Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

SERRA E RUSSOMANO: O ESCÁRNIO DA DEMOCRACIA

*Exclusivo:entrevista com Sánchez Gordillo, o 'Robin Hood' que administra um oásis socialista e bem sucedido numa Espanha mergulhada na desordem neoliberal (leia nesta pág)**CPI das favelas em SP: o lança-chamas investiga a fagulha (leia nesta pág.) 


Eles frequentemente se autodefinem  paladinos da população  sem especificar exatamente do que estão falando, a quem se dirigem e o que propõem. Transitam meses nessa nebulosa. Consolida-se uma  campanha  na flauta das indefinições, com alguns candidatos embalados na esférica certeza de que as redações  funcionam  como um hímen complacente às mais descabidas omissões.  Chega-se a esse colosso da democracia 'à paulista'. A  uma semana do voto, dois dos três principais postulantes à prefeitura, de uma das quatro maiores manchas urbanas do planeta, não apresentaram até agora uma proposta crível para a cidade. Serra e Russomano desdenham da dimensão mais  fundamental de uma campanha, que consiste em adicionar  informação, formação e  discernimento ao processo democrático e ao seu principal protagonista, o eleitor. Isso é normal? Não. É o escárnio da democracia. Mas não há holofotes, nem indignação disponíveis. Foram todos alocados à cobertura dos xiliques do desfrutável Joaquim Barbosa no STF (leia Editorial nesta pág.). É lá que se espera derrotar o PT.O resto se recheia com 'miolo de pote', ou seja, nada. (LEIA MAIS AQUI)








Para julgar tucano,
Barbosa não serve

A frequência com que Marco Aurélio (Collor de) Mello vota no PiG, faz a cabeça do PiG e constrói maiorias na opinião pública e publicada – isso, por acaso, é virtuoso ?

Saiu no Valor: 

Ministro levanta hipótese de Barbosa não assumir presidência do STF


BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello levantou na tarde desta quinta-feira, durante intervalo do julgamento do mensalão, a possibilidade de que o ministro revisor do processo, Joaquim Barbosa, não seja conduzido à presidência do tribunal após a aposentadoria compulsória do ministro Carlos Ayres Britto, em novembro.

“Fico preocupado diante do que percebo no plenário. O presidente deve ser algodão entre metais e não um metal entre os metais”, disse, em referência aos embates que Barbosa tem tido com o ministro revisor do mensalão, Ricardo Lewandowski.

Pelas regras da Corte, assume o posto o vice-presidente do tribunal, que é também o membro mais antigo que ainda não foi presidente. No caso, Joaquim Barbosa. Mas Marco Aurélio disse que esse modelo não é automático. “Não é por aclamação. As cédulas são distribuídas e há votação”, afirmou.

Em um dos mais duros embates, ocorrido ontem, Marco Aurélio chegou a interferir na discussão para pedir a Barbosa compostura em suas intervenções.

(Caio Junqueira, Maíra Magro e Juliano Basile | Valor)
Impedir a ascensão de Joaquim Barbosa à Presidência é um Golpe de Estado.
Quem disse que o Supremo não seria capaz de um Golpe brasiguaio ?
Agora que está na hora de devolver legitimidade às Operações Satiagraha e Castelo de Areia; de julgar o mensalão tucano…
Na hora em que o Supremo se aproxima do arraial da inimputabilidade tucana, agora a severidade do Joaquim Barbosa não presta ?
Barbosa só é bom para botar petista na cadeia ?
Joaquim Barbosa deixou de ser o queridinho do PiG (*) ?
Por acaso, o comportamento de Gilmar Dantas (**) na presidência do Supremo foi exemplar ?
Quem foi acusado de “desmoralizar a Justiça”, pelo próprio Barbosa ?
E a forma de o Presidente Cezar Peluso tratar o próprio Barbosa foi, por acaso, exemplar, um “algodão entre metais” ?
Por acaso, a frequência com que Marco Aurélio (Collor de) Mello vota no PiG (*), faz a cabeça do PiG (*) e constrói maiorias na opinião pública e publicada – isso, por acaso, é virtuoso ?
Barbosa é o substituto de Ayres Britto – doa a que tucano doer.
Qualquer alternativa é Golpe !




Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…



Datafolha “corrige” números de Haddad em pesquisa esquisita



Pesquisa Datafolha sobre São Paulo divulgada na noite de ontem (27.9) corrigiu “queda” de Fernando Haddad na semana passada que só esse instituto detectou. Veja , na imagem abaixo, comparação entre a trajetória do petista nesse instituto e no Vox Populi e no Ibope.

Além da correção da distorção sobre a tendência de Haddad, que agora aparece com mais 3 pontos percentuais, chegando a 18% – portanto, fora da margem de erro de 2 pontos –, o Datafolha afirma que Serra cresceu 1 ponto e Russomano caiu 5.
Indo mais fundo na análise da pesquisa, porém, o Blog detectou um fato que, somado a todo o resto, dá o que pensar.
A polêmica pesquisa anterior do Datafolha foi divulgada na noite de 19 de setembro, conforme consta de seu registro no site do TSE, tendo ido a campo entre os dias 18 e 19 últimos. Veja, abaixo, a reprodução da página de registro da pesquisa.

Ao registrar uma pesquisa no TSE, os institutos informam o período em que irão a campo e a data em que divulgarão os dados coletados.
Curiosamente, a pesquisa divulgada na noite de ontem (quinta, 27) aparece no registro do TSE com previsão de divulgação no dia 26 (anteontem), mas o período de apuração dos dados aparece como 26 e 27. Veja, abaixo, a reprodução da pesquisa divulgada ontem.

Pode ser apenas um erro, claro, mas as estranhezas não terminam aí. Veja, abaixo, a página do TSE em que aparecem todos os pedidos de registro de pesquisas Datafolha.

Como se pode notar, a pesquisa que esse instituto divulgou ontem não foi a única que fez nesta semana. A que foi divulgada foi feita para a Globo. No entanto, o instituto fez outra pesquisa entre segunda (24) e quarta (26) entre os alunos da USP, com previsão de divulgação na mesma quarta (26), mas que não foi divulgada.
Abaixo, o registro da pesquisa que tomou chá de sumiço.


Como se não bastasse, o Datafolha incluiu perguntas sobre o mensalão no questionário dessa pesquisa. Veja aqui
Pelo visto, andou acontecendo muita coisa esquisita no Datafolha, ainda que, conforme os números que divulgou ontem, tenha sido obrigado a registrar a tendência real de Haddad, provavelmente devido a ter crescido acima da margem de erro.
Ainda que o Datafolha continue isolado dos outros institutos, recusando-se a registrar a ultrapassagem de Serra por Haddad que os concorrentes todos detectaram, se tiver ocorrido manipulação essa será a última do primeiro turno.
Explico: a próxima pesquisa Datafolha trará o resultado real de sua prospecção. Todo ano de eleição é assim: na pesquisa que antecede o pleito, ao contrário do que acontece durante a campanha, o instituto deverá tentar acertar o resultado das urnas. Sem manipulações

Povo tenta comer lixo, mas governo põe cadeado nas latas

Na Espanha, cadeados nas latas de lixo 

Com cada vez mais pessoas vivendo de restos, prefeitura tranca as latas como medida de saúde pública

SUZANNE DALEY, THE NEW YORK TIMES -
Numa noite recente, uma jovem vasculhava uma pilha de caixas do lado de fora de um mercado de frutas e legumes no bairro operário de Vallecas.

À primeira vista, parecia uma empregada do mercado. Mas não. Ela procurava restos de frutas e legumes jogados no lixo para sua refeição.

Separou algumas batatas que achou boas para comer e colocou-as no carrinho parado ao lado.

"Quando você não tem dinheiro, é isso que há", disse ela.

A jovem de 33 anos disse que trabalhava numa agência dos Correios, mas que o prazo de recebimento do salário-desemprego esgotou e ela agora vivia com 400 por mês. Estava morando num imóvel ocupado com alguns amigos, onde ainda havia água e eletricidade, enquanto recolhia "um pouco de tudo" do lixo depois de as lojas fecharem e as ruas ficarem desertas.

Essa tática de sobrevivência é cada vez mais comum em Madri, que tem uma taxa de desemprego de mais de 50% entre os jovens e cada vez mais famílias com adultos desempregados. Esse ato de vasculhar as latas de lixo se tornou tão difundido que uma cidade espanhola decidiu instalar cadeados nas latas de lixo dos supermercados, como medida de saúde pública.

Relatório da entidade católica Cáritas informou que quase 1 milhão de espanhóis em 2010 recebeu ajuda, duas vezes mais do que em 2007. Em 2011, mais 65 mil pessoas foram incluídas na lista.

O governo, recentemente, aumentou o imposto sobre valor agregado em 3% sobre muitos produtos e em 2% no caso de muitos alimentos, tornando a vida ainda mais difícil para as pessoas já em dificuldade. E não há nada em vista que possa aliviar a situação, uma vez que os governos regionais do país, enfrentando crises no seu próprio orçamento, vêm reduzindo gradativamente uma série de serviços anteriormente oferecidos gratuitamente, incluindo almoços nas escolas para alunos de famílias de baixa renda.

Sobrevivência. Para um número cada vez maior de espanhóis, o alimento encontrado nas latas de lixo é a sua sobrevivência.

Num enorme mercado de frutas e legumes nos arredores da cidade, operários carregavam o lixo para caminhões. Mas basicamente em cada plataforma de carga homens e mulheres apanhavam o que caía nas canaletas.

"É contra a dignidade dessas pessoas sair em busca de comida dessa maneira", disse Eduardo Berloso, da prefeitura de Girona, cidade que colocou cadeados nas latas de lixo dos supermercados.

Berloso propôs a medida no mês passado, depois de ser informado por assistentes sociais e ver diretamente "o gesto de uma mãe com os filhos olhando em volta antes de vasculhar as latas de lixo".

O relatório da Cáritas também informou que 22% das famílias espanholas vivem na pobreza e que 600.000 não possuem nenhuma renda. E esses números devem aumentar nos próximos meses.

Cerca de um terço daqueles que procuram ajuda, segundo o relatório, nunca frequentaram locais que servem comida de graça antes da crise. Para muitos, pedir ajuda é profundamente vergonhoso. Em alguns casos, as famílias vão a esses locais em cidades vizinhas para que amigos e parentes não os vejam.

Em Madri, recentemente, quando um supermercado se preparava para fechar, no distrito de Vallecas, uma pequena multidão reunida, pronta para saltar sobre as latas de lixo, logo depois ficou um tanto descontrolada. Muitos reagiram furiosamente à presença de jornalistas.

No final, alguns conseguiram tirar alguma coisa antes de os caminhões partirem com o lixo.

Mas pela manhã, no ponto de ônibus na frente do mercado, homens e mulheres de todas as idades aguardavam, carregando o que conseguiram recolher. Alguns insistiram que haviam comprado comida, embora aquele fosse um mercado atacadista que não vende para pessoas físicas. Outros admitiram ter vasculhado o lixo. Victor Victorio, 67 anos, imigrante do Peru, afirmou que vinha regularmente ali para procurar frutas e legumes no lixo. Victor, que perdeu seu emprego no setor da construção em 2008, morava com sua filha e disse que levava o que encontrasse, - e nesse dia conseguira pimentões, tomates e cenouras - para a casa.

"É a minha pensão", afirmou.

Para os atacadistas, ver as pessoas vasculhando o lixo é duro.

"Não é bom ver o que ocorre com estas pessoas", disse Manu Gallego, gerente da Canniad Fruit. "Não devia ser assim."

Saúde. Em Girona, Berloso disse que, ao colocar cadeados nas latas de lixo, seu objetivo foi preservar a saúde das pessoas e forçá-las a procurar locais que servem comida gratuitamente. Com os cadeados colocados nas latas de lixo, a cidade agora está enviando agentes civis com cupons instruindo as pessoas a se registrarem para obter ajuda alimentar e serviços sociais.

Ele disse que entre 80 e 100 pessoas regularmente vasculhavam o lixo até a adoção das medidas, mas é muito provável que muitos mais estão vivendo da comida jogada fora.