Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 26 de março de 2013

FSM 2013: UM MIRANTE DA ESQUERDA MUNDIAL


Sede do FSM de 2013, Túnis foi o lugar onde  começou a Primavera Árabe; Ben Ali, o tirano que monopolizava o poder  há 24 anos foi
derrubado pelos protestos pioneiros da população tunisiana, em 14 de janeiro de 2011. Menos de um mês depois cairia Hosni Mubarak, o coronel que exercia um poder  imperial  há quase três décadas, com sólido apoio norte-americano. Ruas e praças árabes adicionaram novos pontos de encontro à geografia da luta social no século 21. Houve um momento em que a indignação abriu uma larga avenida   unindo Túnis a praça do Sol;  a Tahrir  às  ruas de Roma; o centro de Lisboa a  Wall Street e Wall Street a Syntagma, em Atenas. A nova esquina do cortejo é Chipre (leia o especial neste pág), onde a festa especulativa sofreu uma parada súbita na 2ª feira. Discute-se nas ruas cipriotas um tema recorrente da agenda global: quem pagará pela congestão de um sistema financeiro engasgado na própria gula ,desde 2008? A resposta da restauração conservadora é sabida. Mais do mesmo desde então custa o dobro em saldo destrutivo. Paga-se em espécie. Libras de carne humana são penhoradas nas filas europeias do desemprego, dos despejos, da fome e da destruição de direitos sociais. A Espanha calcula que até o final deste ano o desemprego deixará 27% de sua população sem fonte de renda. Os centuriões do mercado financeiro, como os que pontificam 'uma purga' equivalente para o Brasil, dizem que o caminho é esse mesmo.  A supremacia financeira aposta na exaustão das ruas e das praças para  completar seu trabalho de convalescença restauradora.  A Primavera Árabe mostra que a história anda quando as multidões politizam seus passos.Mostra igualmente que as ruas também cansam. É imperativo ampliar espaços de poder que abriguem o fôlego renovador das primaveras antes que elas pereçam. O dilema de construir respostas à afasia destrutiva  dos mercados  desafia o torpor da esquerda mundial. O FSM da Tunísia é um mirante privilegiado dessa encruzilhada. Não se pode deixar de ouvi-lo. Leia a cobertura dos enviados especiais de Carta Maior.

Mauro Santayana

Os dois maiores problemas do homem são o mistério da morte e a ambição do poder. Lucrécio, em De rerum natura, associa uma coisa à outra, ao dizer que do medo da morte nasceram a fome do ouro e a ambição da glória – e glória, direta ou indiretamente, é poder.
A ambição do poder é legítima, mas quando não se submete à razão, costuma perder-se. Há dois paradigmas históricos clássicos sobre a conduta na busca e no exercício do poder. Um é o do Cardeal de Richelieu, o outro, o de Nero. O tutor e todo poderoso ministro de Luís 13 foi o modelo de todos quantos submeteram o poder à razão de Estado.
O imperador romano foi o mais enlouquecido dos tiranos. E há aqueles que, em sua paranóia, supõem que agem com lógica em sua insensatez, como Hitler. Entre nós, e em episódio menor e grotesco, tivemos o comportamento de Jânio Quadros, que chegou ao Planalto, e o de Lacerda, que ficou no caminho.
José Serra é um caso de estudo político. O jovem, filho de trabalhadores imigrantes, destacou-se na adolescência como líder estudantil. Era, na identificação ideológica do tempo, homem de esquerda. A formação, no exílio, que lhe não foi difícil, graças à solidariedade dos meios acadêmicos, fez dele um economista. Ao retornar, depois do exercício eventual do jornalismo, integrou-se no MDB e, assim, ocupou a Secretaria de Planejamento do governador Franco Montoro.
Serra, pelo que dizem as folhas, e ele não desmente, está se unindo ao governador de Pernambuco contra Aécio Neves. A menos que haja uma explicação psicanalítica, não se trata de um problema pessoal. Os dois sempre se deram bem,  não obstante os 20 anos a mais de Serra. O que está em jogo, e não se confessa, é o interesse de parcelas, minoritárias, das elites econômicas de São Paulo, que, sem qualquer razão objetiva, sempre viram, em Minas, a linha de resistência contra a hegemonia política e econômica dos bandeirantes sobre a Federação. Os mineiros não querem sobrepujar São Paulo, embora isso fosse natural e legítimo, porque uma nação só cresce na sadia competição regional. Os mineiros querem crescer em uma nação que cresça por igual. Qualquer um que conversar com o homem comum de Minas dele receberá essa certeza.
A meio caminho entre o Norte e o Sul históricos, e entre o litoral e o Oeste que eles, mineiros conquistaram em parceria com os paulistas, os montanheses, formados pelos povos de todas as procedências, não conseguem pensar fora do Brasil. O Brasil é o seu destino inafastável. Longe do mar e sem fronteiras com o Exterior, Minas sempre será o Brasil, mesmo na desgraçada hipótese de alguma secessão.
José Serra, desde o seu retorno, buscou o poder. Ao formar seu Ministério, Tancredo se viu compelido a não aproveitá-lo, nem aproveitar Fernando Henrique, mais por resistência do próprio PMDB de São Paulo do que pelo seu próprio arbítrio. Como todos sabem, o partido, em São Paulo, estava dividido entre Montoro e Ulysses, e os dois estavam ligados indissoluvelmente ao governador.
Para não desagradar uma ou outra ala, em momento difícil de conciliação nacional, o presidente eleito buscou personalidades estranhas a esse dissídio interno do partido, convocando Setúbal, Roberto Gusmão e Almir Pazzianoto para o Ministério. Talvez não fosse a equipe dos sonhos de Tancredo, mas era a que as circunstâncias permitiam.
A partir de então, foi notável a idiossincrasia de Serra  contra os políticos mineiros. Itamar, logo depois de ter escolhido um paulista para seu sucessor  – o que demonstra o espírito público nacional dos mineiros – passou a ser olhado com desprezo por Serra, por Fernando Henrique, pela avenida Paulista e seus arredores.
Em 2010, os mineiros se movimentaram para que Aécio fosse candidato à sucessão de Lula. O PSDB de São Paulo impediu essa candidatura, embora Aécio houvesse proposto consulta formal às bases nacionais do partido. Houve quem defendesse a candidatura de Serra sob o argumento da precedência etária, como se os idosos tivessem preferência constitucional ao poder. Aécio renunciou à postulação, elegeu-se senador e elegeu seu sucessor no Palácio da Liberdade.
Agora, a sua candidatura à presidência de seu partido – de que foi fundador – é claramente sabotada pelo ex-governador José Serra e pelos seus aliados do PSDB de São Paulo. Com franciscano exercício de paciência, Aécio esteve ontem, à noite, em São Paulo, buscando, como é de seu dever, o entendimento improvável.
Depois do último encontro entre os dois, houve a aproximação entre  Serra e Eduardo Campos e se tornaram públicos os elogios recíprocos entre o paulista e o pernambucano.
Eduardo é neto de Miguel Arrais, um dos mais fiéis defensores do povo brasileiro. Ao ouvir o discurso de Tancredo, no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, o grande brasileiro disse que a vitória do mineiro estava além de seus sonhos. A aliança entre Pernambuco e Minas era vista como natural, na defesa da igualdade federativa no Brasil, como já ocorreu na História. Mas, ao que parece, ela está impedida pela ambição do poder de Serra, potencializada pela aspiração de Eduardo Campos à Presidência – sob o apadrinhamento interessado de Roberto Freire, esse outro renegado dos ideais juvenis.
Há nascidos em Minas que, pelas mesmas e insanas ambições, traíram a honra de seu povo, como foi o caso dos que se somaram aos americanos no golpe de 1964. Os autênticos mineiros, vindos de seu solo ético, já recolheram ofensas semelhantes e guardarão mais essa nos embornais de montanheses.
Se o PSDB de São Paulo, com os recursos conhecidos, impedir a marcha de Aécio, ele pode retornar às suas inexpugnáveis montanhas, e ao Palácio da Liberdade. Ali, com os braços livres, ele poderá, e sempre tendo em mente as razões nacionais, escolher o seu caminho na sucessão presidencial.
Minas, com sua História e seus valores, é a sólida patriazinha de que fala Guimarães Rosa.

Clique aqui para ler: Eduardo foi ao cassino: vermelho 36




A NOSTALGIA DA ORDEM DE SERVIÇO DE 1999



*Confisco de 30% sobre grandes depósitos salva Chipre da bancarrota iminente.

*Mas desencadeia pânico entre grandes correntistas na cadeia do euro

Pânico nas trincheiras do dinheiro graúdo: se Chipre é o novo nome do jogo, para onde fugir? Bancos e detentores do capital especulativo pagarão, a partir de agora, pelo saneamento da doença infecciosa que ajudaram a espalhar? Sim e não, diz  num mesmo par de horas o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Cinco anos depois da implosão da ordem neoliberal o terreno continua minado e escorregadio. Os riscos crescem. Chipre que o diga. É disso que tratam os presidenciáveis,  como Eduardo Campos e Aécio, quando se oferecem como o prato principal nos regabofes elegantes da plutocracia descontente com  o ‘intervencionismo da Dilma'. Quando a  folia financeira de uma pequena ilha põe em sobressalto o sistema bancário de um continente inteiro, porque a economia política tornou-se  escrava  da demência dos mercados, o que dizem essas vozes e os comensais desses regabofes? Falam a língua de 1999. O país, então, frequentava os guichês e o genuflexório dos credores. A fantasia do Real forte fora rasgada com uma fuga de capitais que, em três meses, esgotou as reservas  de US$ 74 bilhões. Desprovido de soberania sonante e ideológica, o governo  FHC assentiu às exigências dos mercados. A ordem de serviço foi detalhada em um memorando do Ministério da Fazenda que merece ser  lido. O Brasil de 2013 é um país radicalmente distinto daquele de 1999. Mas reside ali, ainda, a matriz das ideias que o conservadorismo acalenta para uma volta ao poder. (LEIA MAIS AQUI)


O que acontece no Chipre e por quê?


Mais uma vez a Troika atua com falta de inteligência e imprudência imperdoáveis. Irá carregar por muitos anos o sistema bancário cipriota, ao tentar reviver um morto que não poderá levantar a cabeça. Empobrece-se por décadas uma população, enquanto o modelo de paraíso fiscal permanece lá, intacto. Por Juan Torres López, do Rebelión



A grande maioria das pessoas se espantou quando ficou conhecido que a Troika (Comissão Europeia, Banco Cental Europeu e o FMI) acabara de ceder um empréstimo ao Chipre com a condição de privatizar serviços públicos e diminuir gastos e de estabelecer um imposto de 9,9% (como se fosse oferta de um supermercado) para depósitos acima de 100 mil euros e de 6,75% para os menores. 

Quando os cipriotas saíram correndo para os caixas eletrônicos para tirar seu dinheiro, viram-se impedidos de sacar a quantidade correspondente a este imposto, assim se estabeleceu um cerco de pura apreensão. E, como sempre acontecem essas coisas, sem que haja qualquer deliberação por parte do parlamento, que é onde se supõe estar funcionando a soberania popular que julga as grandes decisões nas sociedades que se chamam democráticas. 

O Chipre é uma das menores economias da União Europeia (seus depósitos bancários representam mais ou menos 0,2% do todo) e é um país pouco conhecido pelos europeus, exceto por sua tradicional oferta turística. Mas agora convém saber algo mais sobre este país, porque o que lhe ocorre hoje pode acontecer em pouco tempo com as maiores economias da Europa.

Uma brevíssima história
Chipre manteve desde os anos noventa uma economia modesta e relativamente saudável graças ao turismo. Contudo, entre 2001 e 2008 seu PIB cresceu uma média de 3,7%, bem maior que a da maioria dos países da Europa, enquanto sua dívida mantinha-se baixa, sem sequer alcançar, quando se estalou a crise, os 60% exigidos pela UE.

Mas a partir de 2010-2011 as coisas se complicaram para governo cipriota, as agências de risco rebaixaram a nota do Chipre e em 26 de junho de 2012 o governo solicitou formalmente ajuda à UE. O que tinha passado nestes anos de crescimento e as razões da queda são muito parecidas com o que ocorreu noutros lugares da Europa.

O Chipre entrou para o bloco do euro em 2007, mas tinha já vinculado sua moeda com o euro desde antes. Isso permitiu ao país ter juros baixos, ao mesmo tempo em que oferecia impostos vantajosos (na realidade, comportava-se como um autêntico paraíso fiscal). Registrou, assim, grandes entradas de capital que permitiram seu grande crescimento. Muitas destas entradas (algumas estimativas dizem entre 30 e 40% do total de depósitos) são provenientes dos oligarcas russos que lavavam seu dinheiro no país, do Reino Unido e inclusive (quando a crise eclodiu) da Grécia.

Os bancos canalizaram a entrada desta grande quantidade de liquidez e a puseram, em sua maior parte, no financiamento de uma bolha imobiliária muito parecida com a da Espanha. A partir de 2008-2009 compraram grandes volumes da dívida grega, muito rentável pela pressão que os mercados exerciam sobre o país heleno (os bancos cipriotas dedicaram ao país o equivalente a 25% do PIB do Chipre).

Os economistas neoliberais, e entre eles as autoridades europeias, consideraram nos anos de bonança que um setor bancário superdesenvolvido e impostos bastante reduzidos eram uma grande virtude da economia cipriota (o mesmo que diziam da Irlanda). A realidade se encarregou de pôr tal sabedoria em seu devido lugar: quando em 2011 realizou-se uma revisão da dívida grega (como será inevitável que aconteça noutros países), os bancos do Chipre quebraram. E os baixos impostos traduziram-se em um maior incremento da dívida e em quase nula a capacidade de manobra quando a dinâmica se viu travada e os gastos públicos tiveram de elevar-se (entre outras coisas, porque o desemprego disparou).

Em meio tudo isso, não se pode esquecer que também tiveram (assim como em outros países europeus e também na Espanha) um banco central dirigido por cúmplices dos banqueiros que nada disseram quando o desastre ainda estava em germe.

A intervenção 
Agora, com já ocorreu noutros países, os bancos quebrados levam consigo todo o resto da economia. É normal. Já dissemos muitas vezes: o financiamento é como o sangue da economia e, sem ele, a atividade econômica morre sem remédio. É verdade que deixar os bancos caírem sem alternativa de financiamento é suicida, mas não é menos suicida viver como zumbis que engolem todos os recursos que os dão.

Logo depois das mudanças, ganhou as eleições e entrou no governo o protegido da Merkel. A sorte estava lançada. Ainda que desta vez a Troika tenha ido mais além do que se esperava porque tomou uma decisão que se vende de nova, o castigo exemplar aos esbanjadores (agora na forma de mafiosos russos), mas que pode fazer com que o sistema bancário europeu exploda.

Resgatar um sistema morto, como o cipriota, significa mais ou menos duplicar a dívida pública do Estado (quase 150% do PIB). O empréstimo que dão ao Chipre, e que irá diretamente aos bancos, será de 10 bilhões de euros. Pouco para a União Europeia (lembremos que só a França e Alemanha gastaram oitenta vezes mais para resgatar seus bancos), mas é muito para o Chipre: quase metade de seu PIB.

O que equivale a dizer que será materialmente impossível que se possa pagar e muito menos possível com o plano de austeridade que aqui também se impõe. Terão de haver novos acordos mais adiante e, enquanto isso, cresce a miséria em um país que até agora tenta seguir adiante (ainda que, desde antes, poderia ter saído muito melhor se a UE não fosse cúmplice dos paraísos fiscais e não se tivesse firmado este modelo de financeirização neoliberal insustentável).

Mas isto, no caso do Chipre, não é tudo. Com a apreensão, tomada, de uma parte dos depósitos bancários, a UE revoga suas próprias normas e abre a torneira para que as pessoas acabem por retirar o quanto antes seu dinheiro dos bancos. Não só no Chipre, onde isto já está acontecendo, mas também em outros países. Veremos se não é agora que o paradoxo se expressará: de que tenha sido a própria Troika quem vai afundar também os bancos ao provocar que os contistas saquem seu dinheiro, já não mais somente por indignação, mas pela desconfiança que ela, Troika, mesma, provocou.

Claro que isto não será um desastre para todos. Já há muitos sites especializados que aconselham que os investidores europeus levem seu dinheiro para bancos na Alemanha, Holanda, Finlândia ou Luxemburgo. Seus bancos terão problemas.

Mais uma vez a Troika atua com falta de inteligência e imprudência imperdoáveis. Vão carregar por muitos anos o sistema bancário cipriota, ao tentar reviver um morto que não poderá levantar a cabeça. Afunda-se uma economia ao deixá-la sem financiamento, muito mais endividada que antes e sem recursos para pôr em marcha a atividade econômica. Empobrece-se por décadas uma população. O tanto que se diz atuar contra o dinheiro sujo dos russos, mas não se faz nada para acabar com os paraísos fiscais. É aí, neste desastre, que estão em germe as bases para que grandes grupos empresariais possam se fazer com a riqueza dos cipriotas, seus recursos naturais e serviços públicos.

Até quando?

Tradução: Caio Sarack

Presidente FHC, PT não governa para quem o senhor governou


Ilustríssimo senhor doutor Fernando Henrique Cardoso,
Quem lhe escreve é um cidadão comum, sem filiação político-partidária e que ainda guarda na memória o sofrimento pelo qual passou quando o senhor – vá lá – “governou” o Brasil. Aquela foi uma época de muito sofrimento para todos, presidente.
Eis por que leio no jornal O Estado de São Paulo, estupefato, que o senhor declarou, na segunda-feira (25.3), textualmente, que “Essa gente não sabe governar o país”.
Por óbvio, o senhor se referiu ao Partido dos Trabalhadores, ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma Rousseff, quem, desde os primeiros momentos da posse, brindou-o com cortesias que, a meu ver, foram exageradas e que, agora, o senhor retribui dessa forma.
Até entendo que, aos 80 e tantos anos, tendo deixado uma obra administrativa que a maioria absoluta dos brasileiros repudia até hoje – como mostram as sucessivas eleições que o seu partido perdeu –, o senhor esteja amargurado.
Contudo, presidente FHC, peço que entenda que o povo brasileiro – que ontem, quando lhe dava seus votos, o senhor dizia sábio – não o odeia. Apenas rejeita a sua forma de governar.
O senhor diz que o PT não sabe governar. O que as urnas dizem é que o PT realmente não sabe governar, mas não é para os milhões que o elegeram, reelegeram e re-reelegeram. O PT não sabe governar para os que foram priorizados pelo seu governo.
Para o povo brasileiro, presidente FHC, o PT sabe governar porque, em lugar do desemprego de 12,8% que o senhor deixou, implantou pleno emprego, com salários que se valorizam a cada mês.
Para o povo brasileiro, presidente FHC, o PT sabe governar porque, em lugar dos programas sociais de mentirinha que o senhor deixou, pôs o maior programa social do mundo, o qual retirou dezenas de milhões da pobreza e outros tantos milhões da miséria.
Para o povo brasileiro, presidente FHC, o PT sabe governar porque, em lugar da ausência total de divisas que o senhor deixou, construiu reservas cambiais de centenas e centenas de bilhões de dólares que, hoje, garantem imunidade do país a crises internacionais muito mais graves do que aquelas crises localizadas só em países mal governados que ocorreram à sua época.
Para o povo brasileiro, presidente FHC, o PT saber governar porque hoje a maioria afrodescendente que o IBGE diz haver no país está chegando às universidades, que não são mais “coisa de rico” como no seu tempo.
Para o povo brasileiro, presidente FHC, o PT sabe governar porque, ao contrário do que ocorreu no seu governo, hoje o Brasil não é visto como um país-mendigo que vagueia pelo mundo com o pires na mão – hoje, este país empresta dinheiro a países em dificuldades.
Para o povo brasileiro, presidente FHC, o PT sabe governar porque, ao contrário de juros de até 45% ao mês que o senhor chegou a pagar aos agradecidos banqueiros que lhe doaram o prédio do Instituto que leva seu nome, o PT reduziu esses juros a um dígito.
Para o povo brasileiro, presidente FHC, o PT sabe governar porque está, após tanto tempo, acabando com negociatas como as que tornaram a energia elétrica no Brasil a segunda mais cara do mundo.
Poderia ficar escrevendo laudas e mais laudas para explicar as razões pelas quais o povo brasileiro não elege mais presidentes do seu partido após a verdadeira praga de gafanhotos que foi seu governo, mas acho que já me fiz entender.
Este povo lhe nega votos enquanto ignora as mesuras desmesuradas e os elogios sem fundamento que alguns donos de impérios de mídia lhe fazem à toa, presidente. É que o povo brasileiro sabe que o senhor sabia governar, sim, mas apenas para uma minoria abastada.
Assim sendo, presidente, o senhor haverá de concordar que os brasileiros rejeitarem seguidamente o PSDB no comando do país confere a esta missiva uma verossimilhança que não será a sua desfaçatez que irá anular.
Atenciosamente,
Eduardo Guimarães
—–
O Estado de São Paulo
25 de março de 2013
GUSTAVO PORTO – Agência Estado
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez nesta segunda-feira duras críticas ao governo, ao PT e à base aliada. “Essa gente não sabe governar o País. Olha o que fizeram com o petróleo. É um crime”, exemplificou, numa referência à crise da Petrobras.
Fernando Henrique participa do Congresso do PSDB, em São Paulo.
“Juntaram o governo, com o partido, com o Estado, com o mesmo marqueteiro”, completou, numa referência aos anúncios feitos pela presidente Dilma Rousseff da redução do preço da energia e da desoneração da cesta básica, em cadeia nacional de rádio e televisão.
Ele classificou a alta de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) como um “pibinho que chega numa época em que outros países crescem”.
FHC alertou ainda para a alta da inflação e rebateu as afirmações de que o PSDB é partido de ricos e banqueiros. “Quem dá dinheiro para banqueiros sem parar são eles. Dão ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que dá aos bancos”, ironizou.
O ex-presidente deixou o evento antes do pronunciamento do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do senador Aécio Neves (PSDB-MG).