Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sobre mal-entendidos, preconceitos e hipocrisia


Por Sylvia Debossan Moretzsohn em 29/01/2013 na edição 731


Em Campinas (SP), a Polícia Militar divulga uma ordem de serviço orientando patrulhamento em determinado bairro com atenção especial a suspeitos “de cor parda e negra” (ver aqui). No Rio, um menino negro é enxotado de uma concessionária de carros de luxo pelo funcionário que viu nele apenas mais um moleque importuno e não supôs que pudesse ser filho adotivo do casal branco a quem atendia.
Diante da repercussão negativa, a polícia paulista tentou minimizar o episódio: explicou que a nota dizia respeito a um grupo específico de jovens com aquelas características, que vinham cometendo crimes na região – daí a especificação não apenas do bairro, mas do dia da semana e do horário –, mas reconheceu que “o texto foi redigido de forma equivocada”. No Rio, a concessionária demorou uma semana até se desculpar com os fregueses dizendo que tudo não passara de um mal-entendido, e aí sim a história ganhou destaque, primeiro nas redes sociais, e em seguida na imprensa.
O “mal-entendido” da PM disfarça precariamente o preconceito arraigado na corporação treinada para perseguir os marginalizados, e sintetizado na referência à “cor padrão” com a qual costumam ser identificados na comunicação entre policiais – muitos deles, por sinal, dessa mesma cor. Já o “mal-entendido” da concessionária provocou uma onda de protestos e até uma indignada manifestação da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro contra a discriminação racial. A ênfase nesse tema encobriu o principal: o preconceito social, presente nos mais variados aspectos da vida cotidiana e reiterado sistematicamente pela própria mídia hegemônica.
Os limites do protesto
O caso ocorreu num sábado (12/1): o casal disse que foi com seu filho mais novo, um menino negro adotado de 7 anos, a uma concessionária da BMW na Barra da Tijuca. O menino teria ficado numa sala vendo TV e quando se aproximou dos pais foi tratado rispidamente pelo funcionário, que lhe deu ordem para sair dali, numa improvável suposição de que seria mais um desses garotos que perambulam vendendo balas ou pedindo esmolas: a qualidade de seus trajes não deveria deixar dúvidas quanto a isto, embora esse ponto não tenha sido mencionado nas entrevistas.
O casal formalizou seu protesto e, como o pedido de desculpas saiu pela tangente, decidiu abrir uma página no Facebook com a denúncia: “Preconceito racial não é mal-entendido, é crime“. A iniciativa rapidamente ganhou a adesão de milhares de pessoas, embora não fossem raros os comentários depreciativos, que apontavam intenções escusas de alardear e exagerar o episódio para lucrar com ele. Também – e aqui reside o mais importante – apareceram ressalvas quanto à relevância do caso, comparado ao que ocorre sistematicamente com a população pobre de modo geral.
Daí as acusações de hipocrisia: se fosse um menino maltrapilho a circular entre os reluzentes modelos importados, mesmo que apenas para admirá-los, qual seria a reação dos clientes? Quantas vezes já vimos esses meninos serem escorraçados de lojas, bares, restaurantes, supermercados? O que costumamos fazer quando os avistamos nas ruas, perambulando ou encolhidos debaixo de marquises? Como essa gente é rotineiramente tratada pelos jornais?
Imprensa e preconceito social
Não é preciso muito esforço para verificar que os marginalizados são sistematicamente apresentados ora como um estorvo, ora como um perigo, a conspurcar ou ameaçar a tranquilidade dos “cidadãos de bem” que moram nos bairros mais valorizados da cidade. Tomemos, só para ilustrar, dois exemplos do Globo ao longo dos últimos anos: em 9/4/2008, o jornal expôs na capa um “menor” caído, rodeado por policiais, e a legenda sobre o sucesso da operação “Ipa-total”, em Ipanema, que havia recolhido “22 moradores de rua e quatro caminhões de lixo”. Alguma dúvida sobre o sentido da frase? De modo semelhante, em 11/3/2012, o jornal exibia três adultos maltrapilhos dormindo de manhã no Campo de Santana, uma das muitas “desprotegidas áreas verdes da Rio+20”. Pois, é claro, desprotegido está o parque, não aqueles indigentes que o transformam em casa.
Convenientemente, as reportagens sobre o episódio ocorrido com o menino acolhido pela família rica se mantiveram nos limites do preconceito racial. Na grande imprensa, uma rara menção quanto ao sentido mais amplo do preconceito social, que os frequentadores das redes sociais já notavam, foi a de Zuenir Ventura, ao final de seu artigo em O Globo (26/1), que também citava a discriminação contra babás em clubes de elite, objeto do noticiário recente.
O lugar de cada um
Em meados do ano 2000, um grupo de ativistas mobilizou mais de uma centena de pessoas, moradores da periferia do Rio, para uma “visita” ao shopping Rio Sul. O choque provocado com aquela “invasão” surtiu efeito: de repente, um monte de gente pobre e mal vestida entrava em lojas chiques, experimentava sapatos e roupas caras, deslumbrava-se com eletrodomésticos, comia marmitas nas praças de alimentação, andava pela primeira vez numa escada “volante”. Algumas lojas fecharam, outras os atenderam como se fossem clientes comuns, os vendedores fingindo naturalidade, a informar que aquela gigantesca televisão de plasma – então a última palavra em tecnologia, de preço proibitivo mesmo para a classe média – podia ser adquirida em suaves prestações.
Como meninos negros – e pobres – em concessionárias de carros de luxo, o lugar deles, evidentemente, não era ali.
***
[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)
]

COLLOR: SENADO NÃO PODE SE CURVAR A UM PREVARICADOR.


Collor também denunciou os que Tem “os meios de divulgação”!





No encaminhamento da votação para Presidente do Senado, o senador Fernando Collor lembrou que no próprio Senado tramita uma denuncia para julgar o brindeiro Gurgel como “chantagista e prevaricador”.

Denuncia feita pelo próprio Senador Collor.

Collor lembrou que poucos dias antes da eleição no Senado, o brindeiro Gurgel encaminhou denuncia ao Supremo contra Renan.

E horas antes da votação apareceu na Globo a íntegra da denuncia até então “secreta”.

Collor também denunciou o PiG – aqueles que, segundo ele, tem os meios de divulgação.

Ou seja, Collor peitou a Globo !

Clique aqui para ver o que Collor tem dito, da tribuna do Senado sobre o brindeiro Gurgel

Collor vota em Renan.


Clique aqui e assista a fala de Collor.

Paulo Henrique Amorim

Lula, Cristina e... Obama criticam papel da imprensa


Nesta semana, líderes criticaram a imprensa e seu papel político. Em Havana, Cuba, o ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que os meios de comunicação garantem a manutenção do status quo. O mandatário dos EUA, Barack Obama, declarou que a mídia “modela os debates”. Já a presidenta argentina, Cristina Kirchner, denunciou que a imprensa “utiliza a dor das pessoas para desgastar governos”.


Lula Cristina e Obama
 Presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, dos EUA, Barack Obama, e ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva
Discursando no encerramento da 3ª Conferência Internacional pelo Equilíbrio do Mundo, realizada em Cuba em homenagem ao 160º aniversário de nascimento do herói independentista, José Martí, Lula defendeu ser necessária uma “revolução na comunicação” no continente. 

Para ele, o tratamento midiático dispensado à esquerda, e principalmente aos líderes boliviano, Evo Morales, e venezuelano, Hugo Chávez, deve-se à “ira” pelo sucesso das políticas socioeconômicas: “não é que a imprensa não simpatize com Chávez porque se diz socialista e usa camiseta vermelha, não simpatiza porque ele promove políticas de inclusão”.

Obama

A visão de que a imprensa pauta de maneira desigual o debate político é compartilhada também pelo presidente Barack Obama que, em entrevista concedida à revista New Republic, afirmou: “um dos maiores problemas que temos na maneira como as pessoas retratam Washington é que os jornalistas valorizam a aparência de imparcialidade e objetividade e isso é uma praga tanto para republicanos, como democratas. Em quase todas as questões, agem como se democratas e republicanos não pudessem concordar – ao invés de questionar por que é que eles não podem concordar. Quem exatamente está nos impedindo de concordar?”, questiona.

Sobre a questão, o presidente afirma ainda que “se um membro republicano do Congresso não for punido na Fox News ou por Rush Limbaugh [um comentarista conservador] por trabalhar com um democrata em um projeto de lei de interesse comum, então você poderá ver mais deles fazendo isso”.

Cristina

A presidenta argentina – que trava uma batalha contra o conglomerado midiático do grupo Clarín para implantar a Ley de Medios que impede o monopólio de mídia no país – aproveitou as declarações de Obama para reforçar, nesta quarta-feira (30), em seu Twitter, sua posição. 

Ela questiona o lugar ocupado pelos grupos midiáticos que utilizam a “dor do próximo como estratégia política comunicacional para desgastar governos”. E ressaltou que, sob a pretensa defesa da liberdade de expressão, a imprensa nunca pode ser questionada ou criticada: “se um veículo de comunicação e um jornalista são questionados [na
Argentina]: ‘Perigo para a liberdade de imprensa’ seria a manchete doClarín”. 

Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva


ÚLTIMO TIRO DE GURGEL: PGR VAZA DENÚNCIA CONTRA RENAN


:
Procurador-geral da República, Roberto Gurgel tem se esforçado em dizer que a denúncia contra o senador Renan Calheiros, candidato favorito à presidência do Senado, não tem motivações políticas, mas é no mínimo estranho que a ação seja divulgada na íntegra à imprensa poucas horas antes de a eleição ser realizada na Casa
247 – Apesar das tentativas do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em afirmar que a denúncia contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) não tem motivações políticas, causa no mínimo estranheza a divulgação do processo, na íntegra, no mesmo dia da eleição à presidência do Senado – Renan é o candidato favorito a assumir o posto.

O documento foi publicado pelo site da revista Época nesta sexta-feira 1º, às 5h04, enquanto a eleição está marcada para acontecer às 10h no Congresso. "ÉPOCA teve acesso na noite de quinta-feira (31), com exclusividade e na íntegra, à devastadora denúncia oferecida pelo procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, contra o senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, no dia 24 de janeiro", noticia a publicação da Editora Globo.
peemedebista já disse considerar a atitude de Gurgel – de segurar a denúncia por dois anos e apresentá-la apenas a duas semanas das eleições no Senado – "completamente estranha". "Os fatos falam por si só", disse Renan, que é acusado pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e uso de documento falso.
Clique aqui e confira na íntegra do documento publicado no site da revista Época.

O INCESTO ENTRE MERVAL E AYRES BRITTO


O INCESTO ENTRE MERVAL E AYRES BRITTO

Eu concordo com o patrão mais do que você!

O Conversa Afiada reproduz artigo de Paulo Nogueira, no Blog do Nassif:

O LIVRO DE MERVAL COM PREFÁCIO DE AYRES BRITTO

Enviado por luisnassif, sex, 01/02/2013 – 07:28

Por Marco Antonio L.

Do Diário do Centro do Mundo

A relação incestuosa entre a mídia e o judiciário

Paulo Nogueira 

O livro Mensalão, de Merval Pereira, traz um prefácio de Ayres Britto, por incrível que pareça.

O pior livro de 2013 está prestes a ser lançado: Mensalão, de Merval Pereira.

Cuidado, pois.

Tratando-se de Merval, não poderia ser outra coisa que não a reunião de seus artigos maçantes e previsíveis ao longo do julgamento. Conteúdo novo? Talvez na próxima.

O livro é importante, não obstante.

Ele mostra a relação incestuosa entre a Globo (e a grande mídia) e o STF. O prefácio é de Ayres Britto, que presidia o Supremo durante o Mensalão.

Pode? Pode. É legal? É. É eticamente aceitável? Não.

O pudor deveria impedir o conúbio literário entre Merval e Britto.

Mas o pudor se perdeu há muito tempo. Em outra passagem amoral, o ministro Gilmar Mendes compareceu sorridente, em pleno julgamento do Mensalão, ao lançamento de um livro de Reinaldo Azevedo em que os réus eram massacrados.

Ali estava já a sentença de Gilmar.

A decência e o interesse público mandam distância entre os dois poderes, a mídia e a justiça. Na Inglaterra, se o juiz Brian Leveson, que comandou as discussões sobre a mídia e seus limites, confraternizar com um jornalista, a carreira de ambos estará encerrada.

No Brasil, é pena, isso não é bem assim.

Conheço Merval há anos. Quando eu começava carreira na Veja, ele foi, durante algum tempo, editor da seção de Brasil. Não virou manchete, porque não tinha elegância ao escrever, o que naquela época era um requisito na Veja.

De lá voltou a seu habitat, o Rio. Seu tento mais espetacular, nestes anos todos de regresso ao Rio, foi ter matado Hugo Chávez numa coluna que, não gozasse ele da imunidade de porta-voz do patrão, podia ter lhe custado a mensalidade que recebe. Seu mensalão, enfim.

Reencontrei-o quando fui integrante do Conedit, Conselho Editorial das Organizações Globo.

Rapidamente, nas reuniões semanais de terça-feira no Jardim Botânico, me impressionei com Merval e Ali Kamel.

Não pelo talento, não pelo brilho. Mas pela capacidade de reproduzir, alguns tons acima, tudo que a família Marinho pensava. Pareciam competir entre si, como se dissessem: “Eu concordo com o João mais do que você!” (Acho graça quando atribuem poder ideológico a Kamel: se seu patrão fosse progressista, ele seria progressista e meio.)

Aquilo evidentemente me incomodou. Uma vez, depois de uma reunião, fui almoçar com Luiz Eduardo Vasconcellos, sobrinho de Roberto Marinho, acionista minoritário do Globo e integrante do Conselho Editorial.

O cardápio, olhando para trás, foi suicida, para mim. Disse a Luiz Eduardo, um bom sujeito, aliás, que me chamava a atenção na reunião o fato de todos os participantes repetirem, basicamente, as ideias da família Marinho.

Onde alguma diversidade, onde algum esboço de pluralismo?

Alguns macaqueavam mais discretamente, outros com exuberância e estridência retórica. Era este o caso de Merval e de Kamel. Minha solidão naquele grupo era imensa, era universal, e não apenas por eu ser de São Paulo.

Merval, em seus artigos, se coloca como um Catão. Talvez um dia nosso Catão possa vir à luz do sol para explicar por que, trabalhando há tantos anos para todas as mídia da Globo, é um PJ – um artifício pelo qual ele e seu empregador pagam menos impostos do que deveriam, e ainda se concedem o direito de fazer sermões sobre moral.

O FORTE APACHE CONTRA DILMA


A tesouraria é o forte apache do capitalismo desregulado. E o centro logístico da oposição conservadora  no Brasil. Tesouraria é o espaço físico. O departamento que cuida de maximizar os  ganhos do capital a juro. Mas também é a palavra símbolo de uma lógica que disputa a hegemonia na política econômica.  O conjunto movimento riquezas apreciáveis. Fundos de aplicações financeiras registraram um giro de R$ 2,4 trilhões no Brasil em 2012. Não é um país à parte, embora avoque mordomias, soberania e imunidades que o governo Dilma decidiu cortar para induzir um  ciclo de investimento com maior justiça social. Um país que o Brasil nunca foi de verdade.O que está em jogo não é algo trivial. Aconteceu antes nos anos 30/40, quase como uma revolução burguesa à revelia das elites; foi feito pela metade nos anos 50; reprimido em 64; ordenado ditatorialmente contra o povo nos anos 70 e terceirizado aos mercados nos anos 90. Trata-se de mudar as condições de financiamento da economia. E os objetivos do desenvolvimento. Por trás dos ganidos emitidos pela mídia há um cachorro grande a latir grosso. É o forte apache das tesourarias. O seu nome não pode mais ser omitido quando se denuncia a narrativa do golpismo. (LEIA MAIS AQUI)

Dilma chamou Franklin para obter análise de conjuntura


A reunião de quarta-feira entre o ex-ministro da Comunicação Social do governo Lula Franklin Martins e a presidente Dilma Rousseff gerou alvoroço dissimulado entre os grandes meios de comunicação – que, oficialmente, quase ignoraram o fato político -, mas, na blogosfera, surgiram especulações e apostas “otimistas” sobre o significado daquela reunião.
O encontro ocorreu no Planalto na manhã de quarta-feira, 30. O “Blog do Planalto”, que diariamente informa a agenda de Dilma, mencionou de passagem seu encontro com Franklin. Porém, limitou-se a informar que o ex-comentarista da Rede Globo e da Band seria recebido.
Vários blogs e sites simpáticos ao governo teceram apostas em mudança de postura da presidente em relação ao projeto de regulação da mídia eletrônica deixado pelo ex-ministro ao fim do governo anterior, a dita “lei da mídia”. Veículos como a Folha de São Paulo também lembraram esse fato.
O Blog da Cidadania, porém, obteve informações sobre o encontro que, à primeira vista, parecerão um balde de água fria a quem apostou em que estaria em curso mudança de visão da presidente no que diz respeito à regulação da mídia – qual seja, a de que o único controle que ela quer é o “controle remoto”.
Mas o fato é que Dilma não chamou Franklin com vistas a encampar o que, até aqui, vinha rejeitando. Ela nem teria como, de repente, desdizer o que vinha dizendo sobre o assunto. Até porque, o projeto do ex-ministro não tem as propriedades “miraculosas” nas quais muitos acreditam.
Para quem não sabe, o projeto de Franklin é muito diferente do projeto da presidente argentina, Cristina Kirchner. Não mexeria com o império de uma Globo, por exemplo, obrigando-a ao “desinvestimento” (venda de parte de seu império) que a “Ley de Medios” pretende impor à Globo argentina, o Grupo Clarín.
E muito menos o projeto que Lula esperava que fosse adotado pelo governo Dilma contém qualquer iniciativa no sentido de cercear a imprensa escrita e partidarizada (O Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja e congêneres).
Então por que Dilma chamou Franklin? É aí que o “balde de água fria” começa a ficar morno. Apesar de não haver intenção de encampar o projeto do ex-ministro, ela o chamou para obter uma análise de conjuntura.
O que seria isso? Vejamos.
A análise que Dilma quis de Franklin foi sobre o que pode estar ocorrendo na mídia devido aos ataques múltiplos que ela vem desfechando contra o seu governo. A presidente vem se surpreendendo porque, no início de seu mandato, chegou a acreditar que a guerra entre seu antecessor e os impérios de comunicação decorriam de mera “picuinha”.
Esse foi o sentido da presença da presidente na festa de 90 anos do jornal Folha de São Paulo pouco depois de assumir o cargo, em 2011. Dilma tentou estabelecer uma nova relação não respondendo a ataques ao seu governo e, em troca, vinha sendo poupada de ataques pessoais.
Contudo, nos últimos meses os ataques indiretos a ela, via críticas contundentes ao seu governo, viraram pessoais.
No fim do ano passado, por exemplo, a presidente foi à televisão anunciar redução do custo da energia elétrica. Desde então, o noticiário da dita “grande imprensa” tratou de tentar desmenti-la e passar ao público a versão de que ela estaria tentando iludir 200 milhões de brasileiros.
Mais recentemente, diante de pronunciamento em cadeia de rádio e televisão em que a presidente defendeu seu governo das críticas quanto à redução do custo da energia elétrica, a mídia passou a acusá-la pessoalmente. Os ataques midiáticos foram tão pessoais que o PSDB representou contra Dilma no MPF usando o que esses veículos publicaram.
Nesse ponto, foi quebrado o pacto velado de não-agressão.
Voltando a Franklin. Ele é a antítese da atual ministra da Secom, Helena Chagas, uma opção de Dilma pela coexistência pacifica e até pela pacificação das relações entre o governo e a mídia, enquanto que  o antecessor de Helena no cargo foi opção de Lula para enfrentar a guerra aberta entre seu governo e a mídia em meados da década passada.
Franklin, antes de tudo, é estrategista para momentos de confronto. Além de ir ao Planalto para oferecer uma análise sobre os próximos movimentos prováveis da mídia contra o governo, também foi oferecer sugestões sobre estratégias de comunicação para enfrentar uma guerra política que, a partir de agora, entra em nova fase.
O “balde de água fria”, portanto, torna-se um “balde de água quente”, pois a presidente finalmente entendeu que não havia picuinha alguma entre Lula e a mídia. Finalmente ela entendeu que ele foi empurrado para essa guerra. E a razão para a inevitabilidade dessa guerra o ex-presidente deu em seu discurso recente em Cuba.
A elite que a mídia representa e encarna não se contrapôs ao governo Lula e não se contrapõe ao governo Dilma porque os considera feios, bobos e chatos, mas porque as políticas dos governos petistas, a partir de 2003, promoveram o que é mais intolerável para a elite brasileira: distribuição de renda.
Dilma descobre agora, após dois anos no poder, que não existe possibilidade de coexistência pacífica entre um governo popular que trabalha para tornar o Brasil um país mais justo e um oligopólio de comunicação cuja função é, justamente, a de impedir que os ricos fiquem menos ricos defendendo políticas cujos efeitos são tornar os pobres mais pobres.
A iniciativa da presidente de chamar Franklin, portanto, se não encerra a notícia ideal (decisão pela regulação da mídia), ao menos encerra uma boa notícia. A presidente da República finalmente percebeu quais são as regras do jogo e que o cargo que ocupa não é meramente gerencial, sendo, isso sim, eminentemente político. Antes tarde do que nunca.