Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ninguém explicou direito, ainda, o baque eleitoral de José Serra



Não serei eu a querer discutir com análises de renomados especialistas sobre as razões da piora cada vez mais espantosa da imagem do candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, José Serra. Todavia, confesso que, até agora, nenhuma das que li ou ouvi me convenceu.
Defeitos de Serra que seus adversários sabem de cor: “métodos”, “truculência”, “irascibilidade” etc. São, porém, defeitos que enxerga quem não gosta dele. Já o eleitorado que ele ora disputa, o de São Paulo, pelo menos até há pouco não pensava assim.
Só para refrescarmos nossas memórias: há exatos um ano e dez meses (que se completam no dia em que este texto foi escrito), em 31 de outubro de 2010, na capital paulista, Serra venceu Dilma Rousseff no segundo turno da eleição presidencial por 53,64% a 46,36%.
O que aconteceu de lá para cá? Que eu saiba, o tucano não matou ninguém, não estuprou ninguém e nem mesmo foi visto tirando o pirulito de alguma criancinha. Muito pelo contrário: a blindagem que tem na mídia impediu, de lá para cá, que se noticiasse algo que o desabonasse.
Claro que houve o livro da Privataria Tucana, que virou best-seller em questão de poucos dias, figurando por meses, entre o fim do ano passado e começo deste ano, entre os mais vendidos de todas as listas, inclusive nas da grande mídia. Todavia, quem lê livros sobre política, aqui?
É óbvio que o livro da privataria foi lido só por uma elite intelectual. O povão, os mais de dez milhões de paulistanos, em sua quase totalidade nem sequer ouviram falar… Ou ouviram?
Seja como for, a propaganda contra o livro no mínimo foi tão grande quanto a divulgação, apesar de a obra do jornalista Amaury Ribeiro ter gerado um pedido de CPI na Câmara dos Deputados que está até aprovado e esperando nomeação de líderes…
Ainda me parece pouco, porém.
Também dizem que o que pode estar minando Serra é ele ter mentido ao se comprometer por escrito a ficar no cargo quatro anos se fosse eleito prefeito de São Paulo em 2004. Essa versão, porém, tampouco me convence.
Se mentir para o eleitorado em 2004 está afundando Serra, então por que ele foi eleito governador de São Paulo em primeiro turno em 2006 e ainda conseguiu eleger Gilberto Kassab prefeito da capital paulista em 2008? E mais: como venceu Dilma na mesma cidade em 2010?
A hipótese mais plausível é a de que, refletindo sobre a eleição, o paulistano, que à proporção de 85% disse na última pesquisa Datafolha que quer mudança de modo de governar São Paulo, só agora tenha se dado conta de que Serra é o responsável por Kassab ter sido eleito.
Kassab, porém, é mal-avaliado faz tempo. Contudo, até há algumas semanas a eleição para prefeito parecia estar decidida na cidade, segundo as pesquisas. A dianteira de Serra era enorme. Será que o paulistano não se lembrava mais de que Serra é Kassab?
Em 2010, a avaliação de Kassab ainda não era muito ruim. Começou a despencar em 2011. Em minha opinião, isso explica tudo. Não tenho dados para afirmar, mas acho que, nos últimos dois anos, a qualidade de vida em São Paulo piorou muito. De uma forma impressionante…
Seria extremamente interessante, do ponto de vista da ciência política, que fosse feito um estudo dos indicadores da condição de vida em São Paulo de 2010 para cá. A percepção deste blogueiro parece encontrar eco em todos com quem conversa, por aqui.
Além da redução espantosa da mobilidade urbana, a limpeza, a segurança e os serviços públicos da cidade, no geral, na visão comum da população decaíram muito. Muita gente parece sentir essa degradação para ser, apenas, uma percepção equivocada.
PS: tem gente dizendo que a mídia encher a paciência do povo com o mensalão dia e noite está sendo percebido pelos paulistanos como manobra pra ajudar Serra e isso os está irritando, mas eu não acredito. E você?

Pimenta Neves não maculou toda mídia nem João Paulo todo PT



Os jornais O Globo e Folha de São Paulo e uma horda de extremistas de direita na internet vibram com os anátemas despudorados, cínicos e farsescos dessas agências de propaganda política disfarçadas de “imprensa”. Estão tendo orgasmos com a conduta vergonhosa do Supremo Tribunal Federal de se agachar diante de uma mídia que quer mandar no Brasil.
Tanto os jornais quanto os fanáticos, que não representam mais do que uma diminuta fração do povo brasileiro, também tentam vender à sociedade uma teoria delirante, acima de tudo: o Partido dos Trabalhadores, com seu 1,5 milhão de filiados, é que estaria sendo julgado na principal Corte de Justiça do país.
A teoria dessa escória é a de que a condenação de um político do PT – que nada tem de diferente das condenações de políticos de outras legendas – conspurcaria a imagem do partido inteiro e, acima de tudo, do governo Lula.
Entendem-se os desejos desses aspirantes a déspota: como não têm votos, como o povo diz não às suas teses eleição após eleição, o único caminho para voltarem a maltratar o brasileiro humilde em governos alienados dos dramas sociais que afligem o país é o tapetão, seja da mídia ou do Judiciário, pois há muito que deixaram de ser levados a sério.
A prova de que a sociedade brasileira enxerga que o julgamento do mensalão, como está ocorrendo, é uma farsa urdida por empresários de mídia, partidos de direita e considerável parcela de juízes do STF sequiosos por holofotes e covardes demais para exercer o Direito fica visível no processo eleitoral deste ano assim como nas eleições de anos anteriores.
Escrevo logo após a leitura da matéria do jornal O Estado de São Paulo sobre a última pesquisa da corrida eleitoral em São Paulo. Essa pesquisa, segundo informações que obtive, caiu como uma bomba nas redações da imprensa tucana, que estão perplexas.
O candidato do Partido dos Trabalhadores – partido que a mídia e seus bate-paus na internet querem colocar na ilegalidade – a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, acaba de empatar tecnicamente com José Serra, que a direita esperava que fosse o grande beneficiado pelo julgamento do mensalão.
O excesso midiático sobre esse julgamento, porém, finalmente foi longe demais. Ouso dizer que a maioria dos brasileiros está enojada com a diferença de tratamento que esses veículos dão a escândalos dos políticos seus aliados (como Serra) e aos escândalos envolvendo políticos inimigos (Lula, Dilma e o PT).
A desmoralização de Serra é composta por uma miríade de fatores, sendo a queda livre da qualidade de vida em São Paulo a mais decisiva. E olhem que a maioria dos paulistanos sequer sabe da Privataria Tucana, dos milhões de dólares que a filha do tucano e outros parentes dele receberam do exterior durante a venda do patrimônio público pelo governo FHC…
A blindagem de Serra pela mídia, assim, chega ao inimaginável. O eleitorado paulistano o rejeita sem saber que seu governo e o de seu afilhado, Gilberto Kassab, está sendo investigado pelo Ministério Público paulista por fraude em contrato de coleta de lixo celebrado entre a prefeitura e a construtora Delta, contrato que pulou de R$ 300 milhões para R$ 700.
Ainda assim, esses facínoras que se auto-intitulam “jornalistas” e “publishers” pregam, literalmente, que “o PT” inteiro seja criminalizado e até preso, o que é, também, um delírio autoritário forjado na ideologia de uma “imprensa” que já colocou partidos na clandestinidade e o Brasil em uma ditadura de vinte anos.
O povo brasileiro deixou de acreditar nessa gente há quase uma década. De lá para cá, foram inúmeras as tentativas de destruir o Partido dos Trabalhadores e a honra de Lula. Mas a teoria de que todo o partido está sendo julgado no STF, acho que foi a gota d’água.
Neste momento, por conta da tentativa da mídia de criminalizar todo o PT pelo suposto ato de um petista, muita gente está se lembrando do ex-diretor do jornal O Estado de São Paulo Antonio Marcos Pimenta Neves, assassino confesso de uma colega de trabalho com quem mantinha um relacionamento amoroso.
Em 2000, esse jornalista apareceu na chácara da família da vítima, a também jornalista Sandra Gomide, dizendo que viera almoçar, apesar de ela ter rompido o relacionamento com ele. Tinha vindo, na verdade, tentar reconciliação, mas ela recusou. Pimenta Neves, então, sacou uma arma e atingiu Sandra com dois tiros, sendo um pelas costas e outro no ouvido.
Entre 1999 e 2000, por então ser colaborador freqüente da sessão de cartas de leitores do Estadão, recebi algumas chamadas telefônicas de Pimenta Neves em minha residência, pois toda carta que enviava ao jornal tinha que ter nome, endereço, RG e telefone. Ele me ligava para debater minhas posições políticas antagônicas às do jornal.
Pimenta Neves era (?) o reacionário clássico. Chamava a resistência à ditadura de “terrorismo”, demonstrava desprezo pela simples idéia de políticas sociais e, como todo entusiasta daquela ditadura e do ultraconservadorismo que hoje permeia a mídia, julgava-se todo-poderoso.
Quando leio esses colunistas da Folha, do Estadão, da Veja etc., lembro muito do que ouvia de Pimenta Neves ao telefone, inclusive poucas semanas antes de ele matar aquela garota pelas costas. Todavia, nunca propaguei a tese de que seu crime conspurcava toda uma grande imprensa repleta de pessoas com ideologias análogas à sua.
Pimenta Neves, criminoso confesso contra o qual nunca houve dúvida da autoria do crime, não conspurca a imprensa assim como o deputado João Paulo Cunha, cuja culpa decretada pelo STF ficou longe de ter sido provada – decorrendo, apenas, de subjetividade e de interesses outros dos magistrados –, não enlameia o PT.
A tese que tenta macular uma era de ouro que o Brasil viveu ao longo da primeira década do século XXI, portanto, é repudiada pela maioria absoluta dos brasileiros, que as pesquisas mostram que continua apoiando o Partido dos Trabalhadores. E as urnas, neste ano e nos próximos, mostrarão isso a esses aspirantes a ditador da mídia golpista.

BUFFET FARTO, ORQUESTRA AFINADA E PISTA VAZIA.

IBOPE: Haddad salta de 9% para 16% e disputa o 2º lugar com Serra que  caiu para 20% **Russomano venceria Serra num 2º turno por 51% a  27%** Rejeição a Serra atinge 50% na faixa de idade entre 16 e 34 anos.

 
Há certo gosto de decepção no ar. O conservadorismo que durante meses, anos, cultivou o julgamento do chamado 'mensalão' como uma espécie de terceiro turno sanitário, capaz de redimir revezes acumulados desde 2002 no ambiente hostil do voto, percebe-se agora algo solitário na festa marcada para arrebanhar multidões. Como assim se os melhores buffets da praça foram contratados; a orquestra ensaiou cinco anos a fio e o repertório foi escolhido a dedo? Por que então a pista está vazia? Falta apenas o essencial: a alegria do povo. A pouca ou nenhuma influência eleitoral desse engenhoso ardil que elegeu a ausência de provas como a principal prova condenatória diz o bastante sobre a frágil hipocrisia vendida como marco zero da moralidade pública pelos seus vulgarizadores midiáticos. Não é esse porém o acerto de contas com o qual terá que se enfrentar o PT. (LEIA MAIS AQUI)


Chauí: PiG (*) produz culpas
e condena sumariamente


Num evento em defesa da liberdade de expressão e por uma Ley de Medios, realizado no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, nessa segunda feira, a professora Marilena Chauí fez uma palestra antológica.

I. Democracia e autoritarismo social
Estamos acostumados a aceitar a definição liberal da democracia como regime da lei e da ordem para a garantia das liberdades individuais. Visto que o pensamento e a prática liberais identificam a liberdade com a ausência de obstáculos à competição, essa definição da democracia significa, em primeiro lugar, que a liberdade se reduz à competição econômica da chamada “livre iniciativa” e à competição política entre partidos que disputam eleições; em segundo, que embora a democracia apareça justificada como “valor” ou como “bem”, é encarada, de fato, pelo critério da eficácia, medida no plano do poder executivo pela atividade de uma elite de técnicos competentes aos quais cabe a direção do Estado. A democracia é, assim, reduzida a um regime político eficaz, baseado na idéia de cidadania organizada em partidos políticos, e se manifesta no processo eleitoral de escolha dos representantes, na rotatividade dos governantes e nas soluções técnicas para os problemas econômicos e sociais.
Ora, há, na prática democrática e nas idéias democráticas, uma profundidade e uma verdade muito maiores e superiores ao que liberalismo percebe e deixa perceber.
Podemos, em traços breves e gerais, caracterizar a democracia ultrapassando a simples idéia de um regime político identificado à forma do governo, tomando-a como forma geral de uma sociedade e, assim, considerá-la:
1. forma sócio-política definida pelo princípio da isonomia ( igualdade dos cidadãos perante a lei) e da isegoria (direito de todos para expor  em público suas opiniões, vê-las discutidas, aceitas ou recusadas em público), tendo como base a afirmação de que todos são iguais porque livres, isto é, ninguém está sob o poder de um outro porque todos obedecem às mesmas leis das quais todos são autores (autores diretamente, numa democracia participativa; indiretamente, numa democracia representativa). Donde o maior problema da democracia numa sociedade de classes ser o da manutenção de seus princípios – igualdade e liberdade – sob os efeitos da desigualdade real;
2. forma política na qual, ao contrário de todas as outras, o conflito é considerado legítimo e necessário, buscando mediações institucionais para que possa exprimir-se. A democracia não é o regime do consenso, mas do trabalho dos e sobre os conflitos. Donde uma outra dificuldade democrática nas sociedades de classes: como operar com os conflitos quando estes possuem a forma da contradição e não a da mera oposição?
3. forma sócio-política que busca enfrentar as dificuldades acima apontadas conciliando o princípio da igualdade e da liberdade e a existência real das desigualdades, bem como o princípio da legitimidade do conflito e a existência de contradições materiais introduzindo, para isso, a idéia dos direitos ( econômicos, sociais, políticos e culturais). Graças aos direitos, os desiguais conquistam a igualdade, entrando no espaço político para reivindicar a participação nos direitos existentes e sobretudo para criar novos direitos. Estes são novos não simplesmente porque não existiam anteriormente, mas porque são diferentes daqueles que existem, uma vez que fazem surgir, como cidadãos, novos sujeitos políticos que os afirmaram e os fizeram ser reconhecidos por toda a sociedade.
4. graças à idéia e à prática da criação de direitos, a democracia não define a liberdade apenas pela ausência de obstáculos externos à ação, mas a define pela autonomia, isto é, pela capacidade dos sujeitos sociais e políticos darem a si mesmos suas próprias normas e regras de ação. Passa-se, portanto, de uma definição negativa da liberdade – o não obstáculo ou o não-constrangimento externo – a uma definição positiva – dar a si mesmo suas regras e normas de ação. A liberdade possibilita aos cidadãos instituir contra-poderes sociais por meio dos quais interferem diretamente no poder por meio de reivindicações e controle das ações estatais.
5. pela criação dos direitos, a democracia surge como o único regime político realmente aberto às mudanças temporais, uma vez que faz surgir o novo como parte de sua existência e, conseqüentemente, a temporalidade é constitutiva de seu modo de ser, de maneira que a democracia é a sociedade verdadeiramente histórica, isto é, aberta ao tempo, ao possível, às transformações e ao novo. Com efeito, pela criação de novos direitos e pela existência dos contra-poderes sociais, a sociedade democrática não está fixada numa forma para sempre determinada, pois não cessa de trabalhar suas divisões e diferenças internas, de orientar-se pela possibilidade objetiva de alterar-se pela própria práxis;
6. única forma sócio-política na qual o caráter popular do poder e das lutas tende a evidenciar-se nas sociedades de classes, na medida em que os direitos só ampliam seu alcance ou só surgem como novos pela ação das classes populares contra a cristalização jurídico-política que favorece a classe dominante. Em outras palavras, a marca da democracia moderna, permitindo sua passagem de democracia liberal á democracia social, encontra-se no fato de que somente as classes populares e os excluídos (as “minorias”) reivindicam direitos e criam novos direitos;
7. forma política na qual a distinção entre o poder e o governante é garantida não só pela presença de leis e pela divisão de várias esferas de autoridade, mas também pela existência das eleições, pois estas ( contrariamente do que afirma a ciência política) não significam  mera “alternância no poder”, mas assinalam que o poder está sempre vazio, que seu detentor é a sociedade e que o governante apenas o ocupa por haver recebido um mandato temporário para isto. Em outras palavras, os sujeitos políticos não são simples votantes, mas eleitores. Eleger significa não só exercer o poder, mas manifestar a origem do poder, repondo o princípio afirmado pelos romanos quando inventaram a política: eleger é “dar a alguém aquilo que se possui, porque ninguém pode dar o que não tem”, isto é, eleger é afirmar-se soberano para escolher ocupantes temporários do governo.
Dizemos, então, que uma sociedade — e não um simples regime de governo — é democrática quando, além de eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes da república, respeito à vontade da maioria e da minoria, institui algo mais profundo, que é condição do próprio regime político, ou seja, quando institui direitos e que essa instituição é uma criação social, de tal maneira que a atividade democrática social realiza-se como uma contra-poder social que determina, dirige, controla e modifica a ação estatal e o poder dos governantes.
Se esses são os principais traços da sociedade democrática, podemos avaliar as enormes dificuldades para instituir a democracia no Brasil. De fato, a sociedade brasileira é estruturalmente violenta, hierárquica, vertical, autoritária e oligárquica e o Estado é patrimonialista e cartorial, organizado segundo a lógica clientelista e burocrática. O clientelismo bloqueia a prática democrática da representação  — o representante não é visto como portador de um mandato dos representados, mas como provedor de favores aos eleitores. A burocracia bloqueia a democratização do Estado porque não é uma organização do trabalho e sim uma forma de poder fundada em três princípios opostos aos democráticos: a hierarquia, oposta à igualdade; o segredo, oposto ao direito à informação; e a rotina de procedimentos, oposta à abertura temporal da ação política.
Além disso, social e economicamente nossa sociedade está polarizada entre a carência absoluta das camadas populares e o privilégio absoluto das camadas dominantes e dirigentes, bloqueando a instituição e a consolidação da democracia. Um privilégio é, por definição, algo particular que não pode generalizar-se nem universalizar-se sem deixar de ser privilégio. Uma carência é uma falta também particular ou específica que se exprime numa demanda também particular ou específica, não conseguindo generalizar-se nem universalizar-se. Um direito, ao contrário de carências e privilégios, não é particular e específico, mas geral e universal,  seja porque é o mesmo e válido para todos os indivíduos, grupos e classes sociais, seja porque embora diferenciado é reconhecido por todos (como é caso dos chamados direitos das minorias). Assim, a polarização econômico-social entre a carência e o privilégio ergue-se como obstáculo à instituição de direitos, definidora da democracia.
A esses obstáculos, podemos acrescentar ainda aquele decorrente do neoliberalismo, qual seja o encolhimento do espaço público e o alargamento do espaço privado. Economicamente, trata-se da  eliminação de direitos econômicos, sociais e políticos garantidos pelo poder público, em proveito dos interesses privados da classe dominante, isto é, em proveito do  capital; a economia e a política neoliberais são a decisão de destinar os fundos públicos aos investimentos do capital e de cortar os investimentos públicos destinados aos direitos sociais, transformando-os em serviços definidos pela lógica do mercado, isto é, a privatização dos direitos transformados em serviços, privatização que aumenta a cisão social entre a carência e o privilégio, aumentando todas formas de exclusão. Politicamente o encolhimento do público e o alargamento do privado colocam em evidência o bloqueio a um direito democrático fundamental sem o qual a cidadania, entendida como participação social, política e cultural é impossível, qual seja, o direito à informação.

II. Os meios de comunicação como exercício de poder
Podemos focalizar o exercício do poder pelos meios de comunicação de massa sob dois aspectos principais: o econômico e o ideológico.
Do ponto de vista econômico, os meios de comunicação fazem parte da indústria cultural. Indústria porque são empresas privadas operando no mercado e que, hoje, sob a ação da chamada globalização, passa por profundas mudanças estruturais, “num processo nunca visto de fusões e aquisições, companhias globais ganharam posições de domínio na mídia.”, como diz o jornalista Caio Túlio Costa. Além da forte concentração (os oligopólios beiram o monopólio), também é significativa a presença, no setor das comunicações, de empresas que não tinham vínculos com ele nem tradição nessa área. O porte dos investimentos e a perspectiva de lucros jamais vistos levaram grupos proprietários de bancos, indústria metalúrgica, indústria elétrica e eletrônica, fabricantes de armamentos e aviões de combate, indústria de telecomunicações a adquirir, mundo afora, jornais, revistas, serviços de telefonia, rádios e televisões, portais de internet, satélites, etc..
No caso do Brasil, o poderio econômico dos meios é inseparável da forma oligárquica do poder do Estado, produzindo um dos fenômenos mais contrários à democracia, qual seja, o que Alberto Dines chamou de “coronelismo eletrônico”, isto é, a forma privatizada das concessões públicas de canais de rádio e televisão, concedidos a parlamentares e lobbies privados, de tal maneira que aqueles que deveriam fiscalizar as concessões públicas se tornam concessionários privados, apropriando-se de um bem público para manter privilégios, monopolizando a comunicação e a informação. Esse privilégio é um poder político que se ergue contra dois direitos democráticos essenciais: a isonomia (a igualdade perante a lei) e a isegoria (o direito à palavra ou o igual direito de todos de expressar-se em público e ter suas opiniões publicamente discutidas e avaliadas). Numa palavra, a cidadania democrática exige que os cidadãos estejam informados para que possam opinar e intervir politicamente e isso lhes é roubado pelo poder econômico dos meios de comunicação.
A isonomia e a isegoria são também ameaçadas e destruídas pelo poder ideológico dos meios de comunicação. De fato, do ponto de vista ideológico, a mídia exerce o poder sob a forma do denominamos a ideologia da competência, cuja peculiaridade está em seu modo de aparecer sob a forma anônima e impessoal do discurso do conhecimento, e cuja eficácia social, política e cultural está fundada na crença na racionalidade técnico-científica.
A ideologia da competência pode ser resumida da seguinte maneira: não é qualquer um que pode em qualquer lugar e em qualquer ocasião dizer qualquer coisa a qualquer outro. O discurso competente determina de antemão quem tem o direito de falar e quem deve ouvir, assim como pré-determina os lugares e as circunstâncias em que é permitido falar e ouvir, e define previamente a forma e o conteúdo do que deve ser dito e precisa ser ouvido. Essas distinções têm como fundamento uma distinção principal, aquela que divide socialmente os detentores de um saber ou de um conhecimento (científico, técnico, religioso, político, artístico), que podem falar e têm o direito de mandar e comandar, e os desprovidos de saber, que devem ouvir e obedecer. Numa palavra, a ideologia da competência institui a divisão social entre os competentes, que sabem e por isso mandam, e os incompetentes, que não sabem e por isso obedecem.
Enquanto discurso do conhecimento, essa ideologia opera com a figura do especialista. Os meios de comunicação não só se alimentam dessa figura, mas não cessam de institui-la como sujeito da comunicação. O especialista competente é aquele que, no rádio, na TV, na revista, no jornal ou no multimídia, divulga saberes, falando das últimas descobertas da ciência ou nos ensinando a agir, pensar, sentir e viver. O especialista competente nos ensina a bem fazer sexo, jardinagem, culinária, educação das crianças, decoração da casa, boas maneiras, uso de roupas apropriadas em horas e locais apropriados, como amar Jesus e ganhar o céu, meditação espiritual, como ter um corpo juvenil e saudável, como ganhar dinheiro e subir na vida.  O principal especialista, porém, não se confunde com nenhum dos anteriores, mas é uma espécie de síntese, construída a partir das figuras precedentes: é aquele que explica e interpreta as notícias e os acontecimentos econômicos, sociais, políticos, culturais, religiosos e esportivos, aquele que devassa, eleva e rebaixa entrevistados, zomba, premia e pune calouros  — em suma, o chamado “formador de opinião” e o “comunicador”.
Ideologicamente, o poder da comunicação de massa não é um simples inculcação de valores e idéias, pois, dizendo-nos o que devemos pensar, sentir, falar e fazer, o especialista, o formador de opinião e o comunicados nos dizem que nada sabemos e por isso seu poder se realiza como manipulação e intimidação social e cultural.
Um dos aspectos mais terríveis desse duplo poder dos meios de comunicação se manifesta nos procedimentos midiáticos de produção da culpa e condenação sumária dos indivíduos, por meio de um instrumento psicológico profundo: a suspeição, que pressupõe a presunção de culpa. Ao se referir ao período do Terror, durante a Revolução Francesa,  Hegel considerou que uma de suas marcas essenciais é afirmar que, por princípio, todos são suspeitos e que os suspeitos são culpados antes de qualquer prova. Ao praticar o terror, a mídia fere dois direitos constitucionais democráticos, instituídos pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789 (Revolução Francesa) e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, quais sejam: a presunção de inocência (ninguém pode ser considerado culpado antes da prova da culpa) e a retratação pública dos atingidos por danos físicos, psíquicos e morais, isto é, atingidos pela infâmia, pela injúria e pela calúnia. É para assegurar esses dois direitos que as sociedades democráticas exigem leis para regulação dos meios de comunicação, pois essa regulação é condição da liberdade e da igualdade que definem a sociedade democrática.

III.
Faz parte da vida da grande maioria da população brasileira ser espectadora de um tipo de programa de televisão no qual a intimidade das pessoas é o objeto central do espetáculo: programas de auditório, de entrevistas e de debates com adultos, jovens e crianças contando suas preferências pessoais desde o sexo até o brinquedo, da culinária ao vestuário, da leitura à religiosidade, do ato de escrever ou encenar uma peça teatral, de compor uma música ou um balé até os hábitos de lazer e cuidados corporais.
As ondas sonoras do rádio e as transmissões televisivas tornam-se cada vez mais consultórios sentimental, sexual, gastronômico, geriátrico, ginecológico, culinário, de cuidados com o corpo (ginástica, cosméticos, vestuário, medicamentos), de jardinagem, carpintaria, bastidores da criação artística, literária e da vida doméstica. Há programas de entrevista no rádio e na televisão que ou simulam uma cena doméstica – um almoço, um jantar – ou se realizam nas casas dos entrevistados durante o café da manhã, o almoço ou o jantar, nos quais a casa é exibida, os hábitos cotidianos são descritos e comentados, álbuns de família ou a própria são mostrados ao vivo e em cores. Os entrevistados e debatedores, os competidores dos torneios de auditório, os que aparecem nos noticiários, todos são convidados e mesmo instados com vigor a que falem de suas preferências, indo desde sabores de sorvete até partidos políticos, desde livros e filmes até hábitos sociais. Não é casual que os noticiários, no rádio e na televisão, ao promoverem entrevistas em que a notícia é intercalada com a fala dos direta ou indiretamente envolvidos no fato, tenham sempre repórteres indagando a alguém: “o que você sentiu/sente com isso?” ou “o que você achou/acha disso?” ou “você gosta? não gosta disso?”. Não se pergunta aos entrevistados o que pensam ou o que julgam dos acontecimentos, mas o que sentem, o que acham, se lhes agrada ou desagrada.
Também tornou-se um hábito nacional jornais e revistas especializarem-se cada vez mais em telefonemas a “personalidades” indagando-lhes sobre o que estão lendo no momento, que filme foram ver na última semana, que roupa usam para dormir, qual a lembrança infantil mais querida que guardam na memória, que música preferiam aos 15 anos de idade, o que sentiram diante de uma catástrofe nuclear ou ecológica, ou diante de um genocídio ou de um resultado eleitoral, qual o sabor do sorvete preferido, qual o restaurante predileto, qual o perfume desejado. Os assuntos se equivalem, todos são questão de gosto ou preferência, todos se reduzem à igual banalidade do “gosto” ou “não gosto”, do “achei ótimo” ou “achei horrível”.
Todos esses fatos nos conduzem a uma conclusão: a mídia está imersa na cultura do narcisismo.
Como observa Christopher Lash, em A Cultura do Narcisismo, os mass media tornaram irrelevantes as categorias da verdade e da falsidade substituindo-as pelas noções de credibilidade ou plausibilidade e confiabilidade – para que algo seja aceito como real basta que apareça como crível ou plausível, ou como oferecido por alguém confiável Os fatos cedem lugar a declarações de “personalidades autorizadas”, que não transmitem informações, mas preferências e estas se convertem imediatamente em propaganda. Como escreve Lash, “sabendo que um público cultivado é ávido por fatos e cultiva a ilusão de estar bem informado, o propagandista moderno evita slogans grandiloqüentes e se atém a ‘fatos’, dando a ilusão de que a propaganda é informação”.
Qual a base de apoio da credibilidade e da confiabilidade? A resposta encontra-se num outro ponto comum aos programas de auditório, às entrevistas, aos debates, às indagações telefônicas de rádios, revistas e jornais, aos comerciais de propaganda. Trata-se do apelo à intimidade, à personalidade, à vida privada como suporte e garantia da ordem pública. Em outras palavras, os códigos da vida pública passam a ser determinados e definidos pelos códigos da vida privada, abolindo-se a diferença entre espaço público e espaço privado. Assim, as relações interpessoais, as relações intersubjetivas e as relações grupais aparecem com a função de ocultar ou de dissimular as relações sociais enquanto sociais e as relações políticas enquanto políticas, uma vez que a marca das relações sociais e políticas é serem determinadas pelas instituições sociais e políticas, ou seja, são relações mediatas, diferentemente das relações pessoais, que são imediatas, isto é, definidas pelo relacionamento direto entre pessoas e por isso mesmo nelas os sentimentos, as emoções, as preferências e os gostos têm um papel decisivo. As relações sociais e políticas, que são mediações referentes a interesses e a direitos regulados pelas instituições, pela divisão social das classes e pela separação entre o social e o poder político, perdem sua especificidade e passam a operar sob a aparência da vida privada, portanto, referidas a preferências, sentimentos, emoções, gostos, agrado e aversão.
Não é casual, mas uma conseqüência necessária dessa privatização do social e do político, a destruição de uma categoria essencial das democracias, qual seja a da opinião pública. Esta, em seus inícios (desde a Revolução Francesa de 1789), era definida como a expressão, no espaço público, de uma reflexão individual ou coletiva sobre uma questão controvertida e concernente ao interesse ou ao direito de uma classe social, de um grupo ou mesmo da maioria. A opinião pública era um juízo emitido em público sobre uma questão relativa à vida política, era uma reflexão feita em público e por isso definia-se como uso público da razão e como direito à liberdade de pensamento e de expressão.
É sintomático que, hoje, se fale em “sondagem de opinião”. Com efeito, a palavra sondagem indica que não se procura a expressão pública racional de interesses ou direitos e sim que se vai buscar um fundo silencioso, um fundo não formulado e não refletido, isto é, que se procura fazer vir à tona o não-pensado, que existe sob a forma de sentimentos e emoções, de preferências, gostos, aversões e predileções, como se os fatos e os acontecimentos da vida social e política pudessem vir a se exprimir pelos sentimentos pessoais. Em lugar de opinião pública, tem-se a manifestação pública de sentimentos.
Nada mais constrangedor e, ao mesmo tempo, nada mais esclarecedor do que os instantes em que o noticiário coloca nas ondas sonoras ou na tela os participantes de um acontecimento falando de seus sentimentos, enquanto locutores explicam e interpretam o que se passa, como se os participantes fossem incapazes de pensar e de emitir juízo sobre aquilo de que foram testemunhas diretas e partes envolvidas. Constrangedor, porque o rádio e a televisão declaram tacitamente a incompetência dos participantes e envolvidos para compreender e explicar fatos e acontecimentos de que são protagonistas. Esclarecedor, porque esse procedimento permite, no instante mesmo em que se dão, criar a versão do fato e do acontecimento como se fossem o próprio fato e o próprio acontecimento. Assim, uma partilha é claramente estabelecida: os participantes “sentem”, portanto, não sabem nem compreendem (não pensam); em contrapartida, o locutor pensa, portanto, sabe e, graças ao seu saber, explica o acontecimento.
É possível perceber três deslocamentos sofridos pela idéia e prática da opinião pública: o primeiro, como salientamos, é a substituição da idéia de uso público da razão para exprimir interesses e direitos de um indivíduo, um grupo ou uma classe social pela idéia de expressão em público de sentimentos, emoções, gostos e preferências individuais; o segundo, como também observamos, é a substituição do direito de cada um e de todos de opinar em público pelo poder de alguns para exercer esse direito, surgindo, assim, a curiosa expressão “formador de opinião”, aplicada a intelectuais, artistas e jornalistas; o terceiro, que ainda não havíamos mencionado, decorre de uma mudança na relação entre s vários meios de comunicação sob os efeitos das tecnologias eletrônica e digital e da formação de oligopólios midiáticos globalizados (alguns autores afirmam que o século XXI começou com a existência de 10 ou 12 conglomerados de mass media de alcance global). Esse terceiro deslocamento se refere à forma de ocupação do espaço da opinião pública pelos profissionais dos meios de comunicação. Esses deslocamentos explicam algo curioso, ocorrido durante as sondagens de intenção de voto nas eleições presidenciais de 2006: diante dos resultados, uma jornalista do jornal O Globo  escreveu que o povo estava contra a opinião pública!
O caso mais interessante é, sem dúvida, o do jornalismo impresso. Em tempos passados, cabia aos jornais a tarefa noticiosa e um jornal era fundamentalmente um órgão de notícias. Sem dúvida, um jornal possuía opiniões e as exprimia: isso era feito, de um lado, pelos editorais e por artigos de não-jornalistas, e, de outro, pelo modo de apresentação da notícia (escolha das manchetes e do “olho”, determinação da página em que deveria aparecer e na vizinhança de quais outras, do tamanho do texto, da presença ou ausência de fotos, etc.). Ora, com os meios eletrônicos e digitais e a televisão, os fatos tendem a ser noticiados enquanto estão ocorrendo, de maneira que a função noticiosa do jornal é prejudicada, pois a notícia impressa é posterior à sua transmissão pelos meios eletrônicos e pela televisão. Ou na linguagem mais costumeira dos meios de comunicação: no mercado de notícias, o jornalismo impresso vem perdendo competitividade (alguns chamam a isso de progresso; outros, de racionalidade inexorável do mercado!).
O resultado dessa situação foi duplo: de um lado, a notícia é apresentada de forma mínima, rápida e, freqüentemente, inexata – o modelo conhecido como News Letter – e, de outro, deu-se a passagem gradual do jornal como órgão de notícias a órgão de opinião, ou seja, os jornalistas comentam e interpretam as notícias, opinando sobre elas. Gradualmente desaparece uma figura essencial do jornalismo: o jornalismo investigativo, que cede lugar ao jornalismo assertivo ou opinativo. Os jornalista passam, assim, o ocupar o lugar que, tradicionalmente, cabia a grupos e classes sociais e a partidos políticos e, além disso, sua opinião não fica restrita ao meio impresso, mas passa a servir como material para os noticiários de rádio e televisão, ou seja, nesses noticiários, a notícia é interpretada e avaliada graças à referência às colunas dos jornais.
Os deslocamentos mencionados e, particularmente, este último, têm conseqüências graves sob dois aspectos principais:
1) uma vez que o jornalista concentra poderes e forma a opinião pública, pode sentir-se tentado a ir além disso e criar a própria realidade, isto é, sua opinião passa a ter o valor de um fato e a ser tomada como um acontecimento real ;
2) os efeitos da concentração do poder econômico midiático. Os meios de comunicação tradicionais (jornal, rádio, cinema, televisão) sempre foram propriedade privada de indivíduos e grupos, não podendo deixar de exprimir seus interesses particulares ou privados, ainda que isso sempre tenha imposto problemas e limitações à liberdade de expressão, que fundamenta a idéia de opinião pública. Hoje, porém, os  conglomerados de alcance global controlam não só os meios tradicionais, mas também os novos meios eletrônicos e digitais, e avaliam em termos de custo-benefício as vantagens e desvantagens do jornalismo escrito ou da imprensa, podendo liquidá-la, se não acompanhar os ares do tempo.
Esses dois aspectos incidem diretamente sobre a transformação da verdade e da falsidade em questão de credibilidade e  plausibilidade.  Rápido, barato, inexato, partidarista, mescla de informações aleatoriamente obtidas e pouco confiáveis, não investigativo, opinativo ou assertivo, detentor da credibilidade e da plausibilidade, o jornalismo se tornou protagonista da destruição da opinião pública.
De fato, a desinformação é o principal resultado da maioria dos noticiários nos jornais, no rádio e na televisão, pois, de modo geral, as notícias são apresentadas de maneira a impedir que se possa localizá-la no espaço e no tempo.
Ausência de referência espacial ou atopia: as diferenças próprias do espaço percebido (perto, longe, alto, baixo, grande, pequeno) são apagadas; o aparelho de rádio e a tela da televisão tornam-se o único espaço real. As distâncias e proximidades, as diferenças geográficas e territoriais são ignoradas, de tal modo que algo acontecido na China, na Índia, nos Estados Unidos ou em Campina Grande apareça igualmente próximo e igualmente distante.
Ausência de referência temporal ou acronia: os acontecimentos são relatados como se não tivessem causas passadas nem efeitos futuros; surgem como pontos puramente atuais ou presentes, sem continuidade no tempo, sem origem e sem conseqüências; existem enquanto forem objetos de transmissão e deixam de existir se não forem transmitidos. Têm a existência de um espetáculo e só permanecem na consciência dos ouvintes e espectadores enquanto permanecer o espetáculo de sua transmissão.
Como operam efetivamente os noticiários?
Em primeiro lugar, estabelecem diferenças no conteúdo e na forma das notícias de acordo com o horário da transmissão e o público, rumando para o sensacionalismo e o popularesco nos noticiários diurnos e do início da noite e buscando sofisticação e aumento de fatos nos noticiários de fim de noite. Em segundo, por seleção das notícias, omitindo aquelas que possam desagradar o patrocinador ou os poderes estabelecidos. Em terceiro, pela construção deliberada e sistemática de uma ordem apaziguadora: em seqüência, apresentam, no início, notícias locais, com ênfase nas ocorrências policiais, sinalizando o sentimento de perigo; a seguir, entram as notícias regionais, com ênfase em crises e conflitos políticos e sociais, sinalizando novamente o perigo; passam às notícias internacionais, com ênfase em guerras e cataclismos (maremoto, terremoto, enchentes, furacões), ainda uma vez sinalizando perigo; mas concluem com as notícias nacionais, enfatizando as idéias de ordem e segurança, encarregadas de desfazer o medo produzido pelas demais notícias. E, nos finais de semana, terminam com notícias de eventos artísticos ou sobre animais (nascimento de um ursinho, fuga e retorno de um animal em cativeiro, proteção a espécies ameaçadas de extinção), de maneira a produzir o sentimento de bem-estar no espectador pacificado, sabedor de que, apesar dos pesares, o mundo vai bem, obrigado.
Paradoxalmente, rádio e televisão podem oferecer-nos o mundo inteiro num instante, mas o fazem de tal maneira que o mundo real desaparece, restando apenas retalhos fragmentados de uma realidade desprovida de raiz no espaço e no  tempo. Como desconhecemos as determinações econômico-territoriais (geográficas, geopolíticas, etc.) e como ignoramos os antecedentes temporais e as conseqüências dos fatos noticiados,  não podemos compreender seu verdadeiro significado. Essa situação se agrava com a TV a cabo, com emissoras dedicadas exclusivamente a notícias, durante 24 horas, colocando num mesmo espaço e num mesmo tempo  (ou seja, na tela) informações de procedência, conteúdo e significado completamente diferentes, mas que se tornam homogêneas pelo modo de sua transmissão. O paradoxo está em que há uma verdadeira saturação de informação, mas, ao fim, nada sabemos, depois de termos tido a ilusão de que fomos informados sobre tudo.
Se não dispomos de recursos que nos permitam avaliar a realidade e a veracidade das imagens transmitidas, somos persuadidos de que efetivamente vemos o mundo quando vemos a TV ou quando navegamos pela internet. Entretanto, como o que vemos são as imagens escolhidas, selecionadas, editadas, comentadas e interpretadas pelo transmissor das notícias, então é preciso reconhecer que a TV é o mundo ou que a internet é o mundo.
A multimídia potencializa o fenômeno da indistinção entre as mensagens e  entre os conteúdos. Como todas as mensagens estão integradas num mesmo padrão cognitivo e sensorial, uma vez que educação, notícias e espetáculos são fornecidos pelo mesmo meio, os conteúdos se misturam e se tornam indiscerníveis. No sistema de comunicação multimídia  a própria realidade fica totalmente imersa em uma composição de imagens virtuais num mundo irreal, no qual as aparências não apenas se encontram na tela comunicadora da experiência, mas se transformam em experiência. Todas as mensagens de todos os tipos são incluídas no meio por que fica tão abrangente, tão diversificado, tão maleável, que absorve no mesmo texto ou no mesmo espaço/tempo toda a experiência humana, passada, presente e futura, como num ponto único do universo.
Se, portanto, levarmos em consideração o monopólio da informação pelas empresas de comunicação de massa, podemos considerar, do ponto de vista da ação política, as redes sociais como ação democratizadora tanto por quebrar esse monopólio, assegurando a produção e a circulação livres da informação, como também por promover acontecimentos políticos de afirmação do direito democrático à participação. No entanto, os usuários das redes sociais não possuem autonomia em sua ação e isto sob dois aspectos: em primeiro lugar, não possuem o domínio tecnológico da ferramenta que empregam e, em segundo, não detêm qualquer poder sobre a ferramenta empregada, pois este poder é uma estrutura altamente concentrada, a Internet Protocol, com dez servidores nos Estados Unidos e dois no Japão, nos quais estão alojados todos os endereços eletrônicos mundiais, de maneira que, se tais servidores decidirem se desligar, desaparece toda a internet; além disso, a gerência da internet é feita por uma empresa norte-americana em articulação com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, isto é, gere o cadastro da internet mundial. Assim, sob o aspecto maravilhosamente criativo e anárquico das redes sociais em ação política ocultam-se o controle e a vigilância sobre seus usuários em escala planetária, isto é, sobre toda a massa de informação do planeta.
Na perspectiva da democracia, a questão que se coloca, portanto, é saber quem detêm o controle dessa massa cósmica de informações.  Ou seja, o problema é saber quem tem a gestão de toda a massa de informações que controla a sociedade, quem utiliza essas informações, como e para que as utiliza, sobretudo quando se leva em consideração um fato técnico, que define a operação da informática, qual seja, a concentração e centralização da informação, pois  tecnicamente, os sistemas informáticos operam em rede, isto é, com a centralização dos dados e a produção de novos dados pela combinação dos já coletados.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Evitem a Espanha no dia 25 de setembro

A revolução espanhola já tem data e local para acontecer. Será no dia 25 de setembro, em frente ao Congresso. Alguém, por acaso, ouviu falar a esse respeito? Mesmo na Espanha, a mídia mais tradicional ignorou solenemente o movimento até dia 29, quando o governo espanhol fez uma declaração de guerra aos coordenadores do protesto.

A Espanha está prestes a fazer uma espécie de Revolução dos Cravos. Alguém ainda se lembra dessa revolução portuguesa, de 1974, que deu fim à sua ditadura? Pois é, um golpe democrático, com tanques nas ruas e militares armados, para ninguém botar defeito. Tudo bem que os fuzis estavam delicadamente decorados com cravos, em lugar de baionetas, e as armas serviam ao propósito de mostrar que os civis estariam protegidos. Mas não deixou de ser um golpe de Estado.

Seus vizinhos ibéricos estão armando algo parecido, mas sem tanques nem armas. A revolução espanhola já tem data e local para acontecer. Será no dia 25 de setembro, em frente ao Congresso. Alguém, por acaso, ouviu falar a esse respeito? Provavelmente, pouquíssima gente. Mesmo na Espanha, a mídia mais tradicional ignorou solenemente o movimento até ontem (29/08), quando a delegada do governo espanhol em Madri fez uma declaração de guerra aos coordenadores dessa marcha, que quer abraçar o Congresso e por lá permanecer por algum tempo.

Cristina Cifuentes, que fala em nome da lei e da ordem em Madri, membro do direitista Partido Popular (o mesmo do chefe de governo, Mariano Rajoy), disse, alto e bom som, que "grupos muito radicais, tanto de direita como de esquerda", estão tramando de fato "um golpe de Estado encoberto" por essa movimentação. Se há grupos de direita organizando a farra, realmente, foi no mínimo uma indelicadeza não terem convidado Cifuentes, Rajoy, José María Aznar e outros expoentes da direita espanhola.

O alerta lançado por aquele governo, a rigor, é um clássico erro de tática política. Ao centrar fogo contra a mobilização, o governo acaba de lhe prestar dois grandes favores. Ajudou imensamente a sua divulgação, que andava restrita às redes sociais, e inventou um desafio que deve ser aceito por muitos. Às avessas, Cifuentes simplesmente convocou os indignados.

Para arrematar, a delegada fez uma ameaça direta: o local será protegido pelos corpos e forças de segurança do Estado ante qualquer tipo de ataque, como, por exemplo... abraçar o Congresso. Afinal, se trata de “um lugar inviolável”, completou. Tem toda a razão. Imaginem vocês um Congresso sendo violado pelo povo! Nada como um partido que carrega honestamente o adjetivo "popular" para nos lembrar disso.

É bom que se evite a Espanha no dia 25 de setembro. Primeiro, porque há o sério risco de você ser barrado na porta de entrada, como tem acontecido com aquele povo invasor bárbaro, os brasileiros. Segundo, porque uma tempestade perfeita se formará nesse momento. Conforme os porta-vozes oficiais atestam, o protesto está eivado de radicalismo e subversão.

Não adianta negar. Está escrito, preto no branco, na página da coordenação do 25 de Setembro, que se quer “um novo modelo social, baseado na soberania popular participativa”, como forma de reverter a “injusta situação de perda de liberdades e direitos (saúde, educação, serviços sociais, emprego, moradia)”, e por aí vai. Se alguém duvida, confira a página subversiva em http://coordinadora25s.wordpress.com/ ou o perfil deles no Twitter: @Coordinadora25S

Os insaciáveis, em sua sede de poder, querem uma nova Constituição e uma reforma político-eleitoral. Ou seja, querem acabar com a política como ela é e ficam pedindo mais democracia. Conclusão da direita espanhola: só pode ser gente autoritária. Eis a subversão.

Não satisfeitos, os radicais se arvoram a reivindicar um programa econômico. Propõem auditoria da dívida, reforma fiscal para que os ricos paguem mais impostos, fim dos cortes de gastos sociais e investimentos para a geração de empregos. Eis o radicalismo.

Com o país em uma recessão que deve prolongar-se pelo ano de 2013, e que alguns avaliam como a pior dos últimos 40 anos; com o maior desemprego da Europa (um em cada quatro espanhóis está desempregado); com seus bancos com rombos gigantescos; diante de tudo isso, o que fez o governo? À beira de um ataque de nervos, achou por bem marcar a data do fim do mundo para antes do que previa o Calendário Maia.

Grande ideia.

Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.

Video censurado: Aecio Neves chapado no rio

E LULA É O BÊBADO...

Atenção servidores federais, esse é o candidado! Se ele dá cem reais de gorjeta aos garçons, imaginem o quanto não dará de reajuste quando for presidente! (Leandro Fortes)

Da euforia à depressão capitalista




A euforia capitalista dos anos 1990 levou à teoria da “new economics”. O capitalismo, marcado por suas crises cíclicas, deixaria de sofrê-las, para passar a uma fase sem crises.

Os novos desenvolvimentos tecnológicos impulsionariam um ciclo contínuo de desenvolvimento econômico, com a computação tendo o duplo papel de puxar uma demanda que se igualaria a do automóvel no século passado – incluindo um modelo novo anual -, ao mesmo tempo que permitiria prever antecipadamente os gargalos que permitiriam prever e solucionar preventivamente as crises.

A própria possibilidade de quaisquer garotos abrirem uma empresa na garagem de casa e a transformarem em uma empresa de sucesso mundial, quase sem capital inicial, seria a demonstração da pujança econômica do capitalismo e do caráter de “sociedades abertas” das sociedades capitalistas.

Essa festança acabou logo, com a crise de 2000, que desmentiu as teses e fez com que os teóricos da “new economics” partissem para outra moda, também de curta duração. As crises voltaram, com ela as recessões, até que se desembocou na prolongada e profunda crise atual, iniciada em 2007.

Tal como a bomba de tempo da febre de internet, desta vez a bolha de consumo girou em torno do setor imobiliário. Para tentar suprir, pelo menos temporariamente, o desequilíbrio entre produção e consumo, o sistema bancário foi ampliando os créditos, sabendo que nao correspondiam a capacidade real de pagamento por parte dos que os contratavam. Até que a pirâmide explodiu, todo o sistema imobiliário, ruiu, com milhões de pessoas sem conseguir pagar suas hipotecas, devolvendo os imóveis aos bancos, perdendo tudo, mas preferindo isso a continuar aumentando suas dividas.

As ruas da Califórnia se encheram de famílias morando nos seus carros, os bancos ficaram abarrotados de imóveis devolvidos, o sistema bancário chegou à beira do colapso, a recessão, através deste se propagou para o conjunto da economia. Os governos correram a salvar os bancos, com a ilusão de que os bancos salvariam os países. Os bancos se salvaram e no segundo ciclo da crise, a partir de 2011, os que quebraram foram os países.

A crise segue, sem horizonte de término, levando praticamente toda a economia europeia à recessão, enquanto países como os EUA e o Japäo permanecem entre crescimento zero e recessão.

Mas quando o capitalismo escancara suas contradições, seus limites, seu esgotamento, não surge no mundo ainda um modelo que o supere. A América Latina é a região que expressamente resiste – na maioria dos seus países – à hegemonia neoliberal, com Estados ativos que induzem o crescimento econômico e seguem ampliando suas políticas sociais, baseados em alianças regionais e com o Sul do mundo. Mas não tem o continente força própria para desenvolver um modelo alternativo ao neoliberalismo em escala mundial. Resiste, o que faz da América Latina a região de resistência ao polo neoliberal que ainda domina o centro do sistema.

Vivemos por isso um tempo de turbulências, mais ou menos prolongadas, até que um modelo e forças alternativas – que certamente terão a América Latina como um de seus protagonistas essenciais – possam conseguir construir uma alternativa ao capitalismo decadente.
Postado por Emir Sader

A onda Haddad



Há pouco mais de uma semana, um colunista, achando que faria graça com a candidatura de Fernando Haddad, asseverou que, para o petista vencer a eleição, teria que se converter em um legítimo fenômeno político-eleitoral em razão do tempo que resta para a eleição.
Pois bem: pesquisas Datafolha e Vox Populi divulgadas ontem (29.08) dão conta de que José Serra, em algo como um mês, perdeu cerca de um terço de suas intenções de voto, enquanto que Haddad, no período, quase triplicou as suas.
Na verdade, até entre o PT está havendo certa surpresa com o desempenho de Haddad por conta de uma questão que se pensava que influiria negativamente no processo eleitoral sobretudo da capital paulista, dado seu histórico de antipetismo: o julgamento do mensalão.
Ora, se o PT vem enfrentando dificuldade há anos em São Paulo, se o PSDB estabeleceu um feudo no Estado e se cristalizou na capital desde 2004, certamente que o eleitorado daqui deveria se embriagar com as overdoses de mensalão que a mídia está injetando na veia do público todo dia, o tempo todo.
Surpreendentemente, não é o que está se vendo. Assim como vem ocorrendo no resto do Brasil a mídia pode até mandar no STF, mas continua não mandando no povo, que parece estar sabendo separar o julgamento do mensalão das eleições.
Seja como for, aquele colunista tinha certa razão: se Haddad continuar crescendo no ritmo em que está crescendo e vencer a eleição, tornar-se-á um dos maiores fenômenos políticos da história recente.
Tentarão negar que sua candidatura está se tornando uma onda e dirão que o fenômeno da eleição é Celso Russomano. Nada mais falso. Ex-candidato a governador, amplamente conhecido por atuar há muito na tevê, não há nada de excepcional em seu desempenho.
Russomano vem surfando no desconhecimento de Haddad e na onda negativa que  engolfa a candidatura Serra devido ao clima de constrangimento que está se formando entre os seus eleitores, pois falar mal de Kassab – e, portanto, de Serra – está virando moda em Sampa.
Em resumo: Russomano beliscou parte do eleitorado de Serra e poderá ficar com ele, mas a parte do eleitorado que pode votar em Haddad – e que está consigo – tem tudo para voltar às origens dada a superioridade política e de recursos do petista, que tem partido e tempo de televisão.
O fator Lula tem limitação para beneficiar Haddad. O ex-presidente não é tão popular assim em São Paulo, mas certamente tem um eleitorado muito consistente na cidade que inclusive já acedeu a um pedido seu para que votasse em uma desconhecida.
O eleitorado tradicional do PT e que pode atender ao pedido de Lula certamente é bem maior do que os 14% aos quais Haddad chegou nas pesquisas supramencionadas. Não existe lógica alguma para que essa transferência de votos não se acentue. Até porque, está aumentando.
Claro que o fator que mais está ajudando Haddad é que o horário eleitoral, em vez de ajudar Serra, prejudicou o tucano. A propaganda, como se disse aqui, reavivou a memória do eleitorado, fazendo com que se lembrasse de que quem lhe deu Kassab foi Serra.
Quando se escrevia neste blog, meses e até anos atrás, que a vida em São Paulo estava piorando, muitos podem ter pensado que aqui se estava fazendo política. Não era. Já escrevi isso um milhão de vezes e volto a dizer: viver nesta cidade está uma tortura.
A piora da qualidade de vida em São Paulo se acentuou sobremaneira nos últimos anos. As tensões sociais e a ausência de políticas públicas voltadas justamente para mitigá-las estão cobrando o preço dos atuais gestores da metrópole.
O suicídio eleitoral de Serra também teve contribuição do seu alienado programa eleitoral. A cidade que a campanha tucana mostra, nem as câmeras acreditam nela – que dirá o eleitorado. Pelo contrário: aquela cidade fictícia irrita.
O núcleo duro do eleitorado de Serra, hoje, concentra-se nas classes alta e média alta que não vivem a rotina da cidade e que têm poder de influência sobre setores inferiores da pirâmide social. Como essa elite não vive São Paulo, dá-se ao luxo de não se preocupar com ela.
Seja como for, a figura de Haddad, os recursos de sua campanha (tempo de tevê, grande marqueteiro etc.) e o esgotamento da paciência dos paulistanos com a eterna vitimização e exaltação de Serra pela mídia estão formando uma onda política, a onda Haddad.

Folha diz na 1ª página que “PT” está “à beira da prisão”


de
Na verdade, a frase no alto da primeira página da edição da Folha de São Paulo desta quinta-feira (30.08) é atribuída pelo jornal à esposa do publicitário Gilnei Rampazzo, sócio de Luiz Gonzalez, marqueteiro de José Serra e do PSDB há incontáveis eleições. A frase textual que compõe a manchete é a seguinte:
Eliane Cantanhêde: PT à beira da prisão é motivo de constrangimento
Fico imaginando o tamanho da prisão que terá que ser construída para abrigar um partido com 1.549.180 filiados caso “o PT” seja preso. Aliás, segundo essa manchete delirante, mal-intencionada, criminosa, a presidente Dilma Rousseff já pode ir preparando sua malinha para esperar o camburão vir recolhê-la, certo?
Quem é tão burro para acreditar em um jornal como a Folha de São Paulo? Aquilo nem um partido político é – nenhum partido seria tão burro de acusar um partido adversário inteiro por um escândalo que envolve seus filiados simplesmente porque todos os partidos têm membros envolvidos em escândalos.
Assim sendo, quando o mensalão do PSDB for a julgamento no STF – se é que as penas não prescreverão antes – e surgirem condenações, será que essa militante tucana travestida de jornalista dirá que “o PSDB” está “à beira da prisão”? E se escrevesse, será que a Folha colocaria essa cretinice na primeira página?
Esse esforço dessa imprensa criminosa para atingir todo um partido político pelo envolvimento de alguns poucos membros seus em um escândalo em que fatos e invenções convivem lado a lado, de acordo com a história recente está fadado ao fracasso.
Quem tem um pingo de memória sabe que o mensalão “petista” foi julgado no tribunal popular em 2006 e o partido foi amplamente absolvido. Neste ano, não se percebem efeitos eleitorais dignos de nota, do que é prova a ascensão do candidato Fernando Haddad em São Paulo mesmo com o dilúvio midiático sobre o mensalão.
A primeira página da Folha de São Paulo de 30 de agosto de 2012 equivale às primeiras páginas desse panfleto partidário tucano que reproduziram ficha policial falsa da hoje presidente Dilma Rousseff, acusação ao ex-presidente Lula de ter assassinado as vítimas do acidente com o avião da TAM e a acusação a ele de ser “estuprador”.
De resto, espera-se que o PT processe a Folha de São Paulo e represente à Procuradoria Geral Eleitoral contra uma jogada política baixa, suja, mesquinha e burra como só uma família que lambeu as botas da ditadura militar e a serviu com vassalagem inaudita, como fez a família Frias, sabe produzir.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

DATAFOLHA: REJEIÇÃO A SERRA VIRA EPIDEMIA


Nenhum candidato com rejeição em torno de 40% consegue prosperar numa disputa política e chegar ao 2º turno. Esse consenso entre pesquisadores soa agora como os passos surdos rumo ao cadafalso para a candidatura do PSDB à prefeitura de São Paulo. Vive-se na capital paulista um fenômeno de esgotamento político que assume contornos de nitidez vertiginosa e dificilmente reversível: a rejeição esférica, espontânea, ascendente e incontrolável de uma cidade a um político e a tudo o que ele representa, seus métodos e metas. Já não se trata apenas de rejeição, mas de um fenômeno epidêmico que a palavra ojeriza descreve melhor e a expressão 'fim de um ciclo' coroa de forma objetiva. A rejeição a José Serra em São Paulo, seu berço político e casamata do PSDB, é o aspecto mais significativo da atual campanha e não para de crescer. Era de 30% em meados de junho: foi para 38% em agosto e explodiu na pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta 4ª feira, batendo em massacrantes 43%. Russomano lidera as intenções de votos com 31% (tinha 26% em junho); Serra, afundou para 22% (contra 31% em junho); como previsto, Haddad,  ao sair do anonimato no horário eleitoral, saltou de 7% em junho para 14% agora, dobrando as intenções de votos. A agressividade estridente da campanha tucana está explicada: é o som da marcha fúnebre elevando seus decibéis no ambiente irrespirável de um político e de uma política execrados em seu próprio berço.

A OCDD - ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DANIEL ET CATERVAS



Jornalismo mãe Dinah ataca novamente em O Globo


Esta foto do Lula de barba
ilustra a matéria
Mais um espécime do jornalismo mãe Dinah que floresce em nosso porcalismo tupiniquim.
Dessa vez, baixou na repórter Tatiana Farah de O Globo o espírito clarividente de mãe Dinah e ela saiu vendo coisas, lendo mentes, passado, presente e futuro.
Temos aí uma afirmação categórica que não é comprovada em nenhum ponto (repito, nenhum) da matéria.
Já no começo, o jornalismo mãe Dinah se manifesta:
SÃO PAULO - Um dos principais réus do mensalão, o ex-ministro José Dirceu tem se reunido semanalmente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os encontros ocorrem na casa do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, ou no instituto Lula, em São Paulo. Em pauta, o julgamento do escândalo no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual Dirceu é acusado de formação de quadrilha e corrupção. Lula e seu ex-ministro também discutem a situação eleitoral deste ano, principalmente nas cidades escolhidas como prioritárias pelo PT: São Paulo, Recife e Belo Horizonte.
Procure, investigativo leitor, curiosa leitora, um único depoimento em toda a matéria de alguém que tenha visto ou confirme levemente esses encontros semanais. Não há.
Procure também qualquer informação de que José Dirceu tenha discutido o julgamento do chamado mensalão. Com Lula ou qualquer outra pessoa. Não há. Pelo contrário. Veja estes trechos da matéria, que a contradizem:
— Nem tocamos no assunto do julgamento — disse [o escritor Fernando] Morais [que o teria visitado].
(...)
— Não converso sobre isso com ele e me parece que ele não está interessado em conversar sobre o julgamento — disse Francisco Rocha, o Rochinha, coordenador da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual Dirceu faz parte.
Ao final, a repórter mãe Dinah penetra a mente de José Dirceu e prevê seus próximos passos:
O ex-ministro se afastou da consultoria a empresas para acompanhar o processo no STF. A ideia era interromper o serviço até o fim do julgamento. Mas, como o caso tem se estendido, pode reavaliar o retorno. Ele prevê que o veredicto sai até meados de outubro.
Dirceu disse a ela que prevê algo? Não, mãe Dinah prevê que ele prevê. 
E os encontros com Lula? Ficaram apenas no título e no primeiro parágrafo, o chamado lead. Depois, foi ao éter de onde veio.
No Blog do Mello

Revolucionário virtual Assange “futuca” Tasso e Roseana


Clique na charge

Nessa batalha pela transparência, o Wikileaks já teve a chance de fazer dois alvos no Brasil: a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e o ex-senador tucano Tasso Jereissati. Ambos tiveram dados de supostas contas bancárias no exterior expostos no Wikileaks. (Confira aqui o link para as informações de Roseana Sarney e aqui o link para as de Tasso Jereissati).
Tudo começou a partir do arrependimento de um banqueiro suíço, chamado Rudolf Elmer. Ex-gerente da filial do Julius Baer, um dos maiores bancos suíços nas Ilhas Cayman, ele foi demitido e decidiu tornar públicos dados bancários de clientes latino-americanos. Entre eles, figuras ligadas ao narcotráfico e ao ex-presidente do México, Carlos Salinas, o “FHC” que quebrou o México.
Elmer começou a postar no Wikileaks informações de seus clientes no Julius Baer. Um deles, o advogado José Brafman, ligado a Jorge Murad, marido de Roseana, e Miguel Ethel, amigo da família Sarney. Publicados em maio de 2009 pelo Wikileaks, os dados desse link que fala em US$ 150 milhões, foram negados pela família Sarney.
Sobre Tasso Jereissati, trata-se de um link postado também em março de 2009, sobre uma empresa chamada Ancanajo Trust. O responsável pela postagem foi também Rudolf Elmer, que, depois disso, se tornou alvo de processos na Suíça por atacar um dos principais pilares da economia do país: o sigilo bancário. Apesar da perseguição, ele publicou um livro, chamado Terror Financeiro, em que fala sobre o submundo do dinheiro sujo.
Apesar da denúncia postada no Wikileaks, nenhuma medida foi tomada por autoridades brasileiras, que poderiam abrir investigações sobre a suposta lavagem de dinheiro pelos dois políticos.
FONTE: Brasil247
Assange se converte no Che Guevara do século XXI

Movimentos Sociais devem ir à rua denunciar rendição do STF


O visível nervosismo da ministra do STF Rosa Weber ao proferir seu voto pela condenação do ex-presidente petista da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha denuncia um fato inédito na República – ao menos ocorrendo de forma tão desabrida: a Suprema Corte de Justiça do país se transformou em marionete de meia dúzia de mega empresários do setor de comunicação.
A perplexidade dos meios jurídicos com os motivos alegados pelos ministros que condenaram João Paulo com base em “verossimilhança” que dizem enxergar nas acusações que lhe foram feitas é tão grande que na edição de hoje (29.08) da Folha de São Paulo saiu artigo de um professor de Direito Penal que assinala “risco à Justiça” por conta dessa condenação.
Antes de prosseguir, reproduzo artigo do professor de Direito Penal da FGV do Rio Thiago Bottino
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FOLHA DE SÃO PAULO
29.08.2012
Relativizar exigência de prova põe justiça em risco
OS CRITÉRIOS QUE ORIENTAM ESSA ANÁLISE PROVÊM DA FORMAÇÃO JURÍDICA E DA TRAJETÓRIA DE CADA JULGADOR
THIAGO BOTTINO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O Código de Processo Penal diz que o juiz deve condenar um acusado com base nas provas. No caso do mensalão há uma gama enorme de provas: documentos, depoimentos, perícias e laudos. Todos os julgadores olham o mesmo enorme mosaico de elementos e a partir dele tomam uma decisão. Esse processo é feito em etapas.
Em primeiro, buscam provas que tenham um “certificado de origem” (não podem ser obtidas de forma ilícita, devem ser produzidas segundo as regras processuais).
Uma vez admitidas, podem passar à próxima etapa. Ainda assim, são milhares de provas de consistência e natureza diferenciadas.
A segunda etapa é da seleção. Alguns ministros terão seu olhar atraído para determinadas provas e nesse processo não verão outras. Daí os debates entre eles acerca de um fato ter sido provado ou não. Foi o que aconteceu quando o ministro Ricardo Lewandowski mudou seu voto ao considerar o que Joaquim Barbosa arguiu quanto ao bônus de volume.
Na terceira etapa, as provas são confrontadas. Entre aquelas selecionadas, ainda há contradições. As provas “brigam”: testemunhas dizem coisas opostas.
Desse confronto sai uma decisão: a versão convincente para o julgador. Os critérios que orientam essa análise são ocultos, provêm da formação jurídica e da trajetória profissional e pessoal de cada julgador, de sua avaliação sobre a força de cada prova.
Mas a decisão está sempre apoiada em provas. Barbosa escolheu o laudo dos peritos do TCU. Lewandowski, a decisão dos ministros do TCU.
Não se deve condenar com base em indícios, probabilidades, estranhezas, coincidências ou presunções. São como areia movediça na qual afunda a própria justiça da decisão. Diminuem a impunidade, mas aumentam o risco de condenações injustas.
O processo do mensalão comprova isso. O ministro Luiz Fux disse que é possível flexibilizar garantias. Mas dizer que é preciso relativizar a exigência de provas é diminuir o esforço que relator e revisor fizeram para indicar as bases de sua convicção.
Cada um selecionou, valorou e escolheu elementos diferentes, pois há provas para todos os gostos. Mas ambos apontam exatamente quais depoimentos, laudos e decisões servem de apoio para as decisões. E assim legitimam e explicitam suas posições.
THIAGO BOTTINO é professor de direito penal da FGV Direito, do Rio
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A perplexidade que vai se espalhando com a rendição escancarada da maioria dos ministros do Supremo aos ditames midiáticos deriva não apenas da condenação de João Paulo Cunha. Antes, vêm a escandalosa ultrapassagem do julgamento do “mensalão tucano” (mais antigo) pelo julgamento do “mensalão petista” e a negativa de desmembramento do processo “petista” que foi concedido pelo STF ao processo “tucano”.
Vai se confirmando acusação que o ministro Ricardo Lewandowski fez em privado ao STF em 2007 e que acabou se tornando pública porque o juiz estava sendo espionado pela Folha de São Paulo em sua intimidade. Repórter daquele jornal o ouviu dizer ao telefone em um restaurante que a Corte aceitou indiciar José Dirceu porque a mídia lhe pôs “faca no pescoço”.
Temos então no Brasil, hoje, uma Justiça para petistas e outra para tucanos. Ou, melhor dizendo, uma Justiça para os amigos e outra para os inimigos da Globo, da Folha, do Estadão e da Veja.
No caso dos amigos da mídia, a Justiça concede tudo, amacia, absolve, engaveta; no caso dos inimigos, condena sem provas e inverte o instituto In Dubio Pro Reo (na dúvida, a favor do réu). Como se sabe, o Direito reza que se só existem indícios contra alguém não se pode condená-lo com base no que parece que fez, com base em subjetividade absoluta.
A voz trêmula e hesitante de Rosa Weber ou o malabarismo retórico de Luiz Fux deixaram claro que eles sabiam o que estavam perpetrando e tentaram, clara e excessivamente, explicar o inexplicável.
Pouco antes de começar o julgamento do mensalão, houve troca de presidente da Central Única dos Trabalhadores. O presidente que assumiu, o sindicalista Wagner Freitas, naquela oportunidade afiançou que a CUT e outros movimentos sociais iriam às ruas caso o STF cedesse à mídia e fizesse um julgamento político. Pois bem: a mídia acaba de se assenhorar da Justiça brasileira, adquirindo, assim, o poder de condenar seus inimigos e absolver seus amigos, como se vê nos mensalões “petista” e “tucano”.
É óbvio que não se vai conseguir mudar os votos do STF. Está claro que, à exceção de Lewandowski e de José Antônio Dias Tóffoli, os outros ministros vão atuar como marionetes das famílias Marinho, Frias, Civita e Mesquita e não haverá manifestação que os recoloque na trilha do Direito.
Para que ir à rua, então? Simples: para denunciar. CUT, MST, UNE e tantos outros movimentos sociais têm meios de fazer explodirem manifestações por todo país. Nesses atos, deve-se explicar à sociedade nas ruas o casuísmo do STF e por que ele está ocorrendo.
Mas não é só. Esse deve ser o primeiro passo de um amplo movimento político de reação ao verdadeiro golpe de Estado que está em curso no Brasil.
As condenações sem provas de cidadãos pela mais alta Corte de Justiça do país têm que gerar uma reação política de peso, do contrário se instalará no Brasil a primeira ditadura midiática formal de que se tem notícia, onde inimigos da mídia são mandados para a cadeia por determinação de editorema direitarialistas, colunistas e âncoras de telejornal.

Mercenários da Blackwater Já Operam No Brasil

Sanguessugado do Opinião & Cia



O General-de-Brigada Durval Antunes de Andrade Nery, Coordenador de Estudos e Pesquisas do Cebres (Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos), denuncia em entrevista publicada no O Dia, que a recriação da IV Frota da Marinha dos EUA tem como objetivo uma futura intervenção militar nas jazidas de petróleo de pré-sal, recém descobertas pela Petrobrás no litoral brasileiro.
Além disso, o General relata a existência de mercenários da Blackwater em plataformas de petróleo administradas pela Halliburton e pertencentes à família Bush situadas na plataforma continental brasileira, devidamente licitadas pela ANP. A relação entre a Halliburton e a Blackwater é bem conhecida no mundo e seu histórico de ilegalidades e arbitrariedades está bem documentado no Google:
•Halliburton's Hidden Treuhand
•The few, the proud, the Blackwater
•Role of security companies likely to become more visible
•Waxman on warpath over Blackwater payments
Dick Cheney, atual Vice-Presidente dos EUA, era o Presidente da Halliburton antes de assumir a vice-presidência. A Halliburton possui escritórios no Rio de Janeiro e Macaé (RJ) e em Salvador (BA).
Segundo o relato de um Coronel de Exército Comandante de Batalhão na Amazônia, mercenários também já ocupam reservas indígenas contando com bases fluviais bem equipadas e fortemente armados, onde militares brasileiros so podem entrar com autorização judicial. Conforme já prevíamos no artigo anterior sobre a Blackwater, o futuro já chegou: mercenários já ocupam bases na Amazônia brasileira!!
Transcrevemos, a seguir, a matéria publicada no O Dia (bem escondida, por sinal). Este blog tentará contato com o General Durval para tentar colher maiores detalhes e informações sobre a denúncia.
16/08/2008 20:24:00
Essa IV frota é amiga?
Coordenador do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, general vê com preocupação a reativação da esquadra dos EUA encarregada de proteger o comércio nos mares do sul e critica a presença de “mercenários” em plataformas do nosso litoral
Rio - Para a maioria dos militares brasileiros, não há como desassociar a recriação da IV Frota dos Estados Unidos da descoberta de imensa jazida de petróleo no nosso litoral. Entre esses militares, está o general de brigada da reserva Durval Antunes de Andrade Nery, coordenador de estudos e pesquisas do Cebres (Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos), que reúne entre seus pesquisadores diplomados pela Escola Superior de Guerra. Abaixo os principais trechos da conversa dele com O DIA.
IV Quarta Frota
“A decisão dos Estados Unidos de recriar a IV Frota foi apresentada como destinada a proteger o livre fluxo do comércio nos mares da região. Ora, se alguém tem condições de proteger, tem condições de impedir esse fluxo comercial. Pergunto: Por que proteger o comércio de uma área que não vive situação de guerra? E isso quando o Brasil dá notícia da extensão das jazidas do pré-sal como uma das maiores de todo o mundo”.
Grupo Halliburton dos EUA
“Esta empresa está envolvida com o apoio logístico em todo o mundo no que diz respeito ao petróleo, principalmente no Iraque. A Halliburton é uma empresa que hoje, no Brasil, mantém um de seus (ex-) diretores como diretor da ANP (Nelson Narciso Filho, indicado pelo presidente Lula e aprovado em sabatina no Senado). Esse homem tem acesso a dados secretos das jazidas de petróleo no Brasil”.
Bush e o pré-sal
“Logo depois que o mundo tomou conhecimento da existência das reservas do pré-sal, o presidente (George W.) Bush disse na imprensa: ‘Não reconheço a soberania brasileira sobre as 200 milhas’. O pré-sal ultrapassa as 200 milhas. Tudo que existe ali para exploração econômica é do País, isso segundo a ONU. Por que o presidente norte-americano recria a IV Frota logo após não reconhecer nossa soberania?”
O comando da IV Frota
“Poderíamos imaginar que a IV Frota vai ter missão humanitária, mesmo custando uma fortuna manter porta-aviões nucleares com 50, 60 e 100 aviões navegando permanentemente nos mares do sul. Mas, por que nomear para o comando o contra-almirante Joseph Kernan, especializado em táticas de guerra submersa e no treinamento de homens-rãs? Um homem que com seus sabotadores deu um banho nas guerras do Afeganistão e do Iraque está à frente da IV Frota para proteger?”
Blackwater no Brasil
“(Após a eleição de Bush), a Hallibourton, contratada pelo governo dos EUA para planejar a redução das despesas do país com as Forças Armadas, criou uma empresa chamada Blackwater — firma de mercenários, com contrato de seis bilhões de dólares e que, só no Iraque, tem 128 mil homens. Eles fazem segurança e matam. Pergunto: Quem está fazendo a segurança das 15 plataformas que a família Bush tem no Brasil, todas vendidas (em licitação) pela ANP? Ainda faço um desafio: vamos pegar um barco e tentar subir numa plataforma. Garanto que vamos encontrar os homens da Hallibourton armados até os dentes e que não vão deixar a gente subir”.
Estranho na selva
“Coronel que até o ano passado comandava batalhão na região da (reserva indígena) Yanomami contou que estava fazendo patrulha em um barco inflável com quatro homens em um igarapé quando avistou um sujeito armado com fuzil. Um tenente disse: ‘Tem mais um cara ali’. Eram cinco homens armados. O tenente advertiu: ‘Coronel, é uma emboscada. Vamos retrair.’ Retraíram. Perguntei: ‘O que você fez?’ Ele disse: ‘General, tive que ir ao distrito, pedir à juíza autorização para ir lá.’ Falei: ‘Meu caro, você, comandante de um batalhão no meio da Amazônia, perto da fronteira, responsável por nossa segurança, só pode entrar na área se a juíza autorizar? Ele respondeu: ‘É. Foi isso que o governo passado (Fernando Henrique) deixou para nós. Não podemos fazer nada em área indígena sem autorização da Justiça”.
15 homens e 10 lanchas
“O coronel contou que pegou a autorização e voltou. Levou três horas para chegar ao igarapé, onde não tinha mais ninguém. Continuou em direção à fronteira. De repente, encontrou ancoradouro, com um cara loiro, de olhos azuis, fuzil nas costas, o esperando. Olhou para o lado: 10 lanchas e quatro aviões-anfíbio, no meio na selva. ‘Na sua área?’, perguntei. ‘É’, respondeu. Ele contou que abordou o homem: ‘Quem é você?”. Como resposta ouviu: ‘Sou oficial forças especiais dos Estados Unidos da América do Norte’. O coronel insistiu: ‘Que faz aqui’. E o cara disse que fazia segurança para uma pousada. Ele perguntou qual pousada? Ouviu: ‘Pertencente a um cidadão americano’. Quinze homens estavam lá, armados. Hallibourton? Blackwater?”
Crise do Petróleo
“Temos (no pré-sal), talvez, a maior jazida de petróleo do mundo. Será que países desenvolvidos vão se aquietar sabendo que o futuro deles depende do petróleo? Os Estados Unidos tem petróleo só para os próximos cinco anos. Tanto é que o país não consome o dele, porque suas reservas são baixas. Passa a pegar o que existe no mundo. Foi assim no Irã, em 1953, quando derrubaram o (primeiro-ministro Mohamed) Mossadegh. Os aiatolás pegaram de volta e agora querem outra vez atacar o Irã. No Afeganistão, deu no que deu. No Iraque, tomaram o petróleo de lá. Agora vem o petróleo do Mar Cáspio e a Georgia (em guerra com a Rússia por território onde passam gasodutos). E no Brasil, como será? Essa (IV) Frota é só amiga? Está aqui só para proteger?”.
Fonte: Blog Projeto S.I.L.I. (Search for Intelligent Life in Internet (Busca por Vida Inteligente na Internet)

Cerra e Paulo Preto na cachoeira. Ou será Alexandre Preto ?

Documentos são forma de colaborar para o depoimento que Paulo Preto prestará à CPI do Robert(o) Civita.


O Conversa Afiada recebeu de amigo navegante os documentos que se seguem.

É uma forma de colaborar para o depoimento que Paulo Preto prestará à CPI do Robert(o) Civita:

Prezado PHA, tudo beeeeeeeem?

Te encaminho arquivo anexo com um áudio interessante entre o Wladimir Garcez e Toninho (irmão do Perillo) em que falam sobre uma divisão de lotes de licitação e citam que um deles seria de Paulo Preto.

Observo, ainda, que nesse áudio há, aparentemente, uma tentativa de dissimular o nome do Paulo Preto, na sequência chamado, duas vezes, de Alexandre Preto
.


Clique aqui para ouvir o primeiro áudio.

(Ao acessar o link, clique em download e abra o arquivo. A informação serve para todos os arquivos de áudio.)

Clique aqui para ouvir o segundo áudio.


Clique aqui para ouvir o terceiro áudio.


Clique aqui para ouvir o quarto áudio.


TELEFONE              NOME DO ALVO
316010027450381       Wladimir Garcez – MONTE CARLO

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
WLADMIR X TONINHO – LOTE 29

DATA/HORA INICIAL     DATA/HORA FINAL       DURAÇÃO
27/02/2012 10:13:10 AM27/02/2012 10:13:33 AM00:00:23

ALVO                  INTERLOCUTOR          ORIGEM DA LIGAÇÃO     TIPO
316010027450381       316010027449845       316010027450381       R

RESUMO
APPX

DIÁLOGO
CONTINUAÇÃO LIGAÇÃO ANTERIOR

WLADMIR: não, beleza então. Eu to no RIO TONINHO, ta cortando muito, ta ruim.
TONINHO: continua no 22 e no 29.
WLADMIR: ok, pode deixar.


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TELEFONE              NOME DO ALVO
316010027450381       Wladimir Garcez – MONTE CARLO

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
WLADMIR X TONINHO – LOTE 29

DATA/HORA INICIAL     DATA/HORA FINAL       DURAÇÃO
27/02/2012 10:11:20 AM27/02/2012 10:12:16 AM00:00:56

ALVO                  INTERLOCUTOR          ORIGEM DA LIGAÇÃO     TIPO
316010027450381       316010027449845       316010027449845       R

RESUMO
APPX

DIÁLOGO
TONINHO: WLADMIR, pode falar.
WLADMIR: ocê me ligou JUNINHO?
TONINHO: eu conversei sobre aquele negócio do ROSSINI lá.
WLADMIR: no ouvi, repete.
TONINHO: conversa nossa com o ROSSINI eu conversei lá.
WLADMIR: oh TONINHO, não ouvi o que falou repete.
TONINHO: perto do ROSSINI. Ta lembrado que nós tivemos junto com o ROSSINI lá na DELTA, voce esqueceu?
WLADMIR: lembrei, lembrei.
TONINHO: ta falando que tem o lote 22, 29, ta cê tranquilo que nós saímos com o 29.
WLADMIR: ah beleza, então. Valeu meu filho, oh valeu TONINHO, vou falar com ele aqui.

CONTINUA PROXIMA LIGAÇÃO


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TELEFONE              NOME DO ALVO
316010027450381       Wladimir Garcez – MONTE CARLO

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
WLADMIR X TONINHO – LOTE 29

DATA/HORA INICIAL     DATA/HORA FINAL       DURAÇÃO
27/02/2012 10:12:24 AM27/02/2012 10:12:45 AM00:00:21

ALVO                  INTERLOCUTOR          ORIGEM DA LIGAÇÃO     TIPO
316010027450381       316010027449845       316010027450381       R

RESUMO
APPX

DIÁLOGO
CONTINUAÇÃO LIGAÇÃO ANTERIOR

WLADMIR: ok?
TONINHO: fala para continuar no 22 porque no 29 tem o PAULO PRETO também. ALEXANDRE PRETO, ALEXANDRE PRETO, ta bom? Cê ganha no 29 e no 22.
WLADMIR: ta ok.

CONTINUA LIGAÇÃO SEGUINTE

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TELEFONE              NOME DO ALVO
316010027450381       Wladimir Garcez – MONTE CARLO

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
WLADMIR X TONINHO – LOTE 29

DATA/HORA INICIAL     DATA/HORA FINAL       DURAÇÃO
27/02/2012 10:12:51 AM27/02/2012 10:13:02 AM00:00:11

ALVO                  INTERLOCUTOR          ORIGEM DA LIGAÇÃO     TIPO
316010027450381       316010027449845       316010027449845       R

RESUMO
APPX

DIÁLOGO
CONTINUAÇÃO LIGAÇÃO ANTERIOR

TONINHO: fala para ficar no 22 e no 29, eu avisei para o pessoal lá.

CONTINUA LIGAÇÃO SEGUINTE

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Agora, sobre o Cerra:



Clique aqui para ouvir o primeiro áudio sobre o Cerra.


Clique aqui para ouvir o segundo áudio sobre o Cerra.



TELEFONE              NOME DO ALVO
1591175026481         CARLINHOS (VEGAS)   

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
3@@@*CARLOS X DEMOSTENES – SERRA/DINO

DATA/HORA INICIAL     DATA/HORA FINAL       DURAÇÃO
14/05/2009 15:15:42   14/05/2009 15:16:52   00:01:10

ALVO                  INTERLOCUTOR          ORIGEM DA LIGAÇÃO     TIPO
1591175026481         316010030759739       316010030759739       R

RESUMO
(SECRETARIO DE SEGURANÇA) – CSN – DINO – SERRA – MERCADANTE

DIÁLOGO
D: fala professor
C: Eu tô com o Dino aqui, voce podia olhar com… voce tá com o Serra aí? não?
D: Como é que é?
C: Voce vai estar com o Serra aí hoje?
D: Não, eu já to pegando o avião aqui de volta. Eu vim na Cia Siderurgica Nacional
C: Ah, com o Mercadante né? O Mercadante é que gosta do dono aí . . .
D: Que que voce queria com o Serra?
C: Aquele negocio do Dino, pô … (PNE) … do Rio Grande do Norte, nao falou mais nada. O Serra tinha prometido procê uai.
D: É verdade. É, vamos marcar com ele e venho aqui.
Semana que vem eu venho aqui

C: Marcar pra semana que vem? Pede uma audiência com ele aí, vai com o Dino aí, uai !
D: Tudo bem, vamos marcar.
C: Então voce liga lá, amanhã voce me fala.


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Áudios da Operação Vegas

Cachoeira x Demóstenes     14/05/2009        15h15.42

Cachoeira está com Dino e pergunta se Demóstenes estará com Serra
Cachoeira: Serra tinha prometido para Demóstenes aquele negócio do Dino. Aquele cara  sumiu para o Rio Grande do Norte e não falou mais nada. O Serra tinha prometido procê.
Demóstenes: Semana que vem eu venho aqui
Cachoeira: Pede uma audiência aí com ele, vai com o Dino aí

MNI x NIA    26/04/2009     15h52m32 
Mulher não identificada pergunta se interlocutor está no “Serra”. Ele confirma que sim. Heitor está com ele.

Geovane x HNI        27/04/2009        19h04.53
HNI pergunta se Geovane vai no Serra na quinta-feira


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Clique aqui para ouvir o primeiro áudio sobre Carlos Sanches.


Clique aqui para ouvir o segundo áudio sobre Carlos Sanches.


Clique aqui para ouvir o terceiro áudio sobre Carlos Sanches.



TELEFONE              NOME DO ALVO
1591175026481         CARLINHOS (VEGAS)   

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
3@@@*CARLOSxDEMOSTENES- ECTRO C. SANCHE

DATA/HORA INICIAL     DATA/HORA FINAL       DURAÇÃO
22/05/2009 16:27:13   22/05/2009 16:28:49   00:01:36

ALVO                  INTERLOCUTOR          ORIGEM DA LIGAÇÃO     TIPO
1591175026481         316010030759739       316010030759739       R

RESUMO
CARLOS PEDE PARA DEMOSTENES CONVERSAR COM O ESPANHOL CARLOS SANCHES…DIZ QUE “AQUELE QUE EU TE FALEI AÍ, QUE MEXE COM NEGÓCIO DE METRO…COM OS ???” DIZ QUE ELE TÁ AÍ EM SP. COMBINAM AS 6H30 DO CAFE DA MANHÃ. HOTEL MELIA DA JOÃO CACHOEIRA, AP 1105

DIÁLOGO
OBS: ASSUNTO DA LIGAÇÃO CARLOS X EIMAR DIA 11/05 AS 17H26


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TELEFONE              NOME DO ALVO
1591175026481         CARLINHOS (VEGAS)   

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
3@@@CARLINHOSxCHICO-Paulinho líder PDT

DATA/HORA INICIAL     DATA/HORA FINAL       DURAÇÃO
27/04/2009 12:05:30   27/04/2009 12:08:53   00:03:23

ALVO                  INTERLOCUTOR          ORIGEM DA LIGAÇÃO     TIPO
1591175026481         159-520892-1          1591175026481         R

DIÁLOGO
RESUMO:
CH – diz que terminou reuniões com BESSA  e pessoal lá…, que botou HNI p/ falar com Doutor que está em SÃO PAULO, com PAULINHO líder do PDT…, que está bem favoravel a eles, que é esperar que amanhã ele vai dá uma brigada, que acha que vai ser efetivado
CA – diz que tá excelente…, que HNI está vindo essa semana, que é para pressionar o GORDINHO
HNI – diz que pressionar, que amanhã quando ele chegar lá…, que está pressionando o INDIO lá páaaaa marcar aquele negócio lá commmm, com o cara do INDIO, o GORDINHO quer falar com o cara, o cara tava envolvido com o negócio de maranhão o MARANHÃO lá…, que falou com o INDIO agora e ele disse que de terça p/ quinta ele fala com ele, entendeu?! aí quando o GORDINHO chegar amanhã eu vou ver com ele, porque foi ele que acertou com POLI né
CA – cê fala o SILAS
CH – diz que é, SILAS que ele nomeou o cara lá, botaram um cara lá que vai cuidar do combustível, botou um cara lá colado do ALAN KARDEK, prá resolver os problemas, agora pôrra…, vai ter que resolver os nossos…
CA – é verdade… amanhã………


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TELEFONE              NOME DO ALVO
1591175026481         CARLINHOS (VEGAS)   

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
3@@@CARLINHOSxCHICO-Paulinho líder PDT

DATA/HORA INICIAL     DATA/HORA FINAL       DURAÇÃO
27/04/2009 12:05:30   27/04/2009 12:08:53   00:03:23

ALVO                  INTERLOCUTOR          ORIGEM DA LIGAÇÃO     TIPO
1591175026481         159-520892-1          1591175026481         R

DIÁLOGO
RESUMO:
CH – diz que terminou reuniões com BESSA  e pessoal lá…, que botou HNI p/ falar com Doutor que está em SÃO PAULO, com PAULINHO líder do PDT…, que está bem favoravel a eles, que é esperar que amanhã ele vai dá uma brigada, que acha que vai ser efetivado
CA – diz que tá excelente…, que HNI está vindo essa semana, que é para pressionar o GORDINHO
HNI – diz que pressionar, que amanhã quando ele chegar lá…, que está pressionando o INDIO lá páaaaa marcar aquele negócio lá commmm, com o cara do INDIO, o GORDINHO quer falar com o cara, o cara tava envolvido com o negócio de maranhão o MARANHÃO lá…, que falou com o INDIO agora e ele disse que de terça p/ quinta ele fala com ele, entendeu?! aí quando o GORDINHO chegar amanhã eu vou ver com ele, porque foi ele que acertou com POLI né
CA – cê fala o SILAS
CH – diz que é, SILAS que ele nomeou o cara lá, botaram um cara lá que vai cuidar do combustível, botou um cara lá colado do ALAN KARDEK, prá resolver os problemas, agora pôrra…, vai ter que resolver os nossos…
CA – é verdade… amanhã………


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Assessor especial do governo Serra foi preso em Natal (RN).

/ On : segunda-feira, novembro 28, 2011 – Contribua com o Transparência São Paulo; envie seu artigo ou sugestão para o email: transparenciasaopaulo@gmail.com
(do Transparência SP)

Ao denunciar ilegalidades no contrato de inspeção veicular da Prefeitura de SP e a empresa Controlar, a Justiça atingiu Kassab e acabou também acertando Serra. Um dos envolvidos nas fraudes denunciadas em São Paulo e Natal (RN) é suplente de senador e foi assessor da Casa Civil do governo Serra no Estado de São Paulo.
Detalhe: ele cuidava das “indicações/emendas” orçamentárias dos deputados estaduais.

Prisão de João Faustino lança novas suspeitas de corrupção contra Serra e Kassab

(do Correio do Brasil)

Sob custódia da polícia potiguar, o estado de saúde do suplente de senador João Faustino Ferreira Neto é considerado regular pelos médicos da Casa de Saúde São Lucas. O primeiro boletim médico, liberado na manhã deste domingo, esclarece que o político passa bem e deverá receber alta nas proximas horas. Por volta das 15h deste sábado, João Faustino havia reclamado de dores no peito enquanto estava preso no quartel do Comando Geral da Polícia Militar. Uma vez liberado do hospital, Faustino voltará para a cadeia, nos arredores de Natal.
João Faustino é suplente do senador Agripino Maia (DEM-RN) e homem de confiança do candidato tucano derrotado nas últimas eleições, José Serra. Na época em que Serra ocupava o Palácio dos Bandeirantes, Faustino despachava diretamente com ele. Como subchefe da Casa Civil, era subordinado ao então chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, hoje senador do PSDB. Quando Serra se lançou candidato, João Faustino passou a coordenar a arrecadação de fundos de campanha fora de São Paulo. No Estado paulista, a coordenação era de Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, alvo também de investigações da Polícia Federal por suspeitas de desvios de recursos destinados ao complexo viário conhecido como Rodoanel.
A prisão de João Faustino ocorreu na manhã desta quinta-feira, no bojo da da Operação Sinal Fechado, deflagrada pelo Ministério Público Estadual. O MP investiga supostas fraudes no Departamento de Trânsito do Rio Grande do Norte (DetranRN), nas quais o nome de João Faustino aparece como membro da suposta organização criminosa. Policiais militares da Companhia de Policiamento Ambiental (Cipam) realizam a escolta do político, que permanece sob tutela do Estado.
Na manhã deste sábado, os médicos do Hospital São Lucas, nesta capital, divulgaram boletim no qual informam que João Faustino permanece internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital. As visitas estão restritas aos familiares conforme determinação da equipe médica assistente e normas da instituição.

Leia, na íntegra, a nota do Hospital São Lucas:
Informamos que o senhor João Faustino Ferreira Neto encontra-se hospitalizado na Unidade de Terapia Intensiva da Casa de Saúde São Lucas desde as 15 horas do dia 26 de agosto do corrente ano, ora sob tratamento médico especializado. O estado clínico do paciente é regular.
As visitas estão restritas aos familiares conforme determinação da equipe médica assistente e normas desta instituição.Natal, 27 de novembro, Miguel Angel Sicolo – Coordenador Médico, Francisco Edênio Rego Costa – Médico Cardiologista

Sem habeas corpus
Os envolvidos na Operação Sinal Fechado que tiveram a prisão preventiva e temporária decretada seguem detidos no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar. Nesta sexta-feira, o desembargador Herval Sampaio negou o pedido de habeas corpus impetrado em favor de João Faustino e do empresário Marcus Vinícius Saldanha Procópio. Para o magistrado, o período da prisão temporária – cinco dias – não é suficiente de acarretar sérios prejuízos aos prisioneiros. Juíza da 6ª Vara Criminal de Natal, Emanuella Cristina Pereira Fernandes também indeferiu o pedido de revogação da prisão de outros sete detentos.
Para o desembargador Sampaio, que substitui o desembargador Caio Alencar no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, a prisão de João Faustino e Marcus Procópio torna-se necessária devido à complexidade do caso, em que se investiga uma suposta organização criminosa muito bem estruturada, constituída por pessoas influentes no Rio Grande do Norte que tendem a interferir na busca de elementos probatórios feita pelo Ministério Público. O magistrado acrescentou, em conversa com jornalistas, que a análise do material apreendido até o agora implicará, certamente, na realização de outras diligências, diante da possibilidade do surgimento de novas provas, o que justifica a manutenção dos réus em confinamento.
O desembargador Sampaio também negou o pedido de prisão domiciliar feito pelos advogados de João Faustino. A defesa do ex-parlamentar argumenta, nos autos, que ele é uma pessoa idosa (70 anos) e sofre de problemas cardíacos. Herval Sampaio afirmou que o pedido não se justifica, pois o período de prisão é breve e o tratamento da cardiopatia não será interrompido, pois é feito a base de medicamentos. “A substituição da prisão domiciliar não é cabível em prisão temporária, sob pena do objetivo da mesma perder o seu sentido”, sentenciou.
Na véspera, a juíza Emanuella Fernandes também indeferiu o pedido de revogação da prisão de José Gilmar de Carvalho Lopes, Marco Aurélio Doninelli Fernandes, Nilton José de Meira, Flávio Ganem Rillo, Carlos Theodorico de Carvalho Bezerra, Fabiano Lindemberg Santos, e Edson César Cavalcante Silva. Segundo a magistrada, os suspeitos integram a quadrilha que fraudou o Detran/RN e devem permanecer presos para “resguardar toda a investigação criminal que envolve outros elementos de prova que não apenas a busca e apreensão”.

Ex-governadora citada
Entre os denunciantes do esquema de corrupção que piora a situação da direita no país, o empresário José Gilmar de Carvalho Lopes, conhecido como Gilmar da Montana, confirmou em depoimento que teria informações sobre atividades ilícitas da ex-governadora Wilma de Faria. Ela e Iberê Paiva Ferreira de Souza, outro ex-governador do Rio Grande do Norte, “receberiam cotas de lucro do consórcio Inspar”, disse Carvalho Lopes aos promotores. A informação divulgada pelo promotor de Justiça Eudo Rodrigues Leite foi confirmada pelos advogados Diógenes da Cunha Neto e Augusto Araújo, que representam o empresário perante a Justiça.
Segundo os advogados, Gilmar não chegou a presenciar a suposta concretização da garantia das cotas de lucro no consórcio Inspar. Porém, em envolvimento com outros membros da suposta organização criminosa, teria ouvido falar que o ex-governador Iberê de Souza e a atual governadora, Wilma Faria, receberiam, cada um, 15% da cota de George Olímpio no consórcio Inspar. Olímpio, apontado como chefe da organização criminosa, detinha 40% do total do consórcio que iria realizar a inspeção veicular ambiental no Rio Grande do Norte.
Os advogados de defesa de Gilmar alegam que ele havia ingressado no negócio de forma lícita. Proprietário da construtora Montana, Gilmar foi contratado pelo consórcio Inspar para construir a maioria de suas sedes em todo o Estado. “O empresário foi convidado para construir as sedes. O relacionamento das partes era comercial. Não fazemos parte do consórcio”, disse, nos autos, o advogado Diógenes da Cunha Neto. Apesar das informações liberadas no depoimento inicial, os advogados esclareceram que não existiu oferta de delação premiada, e que este recurso demanda tempo e análise.

Nota de Wilma
Logo após ser lançada ao centro do episódio que abala a aliança conservadora no poder, a ex-governadora Wilma Faria emitiu nota na qual questiona a deflagração da operação do Ministério Público em que seu nome é envolvido. “O envolvimento do meu nome é um ato de absoluta má fé. Não sou ré e as 189 laudas da petição do ministério público mostram que não sou. Não há na peça acusatória nenhuma denúncia que exija de mim pelo menos uma explicação”, alega.
Na nota, ela lança ataques a líderes políticos supostamente interessados em prejudicá-la:
“Desafio que provem qualquer envolvimento da minha pessoa nas denúncias de recebimento de propinas ou de conivência com lobistas”, acrescentou.
O Ministério Público Estadual investiga Wilma Faria por ter enviado projeto de lei referente à inspeção veicular à Assembleia Legislativa do RN, o qual foi supostamente elaborado com a participação ativa de membros da quadrilha.

Filho da ex-governadora
O filho da ex-governadora Wilma, Lauro Maia, aproveitou para também se manifestar após ter sido citado como um dos integrantes do esquema de corrupção. Em nota, ele disse ter sido “surpreendido com acusação infundada”. “Mais uma vez, são construídas ilações a partir de citações feitas ao meu nome por pessoas estranhas ao meu convívio social”, afirma. Por fim, disse esperar “serenamente que a verdade e a justiça ao final prevaleçam”.
Em São Paulo, operação semelhante resultou no bloqueio dos bens do prefeito paulistano, Gilberto Kassab. Tanto na capital paulista quanto em Natal, a polícia investiga a inspeção veicular, no esquema que teria sido criado pela empresa Controlar, do empreiteiro Carlos Suarez, ex-dono da OAS. Em São Paulo, a Controlar teria fechado negócio ainda na gestão Celso Pitta, mas o contrato somente foi validado 12 anos depois, por Kassab. Assim, Suarez conseguiu vender a empresa para a CCR, das empreiteiras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Na transação, segundo o MP, Suarez teria lucrado R$ 170 milhões. Em Natal, por sua vez, o contrato de inspeção veicular, também feito de forma irregular, renderia R$ 1 bilhão aos empreiteiros durante o prazo de concessão.
Tanto em São Paulo quanto em Natal, as investigações se aproximam de personagens muito próximas ao ex-governador e ex-presidenciável tucano, José Serra
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Por falar em Cerra: “Será que o Haddad vai tratar a Privataria Tucana na campanha ?”.