Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A receita da The Economist para o Brasil: liberar o "espírito animal do setor privado"




A revista The Economist reserva os pedidos de mudança de ministérios da Fazenda para os ministros "intervencionistas" da América Latina. No início do ano, a previsão era de um crescimento de 0,7% para a Inglaterra em 2010. Agora, a constatação é de que a economia vai se contrar 0,12% este ano. Por ocaso a revista pediu a cabeça do ministro da Fazenda britânico, George Osborne? Para o Brasil, a receita é "deixar de se meter na economia, desregulamentar o mercado de trabalho e deixar que o espírito animal do setor privado possa expressar-se livremente". O artigo é de Marcelo Justo, direto de Londres.


Londres - Em seu último número, a revista The Economist disse que o ministro da fazenda Guido Mantega deveria sair, porque todas as suas previsões de recuperação econômica não tinham se confirmado. “O governo tinha convencido os economistas independentes de que, com uma moeda mais competitiva, com taxas de juros mais baixas e uma redução de impostos da indústria automobilística, a economia iria se recuperar”. As estatísticas foram – segundo a The Economist – “decepcionantes”, um “choque”.

O editorial e o texto sobre o Brasil foram publicados dois dias depois de o ministro da Fazenda do Reino Unido, o conservador George Osborne, reconhecer que o plano de consolidação fiscal que anunciou que o período 2010-2015 terá de estender a austeridade até 2018, para cumprir com o seu objetivo, sempre e quando se puder acreditar nas projeções quem os governos se baseam.

Não há nenhuma garantia. O Escritório para Responsabilidade Orçamentária, uma organização criada pela Coalizão Conservadora-liberal democrata para medir a marcha da economia, previu no começo do ano um crescimento de 0,7% para 2012. Agora disse que, na realidade, a economia vai se contrarir 0,1% este ano. O rombo fiscal é o dobro do projetado há uns dias.

Como se vê, nesse terreno minado das previsões econômicas, não há mais precisão no Reino Unido do que no Brasil. Por acaso a “The Economist” pediu a cabeça de Osborne?

Não é de surpreender. O semanário apoiou os conservadores nas eleições de 2010 e o programa de Austeridade da Coalizão. Em maio deste ano, mês das eleições, a economia estava se recuperando do estouro financeiro de 2008. Crescimento era anêmico - 1,7% -, mas começava lentamente a recuperar o alento, graças a um massivo programa de investimento público do governo trabalhista.

A austeridade da coalizão afogou este impulso. O programa previa cortes de 80 bilhões de libras (em torno de 140 bilhões de dólares) para o período 2010-2015, por meio de uma forte redução da estrutura estatal, com mais de meio milhão de desempregados. A esse golpe, o governo agregou outro: um aumento massivo de impostos.

Os despedidos começaram a engrossar as filas de desempregados que cobram o seguro-desemprego e que não contribuem, aumentando o gasto do Estado e diminuindo a arrecadação. Os consumidores em geral, mesmo os que conservam seus empregos, adotaram uma atitude mais cautelosa para diminuir o seu endividamento pessoal e se preservar, caso a enfermidade econômica acabasse os afetando.

O resultado macroeconômico está à vista. Em 2011, a economia foi se desacelerando trimestre após trimestre (de 0,4% entre julho e outubro, a 0,3% no último trimestre). Nos dois primeiros trimestres deste ano o crescimento foi diretamente negativo, uma medida convencional que os economistas usam para definir uma recessão (dois trimestres consecutivos). É a segunda queda que o Reino Unido experimenta em 3 anos.

As Olimpíadas de Londres deram um impulso econômico transitório que permitiu ao Reino Unido sair do crescimento negativo, mas a essas alturas o plano da Coalizão já estava em marcha. A queda na arrecadação devido à falta de crescimento é hoje tão pronunciada que, segundo as previsões que o governo anunciou na Câmara dos Comuns na última quarta-feira, será necessário mais três anos de ajustes para se alcançar o equilíbrio fiscal que se havia prometido para 2015.

Em sua nota sobre a situação econômica do Reino Unido, a “The Economist” faz uma análise fática, com números e gráficos, mas em momento algum fala da necessidade de mudança de estratégia. À diferença do editorial e da matéria sobre o Brasil, que deslizam rapidamente para o campo da opinião (“o que o governo Dilma Rousseff teria de fazer é deixar de se meter na economia, liberalizar o mercado de trabalho e deixar que o espírito animal do setor privado possa expressar-se livremente, para gerar o crescimento de que o Brasil precisa”), o artigo sobre a economia britânica se atém aos fatos, que termina usando como uma justificação do erro de cálculo de Osborne.

Sem explicitá-lo, o final da nota da revista sugere que não é necessária uma mudança de estratégia, no Reino Unido, porque a origem da crise não é o programa governamental, mas a situação econômica do mundo. “A miséria da zona do euro não vai terminar tão cedo, mas tampouco piorará. A desaceleração chinesa parece próxima do fim. Os Estados Unidos podem voltar a crescer com vigor na primavera e evitar o abismo fiscal. Um panorama global mais otimista pode evitar as más notícias para Osborne”. 

Há que se aguardar para ver. Por ora, as notícias sobre a produção industrial, anunciadas na sexta-feira – a revista é publicada pela manhã – falam de uma queda de 1,3%, o nível mais baixo em duas décadas. “Esta queda aumenta as possibilidades de uma nova recessão, a terceira queda que a nossa economia experimentaria”, assinalou ao “The Guardian” Samuel Tombs, da consultoria Capital Economics. Caso esse prognóstico se cumpra, haverá uma mudança de perspectiva da “The Economist”? Calculo que não. Os pedidos de mudança de ministérios da Fazenda o semanário reserva para os ministros “intervencionistas” da América Latina.

Tradução: Katarina Peixoto

O ESPÍRITO ANIMAL DO EMPRESARIADO NACIONAL. HAJA NEOCOLONIZADOS E MÍDIA JUNTOS

O apagão do PSDB e o mensalão midiático do colunismo brazuca



A maior parte dos brasileiros não deve ter a menor saudade do PSDB no governo, até por isso o partido nunca mais voltou ao poder. Mas também não há quem pareça feliz com o que os tucanos fazem na oposição. Exceto a turma do bloco midiático e da banca, o último lance dos caciques do partido desagradou a todos.
O movimento conjunto dos governadores tucanos de São Paulo, Minas e Paraná contra a diminuição do valor no preço da conta de luz só se justifica a partir de uma fé cega no financismo mais barato. Importa mais para os tucanos o quanto acionistas das empresas podem vir a perder, do que quanto os cidadãos e o sistema produtivo podem vir a ganhar com o movimento liderado pela presidenta da República.
Além dos rentistas do capital financeiro, outro setor que parece ter lucrado bastante com o cavalo de pau dos tucanos foi o dos colunistas de caderneta. Você não sabe o que é colunista de caderneta? Explico: há uma turma que além de receber o salário dos veículos para onde trabalha, também é agraciada com convites para palestras e eventos de bancos e empresas do sistema financeiro. Alguns chegam a cobrar de 50 a 100 mil pelas palestras. Evidente que os banqueiros estão dando de ombros para as obviedades que eles têm a dizer . Mas ficam muito felizes em poder tê-los como porta-vozes nos seus veículos.
Pagam não pelas palestras, mas que pelas colunas que fazem. Esse mensalão midiático é que garante que contra todas as evidências, alguns não arredem pé do discurso pró-banca.
Infelizmente ainda há quem acredite na boa fé dessa turma. Mas isso está diminuindo bastante. Tanto que o PSDB não elegeu um prefeito sequer nas capitais da regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste. E estes colunistas não são comentados para além de alguns gabinetes de Brasília.
Aliás, faria enorme bem à política brasileira acabar com o clipping que a Radiobrás faz de jornais e revistas e que todos os ministros e seus principais assessores recebem. Aquilo é um falso recorte do que se debate no país. Não faz o menor sentido ainda existir. E, pior, pautar alguns dos que o recebem.

Saul Leblon: O jogral da mídia contra a política econômica


Mídia omite a origem da crise e ataca o governo Dilma


De repente, o Brasil virou o barnabé da hora aos olhos da crítica econômica conservadora.
A Economist, uma espécie de espírito santo do credo neoliberal, pede a demissão de Mantega e desqualifica os esforços contracíclicos do governo Dilma diante da terra arrasada criada pelos livres mercados no cenário mundial.
Assemelhados nativos tampouco afeitos ao pudor retiram a soberba do bau e voltam a pontificar como se a reforma gregoriana tivesse eliminado o mês de setembro de 2008 do calendário jornalístico. E com ele as ruínas legadas pela supremacia das finanças desreguladas.
Rapinosos homens de negócios dão a sua bicada: o problema do país é o custo da ‘folha’. Os salários aqui crescem o dobro da média mundial, emendam os editoriais. Por ‘média mundial’ entenda-se a situação do emprego na pujante economia da Europa hoje, onde a austeridade neoliberal ressuscitou a mais valia absoluta: corta-se o salário e estende-se a carga de trabalho de quem ainda trabalha. As refeições são feitas nas filas da Cáritas que distribui um milhão de pratos de comida por dia só na Espanha.
Governadores tucanos impávidos diante do incêndio global boicotam a redução no custo da tarifa elétrica proposto por Dilma como se não houvesse amanhã na economia dos próprios estados e no escrutínio das urnas.
O Tesouro vai cobrir a estripulia dos sapecas do PSDB. Mas jornalistas alinhados acodem em massa na sua especialidade.
O jogral que nunca desafina saboreia o PIB baixo e alardeia a primeira consolidação política do levante: tudo decorre da “ineficácia” do que chamam de ‘intervencionismo estatal excessivo do governo Dilma’.
O que, afinal, deseja a turma braba que jogou a humanidade no maior colapso do sistema capitalista desde 1929 — e só poupou o Brasil porque não pode derrubar Lula em 2005, perdeu em 2006 e foi às cordas de novo em 2010?
Simples: enquanto as togas cuidam do PT e de 2014 , trata-se agora de interditar o debate da crise e sabotar a busca de um novo modelo de desenvolvimento a contrapelo dos ‘mercados autorreguláveis’.
É a volta do garrote a cobiçar o pescoço soberano do país.
Compreender o papel que joga o monopólio midiático nesse estrangulamento é crucial para reagir com eficácia ao cerco.
Em que medida é possível fazê-lo sem um contraponto de vozes plurais a afrontar o monólogo conservador na formação do discernimento social? Mais que isso. Em que medida é possível restringir e vencer o embate no plano exclusivamente econômico sem alterar o desequilíbrio clamoroso na difusão das idéias? Vejamos.
O garrote da história: mídia interdita o debate e a solução da crise
Até que ponto o monopólio midiático é responsável pelo ‘consenso’ que jogou o mundo na pior crise do capitalismo desde 1929? A pergunta não é retórica, tampouco a resposta é desprovida de consequências políticas práticas. Imediatas, urgentes, imperativas.
Trata-se, por exemplo, de saber em que medida a formação do discernimento social, condicionado por esférica máquina de difusão de certos interesses, dificulta a própria busca de soluções para a crise.
Mais que isso. Se esse poder blindado que se avoca imune à regulação — como se constata em tintas fortes hoje na Argentina, mas não só — tornou-se um dos constrangimentos paralisantes dessa busca, um difusor de impasses e confrontos, como democratizá-lo?
É disso que trata o Especial de Carta Maior que emoldura o histórico ’7 D’ argentino com a amplitude e a urgência que o tema encerra em nossos dias.
Medicada com doses adicionais da poção que a originou, graças ao receituário reiterado pelo dispositivo midiático, a desordem neoliberal arrasta a humanidade para o seu quinto ano de arrocho e incerteza.
A rigor, não há qualquer sinal otimista de convalescença ou superação.
A OIT estima que o mundo cadastrável chegará ao final de 2012 com um exército de 200 milhões de desempregados.
O estoque não foi acumulado integralmente na derrocada iniciada em 2008, mas é ela que o robustece e realimenta.
Ademais de gerar sucessivas massas de demitidos, a desordem neoliberal torna irrealizável a tarefa projetada pelo organismo da ONU que inclui a criação de 600 milhões de vagas nos próximos dez anos — duzentos milhões para zerar o saldo acumulado; mais 40 milhões de novos empregos anuais para atender às gerações que chegam ao mercado de trabalho.
A colisão de longo curso que esses números condensam desvela a raiz política de um impasse que expõe a natureza imiscível da supremacia financeira com os requisitos indissocipaveis da vida em sociedade. O emprego e tudo o que ele adensa em termos de direitos e dignidade é um desses pontos de tensão inegociáveis. Inclua-se ademais o principio do escrutínio democrático dos conflitos, do qual o capital a juro se isenta, bem como o acervo de direitos que revestem o cristal da civilização –patrimônio humanista que o atrapalha.
Em nenhum outro lugar do planeta essa incompatibilidade revela um ambiente de conflagração tão eloquente e pedagógico quanto no cenário desconcertante da zona do euro.
Se os mercados doentes deles mesmos são capazes de reduzir o berço do Estado do Bem Estar Social a um matadouro de direitos, em que a classe média recorre a instituições de caridade para não passar fome, como na Espanha de Rajoy, o que pode esperar o resto do mundo premido pela mesma lógica?
A Europa paga em libras de carne humana o ajuste de competitividade entre economias pobres e ricas cobrado pelo esgotamento do ciclo de crédito barato e irresponsável.
A paridade intocável do euro revela-se agora o pelourinho de uma unificação subordinada aos desígnios dos mercados — e sobretudo da exportação e da finança germânica Em respeito a esse ‘senhor’ — e a sua senhora, Angela Merkel — aciona-se o triturador de uma austeridade que reduz humanos a coisas, atribuindo-se às coisas a deferência que caberia aos humanos.
Saldo da reciclagem até o momento: mais de 19 milhões de desempregados na zona do euro; 119,6 milhões de pessoas — 24,2% da população — no limiar da pobreza em toda a Europa; US$ 1,3 trilhão entregues aos bancos europeus para salvá-los deles mesmos, depois de se esponjarem em estripulias tóxicas e ativos podres.
O custo humano da inversão de papéis não sensibiliza a mídia conservadora.
Ela continua a rezar pela cartilha da autossuficiência dos mercados, desautorizada nos seus próprios termos por cifras épicas como essas.
Para a lógica editorial predominante, vivemos sob a irrelevância das evidências. A narrativa hegemônica, ressalvadas as exceções de analistas honestos, não cede.
No Brasil criou-se uma fronteira sanitária esquizofrênica. O noticiário internacional da crise não dialoga com a pauta local que ainda não virou o calendário anterior a 2008. O empenho em desqualificar o ativismo estatal dos governos petistas continua intacto, auxiliado pelo radicalismo golpista das editorias de política.
Hoje, a ênfase editorial, já colada à campanha tucana de 2014, consiste em provar a ineficácia das medidas contracíclicas que redefiniram o tônus da política econômica herdada do ciclo tucano neoliberal.
Incluem-se no alvo, naturalmente, a derrubada dos juros — ainda altos para o padrão internacional, mas no menor nível da história; a intervenção estatal indireta na banca, induzindo-a a cortar spreads pela concorrência agressiva das instituições públicas; as desonerações e subsídios ao setor produtivo, da ordem de R$ 45 bi (1% do PIB); a persistência de incentivos ao investimento, ao crédito e à construção civil e, mais recentemente, uma turquesa nos lucros indevidos das concessionárias de energia elétrica — impondo-lhes um desconto tarifário proporcional ao valor das amortizações consolidadas.
Três estados da federação sabotaram a medida reivindicada, entre outros, por associações industriais, como a Fiesp, o bunker parronal e SP. Os três estão sob o comando de governadores do PSDB.
Palavras de um deles que ilustra a mórbida reafirmação de um passado posto em xeque pela crise, cuja reiteração conservadora sonega o direito ao futuro aqui e alhures:
“A presidenta Dilma Roussef está fazendo uma profunda intervenção no setor elétrico a pretexto de reduzir a conta de luz”.
A sentença dá pistas da sofisticação intelectual e do arrojado arcabouço político do novo delfim a suceder Serra na preferência conservadora à presidência da República em 2014, Aécio Neves.
Recapitulemos: estamos na maior crise do capitalismo em 80 ano, produzida pelo credo do Estado mínimo associado à celebração suicida dos mercados autorreguláveis.
Por ‘profunda intervenção’ entenda-se a prerrogativa do poder concedente de abrir o leque de alternativas à renovação de concessões, adicionando-lhes medidas de interesse do desenvolvimento do país e de sua gente em meio à hecatombe econômica mundial.
São esses os parâmetros de um confronto mediado por um dispositivo de comunicação todo ele alinhado ao atilado equipamento analítico do senhor Neves.
Transporte-se os mesmos personagens, o mesmo imperativo de redefinição regulatória, a mesma rebelião das naftalinas para a discussão de uma outra concessão estratégica a reclamar a atualização dos seus termos: a área das telecomunicações, cujo protocolo de funcionamento remonta a 1962.
Não se trata de um exemplo aleatório. O que está em jogo é um incontornável requisito à superação da crise, cuja origem — o corpo de interesses e idéias que a engendrou — teve no monopólio midiático um pregador de eficiência implacável.
Coube-lhe acionar a britadeira da desqualificação e disparar os mísseis do interdito contra agendas, políticas, lideranças, plataformas, governos e países recalcitrantes ou insubordinados.
Ação equivalente registra-se agora na deriva do ciclo histórico demarcada pela falência do Lehman Brothers,em 2008.
A urgência democrática é clara e corre contra o relógio da restauração em marcha.
Trata-se de afrontar a espiral descendente da recessão mundial com uma nova hegemonia de forças e políticas que afrontem e superem a desordem dos mercados desregulados em sua derradeiro cobiça: fazer do colapso o ‘novo normal’ sistêmico, às custas da exceção permanente de direitos e conquistas sociais.
Os interesses ameaçados por esse mutirão progressistas, do qual Brasil — com os seus limites, que não são poucos — é um dos protagonistas de peso, jogam hoje a rodada do vale tudo.
A expressão vale tudo descreve com fidelidade o que tem sido — e será, cada vez mai s– a rotina do noticiário não apenas econômico, mas político, judicial e policial dos últimos meses.
As ideias e interesses assim veiculados amplificam a sua força material graças à abrangência de um aparato de mídia sem rival no país — assim como acontece na Argentina pautada pelos interesses do polvo difusor que atende pelo nome de ‘grupo Clarín’.
A superação dessa usina de consenso asfixiante não se dará exclusivamente no plano da luta ideológica.
Os partidos e forças que evocam a democratização das comunicações tem a obrigação de dar o exemplo prático em casa.
Urge, entre outras iniciativas, materializar a democracia na vida interna das organizações e, sobretudo, na gestão participativa da sociedade sob o comando de administrações progressistas, como será a da capital paulista.
Mas o empenho beligerante com que o dispositivo midiático assumiu a defesa dos interesses associados à crise não pode ser subestimado.
Ilude-se ao ponto da irresponsabilidade suicida o governante que ainda acredita ser possível superar o círculo de ferro do colapso mundial no plano exclusivo do êxito econômico.
Política é economia concentrada.
O espessamento político da crise tem na sabotagem tucana à redução da tarifa elétrica, e na forma como ela é noticiada, uma tênue ilustração do horizonte escuro que se prenuncia.
Quem tem a responsabilidade de liderar o passo seguinte da história não pode conceder à regressividade narrativa o monopólio do diálogo político com a sociedade.
A lição é clara e vem se juntar a uma montanha desordenada de escombros históricos originários de desastres causados pela hesitação e o acanhamento político diante do dia D — como o ’7D’ argentino, corajosamente agendado pela democracia do país vizinho.