Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O MUGIDO DA CLASSE MÉRDIA , OU, A BOÇALIDADE DA PSEUDO-ELITES.



ANCELMO: "SE ALGUÉM VOTAR NO LULA OU NA DILMA É FDP"


:
Colunista do Globo, Ancelmo Gois relata suposto protesto de eleitor no Rio de Janeiro, diante da situação dos aeroportos; eleitores de Lula ou Dilma seriam mentecaptos; é uma frase que reflete a opinião geral dos eleitores ou da família Marinho e, por extensão dos editores do Globo?
247 - O título da nota que abre a coluna de Ancelmo Gois, no Globo desta sexta-feira, é emblemático: "Desembarque". Depois do "tiro ao Lula", o esporte principal dos editores do jornal, a partir de agora, passará a ser o "tiro à Dilma". Mesmo que, para isso, seja o caso de ofender seus eleitores, que, eventualmente, podem ser também leitores do Globo. Ancelmo relata um suposto protesto feito por um passageiro ao embarcar no Galeão rumo a Nova York. "Se alguém aqui votar no Lula ou na Dilma é um filho da puta!". Segundo Ancelmo, teria sido aplaudido.
Como se sabe, os brasileiros nunca viajaram tanto para o exterior. Só neste ano, os gastos fora do País já somam mais de US$ 20 bilhões – o que reflete o aumento do poder de compra da população brasileira em relação ao resto do mundo. Segundo o último Datafolha, Dilma tem intenções de voto para 2014 que oscilam entre 53% e 57% – donde se conclui que a maioria da população brasileira é formada por … deixa pra lá.  
Abaixo, as notas de Ancelmo Gois, que talvez reflitam a posição da família Marinho e, por consequência, dos editores do Globo:
Desembarque
No governo, a batata da diretoria da incompetente Infraero está assando a temperaturas maiores que o calor qu tem feito no Santos Dumont com ar-condicionado quebrado.
Calma, gente...
Aliás, no apagão do Galeão-Tom Jobim, quarta, um passageiro do voo 974 (Rio-Nova York), da American Airlines, gritou enfurecido:
— Se alguém aqui votar no Lula ou na Dilma é um filho da puta! Foi aplaudido.


Miriam diz que Dilma foi abduzida da realidade


: Para a colunista do Globo, a presidente vive numa redoma e não enxerga os apagões constantes, os investimentos insuficientes e a carga tributária recorde; segundo ela, é hora de admitir a crise no setor elétrico
247 - A cada dia, reforça-se a artilharia contra a política econômica da presidente Dilma Rousseff. Se o mensalão ou as denúncias de corrupção não a atingem, resta tentar feri-la no campo econômico. E esta parece ser a estratégia de desgaste até 2014. Nesta sexta, quem publica mais um duro artigo é a jornalista Miriam Leitão, do Globo. Segundo ela, Dilma vive numa redoma e foi abduzida da realidade, sendo incapaz de enxergar diversos problemas, como a crise no setor energético. Leia abaixo:
Para a presidente Dilma, o governo está diminuindo a carga tributária, aumentando investimentos, melhorando a educação. Segundo ela, esses três pontos marcam seu governo. Acredita que não há crise de energia. O Planalto tem essa capacidade de abduzir o governante da realidade. Os apagões são constantes, os investimentos, insuficientes, a carga tributária é recorde.
"Ninguém faz infraestrutura em um ano. É uma simplificação que nós não podemos nos permitir. A infraestrutura é feita ao longo dos anos. Paramos 20 anos. Agora tem que virar uma obsessão do país investir em infraestrutura", disse a presidente, no café da manhã com os jornalistas. O PT governa o país há 10 anos. O primeiro Plano de Aceleração do Crescimento é de 2007. A bordo da marca de fantasia, ela fez sua imagem de gerente e chegou à Presidência. Em 2010, o segundo PAC foi anunciado em cima de um palanque. Só sob o seu comando são seis anos e até agora não há resultado. Nos últimos cinco trimestres o investimento do país caiu e quando saírem os dados do quarto trimestre devem também ficar negativos.
A presidente disse que quando os juros caem a carga tributária pode cair, e garante que é isso que está acontecendo. Ela tem razão no ponto: os juros caíram e os impostos poderiam ter caído porque a conta de juros fica menor. No entanto, a carga tributária subiu no primeiro ano do governo Dilma para 35,31% do PIB, segundo a Receita, e para 36% de acordo com Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Em 2012 deve ficar um pouco menor (35,77%, pelo IBPT), mesmo assim, será o segundo maior número da série histórica, perdendo apenas para 2011. O governo tem reduzido impostos setorialmente. A mudança animadora é a da cobrança da contribuição previdenciária patronal. O dado agregado, no entanto, mostra que, na média, nos dois anos do governo Dilma a carga tributária foi de 35,89%; no governo Lula foi 34,03%; no de FHC, 28,63%. Em todos esses governos houve aumento da carga tributária em relação ao período anterior. É uma tentação a que todos os governantes cedem.
A presidente deu um bom conselho aos jornalistas: "Quando falarem para vocês que caiu um raio, vocês gargalhem. Raio cai todo dia neste país, a toda hora. Raio não pode desligar um sistema. Se desligou, é falha humana. Não é sério dizer que a culpa é do raio. A nossa briga com o raio é para impedir que, quando ele caia, o sistema pare."
Isso permitirá aos meus colegas boas gargalhadas. O ministro Edson Lobão disse, em 2009, quando Dilma era chefe da Casa Civil, que um apagão que atingiu 18 estados havia sido causado por raios e invocou testemunhas: "O Operador Nacional do Sistema, Furnas, a Aneel e demais órgãos ligados ao Ministério das Minas e Energia, todos juntos, chegaram à conclusão de que o que aconteceu foi que descargas atmosféricas, ventos e chuvas na região de Itaberá causaram o apagão."
No último dia 17, o secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grudner, disse que raios na região de Itumbiara, na divisa entre Minas e Goiás, podem ter sido a causa de um apagão que atingiu 12 estados no dia 15. Mas avisou que isso ainda está em "análise". Ou seja, em breve se saberá se poderemos gargalhar ou não.
De Bauru, Itaberá a Itumbiara, qualquer que seja o governo, são sempre os raios os culpados. E como diz a presidente, o que se tem que fazer é evitar que um raio apague um sistema. Mas isso a presidente Dilma ainda não conseguiu, apesar de a área energética estar sob seu comando há 10 anos.
A presidente garante que o país não vive uma crise de energia. Tomara fosse verdade. O calor está insuportável, a demanda aumentou e o nível dos reservatórios caiu. E isso tem provocado seguidas e irritantes interrupções no fornecimento de energia. O país tem contradições, como parques eólicos enfeitando a paisagem sem estarem ligados ao sistema por não terem sido feitas as linhas de transmissão a tempo. Sim, há uma crise. Não é do tamanho da que houve no governo Fernando Henrique, mas em parte porque o sistema de prevenção com as caras e sujas termelétricas, criado naquele período, está sendo utilizado. É preferível admitir a crise e enfrentá-la.

REGINA DUARTE, A NAMORADINHA DA CASA GRANDE


Por que a Economist está chateada ? Delfim explica: são os juros, os juros !



A “crise” da editoria “o Brasil é uma m…” neste fim de ano, é a combinação de ar condicionado do Santos Dumont com apagão de energia elétrica.

Criou-se um curto-circuito mediático, instalado na Casa Grande por  seus capatazes.

Neste fim de ano, o curto-circuito provocou as mais conspícuas manifestações de sentimento colonizado.

Nada mais “typique” desse colonialismo do que a Regina Duarte, responsável pela esmagadora vitória do Cerra em 2002.

Na página B7, da Folha, outro exemplar colonial e provincial, diz a namoradinha da Casa Grande:

“Viva Belo Monte ! Essa é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia.”

A jenial assertiva foi em função da falta de ar condicionado no Santos Dumont.

Outra manifestação colonial e provincial localiza-se no Globo, na pág. 16, na colona (*) do Ancelmo Gois:

“… no apagão (sic) do Galeão-Tom Jobim, quarta, um passageiro do vôo 974 (Rio-Nova York), da American Airlines, gritou enfurecido:

–    Se alguém aqui votar no Lula ou na Dilma é um f… da p …”

(O referido colonista não usa as reticências. No tempo do Dr Roberto, quando essa colona (*) era do Zózimo, a vulgaridade não vicejava.)

Dizia o professor Costa Pinto: o sentimento colonial é o último traço de que se livra aquele que sai do subdesenvolvimento a caminho do desenvolvimento.

(O referido passageiro da American Airlines provavelmente não desembarcou no Aeroporto Kennedy, onde houve um apagão, não por causa do calor, mas por causa do frio …)

Não param aí as manifestações colonizadas.

Tanto no Globo (o 12o. voto do STF) quanto na Folha, ao tratar da entrevista da Presidenta – onde ela agradeceu ao PT por estar lá – lê-se:

“Dilma ainda afastou a hipótese de trocar o Ministro da Fazenda, como sugeriu ( sic !) a revista The Economist…”

Só o PiG (**) seria capaz de levar a sério uma sugestão (?) de uma revista inglesa.

Nem a Economist acreditou que a sugestão pudesse ser aceita.

E a Urubóloga ?

Diante da mesma entrevista, ela considerou que a Presidenta foi abduzida.

E o que terá acontecido com as ideias da Urubóloga, aquela que se tornou o melhor que o pensamento neolibelês (***) brasileiro foi capaz de conceber ?

Ou as ideias da Urubóloga estão todas na Economist, de onde nunca saíram ?

A Casa Grande – no sentido do Mino Carta – ainda não pegou fogo.

Mas, cheira a mofo.

Em tempo: em homenagem à Casa Grande e a seus capatazes, o Conversa Afiada reproduz artigo de Delfim Netto, na Carta Capital retrasada, sobre a causa secreta da irritação da Economist (e dos neolibelês) com o Guido: acabou a mamata dos juros …

A ECONOMIST E SUAS PREMISSAS



Estou nesse ramo tempo suficiente para aprender que as críticas à política econômica são uma necessidade. Em determinadas circunstâncias são até bem-vindas, porque o simples fato de alguém estar em uma situação de “poder” não lhe transfere o benefício da infalibilidade. Nem que, para o poder incumbente, a eleição por uma eventual maioria lhe confira a “onisciência” a exigir a sua “onipresença”.

Sempre tive grande admiração pela The Economist, que passei a ler, semanalmente, desde 1952 na Faculdade de Economia e Administração, a FEA-USP, graças aos exemplares filados do grande professor W. L. Stevens, a quem o Brasil deve a introdução da estatística fisheriana.

Cativava-me a clareza dos textos, a imparcialidade (relativa) e o tom doutoral e provocador dos editoriais. Até hoje a revista se considera, convictamente, portadora de uma ciência econômica universal, independente da História e da Geografia.

Criada em 1843, tinha como objetivo fundamental defender a liberdade de comércio, então em discussão na Inglaterra. Fala, a seu favor, não ter mudado nos seus 169 anos. É reconhecida como a mais influente revista econômica internacional. Isso está longe, contudo, de garantir a validade dos seus conceitos. Se há uma virtude escassa na excelente The Economist é a humildade: ter, ao menos, uma pequena dúvida.

O deselegante e injusto ataque ad hominem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, partiu de duas premissas falsas:

1. O Brasil não estava “bombando” no início de 2011. O PIB caíra 0,3% em 2009 e, por puro efeito estatístico, aumentara 7,5% em 2010. O crescimento médio de 2009/2010 foi de 3,6%, o mesmo número medíocre obtido nos últimos 20 anos.

2. O ministro não errou sozinho, quando sugeriu um crescimento no terceiro trimestre sobre o anterior entre 1,1% e 1,3%. Analistas financeiros do Brasil e do restante do mundo, inclusive The Economist (por seu instituto de análises), acreditavam na mesma coisa. O resultado apurado pelo IBGE (sobre o qual não paira qualquer dúvida de credibilidade) foi mesmo uma surpresa (0,6%). Isso nos deixa com um problema. Se os inúmeros estímulos postos em prática produzirem um crescimento de 0,8% no quarto trimestre sobre o terceiro, o PIB de 2012 será da ordem de 1%, com crescimento per capita nulo.

O baixo crescimento tem pouca relação com as políticas monetária, fiscal e cambial. Tem mais a ver com uma redução dos investimentos gerada pela desconfiança exagerada entre o setor privado e o governo. Mesmo com a -pequena recuperação no setor industrial (que, é provável, continuará nos próximos trimestres) não tem acontecido nada brilhante para entusiasmar o setor privado.

Há gente, no meio empresarial, assustada com a forma de ação do governo, a enxergar uma tendência intervencionista na atividade privada. Quando acontece esse tipo de dúvida, fica difícil acelerar os investimentos.

Fala-se de quebra de contratos, quando isso não existe: todos os contratos estão sendo garantidos na energia. O que talvez pudesse ter sido diferente é a forma como a renovação das concessões das usinas foi tratada: poderiam, talvez, ter mandado um projeto de lei ao Congresso. Mas todos sabem ser preciso reduzir as tarifas de energia, claramente sobrecarregadas por impostos.

A dúvida dos investidores é, dessa forma, muito menos relacionada à qualidade da política econômica, no âmbito fiscal, monetário e cambial.

Fez muito bem, portanto, a presidenta Dilma ao rejeitar a impertinente sugestão da revista para demitir o ilustre ministro da Fazenda do Brasil!

O comentário presidencial, muito mais para o uso interno, foi simples e direto: “Não vou tirar o Guido”, sem precisar explicar coisa alguma, mostrando apenas estar a par dos interesses contrariados, da choradeira nos mercados financeiros que lamentam o fato de o Brasil não ser mais “o queridinho” dos investidores-especuladores. Agora é o México, que os anjos o protejam… Como se devêssemos nos chatear muito com isso…

Não diria que existe da parte da revista algum objetivo maligno, apenas um ataque muito deselegante, a causar decepção, mas se insere no espírito provocador que lhe é característico.

No fundo, a crítica procura disfarçar o mau humor de investidores com o retorno em dólares na Bovespa (-8%) ante os 20% positivos na Bolsa mexicana. E com o fim da era do ganho fácil e sem risco no Brasil.


Paulo Henrique Amorim



(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(***) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

Fernando Branquinho: JN transforma 1,7 milhão de empregos em notícia ruim



publicado em 27 de dezembro de 2012 às 21:20

TV manipula notícia sobre criação de empregos
por Fernando Branquinho, no Observatório da Imprensa em 24/12/2012 na edição 726

Na quarta-feira (19/12), no Jornal Nacional, o gráfico atrás da apresentadora Patrícia Poeta mostrava a criação de 1,77 milhão de empregos até agora, em 2012. Considerada a pindaíba econômica do mundo ocidental, qualquer cidadão de outro país olharia com inveja para cá. Mas na Globo não é assim: toda notícia que venha do governo tem que ser “negativada”.
Foi o que fizeram. Este foi o texto lido pela apresentadora:
“A criação de empregos com carteira assinada, este ano, foi 23% menor do que em 2011. É o pior resultado desde 2009. Mas, isoladamente, os números de novembro mostram um aumento de quase 8% no emprego formal.”
Quem estivesse jantando nessa hora sem olhar para a TV não veria o gráfico e faria juízo sobre a informação apenas com o que estivesse ouvindo. Desta vez mudaram a técnica: deram a notícia positiva de forma negativa, e no fim veio o “mas” positivando parcialmente os fatos. Isso é democracia, liberdade de expressão e tudo o mais que eles dizem quando se quer acabar com o oligopólio da mídia? O nome disso é partidarismo de mídia através de manipulação da notícia.
Paranoia? Perseguição à Globo? Coisa de esquerdista, de petista, de lulista, brizolista? Confira aqui mais essa vergonha. Agora veja a notícia por outro ângulo: “Brasil cria 1,77 milhão de empregos com carteira assinada em 2012”.
Os dados do Caged
De janeiro a novembro deste ano, foram abertos 1.771.576 postos de trabalho com carteira assinada no Brasil, o que representa uma expansão de 4,67% no nível de emprego comparado com o final de 2011, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na quarta-feira (19/12) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os dados de novembro, segundo o MTE, mostram continuidade à tendência de crescimento do emprego no Brasil, que registrou pela terceira vez em 2012 um saldo superior ao do ano anterior. Foram declaradas 1.624.306 admissões e 1.578.211 desligamentos no referido mês. Como resultado, o saldo do mês foi de 46.095 novos empregos com carteira assinada no Brasil, correspondentes ao crescimento de 0,12% em relação ao registrado no mês anterior.
Segundo o Caged, apresentaram desempenho positivo no mês o comércio, com 109.617 postos (1,27%), sendo o terceiro melhor saldo para o período; e serviços, com 41.538 postos (0,26%). Por outro lado, alguns setores apresentaram desempenhos negativos. A construção civil teve baixa de 41.567 postos (-1,34%), decorrente de atividades relacionadas à construção de edifícios (-15.577 postos) e construção de rodovias e ferrovias (-8.803 postos), associados a términos de contratos e a condições climáticas.
Complexo sucroalcooleiro puxa emprego para baixo
Na agricultura, houve retração de 32.733 postos (-1,98%), devido à presença de fatores sazonais negativos. A indústria de transformação teve perda de 26.110 postos (-0,31%), proveniente dos ajustes da demanda das festas do fim do ano, queda menor que a ocorrida em novembro de 2011 (-54.306 postos ou -0,65%).
O emprego cresceu em três das cinco grandes regiões, sendo a Sul, com 29.562 postos (0,41%); Sudeste, com 17.946 vagas (0,08%), e Nordeste, com 17.067 empregos (0,28%). As exceções ficaram por conta da região Centro-Oeste (-14.820 postos ou -0,50%), cuja redução deu-se ao desempenho negativo da agricultura (-9.130 postos); da construção civil (-6.393 postos) e da indústria de transformação (-5.929 postos); e da região Norte (- 3.660 postos ou -0,21%), onde a construção civil (-3.371 postos) e a indústria e transformação (-2.084 postos) foram os principais setores responsáveis pela queda no mês.
Por unidade da federação, dezesseis tiveram expansão do emprego. Os destaques foram Rio Grande do Sul (+15.759 postos ou 0,61%); Rio de Janeiro (+13.233 postos ou 0,36%); Santa Catarina: (+8.046 postos ou 0,42%); São Paulo (+7.203 postos ou 0,06%); Paraná (+5.757 postos ou 0,22%) e Bahia (+5.695 postos ou 0,34%). Os estados que demonstraram as maiores quedas no nível de emprego foram: Goiás (-8.649 postos ou -0,75%), devido, principalmente, às atividades relacionadas ao complexo sucroalcooleiro, e Mato Grosso (-5.910 postos ou -0,97%), por causa do desempenho negativo do setor agrícola (-4.798 postos)[ver aqui].

Fernando Branquinho é jornalista, Brasília, DF.

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Povo confia mais em Dilma que no STF, na mídia ou Congresso, diz Ibope

Pesquisa do Ibope divulgada hoje ontem mostra que praticamente a metade dos brasileiros não confia no Supremo Tribunal Federal (STF), e 65% não depositam confiança no trabalho do Congresso. Os dois poderes envolvidos em um bate-boca político neste fim de ano mostram-se menos confiáveis aos olhos da populaçao que a presidenta Dilma Rousseff, que em pesquisa divulgada no começo de dezembro obteve taxa de 73%. Segundo dados publicados pelo jornal O Estado de S Paulo, o índice de 54% obtido pelo STF fica bem abaixo da instituição mais confiável, o Corpo de Bombeiros, com 83%, e está 9 pontos atrás da Presidência da República como um todo, que tem a confiança de 63% dos entrevistados.





RENTISTAS UIVAM LÁ, A MATILHA LATE AQUI


As aplicações do' Sloane Robinson', um dos dez maiores fundos hedge do mundo e dos mais antigos de Londres, vão fechar o ano com saldo de US$ 2,5 bilhões. Em 2008, o fundo especulativo acumulava ativos de US$ 15,1 bilhões. O 'Sloane' esfarela. Sua rentabilidade despencou 17% no ano passado; afundará mais 2%  em 2012. Não é um caso isolado. Rentistas de todo o mundo sofrem os reveses  da implosão  neoliberal agravada pelo fim da farra nos países emergentes-- Brasil entre eles. Sua passagem pelo país incluía ganhos triplos: na arbitragem dos juros (maiores aqui, remunerando captações a um custo menor lá fora); na diferença cambial entre a data de ingresso e a da saída, uma vez que o próprio tsunami especulativo forçava a valorização do Real, garantindo conversões vantajosas para o dólar na despedida; e, finamente, na jogatina 'rapidinha' nas bolsas, sem nem dispor de ações próprias, alugando carteiras junto a bancos. A obstrução da pista principal do circuito, a dos juros, derrubados a fórceps pelo governo Dilma, melou o resto do passeio, prejudicado ainda pela queda nos mercados acionários.O rendimento médio dos fundos hedges este ano, segundo a Reuters, será 50% inferior à variação dos índices de ações dos mercados emergentes, que deve crescer apenas 5% frente a 2011, contra 450% entre 2003/2007. É quase o fim de uma era. É desse pano de fundo que soam os vagidos em inglês contra o governo Dilma, ecoados de gargantas midiáticas profundamente comprometidas com as finanças desreguladas. Caso da The Economist, que pediu a cabeça do ministro Mantega, na semana passada--caninamente saudada pelos seu back vocal em português; e do Financial Times, desta semana, cujo blog faz referencias deselegantes ao país e a  sua Presidente (leia reportagem de Marcelo Justo, de Londres; nesta pág). Como acontece quando as matrizes entram  no cio numa matilha, os uivos locais elevaram seus decibéis na última quarta-feira. Coube  à 'Folha' cravar o latido mais alto da praça, em editorial pedindo 'reforma geral nas prioridades nacionais'. (LEIA MAIS AQUI)



A guerra das usinas midiáticas do setor financeiro contra Dilma

Primeiro foi a revista The Economist; agora, foi a vez do jornal Financial Times: o governo de Dilma Rousseff entrou na mira dos grandes meios de comunicação financeiros britânicos internacionais. Ambos zombam do governo brasileiro, pedem a renúncia de Guido Mantega e qualificam Dilma como a rena do nariz vermelho. Para as usinas midiáticas do setor financeiro, Dilma cometeu um pecado imperdoável: forçou a baixa das taxas de juro. Não que o cenário econômico na casa destas publicações ande melhor. Justamente o contrário. O artigo é de Marcelo Justo.


Londres - A The Economist primeiro, o Financial Times depois: o governo de Dilma Rousseff entrou na mira dos grandes meios de comunicação financeiros britânicos internacionais. Ambos zombam do governo brasileiro, pedem a renúncia de Guido Mantega e qualificam Dilma como a rena do nariz vermelho. Não que as coisas na casa destas publicações andem melhor. Justamente o contrário.

A economia britânica acaba de sair da segunda recessão em três anos graças ao pequeno estímulo dos jogos olímpicos, mas a maioria dos analistas acredita que no próximo trimestre ela voltará a se contrair. A Eurozona salvou-se raspando neste ano de 2012, mas ninguém se atreve a apostar no que pode acontecer no próximo ano, apesar de o diretor do Banco Central da Europa, Mario Draghi, assegurar desde julho que fará tudo o que está ao seu alcance para salvar o euro. Por último, os Estados Unidos estão fazendo o impossível para evitar o abismo fiscal, um incremento de impostos e um corte de gastos públicos que entraria em vigor automaticamente no dia 1º de janeiro se não houver um acordo político.

Apesar deste cenário do primeiro mundo, as críticas a Dilma não surpreendem. Para as usinas midiáticas do setor financeiro, a presidenta cometeu um pecado imperdoável: forçou a baixa das taxas de juro. Quando esta crítica à presidenta brasileira vem do primeiro mundo aparece como uma variante do famoso “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. 

Desde o estouro financeiro de 2008, Estados Unidos, Reino Unido e Banco Central Europeu se dedicaram à emissão de dinheiro eletrônico, um mecanismo conhecido em inglês como “quantitative easing”, e a baixar as taxas de juros a mínimos históricos para estimular o consumo. “A ideia é que mantendo essas taxas de juros o setor privado terminará investindo, algo que não está fazendo porque a demanda está estagnada. Em resumo, o problema mais grave é que esta política monetarista não está funcionando”, disse à Carta Maior Ismail Erturk, catedrático sênior de finanças da Universidade de Negócios de Manchester.

Este monetarismo foi debatido no chamado mundo desenvolvido, mas sem a estridência desqualificadora reservada ao governo de Dilma Rousseff. No caso do Reino unido e da Eurozona a comparação se torna mais absurda se tomamos como parâmetro a crise provocada pelos programas de austeridade vigentes na Europa. No Reino Unido, a coalizão conservadora-liberal democrata que assumiu em maio de 2010 encabeçada pelo primeiro-ministro David Cameron herdou um forte déficit fiscal produto do estouro financeiro de 2008-2009 e uma incipiente recuperação de 1,7% pela mão do estímulo fiscal do governo trabalhista de Gordon Brown.

A coalizão prometeu equilibrar as contas fiscais ao final de seu período de governo, em 2015, e projetou um crescimento de 2,1% para 2011 e 2,5% para 2012. A chave-mestra para esse passe de mágica era um programa de austeridade com cortes de 80 bilhões de libras (cerca de 140 bilhões de dólares) com uma perda de mais de meio milhão de empregos públicos. O resultado desse apequenamento logo ficou evidente. Em 2011, o crescimento real foi de 0,8%, enquanto que, em 2012, foi negativo (menos 0,4%). Quanto ao equilíbrio fiscal, o próprio governo admitiu em dezembro que para atingi-lo terá que ampliar a política de austeridade até...2018.

As coisas não andam melhor pela eurozona. Com a bandeira da austeridade, a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (a Troika) conseguiram converter a debacle fiscal de um país que representava pouco mais de 2% do PIB da eurozona em uma crise que pode colocar em perigo todo o projeto pan-europeu. Desde o começo da crise grega em 2010, quatro nações terminaram regatadas pela Troika (Grécia, Portugal, Irlanda e Chipre), a banca espanhola foi salva com uma injeção de 100 bilhões de euros do Banco Central Europeu e a Grécia recebeu um novo pacote de ajuda em dezembro, no valor de 34 bilhões euros, que todos sabem que não será o último.

Em 2012, a eurozona teve um crescimento negativo de 0,5% que esconde em seu interior extraordinárias disparidades (a queda da Grécia superou 7%, enquanto que a Alemanha cresceu 0,8%). Segundo um informe da ONU, divulgado em 20 de dezembro, com estas políticas de austeridade as coisas vão piorar. O cálculo é que a região crescerá um magro 0,5% em 2013.

O governo de Barack Obama não apostou na austeridade e conseguiu evitar uma queda como a do Reino Unido ou da eurozona, mas sua recuperação é menor do que a esperada e está ameaçada por uma obra prima do terror econômico: o abismo fiscal. Em agosto, o Congresso estabeleceu o 1º de janeiro como prazo para chegar a um acordo sobre o gasto público e as reduções tributárias aprovadas durante a presidência de George Bush que finalizam nesta data. 

Se não houver acordo e as medidas entrarem em vigor, o resultado será uma recessão nos Estados Unidos e um forte impacto em uma economia mundial que, nas atuais projeções, crescerá 2,4%, muito menos do que é necessário para recuperar o terreno perdido desde o estouro do Lehman Brothers. A responsabilidade fiscal das reduções de impostos de George Bush foi discutida em seu momento, mas nenhuma usina midiática econômica teve a ideia de colocar um nariz vermelho no artífice da invasão ao Iraque. Assim são as coisas.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer