Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

domingo, 2 de junho de 2013

Leandro Fortes: Como R$ 280 mil foram “parar” com Protógenes

Fabio Rodrigues Pozzebom, Agência Brasil

Satiagraha
Mudança suspeita

Às vésperas da aposentadoria, Roberto Gurgel, em parceria com a mulher, altera de forma inexplicável um parecer e aceita acusações falsas contra o deputado Protógenes Queiroz
Em boa medida, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, caminhava para uma aposentadoria tranquila. Desde a sua recondução ao cargo, em 2011, havia se tornado símbolo de um moralismo seletivo e, por consequência, ídolo da mídia.
O desempenho no julgamento do “mensalão” petista o blindou de variados lapsos e tropeços, digamos assim, entre eles o arquivamento das denúncias contra o senador goiano Demóstenes Torres, dileto serviçal do bicheiro Carlos Cachoeira, como viria a demonstrar a Operação Monte Carlo.
A três meses de se aposentar, Gurgel decidiu, porém, unir-se à frente de apoio ao banqueiro Daniel Dantas. E corre o risco de se dar muito mal. Em uma decisão inusual no Ministério Público Federal, ele e sua mulher, a subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio, alteraram totalmente um parecer redigido por eles mesmos um ano e três meses antes.
Não é só a simples mudança de posição a despertar dúvidas no episódio. Há uma diferença considerável entre os estilos do primeiro e do segundo texto. E são totalmente distintas a primeira e a segunda assinatura da subprocuradora-geral nos pareceres.
O alvo principal da ação é o deputado federal Protógenes Queiroz, delegado federal responsável pela Operação Satiagraha, investigação que levou à condenação em primeira instância de Dantas a dez anos de prisão. Há duas semanas, Gurgel e Claudia Sampaio solicitaram a José Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal, o prosseguimento de um inquérito contra o parlamentar que a própria dupla havia recomendado o arquivamento.
Pior: basearam sua nova opinião em informações falsas provavelmente enxertadas no processo a pedido de um advogado do banqueiro, o influente ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira.
É interessante entender a reviravolta do casal de procuradores. Em 20 de outubro de 2011, documento assinado pela dupla foi enviado ao STF para tratar de questões pendentes do Inquérito nº 3.152, instaurado pela 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
A ação contra Queiroz, iniciada pelo notório juiz Ali Mazloum, referia-se a pedidos de quebra de sigilo telefônico do então delegado federal, de Luís Roberto Demarco, desafeto de Dantas, e do jornalista Paulo Henrique Amorim, alvo de inúmeros processos judiciais do dono do Opportunity. O parecer foi encaminhado ao Supremo por causa do foro privilegiado assegurado ao delegado após sua eleição a deputado federal em 2010.
Nesse primeiro texto, Gurgel e Claudia Sampaio anotam: “O Ministério Público requereu a declaração de incompetência do citado juízo para processo e julgamento do feito (…); a declaração de nulidade da prova colhida de ofício pelo magistrado na fase pré-processual, bem como o desentranhamento e inutilização”.
O segundo parecer é completamente diferente. Em 12 de março deste ano, o casal solicita a Toffoli vistas dos autos. Alegam, no documento, que um representante de Dantas os procurou “diretamente” na PGR com “documentos novos”. O representante era Junqueira, e os “documentos novos”, informações sobre uma suposta apreensão de dinheiro na casa de Queiroz e dados acerca de bens patrimoniais do delegado. Tudo falso ou maldosamente distorcido.
Apenas seis dias depois, em 18 de março, Gurgel e sua mulher encaminharam a Toffoli outro documento. Tratava-se do encadeamento minucioso de todas as demandas de Dantas transcritas para o papel, ao que parece, pelo casal de procuradores.
Ao que parece, pois o estilo do segundo texto destoa de forma inegável da redação do primeiro. Em 11 páginas nas quais consideram “fatos novos trazidos pela defesa de Daniel Dantas”, o procurador-geral e a esposa afirmam ter cometido um equívoco ao solicitar o arquivamento do inquérito em 2011.
O novo parecer acolhe velhas teses de Dantas para explicar seus crimes. Segundo o banqueiro, a Satiagraha foi uma operação montada por desafetos e concorrentes interessados em tirá-lo do mercado de telefonia do Brasil.
O Opportunity era um dos acionistas da Brasil Telecom e há quase uma década vivia em litígio com os demais sócios, a Telecom Italia e os maiores fundos de pensão do País.
A mentira incluída pelos procuradores no pedido de reabertura do caso diz respeito à apreensão de 280 mil reais em dinheiro na casa de Queiroz durante uma busca e apreensão determinada pela 7ª Vara Federal de São Paulo em 2010.
Segundo Gurgel e Claudia Sampaio, “haveria registro até mesmo de conta no exterior”, e insinuam, com base em “indícios amplamente noticiados na imprensa”, que o deputado do PCdoB teria um patrimônio “absolutamente incompatível” com as rendas de funcionário público. Citam, na lista de suspeitas, dois imóveis doados ao hoje parlamentar por um delegado aposentado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, José Zelman.
“É incrível, mas o procurador-geral da República plantou provas falsas em um processo do STF a pedido do banqueiro bandido Daniel Dantas”, afirma Queiroz. E Toffoli não só acatou o pedido da Procuradoria Geral como, na sequência, autorizou a quebra do sigilo bancário do deputado e o sigilo telefônico de Demarco. Postas sob segredo de Justiça, as medidas tomadas pelo ministro do STF só foram informadas ao deputado há 15 dias.
Sua primeira providência foi exigir do STF uma certidão dos autos de apreensão e busca citados pelo Ministério Público. O parlamentar foi à sala de Toffoli. Recebido pela chefe de gabinete Daiane Lira, saiu de mãos vazias. 

Queiroz solicitou a mesma certidão a Mazloum, que o condenou em 2010 a três anos de prisão por vazamentos de informações da Satiagraha. Uma fonte acima de qualquer suspeita, portanto.
Segundo o parecer enviado a Toffoli por Gurgel e senhora, Mazloum ordenara a busca que resultou na apreensão dos tais 280 mil reais. O juiz enviou a certidão ao STF, mas não sem antes declarar publicamente a inexistência de qualquer apreensão de dinheiro na residência do delegado. “Isso é fantasia. Em nenhum momento apareceu qualquer apreensão de dinheiro. Acho grave uma acusação baseada em informações falsas”, afirmou o juiz na quarta-feira 29 ao blog do jornalista Luis Nassif.
O deputado encaminhou uma representação contra o procurador-geral no Conselho Nacional do Ministério Público. Na queixa, anexou diversas informações, entre elas escrituras de seus imóveis.
Os documentos provam que seu patrimônio atual foi erguido na década de 1990, quando atuava como advogado e antes de ingressar na Polícia Federal. Zelman, padrinho de batismo de Queiroz, doou ao afilhado dois imóveis em 2006, bem antes da Satiagraha, portanto.
Os procuradores também miraram em Demarco, ex-sócio do Opportunity que travou uma longa batalha judicial contra Dantas.
Com base em notícias publicadas pelo site Consultor Jurídico, de propriedade de Márcio Chaer, dono de uma assessoria de imprensa e um grande amigo do ministro Gilmar Mendes, Gurgel e Claudia Sampaio voltam a uma espécie de bode na sala, um artifício batido recorrentemente evocado pelos advogados do banqueiro: a investigação em Milão de crimes de espionagem cometidos por dirigentes da Telecom Italia.
A tese de Dantas, sem respaldo na verdade, diga-se, é que os italianos financiavam seus desafetos no Brasil, inclusive aqueles infiltrados no governo federal e na polícia, para persegui-lo.

Procurado por CartaCapital, Demarco preferiu não comentar o caso, mas repassou três certidões da Procuradoria da República de Milão que informam não existir nenhum tipo de investigação contra ele em território italiano.
Dantas costumava alardear, segundo o conteúdo de escutas telefônicas da Operação Satiagraha, que pouco se importava com decisões de juízes de primeira instância por ter “facilidades” nos tribunais superiores. De fato, logo após ser preso e algemado por Queiroz em 2008, conseguiu dois habeas corpus concedidos pelo ministro Gilmar Mendes em menos de 48 horas.
Um recorde. As motivações de Toffoli ao atender o pedido de Gurgel e Claudia Sampaio sem checar a veracidade das informações continuam um mistério. A assessoria do ministro informou que ele não vai se manifestar sobre o assunto por se tratar de processo sob segredo de Justiça.

Ditadura lulopetista extermina ornitorrincos do Brasil



Extermínio de ornitorrincos no Brasil

Blog do Emir Sader

As coisas funcionam assim:
Um domingo a Veja denuncia que o governo teria pronto um plano para eliminar todos os ornitorrincos do território nacional.

À noite, o Fantástico, com uma reportagem cheia de detalhes, dando a impressão que já a tinha preparada, rogando aos espectadores para que façam algo para parar o extermínio. E, enquanto soa uma música dramática de fundo, diz que não façam por cada um de nós, mas pelos ornitorrincos.

No dia seguinte, a Folha intitula: "Feroz investida do governo contra os ornitorrincos". "Ameaça de extinção"

Na terça, o Jô coloca a pergunta: Vão desaparecer os ornitorrincos? Como os brasileiros não reagem frente à extinção dos ornitorrincos?

Miriam Porcão fala da escassez dos ornitorrincos, com seus reflexos na inflação e na pressão para novo aumento da taxa de juros.

FHC escreve sobre a indiferença do Lula e a incompetência gerencial do governo para proteger a vida de um animal que marcou tão profundamente a identidade nacional como o ornitorrinco.

Aécio diz que está disposto a por em prática um choque de gestão, similar ao que realizou em Minas, onde a reprodução dos ornitorrincos está assegurada.

Marina diz que a ameaça de extinção dos ornitorrincos é parte essencial do plano do governo da Dilma de extinção do meio ambiente. Que assim que terminar de conseguir as assinaturas para ser candidata, vai apelar a organismos internacionais a que intervenham no Brasil para evitar a extinção dos ornitorrincos.

Marcelo Freixo denuncia que são milícias pagas pelo governo os que estão executando, fria e sistematicamente, os ornitorrincos.

Em editorial, o Estadão afirma que o extermínio dos ornitorrincos faz parte do plano de extinção da imprensa livre no Brasil e que convocará reunião extraordinária da SIP para discutir o tema.

Um repórter do Jornal Nacional aborda o ministro da Agricultura, perguntando os motivos pelos quais o governo decidiu terminar com os ornitorrincos, ao que o ministro, depois de olhar o microfone, para saber se é do CQC, respondeu: Mas se aqui não há ornitorrincos! O repórter comenta para a câmera: No governo não querem admitir a existência do plano de extermínio dos ornitorrincos, que já está sendo posto em prática.

Começam a circular mensagens na internet, que dizem: "Hoje todos somos ornitorrincos" e "Se tocam em um ornitorrinco, tocam a todos nós".

Heloisa Helena declara que os ornitorrincos são só o princípio e que o governo não tem limites na sua atuação criminosa, os coalas e os ursos pandas que se cuidem.

Uma ONG com sede em Washington lança uma campanha com o lema: "Fight against Brazilian dictatorship!! Save the ornitorrincs!!"

O Globo, Folha e o Estadão com a mesma manchete: Sugestivo silêncio da presidente confirma culpabilidade.

Colunista do UOL diz que, de fonte segura, lhe disseram que o governo, diante da péssima repercussão do seu plano de exterminar os ornitorrincos, decidiu retroceder.

Todos os jornais editorializam, no final da semana, que os ornitorrincos do Brasil estão salvos, graças à heroica campanha da imprensa livre.

(Este artigo é a simples tradução e adaptação dos nomes para personagens locais, de um texto que corre nas redes da Argentina. As coisas funcionam assim lá e aqui)



Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP - Universidade de São Paulo.

QUEM DARÁ COERÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO?


* O Financial Times é tolerante com o fiasco conservador em seu país, onde a fome está de volta, mas critica o governo Dilma que dirige uma economia perto do pleno emprego (leia a análise de Marcelo Justo, de Londres; nesta pág.)  

O país ingressa num ciclo de transição do modelo de crescimento que o poupou  até agora da desordem neoliberal. Uma dúzia de variáveis desafiam a coerência e o dinamismo dessa marcha. Cada uma tem um custo e nem sempre -ou melhor, quase nunca--combina com a outra. Quem decide o que é coerente na macroeconomia do desenvolvimento é a correlação de forças da sociedade. Como e quando a CUT, o MST e demais organizações sociais vão intervir nessa dobra do caminho? 
O conservadorismo, como aconteceu em 32, em 54, em 64  e na década de 90 apressa-se em atualizar o seu roteiro eterno de futuro. Editoriais, como o da Folha deste domingo (‘Um plano Dilma'), listam os requisitos do cardápio. Tudo para o Brasil  ‘voltar a crescer de forma saudável',  diz  o epíteto sobre a lápide das conquistas sociais. O Brasil mudou. Pela via eleitoral dificilmente a pasta de dente marchará resignada para dentro do tubo conservador. O equivalente a uma Argentina engrossou as filas dos supermercados e das lojas de departamento na última década. As encomendas do pré-sal figuram como o maior mercado de plataformas dos sete mares. O mundo rico cobiça o apetite brasileiro num momento em que o principal gargalo do planeta é a falta de demanda. Vista desse ângulo, a travessia em curso adquire contornos semelhantes a grandeza das escolhas feitas por Getúlio nos anos 50. A industrialização ocupa, de novo,  o centro da disputa sobre o passo seguinte da nossa história. Nos anos 50, um pedaço das forças progressistas só foi perceber o seu lado quando o povo já estava nas ruas apedrejando os carros do jornal O Globo. Getúlio dera um cavalo de pau na história com um único  tiro. O mesmo que ecoa até hoje como divisor do desenvolvimento nacional. (LEIA MAIS AQUI)


Brasil e Reino Unido: o duplo tratamento do Financial Times




O esquema Globo de publicidade

Líder na arrecadação de verbas publicitárias entre todos os meios de comunicação, a Globo se vale de uma prática que os grandes grupos de mídia preferem ocultar: o pagamento das Bonificações por Volume (BV), apontado por especialistas como um dos responsáveis pelo monopólio da mídia no país. Por Patrícia Benvenuti, do Brasil de Fato

Mais de 16 milhões de comerciais por ano e um relacionamento com 6 mil agências. Esse é um resumo do desempenho da Rede Globo junto ao mercado publicitário brasileiro, orgulhosamente exibido na página de internet da emissora.

Líder na arrecadação de verbas publicitárias entre todos os meios de comunicação, a Globo também mostra sua força em cifrões. Somente em 2012, os canais de TV (abertos e por assinatura) das Organizações Globo arrecadaram R$ 20,8 bilhões de reais em anúncios, segundo informe divulgado pela corporação.

Por trás dos números, porém, se esconde uma prática que os grandes grupos de mídia preferem ocultar: o pagamento das Bonificações por Volume (BV), apontado por especialistas como um dos responsáveis pelo monopólio da mídia no país.

Monopólio
Desconhecidas pela grande maioria da população, as Bonificações por Volume são comissões repassadas pelos veículos de comunicação às agências de publicidade, que variam conforme o volume de propaganda negociado entre eles.

A prática existe no Brasil desde o início da década de 1960. Criada pela Rede Globo, seu objetivo seria oferecer um “incentivo” para o aperfeiçoamento das agências. Com o tempo, outros veículos aderiram ao mecanismo, que hoje é utilizado por todos os conglomerados midiáticos no Brasil.

O pagamento dos bônus, no entanto, é alvo de críticas de militantes do direito à comunicação, que argumentam que a prática impede a concorrência entre os meios de comunicação na busca por anunciantes. Isso porque, quanto mais clientes a agência direcionar a um mesmo veículo, maior será o seu faturamento em BVs.

Para o professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB) Venício Artur de Lima, a prática fortalece os grandes grupos, já que leva anunciantes aos meios que recebem publicidade. “Exatamente por terem um volume alto de publicidade é que eles [meios] podem oferecer vantagens de preço”, explica.

O resultado desse processo, segundo o professor, é a dificuldade de sobrevivência dos veículos de menor capacidade econômica, que não têm recursos para as bonificações. “Você compara um blog ou um portal pequeno com um portal da UOL, por exemplo. Não tem jeito de comparar, são coisas desiguais”, afirma.

Antes restrita às mídias tradicionais, as bonificações vão ganhando novos nichos. De acordo com agências de publicidade e com o presidente do Internet Advertising Bureau (IAB), Rafael Davini, atualmente o Google também utiliza BVs. Segundo informações do mercado, o Google seria hoje o segundo grupo em publicidade no Brasil, ficando apenas atrás da Rede Globo.

Líder em BVsO exemplo mais forte da relação entre bônus e concentração, para o jornalista e presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, é o caso da televisão. “Todos os canais fazem isso, é uma forma de manter a fidelidade da agência de publicidade com o veículo. Só que, como a Globo é muito poderosa, a propina é muito maior”, diz.

De acordo com dados do Projeto Inter-Meios, da publicação Meio & Mensagem, a publicidade destinada à TV aberta em 2012 foi de R$ 19,51 bilhões. Cerca de dois terços desse valor ficaram com a Globo.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e editor da Revista Fórum, Renato Rovai, outro procedimento adotado pela emissora é o repasse antecipado dos bônus. “A Globo estabelece uma bonificação por volume de publicidade colocada e antecipa o recurso. Aí a empresa fica presa a cumprir esse objetivo. É assim que fazem o processo de concentração”, ressalta.

Borges critica ainda o silêncio midiático em torno do assunto. “É um tema-tabu, nenhum veículo fala. Como todo mundo utiliza, ninguém pode reclamar. Fica todo mundo meio cúmplice”, dispara.

Regulamentação
Em 2008, as bonificações foram reconhecidas e regulamentadas pelo Conselho Executivo das Normas Padrão (CNPE), entidade criada pelo mercado publicitário para zelar as normas da atividade. O CNPE classifica os bônus como “planos de incentivo” para as agências.

Dois anos depois, as bonificações foram reconhecidas também por lei. Elas estão previstas na Lei nº 12.232, que regulamenta as licitações e contratos para a escolha de agências de publicidade em todas as esferas do poder público. Segundo o texto, “é facultativa a concessão de planos de incentivo por veículo de divulgação e sua aceitação por agência de propaganda, e os frutos deles resultantes constituem, para todos os fins de direito, receita própria da agência”.

Para Renato Rovai, a aprovação do texto agravou o problema. “É uma corrupção legalizada. Nenhum lobby é legalizado no Brasil, mas o BV é”, critica o presidente da Altercom.

A Lei nº 12.232 também foi objeto de polêmicas durante o julgamento da ação penal 470, no caso que ficou conhecido como “mensalão”. Isso porque o texto original da lei permitia que as agências ficassem com o bônus, mas só para contratos futuros. Entretanto, uma mudança feita na Comissão de Trabalho em 2008 estendeu a regra a contratos já finalizados. O fato gerou discordância entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ayres Britto chegou a afirmar que as alterações foram feitas para beneficiar os réus do “mensalão”, acusados de peculato referente a desvios de Bvs.

Mudanças
Mudar a legislação, na avaliação do presidente da Altercom, é um passo fundamental para acabar com a prática das bonificações por volume. No entanto, são necessárias mais medidas para reverter o quadro atual da mídia no país. “É preciso mudar a regulamentação e criar um novo marco legal, incluindo as agências”, defende Rovai. Uma das propostas para isso é o Projeto de Lei de Iniciativa Popular para as Comunicações. Criado por organizações populares, o PL visa, dentre outros objetivos, combater o monopólio no setor e garantir mais pluralidade nos conteúdos.

Em seu artigo 18, o projeto propõe que “os órgãos reguladores devem monitorar permanentemente a existência de práticas anticompetitivas ou de abuso de poder de mercado em todos os serviços de comunicação social eletrônica”, citando “práticas comerciais das emissoras e programadoras com agências e anunciantes”. Para se transformar em um projeto de lei, a proposta precisa de um 1,3 milhão de assinaturas.


DIAS: GURGEL MOSTRA A SUA FÉ Gurgel não se apega à lei, mas às convicções políticas.

Conversa Afiada reproduz a abertura da “Rosa dos Ventos”, imperdível seção da Carta Capital, sob a regência de Mauricio Dias:

GURGEL MOSTRA SUA FÉ

Roberto Gurgel, o mais controvertido dos procuradores na história da República, tomou e toma decisões que marcaram e marcarão de forma melancólica o desfecho do mandato dele na Procuradoria-Geral em agosto.

Uma dessas decisões, a mais recente, é o fato de Gurgel ter mandado para as profundezas do arquivamento a ação que envolve os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL) e João Capiberibe (PSB).  Ambos, em tese, da base governista. Na prática, não.

Gurgel, ao contrário de Geraldo Brindeiro, que engavetava tudo que o governo FHC queria engavetado, tem ido muito além do engavetar ou desengavetar. Ele deu clara noção de sua orientação política.

Há outras diferenças. Fiquemos, por enquanto, no fato de que o procurador-geral ora desengaveta, ora engaveta. Engavetou, por exemplo, o caso citado acima.

O episódio ocorreu em 1999, quando Randolfe era deputado estadual e Capiberibe, governador do estado. Nesse período, conforme denúncia feita por Fran Soares Junior (PP), Randolfe teria recebido dinheiro além do salário regulamentar para votar projetos de interesse do governador. Há conversas gravadas, periciadas, entre Capiberibe e o deputado João Brandão, com menção clara sobre isso.

Randolfe, a única flor do PSOL no Jardim do Senado, nega tudo. E justifica alguns recibos que assinou. Não justifica todos ou tudo. Há recibos, assinados por Randolfe, reconhecidos como legais por análise feita pelo perito Ricardo Molina. Há também gravações em áudio, periciadas, que reforçam a denúncia.

Se fosse possível admitir dúvidas em favor de Randolfe, seria impossível engolir o arrazoado de Gurgel que conduziu a representação para o arquivo sob a alegação de que os fatos narrados na representação “são inverídicos”.

Eis algumas razões em contrário:

– Não houve montagem dos áudios.

– O procurador-geral faz “exercício argumentativo” para deduzir que “a representação noticiou fatos inverídicos”.  Também faz descaso das provas apresentadas, indiferente ao fato de que só a perícia pode averiguar a veracidade da prova técnica.

– Gurgel foi além de sua competência. O Ministério Público analisa as questões de direito. As de fato competem exclusivamente a peritos.

– A acusação diz que não apresentou todos os recibos assinados por Randolfe, porque teriam sido recolhidos pela Polícia Federal. Gurgel poderia averiguar. Oficiaria à PF sobre os recibos e, se existissem, os submeteria a exame pericial.

Gurgel navega orientado por bússola política e com a frieza de um frade de pedra. É possível perceber a linha que norteia as decisões que toma. Não é uma linha reta. Bem avaliada, nota-se, porém, como é definida. Por isso é possível supor que, só aparentemente, a decisão beneficia Randolfe e Capiberibe. O arquivamento, falho e apressado, mantém sobre os dois um incômodo ponto de interrogação.

Gurgel não é profissional descuidado. Ele sempre sabe o que faz.

Em tempo: 
clique aqui para se espantar com outro capítulo melancólico desse fim de mandato daquele queCollor chama de “prevaricador”: o artigo de Leandro Fortes, também na Carta (e só na Carta !), sobre “a estranha mudança de parecer de Gurgel a favor do banqueiro Daniel Dantas “.

aqui para ler a assinatura de Randolphe é de Randolphe.

Não deixe de ler também o verbete “Daniel Dantas” na WicKepedia, de autoria de Aurélio Buarque de Espanha.

Em tempo2: esse Bessinha não é um gênio, amigo navegante ?

E Viva o Brasil !


Paulo Henrique Amorim

Um recorde após outro. E a Petrobras “em crise”?


1 de Jun de 2013 | 10:52








A “crise” da Petrobras, que insistentemente tem sido propagandeada pela mídia, é real?
É apenas uma jogada de negócios.
Esta semana, a empresa apresentou resultados extraordinários, que pouca repercussão tiveram na imprensa.
A produção de petróleo cresceu 4,2%, recuperando a redução provocada, no mês anterior, por paradas de manutenção em algumas plataformas, um processo que não terminou e que é vital para a segurança operacional dos campos.
O pré-sal bateu recorde de produção, com 311 mil barris diários. E que logo irá cair também, com a entrada em operação plena do navio Cidade de Paraty, este da foto,que vai interligar e colocar em produção os poços do campo de Lula Nordeste, que progressivamente atingirá 120 mil barris diários de petróleo. Mais 11 novas plataformas entrarão em operação para a produção do pré-sal até o fim de 2016 e a produção de petróleo operada pela Petrobras na camada pré-sal,em 2017, passará de um milhão de barris de petróleo diários.
E o refino, que depende de forma vital da conclusão do Comperj,  em Itaboraí, e da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, também atingiu recorde, com 2,17 mil barris/dia processados, sem aumento nas plantas de produção.
O discurso entreguista, que não funcionou em relação ao petróleo em 60 anos, agora apela para uma suposta “partidarização” da Petrobras, que a estaria tornando ineficiente.
Mas ineficiente em que, diante de seus resultados?
O jogo é outro, e visa enfraquecer o controle brasileiro sobre o pré-sal.
Que está garantido, como já se demonstrou aqui.
E que representa uma galinha dos ovos de ouro em que todos querem botar a mão.
 Por: Fernando Brito

Dólar em alta é só aqui?

Agora que conseguiram um naco maior do que esperaram do dinheiro público, com a estúpida alta dos juros promovida pelo Banco Central, a turma da bufunfa – genial expressão do economista Paulo Nogueira Batista Jr.  - volta-se agora para o mercado cambial.
Todo mundo sabe que há uma subvalorização histórica do dólar frente ao real, que – exceto em momentos de forte especulação – tem se mantido em torno de 25-30%.
A valorização da moeda americana em 7% durante o mês de maio, porém, tem pouco a ver com um movimento de correção cambial.
Muito menos com uma eventual instabilidade da economia brasileira.
A moeda americana se valorizou com os dados positivos da economia americana e com a “piscadela de olho” que o presidente do Federal Reserve deu para uma eventual alta dos juros naquele país.
A  lira turca, o rand sul-africano e o peso mexicano também chegaram a cotações mínimas frente ao dólar. A rúpia indiana caiu 5% no mês e nem o yuan chinêsescapou da queda frente à moeda americana.
Mas, à parte o alarmismo típico do terrorismo midiático, não há razão para crer em disparada do dólar.
Isso, claro, se o Banco Central quiser lançar mão do petardo  que são nossas reservas cambiais de US$ 374 bilhões, dez vezes maiores do que as que Fernando Henrique Cardoso deixou para Lula, em janeiro de 2003.
Um pedacinho  delas sossega quaisquer especulações em um mercado que movimenta US$ 2 bilhões por dia, que rodam, rodam, rodam.
O mercado de dólar no Brasil, ao contrário do que ocorre na maioria dos países, não tem seus preços formados, essencialmente, pela negociação à vista. São os contratos futuros que formam a cotação da moeda.
 Por: Fernando Brito

Dilma caiu e o PIG não viu?!

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Quem quiser ter uma pálida ideia da quantidade de trapaças políticas que serão empreendidas pela direita midiática no ano que vem para tentar recolocar o PSDB no poder tem que prestar atenção a uma das mais claras que já se viu e que foi lançada neste domingo.
A suposta “notícia” é bombástica. Sendo verdadeira, encerraria o fato político mais importante dos últimos dez anos: segundo a Folha de São Paulo, após uma década em que os dois presidentes da República que o país teve no período desfrutaram de popularidade nas alturas, a atual detentora do cargo teria sofrido uma IMENSA queda de popularidade.
Não é pouca coisa. Só no período mais difícil do governo Lula (2005) algumas pesquisas chegaram a registrar, por dois ou três meses, recuo em sua popularidade. E isso no âmbito de uma crise política só comparável à que provocou o impeachment de Fernando Collor.
De janeiro de 2006 para cá, tanto Lula quanto Dilma vieram ganhando popularidade mês a mês. O primeiro terminou seu mandato (2010) com cerca de 80% de aprovação e a segunda, até as últimas sondagens oficiais divulgadas chegara ao mesmo patamar do antecessor.
Eis que, neste domingo, o país recebe uma informação que encerra um terremoto político: segundo a Folha de São Paulo, que também é dona do instituto de pesquisas Datafolha, Dilma perdeu nada mais, nada menos do que DEZ PONTOS PERCENTUAIS de aprovação.
Por muitas vezes este Blog duvidou de pesquisas de opinião sobre política. Contudo, sempre durante campanhas eleitorais. Nesses momentos, o instituto Datafolha, entre outros, divulgou números que depois não vingaram e o candidato que seria prejudicado por eles acabou vencendo a eleição.
Neste momento de bombardeio midiático contra Dilma, até daria para crer em uma sua queda de popularidade. A campanha contra ela está avassaladora. Não passa um só dia sem que os grandes meios de comunicação digam ao país que está à beira do abismo.
Se a “notícia” sobre a enorme queda de popularidade de Dilma tivesse vindo de uma pesquisa Datafolha ou Ibope, apesar da suspeição de esses institutos serem vinculados a interesses políticos até daria para acreditar neles devido ao ímpeto da campanha de desmoralização do governo que se vê em curso.
O grande problema é que a informação não foi apurada por nenhum instituto de pesquisa conhecido. O jornal oposicionista não diz quem fez a pesquisa e não dá detalhe algum sobre ela além do tamanho do tombo da popularidade de Dilma.
Ainda assim, vá lá, tenhamos boa vontade. Uma fonte palaciana poderia, sim, ter feito essa inconfidência a um dos maiores inimigos do ocupante do Palácio do Planalto – traição é quase uma norma na política.
Mas mesmo com toda boa vontade do mundo, reflitamos um pouco mais.
Segundo a Folha, a estrondosa queda de popularidade de Dilma teria ocorrido em abril após a presidente, em março, ter dado declarações que, na visão do veículo, contemporizaram com mais inflação em troca de mais crescimento econômico.
Até aí, tudo bem. Se formos analisar a razão para essa perda de popularidade, porém, vamos concluir que uma legião de brasileiros, que em uma década jamais deixou de apoiar o governo federal, de repente mudou de ideia por uma simples frase da presidente.
Eita povo politizado e atento, o brasileiro! Sendo verdade, estamos melhorando muito…
Mas não é só isso. Como é que a mídia, os institutos de pesquisa, os partidos de oposição, enfim, todos aqueles que anseiam há UMA DÉCADA por uma notícia dessas perderam a chance de apurar que, após tanto tempo, finalmente a artilharia deles surtiu efeito?
A última pesquisa de um grande instituto sobre a aprovação de Dilma foi a CNI-Ibope, divulgada em 19 de março. Nela, 79% dos entrevistados disseram aprovar a forma com que ela governa o país.
Em abril – quando, segundo a Folha, Dilma despencou – não foi divulgada nenhuma pesquisa, mas isso não significa que tanto o governo quanto seus adversários pararam de apurar a popularidade da presidente.
Como acreditar que uma queda tão expressiva de popularidade – dez pontos, em estatística, é uma enormidade – tenha ocorrido e a mídia e os partidos de oposição, com seus mega institutos de pesquisa, não perceberam nada e que só o governo percebeu?
O mais impressionante, no entanto, talvez não seja o “cochilo” da oposição midiática, mas a recuperação da popularidade da presidente por ela ter permitido a alta dos juros em abril e, de novo, agora em maio.
A tese sugere que juros mais altos eram um clamor nacional. Como Dilma aceitou encher um pouco mais os bolsos dos banqueiros, sua popularidade se recuperou e voltou para onde estava, ou quase para onde estava, pois hoje teria recuperado 8 dos 10 pontos perdidos.
Sob um fenômeno tão incrível (literalmente), claro que não dá para apurar se isso de fato ocorreu. Como nenhum grande instituto de pesquisa e os partidos de oposição não apuraram nada e a popularidade da presidente teria se recuperado após cair, só o que se tem é a palavra da Folha.
Fontes do governo que certamente não falaram à Folha, no entanto, disseram a este Blog exatamente o contrário, que a popularidade de Dilma não cedeu um mísero ponto e, mais ainda, que não deve ceder.
Não se descarta a possibilidade de o governo não querer admitir uma queda de popularidade que apurou. Mais uma vez, diante da imensa campanha que tomou toda a grande mídia e que vende que o país estaria em ruínas – enquanto o governo se cala –, não seria de espantar.
Contudo, é de se perguntar o que o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, veio fazer em um país arruinado, à beira do abismo. E, ainda por cima, louco para fazer negócios com ele, praticamente implorando aos empresários brasileiros que façam negócio com seu país.
Mas vejam só o Partido da Imprensa Golpista, hein… Quanta incompetência, meu Deus! Finalmente a popularidade de Dilma caiu, só que o PIG não viu.
A volta do voto censitário
Está rolando no Facebook uma petição de militantes do PSDB que, na prática, reinstitui no país o voto censitário.
Para quem não sabe, voto censitário é a concessão do direito apenas àqueles cidadãos que atendem certos critérios que provem condição econômica.
No Brasil, o voto censitário foi estabelecido pela constituição de 1824 e abolido pela de 1891.
O voto censitário esteve em vigor durante todo o período monárquico brasileiro. Para os padrões da primeira metade do século XIX, o critério exigia renda de 100 mil-réis para votar.
Abaixo, a imagem da campanha fascista que está recebendo adesões de montes de eleitores de oposição.