Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Complô de Aécio Neves e Marcos Valério contra Lula?


Por: Helena Stephanowitz


Complô de Aécio Neves e Marcos Valério contra Lula?
Valério teria feito o acordo de poupar o PSDB e atacar Lula em troca de benefícios no cumprimento da pena (Foto: Antônio Cruz. Arquivo Agência Brasil)
Uma reportagem publicada no Novo Jornal de Minas na segunda feira (14)  reúne fatos que, analisados em conjunto e pela cronologia, criam um conjunto de circunstâncias que colocam o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes no domínio do fato (à brasileira, culpados, mesmo sem provas irrefutáveis) sobre a suposta "delação premiada" do publicitário Marcos Valério ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 
A história de "Como e porque Gilmar Mendes e o PSDB mantêm Marcos Valério refém" começa com o Habeas Corpus 97.416, julgado pelo então presidente do STF, Gilmar Mendes, para tirar da cadeia Marcos Valério e Rogério Tolentino em 14 de janeiro de 2009. Eles estavam em prisão provisória desde outubro de 2008 devido à “Operação Avalanche” da Polícia Federal, que nada teve a ver com "mensalão". Eram acusados de participar de suposto grupo criminoso, formado por empresários de uma grande cervejaria e policiais, que praticavam extorsão, fraudes fiscais e corrupção.
Gilmar Mendes concedeu a liberdade em caráter liminar, por decisão monocrática (decidiu sozinho), durante o recesso do STF. Desde janeiro de 2009 este habeas corpus tramita no STF à espera de um julgamento definitivo pela turma de ministros. 
A relatora deste HC, após o recesso de janeiro de 2009, passou a ser a ministra Cármen Lúcia. Segundo o Novo Jornal, seu parecer, assim como o do PGR, é por restabelecer a prisão provisória, em decisão oposta à de Gilmar Mendes. 
Em 8 de junho de 2010, o HC foi apresentado para julgamento. Passados mais de dois anos e meio, nada de ser julgado. 
As coisas ficam mais estranhas quando, em 6 de setembro de 2012 (em pleno julgamento do mensalão), o HC é "retirado de mesa [para julgamento]". Duas semanas depois, no dia 24 de setembro, Marcos Valério prestou depoimento ao procurador-geral da República tentando envolver o nome de Lula – porém não apresentou provas, e sequer foi convincente.
Tudo isso até aqui é fato incontestável, registrado no andamento do habeas corpus de Marcos Valério dentro do STF.
Mas a reportagem continua, dizendo que em junho de 2012, às vésperas do julgamento do mensalão, Marcos Valério se sentia traído por Aécio, pois o PSDB estava pressionando por sua condenação. Por isso escreveu um depoimento que pretendia fazer perante a Procuradoria Geral da República (PGR), entregando documentos que comprovavam como funcionou o esquema no governo Aécio, após 2002. Ainda segundo a reportagem, o dono da R&C Propaganda, Álvaro Rezende, seria o interlocutor de Marcos Valério responsável por levar o depoimento até Aécio. O resultado seria um acordo no qual Valério pouparia o PSDB e atacaria Lula, em troca de benefícios, incluindo regalias no cumprimento da pena de prisão em Minas Gerais.
A R&C Propaganda acompanha Aécio desde o início de sua carreira política e, segundo a reportagem, recebeu um aditivo em um contrato com a Copasa (empresa do governo de Minas) em novembro de 2012, que teria sido repassados a Marcos Valério, como parte do acordo, segundo a reportagem. 
O jornal afirma ainda que a fonte é um ex-ministro do STF, que teria recebido, junto com os outros ministros, um "Relatório Reservado" narrando tal acordo. A parte fraca da reportagem é dizer que o relatório é de autoria anônima, mas seria fruto de investigações da Agência Brasileira de Inteligência, que inclusive teria agentes requisitados por Joaquim Barbosa para segurança. 
Há pontos da reportagem que carecem de melhor apuração, mas só de levantar a cronologia dos fatos documentados no habeas corpus já tem seu valor. 
E, quanto ao suposto acordo, a reportagem parece que só captou a ponta do iceberg até o momento. Nós já antecipamos aqui que Aécio deu sinais de acordo para indultar Valério.

Harakiri midiático



Harakiri (腹切り) foi um ritual suicida japonês do período medieval que consistia em pessoas que queriam pôr fim à própria vida estriparem-se com uma espada samurai. A frieza e a metodologia daquela forma de suicídio a torna perfeita, como analogia, para caracterizar o que a mídia vem fazendo consigo mesma na questão da geração de energia hidrelétrica.
Na última segunda-feira, cumpriu-se uma semana da veiculação de manchete de primeira página do jornal Folha de São Paulo que alarmou a sociedade induzindo-a à crença de que estaria à beira de um racionamento de energia nos moldes daquele que o país experimentou entre o penúltimo e o último anos do governo Fernando Henrique Cardoso (2001/2002).
Nos sete dias seguintes, o Brasil foi de um pânico que fez ações das empresas geradoras de energia perderem gorda fatia de seu valor para a literal demolição daquele alarma social, com a conseqüente tranquilização e até euforia do setor empresarial com uma medida do governo Dilma que deve produzir efeitos altamente benfazejos à sociedade.
Na noite da última segunda-feira, o principal autor do pânico econômico e social que fustigou o Brasil (leia-se Rede Globo) teve que anunciar, em seu principal telejornal, que, contrariando as suas teses catastrofistas sobre “racionamento” de energia e “aumento nas contas de luz”, a partir de março o preço da energia elétrica deve cair, em média, 20%.
As empresas irão pagar 28% a menos pela energia e os consumidores residenciais, 16%. E, devido ao verdadeiro dilúvio que cai sobre o país, a tal ameaça de “racionamento”, que nunca passou de empulhação, teve que ser literalmente extirpada do noticiário.
Eis que beira a perfeição a analogia entre essa estratégia de ataque da mídia partidarizada (atucanada) ao governo federal e o método suicida japonês, pois tal “estratégia” se torna verdadeiro harakiri de imagem pública.
É ou não suicídio martelar, sob razão pífia, uma suposta incompetência gerencial do governo e uma desgraça como a que seria o Brasil, além de ter que racionar energia elétrica, pagar mais por ela?
Afinal, era enorme a fragilidade da “razão” mídiática para aquele alarde, pois escassez de chuvas e reservatórios de hidrelétricas baixos, após uma década inteira de fortes investimentos do governo Lula em geração de energia, não produziriam racionamento nem se não chovesse.
Além disso, nota-se que a mídia subestimou, de forma inexplicável, uma presidente que, antes de se eleger, ganhou notoriedade e importância justamente pelo desempenho que teve na área energética quando integrou o governo do Rio Grande do Sul e o governo Lula.
Há poucos meses, Dilma Rousseff foi à televisão anunciar queda no preço da energia elétrica. Seus adversários destro-midiáticos, porém, acreditaram que ela seria uma estúpida que anunciaria medida de tal importância para o país sem ter certeza de que poderia implementá-la.
Mesmo quem se informa mal (só pela “grande imprensa”) e não viu os telejornais noticiarem o barateamento da energia, a partir de março, quando as contas de luz tiverem sensível queda de valor, seguramente haverão de se lembrar do noticiário e, mais uma vez, aprofundarão o conceito de que a mídia promove alarmismo sob razões politiqueiras.
A própria reportagem do Jornal Nacional que noticiou a iminente redução das contas de luz após dizer exatamente o contrário poucos dias antes, deu um exemplo do potencial de beneficiamento da economia com a queda do preço da energia elétrica. Mostrou o caso de uma pequena lavanderia que gasta R$ 1,3 mil com a conta de luz e que irá economizar R$ 200.
A reportagem ainda mostrou que alguns setores da economia terão um benefício altíssimo. No setor de produção de alumínio, por exemplo, 30% dos custos são com energia elétrica. Ora, um desconto de quase 30% nessa energia tornará mais competitivas não só as empresas que produzem essa matéria-prima, mas, também, aquelas que a consomem.
O potencial econômico e social da medida do governo Dilma, assim, será sentido fortemente pela sociedade, pois o famigerado “custo Brasil” será consideravelmente reduzido para as empresas e para os setores mais pobres da sociedade, para os quais a conta de luz pesa muito.
Foi suicídio, portanto, promover alarmismo subestimando não apenas a capacidade da presidente, mas a inteligência dos brasileiros. Desse modo, o termo “harakiri” só não é perfeito porque o ritual suicida japonês era intencional e constituía pedido de desculpas por erros cometidos, enquanto que o harakiri midiático foi praticado sem querer.

Mídia: Secom simula democracia e reforça o monopólio (leia o artigo definitivo  de Venício Lima sobre o tema; nesta pág) 

IMPÉRIO: HEMORRAGIA INTERNA

Suicídios de militares causaram mais baixas às tropas norte-americanas em 2012 do que os combates no Afeganistão. A matança da guerra produziu 295 cadáveres no ano que passou; a do desespero fardado,  349 mortes. A epidemia de suicídios atinge sobretudo as forças do Exército: 182 soldados tiraram a própria vida em 2012. Os dados surpreendem na medida em que os EUA já deixaram o Iraque e apressam a saída do Afeganistão. A hemorragia é interna. Segundo o Departamento de Estado, aproximadamente um veterano de guerra se mata a cada 80 minutos nos EUA. Esta semana Obama deve anunciar medidas para controlar a venda de armas em resposta a outra epidemia dos tempos de paz: a dos serial killers. (Carta Maior; com agências)