatação: a economia brasileira possui sérios problemas estruturais que têm se manifestado na forma de inflação. O combate a esses problemas deve levar à elaboração de políticas específicas, que visem modificar a estrutura produtiva, sob um viés verdadeiramente desenvolvimentista. O governo petista pouco fez neste quesito.

Finalmente, a última ponderação é que inflação é sempre um problema sério, mas a ele tem que ser dada a dimensão correta. A despeito do que dizem os que preferem dar ao debate um viés eleitoral, não há qualquer sinal de descontrole inflacionário no Brasil. Em todos os momentos em que, no acumulado em 12 meses, a inflação medida pelo IPCA superou o teto de 6,5%, no momento seguinte ela sempre recuou. Considerando-se o ano-calendário, desde 2005 a inflação tem permanecido dentro do limite superior da meta. O dragão inflacionário está contido, e hoje não passa de uma lagartixa. Gélida e incômoda, mas uma lagartixa. O resto é agenda eleitoral.

*Victor Leonardo de Araujo é professor da Faculdade de Economia da UFF. E-mail: victor_araujo@terra.com.br

O lado positivo da diminuição da popularidade de Dilma

EduGuimarães.
Como todos os que apoiam o projeto político-administrativo conduzido pela presidente Dilma Rousseff, obviamente que não gostei da pesquisa Datafolha, divulgada no último sábado, que dá conta de queda de sua popularidade. Todavia, essa queda pode – apenas pode – impedir o que este espaço vinha considerando “suicídio político” da presidente.
Há pouco mais de uma semana, este Blog citou o “Bombardeio de saturação” contra o governo Dilma, praticamente antevendo o que sobreviria. Abaixo, trecho da matéria.

“(…) Vivemos uma situação preocupante. O mutismo da presidente Dilma Rousseff a está enfraquecendo politicamente e isso está se refletindo através dos problemas crescentes que o seu governo está enfrentando com a base aliada no Congresso. A ausência de contraponto, de reação ao bombardeio de saturação em curso, de mutismo que se baseia na tese de que o que o brasileiro sente no bolso e no cotidiano destoa do noticiário, é uma aposta perigosa (…)”.

Dito e feito. A pesquisa Datafolha em questão aponta queda de 8 pontos percentuais na popularidade da presidente. E, analisando os dados minuciosos da pesquisa, o que se vê é um tanto quanto desolador
Dilma perdeu popularidade entre homens e mulheres, em todas as regiões do país, em todas as faixas de renda, idade e escolaridade.
Como de costume, a queda foi maior entre os que ganham mais de dez salários mínimos (queda de 24 pontos), têm ensino superior (16 pontos) e são moradores da região Sul (13 pontos). Contudo, ocorreu, em maior ou menor grau, de forma generalizada.
A pesquisa relata que a grande motivação da queda de popularidade da presidente é produto de pessimismo em relação situação econômica do país. Os pesquisados relataram preocupação com a inflação e o desemprego, ainda que ambos estejam caindo mês a mês.
O mais incrível é que a própria pesquisa trata de atribuir esse medo do que não existe ao tal “bombardeio de saturação” da mídia contra o governo. Abaixo, trecho da matéria da Folha de São Paulo sobre a pesquisa Datafolha comprova esse dado.

“(…) O noticiário dos últimos dias também pode ter influenciado. Dois problemas tiveram grande repercussão: o tumulto no pagamento do Bolsa Família, não esclarecido, e a tensão com indígenas do Norte e do Mato Grosso do Sul (…)”

Sobre o caso dos índios, não creio que possa ter tido uma grande influência, mas o caso Bolsa Família pode ser o maior responsável – ainda que não seja o único –  pela redução inédita da popularidade de Dilma entre os mais pobres.
Nesse aspecto, este Blog cobrou da presidente, durante dias, uma atitude mais proativa em relação aos boatos que levaram centenas de milhares de beneficiários do Bolsa Família ao desespero, por medo de o programa ser extinto.
No dia 23 de maio último, aqui se publicou o post “Boato sobre o Bolsa Família exige pronunciamento de Dilma na TV”. O texto abordou a existência de matérias na imprensa que mostraram que mesmo após o desmentido do governo sobre o boato de que o programa seria extinto, muitos de seus beneficiários ainda não acreditavam que isso não ocorreria.
Como sempre, a presidente não deu bola àqueles que, como este Blog, perceberam que a principal base de apoio popular ao governo havia sido balançada em relação a ele de uma forma que exigia mais do que uma declaração de Dilma reproduzida durante segundos em telejornais que beneficiário do Bolsa Família dificilmente assiste.
Vendo o barco fazer água, o blogueiro procura fontes do Palácio do Planalto na tentativa de obter explicação sobre o que vem qualificando como “mutismo” da presidente diante de um verdadeiro “Bombardeio de saturação” contra seu governo.
O resultado dessas consultas resulta em post de 1º de junho intitulado “Tracking do Planalto explica sua indiferença a ataques da mídia”. Segundo fontes do governo, este acompanha as oscilações de popularidade da presidente via medições diárias e estaria “tudo bem”.
A conduta da presidente pareceu se coadunar com essa premissa. Mantendo-se olimpicamente indiferente aos ataques, dá a impressão de que eles não a preocupam.
Deixar de ir à televisão negar que o governo cogite extinguir o Bolsa Família deixou a impressão de que não haveria risco de os beneficiários do programa acreditarem que seria extinto. Contudo, várias matérias na imprensa mostraram o contrário. E foram solenemente ignoradas.
A pesquisa Datafolha relata, então, que a queda de popularidade da presidente atingiu inclusive os setores de baixa renda, sobretudo no Sul e no Sudeste. Justamente o setor beneficiado pelo Bolsa Família.
Nesse aspecto, o pior inimigo do governo Dilma, neste momento, é composto pelos seus apoiadores mais incondicionais, aqueles que aplaudem a tudo acriticamente. Alguns põem em dúvida a pesquisa e outros fazem malabarismos para tentar ver aspectos positivos em um estudo que se mostrou desastroso para o governo.
A tese mais bizarra é a de que se deveria somar a avaliação regular à avaliação boa e ótima dos pesquisados, o que conferiria uma aprovação à presidente de “90%”.
A tese ignora que se hoje o bom, o ótimo e o regular de Dilma somam esse percentual, na pesquisa anterior somavam “98%”, de forma que, por qualquer critério, ela sofreu uma forte perda de apoio, pois 8 pontos percentuais, em estatística, são uma enormidade.
Alguns põem em dúvida a pesquisa Datafolha. Nesse quesito, este blogueiro tem história.
Em 2010, fui o único brasileiro a duvidar tanto das pesquisas sobre a sucessão presidencial que, com o apoio dos leitores desta página, representei contra todos os maiores institutos de pesquisa do país, conseguindo arrancar da Procuradoria Geral Eleitoral determinação para que a Polícia Federal abrisse um inquérito contra eles, conforme comprova matéria do portal IG publicada à época.
Contudo, desta vez não duvido do Datafolha. Este Blog é um fórum de debates que já chega ao nono ano de existência. Através das manifestações de leitores que aqui acorrem vindo de todas as partes do país e até do exterior, venho notando uma mudança de clima em relação ao governo.
A presidente Dilma Rousseff é uma excelente gestora. Todos sabem, por informação do ex-presidente Lula, que ela foi o coração administrativo de seu exitoso governo. Contudo, politicamente ela vem se mostrando um desastre.
Dilma é inapetente para a política. Apesar de este Blog julgar que seu governo está mais à esquerda que o de Lula, ela se afastou dos movimentos sociais, do movimento sindical e passou a tratar a Blogosfera e a mídia alternativa, que foram tão importantes no governo anterior, como “personas non gratas”.
A comunicação do governo é muito ruim. Durante o governo Lula, cheguei a receber telefonemas da Secom, disparados por determinação do ex-ministro Franklin Martins, pedindo correção ou complementação de informações aqui publicadas.
Dilma, porém, foge da Blogosfera e da mídia alternativa como o diabo foge da cruz. Sepultou projeto de regulação da comunicação deixado por Lula. Tentou se entender com uma mídia que hoje a está triturando, chegando à beira da injúria, da difamação e da calúnia contra si.
Todos se lembram de quanto Dilma tentou estabelecer a paz com os barões da mídia. A célebre visita que fez à festa de comemoração dos 90 anos da Folha de São Paulo nos primeiros dias de seu governo simboliza uma crença incrivelmente ingênua em que poderia sepultar uma guerra política que muitos já sabiam que seria inevitável.
Os crescentes índices de popularidade da presidente a mantiveram nessa rota de suicídio político por dois anos e meio. A pesquisa Datafolha, porém, mostra que sua imobilidade diante do espancamento que vem sofrendo na mídia chegou ao seu limite.
Há um adágio popular que resume bem o que está acontecendo: “Quem cala, consente”.
Ao fim do primeiro turno da eleição presidencial de 2010, os apoiadores de Dilma e a própria foram tomados por uma surpresa que beirou o desalento. A vitória tranquila em primeiro turno não se concretizou e nos primeiros dias da campanha em segundo turno José Serra chegou a se aproximar do empate técnico com a adversária.
Dez dias após o primeiro turno, ocorre o primeiro debate entre a então candidata Dilma e seu adversário, Serra, na TV Bandeirantes. Eis que ela abandona a postura fleumática e olímpica com que se conduziu no primeiro turno e, naquele dia 10 de outubro, finalmente se dispõe a enfrentar o adversário nos termos em que ele estabelecera.
Abaixo, o primeiro bloco de um debate em que Dilma finalmente reagiu. Prossigo em seguida.

A partir daquele momento, a tendência de queda de Dilma nas pesquisas se reverteu. Durante todo o resto da campanha, ela se manteve “assertiva”, no que foi acompanhada pela propaganda política do PT no rádio e na televisão, que, no primeiro turno, como faz Dilma agora, ignorava os ataques tucanos. O resto da história todos conhecem.
O Brasil, neste momento, precisa da Dilma que você, leitor, acaba de ver no vídeo acima.
Concluo este texto reproduzindo, abaixo, pregação que fiz neste espaço nos primeiros dias do daquele novo governo, em 9 de janeiro de 2011, no post “A primeira semana do governo Dilma”, quando já se podia ver o que sobreviria dali em diante. O que escrevi naquele post se mostra incrivelmente atual.

“(…) É cedo para dizer que Dilma cometerá o erro de governar o Brasil como uma gerente. Mas, se fizer isso, será, sim, um erro. O cargo de presidente é político. Os brasileiros votaram nela seguindo um líder político – o maior da história brasileira, ao lado de Getúlio Vargas. Ninguém segue gerentes. E sem liderar politicamente, ela não se reelegerá”.

O post traz no título a possibilidade de existir um “lado positivo” na queda de popularidade da presidente. Trata-se de, eventualmente, despertá-la do sono político em que mergulhou já nos primeiros dias de seu governo e do qual ainda não despertou. É agora ou nunca. Se não reagir já, depois pode não haver mais tempo.

O Millenium e a conta de luz do Aécio

DE COSTAS PARA O BRASIL
O colapso da mídia conservadora chegou antes da falência do país, vaticinada há mais de uma década pelo seu jornalismo. Estadão, Abril, Folha, Valor lideram a deriva de uma frota experiente na arte de sentenciar vereditos inapeláveis sobre o rumo da Nação, enquanto o seu próprio vai à pique. As corporações que fazem água nesse momento não são entes genéricos; não praticam qualquer  jornalismo; não reportam qualquer país, tampouco adernam num ambiente atemporal. Uma singularidade precisa ser reposta: o jornalismo dominante virou as costas ao país. Se a tecnologia envelheceu o suporte, o conservadorismo esférico mumificou a pauta. A saturação da narrativa antecedeu o esgotamento do meio. Ao ocupar diariamente suas páginas com a  reprodução da mesma
matéria --o 'fracasso do Brasil', as corporações contraíram um  vírus fatal ao seu negócio: o bacilo da previsibilidade. Há quanto tempo as manchetes, colunas e reportagens disparadas do bunker dos Frias deixaram de surpreender o leitor? Existe algum motivo para ler amanhã um jornal que hoje tem a frase seguinte antecipada na anterior? E na anterior da anterior e assim sucessivamente? O golpe de misericórdia tecnológico,no caso brasileiro, talvez seja apenas isso. Uma gota d'água adicional em um galeão perfurado de morte pelos próprios artefatos. O naufrágio serve também de alerta à comunicação progressista.(LEIA MAIS AQUI).


Todo mundo já está acostumado com os protestos organizados pelo Instituto Millenium, esconderijo da direita mais reacionária, contra os impostos na gasolina.
Os alvos são, sempre, o Governo Federal e a Petrobras.
A Petrobras recebe R$ 1,36 por litro na refinaria e o Governo Federal, como a gente já mostrou aqui, reduziu para 10% do preço de venda a incidência de imposto sobre a gasolina. O resto dos impostos são estaduais.
Mas é curioso que, enquanto se reclama dos encargos setoriais incidentes na conta de luz, não aparece uma alma para criticar as alíquotas dos impostos estaduais que se aplicam ao consumo de energia elétrica.
Estes encargos, agora, representam 3,9% do valor cobrado.
Enquanto o ICMS chega a 30% do valor pago pelo consumidor.
luz
E adivinhe você quem é o estado campeão na cobrança de imposto sobre a conta de energia?
Sim, exatamente Minas Gerais, que tem uma alíquota de 30% incidindo sobre todos os que consomem mais de 90Kwh mensais. Isto é, quase todo mundo que tenha uma geladeira, uma televisão e um chuveiro elétrico, assim mesmo usado com extrema moderação. E mais nada, nem uma lampadazinha.
É só conferir a tabela aí de cima. Quem tiver dúvida, acesse a tabela completa das alíquotas de ICMS, aqui. Está na pagina 18 do documento.
Bem, o Sindicato dos Fiscais mineiro, depois de fazer protestos em praça pública distribuindo lâmpadas econômicas,  começou a veicular uma campanha explicando e condenando as altas alíquotas cobradas delo governo do Estado nos preços, além da energia (30%), na gasolina (27%) e nas contas de telefone (25%).
O que fez o Governo do Estado?
Está tentando proibir, através do Judiciário, a veiculação dos anúncios.
Ah, e não houve aumento das alíquotas depois que Aécio saiu do Governo, não. Passou oito anos lá cobrando 30% dos consumidores.
É assim que ele quer combater a inflação?
Por: Fernando Brito

Mídia convida Dilma ao suicídio?

É  impressionante a capacidade dos jornais de acreditarem na amnésia coletiva.
Mais impressionante ainda é capacidade de acreditar que, alternando ameaças e elogios, são capazes de conduzir um governante ao suicídio.
Dilma ensaia retorno à receita de FHC“, publica hoje a Folha de S. Paulo, relatando como, supostamente, o governo abandona a política expansionista – ou anticíclica, como preferem chamar os economistas, que consiste em usar o Estado como indutor de crescimento econômico em períodos de crise econômica – para se fixar na cartilha neoliberal, onde a “Santíssima Trindade” formada pelos juros-câmbio-inflação deve ser louvada diária e eternamente, ainda que se imolem povo e país em seu altar.
Ora, onde é que essa receita deu certo para países? (Claro que ela deu certíssimo para os bancos, não é?)
Não existe a menor possibilidade de que isso aconteça, e os porta-vozes dos grupos financeiros sabem disso.
Mas sabem que por toda a parte há joelhos que tremem e cabeças que se vergam e é com isso que contam para forçar o governo a iniciar um ciclo de arrocho fiscal e subida de juros que não só lhes proporcionem lucros quanto, principalmente, enfraqueçam politicamente as forças progressistas e lhes permita a retomada de administrações absolutamente dóceis a seus interesses.
Percebam como todo o discurso é o de cortes de gastos – e de investimentos, por consequência – como se a atividade econômica pudesse ser comparada a um orçamento familiar. O Nobel de Economia, Paul Krugman, explica isso de maneira claríssima:
“Quando uma família aperta o cinto, ela não acaba com os empregos que a sustentam. Quando um governo aperta o cinto diante de uma economia deprimida, muitas pessoas são privadas de seus postos de trabalho; e isto traz efeitos negativos até sob o ponto de vista estritamente fiscal e míope do governo, pois uma economia em retração significa uma arrecadação menor.
Ora, alguém poderia dizer que cortar gastos governamentais não significa realmente eliminar postos de trabalho – alguém que tenha passado os últimos anos numa caverna ou num centro de estudos estratégicos de viés conservador, alheio às informações a respeito de como a austeridade tem funcionado na prática”.
Krugman diz que, nem sob a ótica conservadora, isto funciona porque “os grandes cortes nos gastos governamentais foram seguidos por declínios acentuados no PIB”.
A população tem mais memória que as elites políticas e sabe que as políticas neoliberais, para o nosso povão, lembram os versos da banda RPM: “Sinto um imenso vazio e o Brasil/Que herda o costume servil/Não serviu pra mim”.
Naqueles, porém, que ascendem aos cargos de decisão política em nome da mudança e que, neles, passam a endeusar os donos do poder econômico, serve, sim, para serem incensados e tornados “intocáveis”.
Ou, quando é o contrário, serve para serem atacados e ridicularizados como fazem com o ministro Guido Mantega, cuja  cabeça é o sonho dessa gente.
Quem tiver olhos para ver um pouquinho além das colunas econômicas e – mesmo sem ter vivido os anos de estagnação dos períodos Sarney, Collor, Itamar e FHC, sobretudo – verá a Europa enforcada pelas políticas de austeridade e os EUA, mesmo timidamente, recuperando-se da crise pelas políticas econômicas expansionistas.
Adotar a “receita de FHC” é, sim, apertar o cinto.
Em volta do próprio pescoço.
 Por: Fernando Brito