Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

DÁ PRA CRER EM GURGEL?



Lembro que Renan foi a principal figura que impediu o golpe durante a 
crise do "mensalão", ele era o presidente do Senado. Por isso a mídia tem 
tanto ódio dele.

‎1 - Na sexta, há 1 semana da eleição para o Senado, Gurgel envia o processo contra Renan, que ele segurou por 2 anos, para o STF e diz que está "cheio de provas consistente", como disse sobre Dirceu.

2 - CBN hoje divulga link para petição contra Renan.

3 - Jorge Maranhão, comentarista da CBN, acabou de espinafrar Renan.

4 - O @antonioccosta_, da ONG Rio de Paz, a das vassouras, já está no DF para comandar manifestação contra Renan.

É tudo orquestrado ou estou ficando maluco?



:

Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, nega que o fato de ter segurado por dois anos uma denúncia contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e apresentado a peça a apenas duas semanas da disputa pelo Senado tenha motivação política; em seu blog, o jornalista Reinaldo Azevedo defendeu o timing de Gurgel: "O que querem? Que o Ministério Público só denuncie os políticos quando isso não lhes for atrapalhar a vida?"; Gurgel e Reinaldo estão certos ou têm motivações secretas? Qual é a sua opinião? 

Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, negou hoje (29) qualquer relação entre o oferecimento da denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na última sexta-feira (25) e a eleição para a presidência do Senado, marcada para o dia 1º de fevereiro. Calheiros é o nome mais cotado dentro do partido para disputar o cargo.
“Todos sabem que, no segundo semestre de 2012, o procurador-geral ficou por conta do mensalão. Isso infelizmente retardou a apreciação não apenas deste, mas de uma série de outros feitos. E, por isso, só foi possível agora concluir essa análise e somente agora oferecer a denúncia. Evidentemente não houve, nem há qualquer intenção que isso tenha sido feito por essa ou aquela motivação, no momento em que se aproxima a eleição para a presidência do Senado. Não posso ficar absolutamente subordinado de forma que uma denúncia só possa ser oferecida num momento em que não haja nenhum inconveniente político” disse.
Um dos pontos da denúncia, que está sob segredo de Justiça, diz respeito às suspeitas de que Calheiros teria utilizado notas frias para comprovar o pagamento mensal de R$12 mil de pensão alimentícia. O pagamento era feito por um lobista da empreiteira Mendes Júnior, à jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha. O escândalo de corrupção fez com que o parlamentar alagoano renunciasse à presidência do Senado em 2007.  No Supremo Tribunal Federal (STF), a denúncia vai ser avaliada pelo ministro Ricardo Lewandowski, sem prazo definido.
Depois de participar da primeira reunião do ano do Conselho Nacional do Ministério Público, Gurgel disse ainda que deve enviar nos próximos dias ao Ministério Público Federal de primeiro grau os trechos do depoimento do publicitário Marcos Valério, em que o operador do mensalão declara ter pago despesas pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesse caso, se houver algum acusado com prerrogativa de foro privilegiado, as investigações poderiam continuar com a Procuradoria-Geral da República (PGR), mas segundo Gurgel não é isso que deve acontecer. “Aparentemente, não há o envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro. Premissa que eu devo ratificar nos próximos dias. Assim, não caberá juízo do procurador-geral da República, e sim de um procurador da República de primeiro grau”, explicou.
Em seu blog, Reinaldo Azevedo defendeu o timing de Gurgel. Leia abaixo:
Vamos botar um pouco de ordem na orgia dos fatos, como pediria certo marquês maluquete. Uma empreiteira arcava com os custos de uma pensão que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pagava à ex-amante e mãe de um filho seu. Sobre isso não há controvérsias, não é mesmo? Ou alguém está disposto a ver alguma?
Não. Não há. As coisas são o que são. Renan tentou demonstrar que tinha renda para arcar com aquelas despesas, coisa da qual nunca duvidei. Segundo sei, poderia financiar creches inteiras ou um harém… Só que optou pelo auxílio da empreiteira.
Ao apresentar as provas de que tinha renda, apareceu lá a grana da venda de uns boizinhos… Muito bem! A Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia ao STF porque viu problemas nessa prestação de contas. E começou a grita contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. “Por que só agora?” Gurgel conversou com Felipe Seligman,  da Folha.
Responde: “Não houve e não há qualquer intenção de que isto tenha sido feito por esta ou aquela motivação no momento que se aproxima a eleição para a presidência do Senado. O Ministério Público não pode ficar subordinado a essas questões de conveniência política. Eu procuro ao máximo evitar esse tipo de repercussão das iniciativas do Ministério Público. Por outro lado, não posso ficar subordinado de forma que uma denúncia só possa ser oferecida quando haja qualquer inconveniente político”.

Retomo
É uma boa resposta. O que querem? Que o Ministério Público só denuncie os políticos quando isso não lhes for atrapalhar a vida? De resto, meus caros, acho que até é pertinente que se discuta a demora no oferecimento da denúncia, que se considere ser esse mais um fator que acaba concorrendo para a impunidade, que se proponham maneiras de acelerar esses procedimentos. No limite, pode-se até criticar a Procuradoria-Geral da República pela morosidade… Tudo aceitável.

O que é inaceitável é deixar que essas especulações e considerações omitam o essencial: as justificativas apresentadas por Renan. Convenham, né? Numa democracia convencional, sem muitas jabuticabas, este senhor já teria sido aposentado pelos fatos. Voltar a disputar a presidência do Senado depois de ter sido obrigado a renunciar a ela? Isso seria impensável.
Querem criticar a Procuradoria-Geral da República pela demora? Vá lá. Também acho que a coisa poderia ter sido feita antes. Usar, no entanto, essa consideração para tentar negar os fatos, aí não dá.



Tragédia de Santa Maria vira alvo de politicagem e deboche


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Confesso que adiei a composição deste texto o quanto pude. Passado o choque inicial com a tragédia épica que se abateu sobre Santa Maria, ainda que pouco confiante em que não acontecesse não quis considerar a hipótese de que sobreviesse o espetáculo de selvageria que se seguiu neste país.
Lembro-me de que, no domingo, minutos após saber que serei avô pela segunda vez, então ainda na mesa do almoço com os pais da criança (meu filho e minha nora), ouço a emissora FM em que escutávamos música falar sobre a tragédia, interrompendo o almoço em família e nos obrigando a ir à internet em busca de maiores informações.
Naquele instante, senti vergonha do pensamento que me tomou. Um horror humanitário como aquele e eu fui logo pensar em que arrumariam um jeito de criticar Lula ou Dilma ou até o PT pelo que ocorrera. Senti-me fanático e insensível.
Não tive que esperar muito para me redimir, ainda que preferisse ter me sentido mal comigo mesmo a ter que encarar a dura realidade de que há uma infestação de desumanidade no país.
Jornalistas conhecidos, órgãos de imprensa e internautas anônimos das redes sociais protagonizaram um show dos horrores. Frases e até imagens repugnantes foram construídas a toque da mais absoluta insensibilidade e falta de limites éticos.
Tudo em que o blogueiro e colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo conseguiu pensar, poucas horas após a tragédia vir a público, foi em criticar o ex-presidente Lula por ter sido postado em seu perfil no Facebook uma mensagem de solidariedade às famílias das vítimas de Santa Maria (?!!).
No jornal O Globo e no site “Blog do Noblat”, hospedado no portal da Globo na internet, uma charge de Chico Caruso espantou multidões pelo mau-gosto, pelo oportunismo, pela insensibilidade e até pela burrice.
O que tem Dilma Rousseff a ver com a falta de fiscalização de uma casa noturna em um dos mais de cinco mil municípios brasileiros? Nada? Pois o cartunista que serve à família Marinho achou relevante colocá-la à frente de uma jaula flamejante exclamando “Santa Maria!”.
Que mensagem o cartunista mandou? O que ele quis dizer? Por que Dilma tinha que ser associada à tragédia? Não seria mais inteligente uma charge crítica à falta de fiscalização das autoridades de Santa Maria ou ao descaso do empresário inescrupuloso que dirigia aquela arapuca?
Por que não fazer uma charge poética sobre o sofrimento de toda uma nação? Não havia idéia melhor para aquele cretino usar em uma charge, já que, por alguma razão, julgou que tinha que fazer uma?
O envolvimento de Dilma no episódio via essa cretinice da charge se conectava com os comentáristas dos blogs de Noblat e Azevedo, que se uniam para acusá-la pela tragédia sob razões malucas, ininteligíveis, que nem seus formuladores souberam explicar.
Mas, tragicamente, não foi só. O jornal O Estado de São Paulo começou a espalhar, acriticamente, matéria insultuosa ao Brasil divulgada por um dos dois jornais ingleses que abriu guerra contra o governo Dilma. O subtítulo da matéria fez troça do lema de nossa bandeira.
O diário Financial Times trocou o lema Ordem e Progresso por “Idiotia e Progresso”. Ou seja: 200 milhões de brasileiros se tornaram “idiotas” por um tipo de tragédia que vem ocorrendo em várias partes do mundo, até nos Estados Unidos (2003).
Pior que tudo isso têm sido perfis nas redes sociais Twitter e Facebook, entre outras. Internautas anônimos estão se fartando de debochar do sofrimento que se abateu sobre o país inteiro usando, sem piedade, o que há de mais estupefaciente e repugnante no “humor negro”.
O que está acontecendo no país? Tenho 53 anos. Já vi muita coisa, mas essas pessoas capazes de não sentir um pingo de comiseração em um momento de tanta comoção não existiam. Ou, se existissem, ao menos tinham um mínimo de pudor.
Explorar politicamente uma tragédia como essa, no entanto, talvez seja o pior. Porque essa conduta asquerosa não veio de algum moleque cretino e mimado ou revoltado com o mundo, mas de homens supostamente esclarecidos e maduros.

Santa Maria e os abutres da carniça




*20 mil pessoas marcham nas ruas de Santa Maria para se despedir de seus mortos e, sem esquece-los, reencontrar na solidariedade o sentido de viver. Leia nesta página: 'O que a morte não cessa de nos dizer'; por Marco Aurélio Weissheimer. E também: 'Abutres sobre Santa Maria' (Flávio Aguiar)

DILMA: ESSA DOR QUE FALA A TODOS NÓS

"Eles eram jovens, tinham sonhos, poderiam ser nossos futuros prefeitos, prefeitas, presidentes ou presidentas, futuros cientistas, agrônomos, juízes, filhos, filhas, netos, netas de cada um de nós. A dor que presenciei é indescritível. Falo dessa dor para falar da responsabilidade que todos nós, do Executivo, temos com a população. Temos o dever de assegurar que ela jamais se repetirá.
 O nosso trabalho é cuidar da nossa gente, garantido a eles e a elas oportunidades de melhorar de vida" (Presidenta Dilma Rousseff, no encontro de prefeitos de todo o país; nesta 2ª feira)



Sobre o desastre de Santa Maria, voejaram as asas da desgraça: o Brasil não tem competência para organizar a Copa do Mundo, o Brasil carece de segurança. Lá se vão os Gielow, Azevedo et alii espinafrando o país e esquecendo catástrofes pelo mundo. O problema é que jornalistas liberais, aqui na Europa, só conseguem ler essa mídia míope. Mesmo o interessante The Guardian.


Berlim - Não faltaram os abutres. Sobre o desastre de Santa Maria, voejaram as asas da desgraça: o Brasil não tem competência para organizar a Copa do Mundo, o Brasil carece de segurança, etc. 

Não adianta a presidenta Dilma ter voado direto de Santiago para Santa Maria, o governador Tarso Genro ter aterrisado lá com a ministra Maria do Rosário, o prefeito Cezar Schirmer ter feito o possível e o impossível, os que saíram a tempo terem tentado abrir rombos na parede ajudando os bombeiros, o soldado Leonardo de Lima Machado ter saído e voltado duas vezes, até morrer asfixiado.

Não, nada disso importa. O que importa é que o Brasil não tem competência para nada. Não importa que a festa mais segura hoje no mundo seja a do Ano Novo no Rio de Janeiro. Não, para os coveiros do Brasil nada disso importa. Lá se vão os Gielow, Azevedo et alii espinafrando o pobre Brasil e esquecendo as outras catástrofes pelo mundo.

Não importa. O que importa é espinafrar o Brasil de Dilma e, é claro, o de Lula.

No Brasil isso tem cada vez menos importância.

O que atrapalha às vezes é ver que jornalistas de mídias liberais, aqui na Europa, só conseguem ler essa escória da mídia brasileira.

Infelizmente, na repercussão do desastre de Santa Maria, foi o caso de um jornal tão interessante como o The Guardian.

O que acontece?

Preconceito liberal? Liberal só cita liberal, seja progressita ou conservador? Pode ser. Mas aposto mais numa miopia. Daqui da Europa, mesmo que os correspondentes sejam daqui, eles só conseguem se olhar nom espelho, e imaginar que a imprensa “liberal” daí seja igual a daqui.

Bom, deve-se dizer que a daqui também tem seus preconceitos. Não consegue enxergar, em média, o que acontece na América Latina. Prefere ficar afirmando que os governos populares são populistas, e que são inimigos da liberdade de imprensa. Embora, em relação à Europa, sejam mais plurais. 

Aquela coisa: aqui, pluralidade. Na América Latina, liberalidade em relação à direita.

Mas enfim, no saldo, foi tudo positivo. As imagens da presidenta Dilma emocionada e voltando imediatamente ao Brasil valeram mil palavras.