Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Evitem a Espanha no dia 25 de setembro

A revolução espanhola já tem data e local para acontecer. Será no dia 25 de setembro, em frente ao Congresso. Alguém, por acaso, ouviu falar a esse respeito? Mesmo na Espanha, a mídia mais tradicional ignorou solenemente o movimento até dia 29, quando o governo espanhol fez uma declaração de guerra aos coordenadores do protesto.

A Espanha está prestes a fazer uma espécie de Revolução dos Cravos. Alguém ainda se lembra dessa revolução portuguesa, de 1974, que deu fim à sua ditadura? Pois é, um golpe democrático, com tanques nas ruas e militares armados, para ninguém botar defeito. Tudo bem que os fuzis estavam delicadamente decorados com cravos, em lugar de baionetas, e as armas serviam ao propósito de mostrar que os civis estariam protegidos. Mas não deixou de ser um golpe de Estado.

Seus vizinhos ibéricos estão armando algo parecido, mas sem tanques nem armas. A revolução espanhola já tem data e local para acontecer. Será no dia 25 de setembro, em frente ao Congresso. Alguém, por acaso, ouviu falar a esse respeito? Provavelmente, pouquíssima gente. Mesmo na Espanha, a mídia mais tradicional ignorou solenemente o movimento até ontem (29/08), quando a delegada do governo espanhol em Madri fez uma declaração de guerra aos coordenadores dessa marcha, que quer abraçar o Congresso e por lá permanecer por algum tempo.

Cristina Cifuentes, que fala em nome da lei e da ordem em Madri, membro do direitista Partido Popular (o mesmo do chefe de governo, Mariano Rajoy), disse, alto e bom som, que "grupos muito radicais, tanto de direita como de esquerda", estão tramando de fato "um golpe de Estado encoberto" por essa movimentação. Se há grupos de direita organizando a farra, realmente, foi no mínimo uma indelicadeza não terem convidado Cifuentes, Rajoy, José María Aznar e outros expoentes da direita espanhola.

O alerta lançado por aquele governo, a rigor, é um clássico erro de tática política. Ao centrar fogo contra a mobilização, o governo acaba de lhe prestar dois grandes favores. Ajudou imensamente a sua divulgação, que andava restrita às redes sociais, e inventou um desafio que deve ser aceito por muitos. Às avessas, Cifuentes simplesmente convocou os indignados.

Para arrematar, a delegada fez uma ameaça direta: o local será protegido pelos corpos e forças de segurança do Estado ante qualquer tipo de ataque, como, por exemplo... abraçar o Congresso. Afinal, se trata de “um lugar inviolável”, completou. Tem toda a razão. Imaginem vocês um Congresso sendo violado pelo povo! Nada como um partido que carrega honestamente o adjetivo "popular" para nos lembrar disso.

É bom que se evite a Espanha no dia 25 de setembro. Primeiro, porque há o sério risco de você ser barrado na porta de entrada, como tem acontecido com aquele povo invasor bárbaro, os brasileiros. Segundo, porque uma tempestade perfeita se formará nesse momento. Conforme os porta-vozes oficiais atestam, o protesto está eivado de radicalismo e subversão.

Não adianta negar. Está escrito, preto no branco, na página da coordenação do 25 de Setembro, que se quer “um novo modelo social, baseado na soberania popular participativa”, como forma de reverter a “injusta situação de perda de liberdades e direitos (saúde, educação, serviços sociais, emprego, moradia)”, e por aí vai. Se alguém duvida, confira a página subversiva em http://coordinadora25s.wordpress.com/ ou o perfil deles no Twitter: @Coordinadora25S

Os insaciáveis, em sua sede de poder, querem uma nova Constituição e uma reforma político-eleitoral. Ou seja, querem acabar com a política como ela é e ficam pedindo mais democracia. Conclusão da direita espanhola: só pode ser gente autoritária. Eis a subversão.

Não satisfeitos, os radicais se arvoram a reivindicar um programa econômico. Propõem auditoria da dívida, reforma fiscal para que os ricos paguem mais impostos, fim dos cortes de gastos sociais e investimentos para a geração de empregos. Eis o radicalismo.

Com o país em uma recessão que deve prolongar-se pelo ano de 2013, e que alguns avaliam como a pior dos últimos 40 anos; com o maior desemprego da Europa (um em cada quatro espanhóis está desempregado); com seus bancos com rombos gigantescos; diante de tudo isso, o que fez o governo? À beira de um ataque de nervos, achou por bem marcar a data do fim do mundo para antes do que previa o Calendário Maia.

Grande ideia.

Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.

Video censurado: Aecio Neves chapado no rio

E LULA É O BÊBADO...

Atenção servidores federais, esse é o candidado! Se ele dá cem reais de gorjeta aos garçons, imaginem o quanto não dará de reajuste quando for presidente! (Leandro Fortes)

Da euforia à depressão capitalista




A euforia capitalista dos anos 1990 levou à teoria da “new economics”. O capitalismo, marcado por suas crises cíclicas, deixaria de sofrê-las, para passar a uma fase sem crises.

Os novos desenvolvimentos tecnológicos impulsionariam um ciclo contínuo de desenvolvimento econômico, com a computação tendo o duplo papel de puxar uma demanda que se igualaria a do automóvel no século passado – incluindo um modelo novo anual -, ao mesmo tempo que permitiria prever antecipadamente os gargalos que permitiriam prever e solucionar preventivamente as crises.

A própria possibilidade de quaisquer garotos abrirem uma empresa na garagem de casa e a transformarem em uma empresa de sucesso mundial, quase sem capital inicial, seria a demonstração da pujança econômica do capitalismo e do caráter de “sociedades abertas” das sociedades capitalistas.

Essa festança acabou logo, com a crise de 2000, que desmentiu as teses e fez com que os teóricos da “new economics” partissem para outra moda, também de curta duração. As crises voltaram, com ela as recessões, até que se desembocou na prolongada e profunda crise atual, iniciada em 2007.

Tal como a bomba de tempo da febre de internet, desta vez a bolha de consumo girou em torno do setor imobiliário. Para tentar suprir, pelo menos temporariamente, o desequilíbrio entre produção e consumo, o sistema bancário foi ampliando os créditos, sabendo que nao correspondiam a capacidade real de pagamento por parte dos que os contratavam. Até que a pirâmide explodiu, todo o sistema imobiliário, ruiu, com milhões de pessoas sem conseguir pagar suas hipotecas, devolvendo os imóveis aos bancos, perdendo tudo, mas preferindo isso a continuar aumentando suas dividas.

As ruas da Califórnia se encheram de famílias morando nos seus carros, os bancos ficaram abarrotados de imóveis devolvidos, o sistema bancário chegou à beira do colapso, a recessão, através deste se propagou para o conjunto da economia. Os governos correram a salvar os bancos, com a ilusão de que os bancos salvariam os países. Os bancos se salvaram e no segundo ciclo da crise, a partir de 2011, os que quebraram foram os países.

A crise segue, sem horizonte de término, levando praticamente toda a economia europeia à recessão, enquanto países como os EUA e o Japäo permanecem entre crescimento zero e recessão.

Mas quando o capitalismo escancara suas contradições, seus limites, seu esgotamento, não surge no mundo ainda um modelo que o supere. A América Latina é a região que expressamente resiste – na maioria dos seus países – à hegemonia neoliberal, com Estados ativos que induzem o crescimento econômico e seguem ampliando suas políticas sociais, baseados em alianças regionais e com o Sul do mundo. Mas não tem o continente força própria para desenvolver um modelo alternativo ao neoliberalismo em escala mundial. Resiste, o que faz da América Latina a região de resistência ao polo neoliberal que ainda domina o centro do sistema.

Vivemos por isso um tempo de turbulências, mais ou menos prolongadas, até que um modelo e forças alternativas – que certamente terão a América Latina como um de seus protagonistas essenciais – possam conseguir construir uma alternativa ao capitalismo decadente.
Postado por Emir Sader

A onda Haddad



Há pouco mais de uma semana, um colunista, achando que faria graça com a candidatura de Fernando Haddad, asseverou que, para o petista vencer a eleição, teria que se converter em um legítimo fenômeno político-eleitoral em razão do tempo que resta para a eleição.
Pois bem: pesquisas Datafolha e Vox Populi divulgadas ontem (29.08) dão conta de que José Serra, em algo como um mês, perdeu cerca de um terço de suas intenções de voto, enquanto que Haddad, no período, quase triplicou as suas.
Na verdade, até entre o PT está havendo certa surpresa com o desempenho de Haddad por conta de uma questão que se pensava que influiria negativamente no processo eleitoral sobretudo da capital paulista, dado seu histórico de antipetismo: o julgamento do mensalão.
Ora, se o PT vem enfrentando dificuldade há anos em São Paulo, se o PSDB estabeleceu um feudo no Estado e se cristalizou na capital desde 2004, certamente que o eleitorado daqui deveria se embriagar com as overdoses de mensalão que a mídia está injetando na veia do público todo dia, o tempo todo.
Surpreendentemente, não é o que está se vendo. Assim como vem ocorrendo no resto do Brasil a mídia pode até mandar no STF, mas continua não mandando no povo, que parece estar sabendo separar o julgamento do mensalão das eleições.
Seja como for, aquele colunista tinha certa razão: se Haddad continuar crescendo no ritmo em que está crescendo e vencer a eleição, tornar-se-á um dos maiores fenômenos políticos da história recente.
Tentarão negar que sua candidatura está se tornando uma onda e dirão que o fenômeno da eleição é Celso Russomano. Nada mais falso. Ex-candidato a governador, amplamente conhecido por atuar há muito na tevê, não há nada de excepcional em seu desempenho.
Russomano vem surfando no desconhecimento de Haddad e na onda negativa que  engolfa a candidatura Serra devido ao clima de constrangimento que está se formando entre os seus eleitores, pois falar mal de Kassab – e, portanto, de Serra – está virando moda em Sampa.
Em resumo: Russomano beliscou parte do eleitorado de Serra e poderá ficar com ele, mas a parte do eleitorado que pode votar em Haddad – e que está consigo – tem tudo para voltar às origens dada a superioridade política e de recursos do petista, que tem partido e tempo de televisão.
O fator Lula tem limitação para beneficiar Haddad. O ex-presidente não é tão popular assim em São Paulo, mas certamente tem um eleitorado muito consistente na cidade que inclusive já acedeu a um pedido seu para que votasse em uma desconhecida.
O eleitorado tradicional do PT e que pode atender ao pedido de Lula certamente é bem maior do que os 14% aos quais Haddad chegou nas pesquisas supramencionadas. Não existe lógica alguma para que essa transferência de votos não se acentue. Até porque, está aumentando.
Claro que o fator que mais está ajudando Haddad é que o horário eleitoral, em vez de ajudar Serra, prejudicou o tucano. A propaganda, como se disse aqui, reavivou a memória do eleitorado, fazendo com que se lembrasse de que quem lhe deu Kassab foi Serra.
Quando se escrevia neste blog, meses e até anos atrás, que a vida em São Paulo estava piorando, muitos podem ter pensado que aqui se estava fazendo política. Não era. Já escrevi isso um milhão de vezes e volto a dizer: viver nesta cidade está uma tortura.
A piora da qualidade de vida em São Paulo se acentuou sobremaneira nos últimos anos. As tensões sociais e a ausência de políticas públicas voltadas justamente para mitigá-las estão cobrando o preço dos atuais gestores da metrópole.
O suicídio eleitoral de Serra também teve contribuição do seu alienado programa eleitoral. A cidade que a campanha tucana mostra, nem as câmeras acreditam nela – que dirá o eleitorado. Pelo contrário: aquela cidade fictícia irrita.
O núcleo duro do eleitorado de Serra, hoje, concentra-se nas classes alta e média alta que não vivem a rotina da cidade e que têm poder de influência sobre setores inferiores da pirâmide social. Como essa elite não vive São Paulo, dá-se ao luxo de não se preocupar com ela.
Seja como for, a figura de Haddad, os recursos de sua campanha (tempo de tevê, grande marqueteiro etc.) e o esgotamento da paciência dos paulistanos com a eterna vitimização e exaltação de Serra pela mídia estão formando uma onda política, a onda Haddad.

Folha diz na 1ª página que “PT” está “à beira da prisão”


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Na verdade, a frase no alto da primeira página da edição da Folha de São Paulo desta quinta-feira (30.08) é atribuída pelo jornal à esposa do publicitário Gilnei Rampazzo, sócio de Luiz Gonzalez, marqueteiro de José Serra e do PSDB há incontáveis eleições. A frase textual que compõe a manchete é a seguinte:
Eliane Cantanhêde: PT à beira da prisão é motivo de constrangimento
Fico imaginando o tamanho da prisão que terá que ser construída para abrigar um partido com 1.549.180 filiados caso “o PT” seja preso. Aliás, segundo essa manchete delirante, mal-intencionada, criminosa, a presidente Dilma Rousseff já pode ir preparando sua malinha para esperar o camburão vir recolhê-la, certo?
Quem é tão burro para acreditar em um jornal como a Folha de São Paulo? Aquilo nem um partido político é – nenhum partido seria tão burro de acusar um partido adversário inteiro por um escândalo que envolve seus filiados simplesmente porque todos os partidos têm membros envolvidos em escândalos.
Assim sendo, quando o mensalão do PSDB for a julgamento no STF – se é que as penas não prescreverão antes – e surgirem condenações, será que essa militante tucana travestida de jornalista dirá que “o PSDB” está “à beira da prisão”? E se escrevesse, será que a Folha colocaria essa cretinice na primeira página?
Esse esforço dessa imprensa criminosa para atingir todo um partido político pelo envolvimento de alguns poucos membros seus em um escândalo em que fatos e invenções convivem lado a lado, de acordo com a história recente está fadado ao fracasso.
Quem tem um pingo de memória sabe que o mensalão “petista” foi julgado no tribunal popular em 2006 e o partido foi amplamente absolvido. Neste ano, não se percebem efeitos eleitorais dignos de nota, do que é prova a ascensão do candidato Fernando Haddad em São Paulo mesmo com o dilúvio midiático sobre o mensalão.
A primeira página da Folha de São Paulo de 30 de agosto de 2012 equivale às primeiras páginas desse panfleto partidário tucano que reproduziram ficha policial falsa da hoje presidente Dilma Rousseff, acusação ao ex-presidente Lula de ter assassinado as vítimas do acidente com o avião da TAM e a acusação a ele de ser “estuprador”.
De resto, espera-se que o PT processe a Folha de São Paulo e represente à Procuradoria Geral Eleitoral contra uma jogada política baixa, suja, mesquinha e burra como só uma família que lambeu as botas da ditadura militar e a serviu com vassalagem inaudita, como fez a família Frias, sabe produzir.