Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Demóstenes foi cassado, mas 24 senadores votaram a seu favor






Em 06/03/2012, Aécio Neves (PSDB-MG) fez enfática defesa de Demóstenes, quando ainda havia perspectiva de abafar o escândalo Cachoeira.
 
 
 


Demóstenes Torres (ex-DEM/GO) não é mais senador. Ele foi expulso do Senado, cassado por 56 votos, por ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Como o voto é secreto, a gente nunca ficará sabendo quem foram os 19 senadores que votaram contra a cassação, nem os 5 senadores que se abstiveram.

O voto de Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, é uma incógnita. O senador mineiro tinha uma relação de compadrio a ponto de atender pedidos de Demóstenes para nomear pessoas em Minas, apesar dele ser um senador goiano.

Um caso de aparelhamento no governo tucano mineiro foi a nomeação de uma sobrinha de Cachoeira para um cargo de chefia em Uberaba, a pedido do bicheiro, intermediada por Demóstenes junto a Aécio.

Cachoeira e sua família também tem negócios ilícitos em cidades mineiras, explorando máquinas de caça-níqueis em Uberlândia e Araxá, segundo interceptações telefônicas da Polícia Federal. E já explorou contratos de lixo com a prefeitura da segunda cidade, rompido após denúncias de superfaturamento.

Em uma interceptação telefônica da Polícia Federal, o sargento Dadá, araponga de Cachoeira, fala com uma pessoa não identificada sobre um esquema de jogos na capital mineira. O homem diz a Dadá que iria viajar a Belo Horizonte para se encontrar com uns políticos, “gente forte da área lá” para resolver uma pendência.

O bicheiro já comandou seis empresas em Minas. Algumas ganharam de presente dos tucanos a privatização da loteria estadual. Documento elaborado pela Assessoria de Planejamento e Coordenação da Loteria Mineira, em julho de 2000, revela que o contrato firmado causou um prejuízo da ordem de R$ 286 milhões durante a gestão do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB).

Em 2003, quando Aécio já era governador, o bicheiro foi protagonista de um escândalo em Minas por operar, sem licitação, jogo da Loteria do Estado de Minas Gerais por meio da Jogobrás do Brasil Ltda.

Desde 2000, Cachoeira vem sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MPMG). A Promotoria de Combate ao Crime Organizado do MPMG iniciou uma devassa nos negócios dele em Minas, mas decisão do Conselho de Procuradores barrou a iniciativa (numa clara blindagem aos demotucanos), alegando que as investigações de contravenção penal são de responsabilidade do Juizado Especial Criminal.

Logo que o escândalo Cachoeira estourou, e Demóstenes fez seu primeiro discurso, Aécio fez um emocionado aparte em solidariedade a Demóstenes e reiterando sua confiança no senador goiano. Depois, com os diálogos comprometedores e a linha direta com Cachoeira, via Nextel, ganhando o noticiário nacional, o tucano mineiro recuou publicamente em seu apoio à Demóstenes, mas sempre foi discreto ao tratar do assunto. Em frente as câmeras, Aécio dá a entender condenar Demóstenes, mas não consegue dissimular o desconforto com a cassação do antigo parceiro.

Locutor do moralismo da mídiconduta imorala é cassado por

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Foi um momento triste para a República a sessão do Senado que cassou o mandato do senador Demóstenes Torres. Não por uma impensável impropriedade da cassação, mas pelo que encerra de lamentável que um homem público que se apresentava como paladino da ética perca um mandato popular por agir de forma incompatível com ela.
A defesa de Demóstenes se resumiu a ele e a seu advogado. Quase ninguém se levantou por ele. Nenhum dos seus defensores conseguiu contrapor argumento que justificasse os quase cem mil dólares de presentes que recebeu de Carlos Cachoeira ou os serviços que as gravações da PF mostram que prestou ao criminoso.
Na defesa de Demóstenes, ele pediu desculpas pelas acusações que fez aos seus pares enquanto exercia o cargo oficioso de locutor da Veja e do resto de uma mídia que, em suas palavras, o tratou como ele fez que tratasse a outros que, ao contrário de si, nunca foram flagrados nas situações em que foi.
Demóstenes reconheceu “leviandade” nas acusações que fazia. A grande reflexão que disso resulta, assim, é a de que fazia, irresponsavelmente, as acusações que saiam na Veja, na Folha, no Estadão e na Globo E reconheceu que os veículos que repercutia, na hora H, abandonaram-no ferido na estrada.
A lição maior da cassação de Demóstenes, portanto, é a de que ninguém está a salvo de se tornar alvo do furor acusatório e do moralismo. Independentemente de sua culpa evidente, ainda haverá que prová-la materialmente na Justiça. Sua cassação política, porém, veio embasada por provas que não existiram contra seus alvos pretéritos.
A cassação de Demóstenes, enfim, insinua quanto ainda pode haver de obscuro no furor acusatório do qual ele foi a principal expressão. É o desmonte parcial de um esquema hipócrita que se esmerou na acusação sem provas ou mínimas evidências que sobram contra si.
Dificilmente os poderes que construíram e sustentaram Demóstenes conseguirão extrair o significado de sua derrocada, a derrocada da hipocrisia, do moralismo e do açodamento. Todavia, o fenômeno oferece esperança àqueles que almejam pelo funcionamento civilizado e civilizador da política, que marcou um tento ao cassar a hipocrisia.
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Blogueiros entrevistam candidato do PSOL a prefeito de São Paulo

CHUPA ESSA PARTIDÁRIOS DO DEM-PSDB E DIREITA GOLPISTA.



Quando o plenário do Senado Federal se reunir na tarde desta quarta-feira para decidir o destino do senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM), estará chegando ao fim — ou não — uma das maiores farsas já vistas no Parlamento brasileiro.
Tudo indica que o antigo queridinho da imprensa de Brasília, apresentado ao País como o denunciador-geral da República, o último dos honestos, terá seu mandato cassado pelo conjunto da obra, revelada após a prisão do seu amigo e parceiro Carlinhos Cachoeira, mas ninguém pode garantir esse desfecho porque o voto é secreto.
Enquete publicada na edição da Folha de terça-feira informa que 52 dos 81 senadores declararam que vão votar pela cassação de Demóstenes (bastam 41 para que perca o mandato).
O próprio jornal, porém, lembra que, em 2007, 43 senadores também haviam se manifestado numa enquete a favor da cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de receber uma espécie de ajuda de custo de uma empreiteira, mas na hora do vamos ver apenas 35 confirmaram o voto.
Um deles foi justamente Demóstenes Torres, que fez questão de abrir seu voto com pompa e circustância: "Vou votar da mesma forma que votei da outra vez, pela perda do mandato do senador Renan. Se não serve para ser presidente, não serve para ser senador", pontificou na tribuna, no dia 5 de dezembro de 2007.
Agora, nas voltas que a vida dá, o advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ameaça ir ao Supremo Tribunal Federal se algum senador abrir seu voto amanhã.
Pois é exatamente isso que o País espera dos seus representantes: que cada um revele como votou e dê seus motivos. Se, por acaso, Demóstenes for absolvido, e a farsa não chegar ao fim, os eleitores têm o direito de saber quem foi responsável pela desmoralização do Senado Federal.
Por confiar nos milagres do voto secreto, Demóstenes cumpriu sua promessa de ir à tribuna todos os dias, mesmo falando para ninguém no plenário, como aconteceu mais uma vez na segunda-feira.
Cada dia mais patético, o senador goiano nem piscou ao proclamar sua inocência, contra todas as provas e evidências das suas relações especiais com o "empresário de jogos" Carlinhos Cachoeira, de quem foi acusado de ser "despachante de luxo". Naquele que pode ter sido um dos seus últimos atos como senador, Demóstenes teve a coragem de dizer:
"E a verdade é que não quebrei o decoro parlamentar, não cometi ilegalidades, não menti em discurso no plenário do Senado, não percebi vantagem indevida, não pratiquei irregularidades, não me envolvi em qualquer crime ou contravenção, não conhecia as atividades de Carlinhos Cachoeira investigadas pela Operação Monte Carlo".
Só faltou dizer que, ao contrário do que todos pensam, o Demóstenes Torres de quem tanto falam não é ele. Se o ainda senador acredita mesmo no que está dizendo, seu caso é bem mais grave do que se imaginava quando acumulou por muito tempo os papéis de baluarte no combate à corrupção e a de interlocutor preferencial de Carlinhos Cachoeira no Congresso Nacional, sem que ninguém da imprensa desconfiasse.
Como grande ator, o nosso inverossímil personagem conseguiu representar ao mesmo tempo o protagonista e o antagonista de uma farsa que nem os melhores autores de ficção seriam capazes de criar.
Após as últimas cenas em que falou sozinho na tribuna, indiferente ao desprezo dos antigos colegas e dos seus admiradores na imprensa, o nome da peça poderia ser algo na linha "O Grande Cara de Pau".
 
Ricardo Kotscho