Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Serra parte pra briga com amigos no ninho...




O livro "A privataria tucana" aponta um racha no PSDB e relata uma operação de José Serra para espionar Aécio Neves antes das eleições de 2010. Serra só revidou a espionagem de Aécio sobre ele. Enfim, entre tucanos o vale tudo na disputa de qual corrente da Privataria se dará bem na venda do patrimônio público do Brasil.

Foi em Belo Horizonte.

Presentes, o Padim Pade Cerra, o deputado Eduardo Azeredo, pai do mensalão mineiro e primeiro beneficiário do “valeriodantas”, e o deputado federal Rodrigo de Castro, secretário geral do PSDB e homem de confiança de Aécio Never.

Cerra se exalta aos poucos – é o que descreve o passarinho que pousou na janela lá de casa – e, passo a passo, acusa Aécio e o jornal “O Estado de Minas” de destruírem a vida da filha dele, Verônica, sócia da irmã de Daniel Dantas, o banqueiro condenado.

Azeredo e Castro tentam ponderar, mas Cerra se exalta.

Cerra se exalta e passa a se referir a Aécio e ao Estado de Minas de forma deselegante (para dizer pouco).

Azeredo e Castro defendem Aécio e o jornal.

Como se sabe, o livro “A Privataria Tucana” começou com uma denúncia do Aécio ao Estado de Minas: Cerra e seus arapongas liderados pelo Marcelo Itagiba querem me pegar.

O jornal incumbiu o repórter Amaury Ribeiro Junior de ir atrás da denúncia, não a publicou a pedido do Aécio, mas aí nasceu o best seller.

Quanto mais Castro e Azeredo defendiam Aécio e o Estado de Minas, mas o Cerra ficava bravo.

E partiu para cima dos dois.

Ia para o ataque físico, mesmo.

Gênero macho, macho, man, mesmo !

Foi uma confusão.

Tiveram que segurar o Cerra.

Em tempo: Cerra e Aécio não se cumprimentam.
Paulo Henrique Amorim

A cretinice contra Eliana Calmon

O título do comentário do bedel Fernando Rodrigues, publicado em seu blog, tenta imputar irregularidade à ministra Eliana Calmon e, como de praxe, o texto desmente o título do artigo.
Fica a dúvida: com esse procedimento, o bedel estaria a serviço de quais interesses? Confira:
Eliana Calmon recebeu R$ 421 mil de auxílio-moradia
A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, do Conselho Nacional de Justiça, recebeu R$ 421 mil de pagamentos de auxílio-moradia atrasados. O valor foi pago em três parcelas. Duas (totalizando R$ 226 mil) em 2008 e uma (R$ 195 mil) em setembro deste ano.
Esses pagamentos a membros do Judiciário foram fixados em 2000 pelo Supremo Tribunal Federal.
As informações estão na Folha de hoje (aqui, para assinantes do jornal e do UOL).
Embora legal, o recebimento de pagamentos atrasados de auxílio-moradia está no centro da polêmica atual no Poder Judiciário. Alguns juízes teriam recebido tudo de uma vez, o que seria irregular por ferir a regra da igualdade estabelecida à época da criação do benefício.
No caso de Eliana Calmon, as parcelas foram pagas, segundo a assessoria, "também aos ministros do STJ [Superior Tribunal de Justiça] que tinham esse direito, na mesma época, e segundo os mesmos critérios". A corregedora nacional de Justiça está entre os 9 dos 33 ministros do STJ que receberam auxílio-moradia atrasados neste ano de 2011, segundo revelou a Folha nesta semana, num valor total de aproximadamente R$ 2 milhões.
No Supremo Tribunal Federal (STF), pelo menos dois ministros receberam pagamento de auxílio-moradia: Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski. Ambos divulgaram notas oficiais sobre o atual episódio. Aqui, a de Pelulo. E aqui, a Lewandowski.
P.S.: na Folha de hoje (para assinantes do jornal e do UOL), coluna sobre a inexorável perda de poder dos juízes.
No FAlha

Brasil é a sexta Economia. E a Globo se muda para Londres

Saiu no respeitado jornal inglês The Guardian:

O Brasil ultrapassa a Inglaterra e se torna a sexta Economia do mundo.


Para quem se curva ao PiG (*), como o Bernardo, esse é um fato inexplicável.

Clique aqui para ler “O que a Dilma fez em 2011 e ninguém soube”.

O Guardian atribui a ultrapassagem (irreversível) à valorização dos produtos que o Brasil exporta.

E à (péssima) qualidade da política econômica (neo-liberal) da Inglaterra.

O Guardian está parcialmente certo.

Faltou explicar algumas coisinhas aos leitores ingleses.

Por exemplo, extraído da pág. 34 do Brasil Econômico:

Três fundos de ações – administrados pelo Bradesco e o Itaú – têm mais investidores (2 milhões e cem mil) do que os investidores da Bolsa.

Esses fundos concentram suas aplicações em Petrobrás (que o PiG (*) e o Adriano Pires não recomendam) e Vale.

Quantos membros da Classe C estão na Bolsa, amigo navegante, através de fundos de bancos ?

Na pág. 30, a Cyrela, uma das maiores empresas de construção civil do país, vai aplicar entre R$ 3,7 e R$ 4,5 bilhões em imóveis para cliente de baixa renda, o que significará 50% de sua receita.

Na pág. A12 do Valor, lê-se:

“Escola pública (que horror ! Não é do DiGenio !) do país entre na onda dos tablets. MEC vai lançar editar para a compra de 300 mil aparelhos”.

Na pág. 4 do Globo, lê-se outra coisa horrorosa: “Maioria dos alunos de iniciação científica vem de classe baixa”.


“Essa é a cara do jovem pesquisador brasileiro”.

Não faz muito tempo os gatos pingados que assistem ao Bom (?) Dia Brasil tomaram conhecimento de mudança radical em sua política (?) editorial: 1/3 do programa tem como sede Londres.
Londres, que, como se sabe, é a capital do país que o Brasil acaba de ultrapassar.
1/3 do programa é para falar mal do Brasil.
1/3 para falar bem do Brasileirinho da Globo.
E 1/3 para descrever a Hecatombe Universal que tragará o Brasil.
Essa parte do Holocausto Ecônomico fica com o Renato Machado, que era âncora no Brasil.
E pediu para transferir-se para Londres.
É o homem certo no lugar certo, na hora certa: Londres.
Por que o Ali Kamel não transfere a sub-sede do Bom (?) Dia para Recife ?
Para Sinop, em Mato Grosso ?
Sabe o que tem lá em Sinop, Kamel ?
É de matar a Urubóloga de depressão.
É assim, amigo navegante, a elite brasileira.
Quer ir morar em Londres.
Quantos londrinos desempregados não preferiam morar, hoje, no Rio Maravilha, amigo navegante ?
Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

O que a Dilma fez em 2011. E ninguém soube

Através do Tijolaço, o ansioso blogueiro assistiu à excelente exposição de fim de ano da Presidenta Dilma Rousseff, que também pode ser vista no Blog do Planalto.

Apesar dos pesares, e da crise que a Globo dissemina 24h por dia, foi um ano brilhante.

Que calou a boca da Oposição.

Porém, através do PiG (*), a Oposição conseguiu engessar a agenda política do pais.

No país onde se realizou a maior roubalheira numa privatização latino americana – agora revelada, em parte, pelo “Privataria Tucana”-, o PiG estabeleceu que a questão é a corrupção, o “malfeito”.

(A outra parte será conhecida na CPI da Privataria.)

E o Álvaro Dias, o Farol de Alexandria e o Padim Pade Cerra empunham a bandeira da Moral e da Ética.

Como diz o motorista de taxi, “esse país não tem jeito”…

Como assim, “não tem jeito”?, pergunto.

A roubalheira, diz ele.

Quem rouba ?, pergunta o ansioso blogueiro, ao passar por uma rua arborizada da Cidade de São Paulo, no bairro de Higienópolis.

Os políticos, diz ele.

Os políticos, indistintamente.

Ou seja, o Ali Kamel ganhou.

Conseguiu equiparar o Lupi ao Ricardo Sergio de Oliveira, ao Preciado, ao Rioli.

Acompanhe, agora, amigo navegante, o que a Presidenta mostrou no pronunciamento de fim de ano.

E ninguém soube.

Começa que ela usou a palavra “emprego” sete vezes, em dez minutos.

Como se sabe, os oito anos de Governol Cerra/Fernando Henrique se notabilizaram pelo desemprego.

Quem tinha emprego garantido eram banqueiros de investimento, “brilhantes“ gestores de fundos na Privataria.

Dilma preside o “pleno emprego”, apesar da crise Global da Urubologa.

Lembrou ela, o Brasil criou em 2011 a bagatela de 2,3 milhões de empregos.

Num único ano.

Voce viu isso nos jornais do Ali Kamel, amigo navegante ?

Uma comparação entre o desemprego no mundo e o “pleno emprego”no Brasil ?

Qual o destaque que os jornais do Ali Kamel deram ao salario minimo que vai abrir 2012 ?

E sobre a redução de impostos ?

O PiG (*) e seus colonistas (**) só falam de “carga tributária”, a mais alta do mundo (no Farol era maior …).

A Dilma reduziu os impostos de 5 milhões de pequenas empresas e empreendedores individuais.

Reduziu os impostos sobre geladeiras, fogões e maquinas de lavar.

Levou para zero impostos que incidem sobre massa, farinha e pão.

O Ali Kamel mostrou isso, amigo navegante ?

Não, o Ali Kamel gosta é do “malfeito”.

Até 2014, contou a Presidenta, a Caixa e o Banco do Brasil, que anunciam no jornal nacional – e no Conversa Afiada – vão aplicar R$ 125 bilhões no Minha Casa Minha Vida.

Em 2011 a Dilma entregou 341 mil casas.

Vai entregar outras 400 mil.

E tem 500 mil em construção.

O Ali Kamel tratou disso ?, amigo navegante, logo ele, que, segundo o Florisbal, tem que dar mais atenção à Classe C.

Classe C.

Deve ser proibido falar disso no jornalismo da Globo, porque Classe C traz logo à cabeça o Nunca Dantes e a Presidenta.

E os da pobreza extrema ?

O programa Brasil sem Miséria – contou a Presidenta no Natal – localizou 407 mil famílias que não conseguiam, sequer, ser beneficiadas.

E já recebem, em boa parte, o Bolsa Familia, aquele programa que a grande estadista chilena Monica Cerra considera um incentivo à vagabundagem.

A Presidenta revelou que um milhão e 300 mil crianças e adolescentes foram incorporadas em 2011 ao Bolsa Famiia.

Ou seja, vão receber educação e assistência médica.

Que horror, amigo navegante !

Um milhão e trezentas mil crianças !

Por que o aviãozinho da Globo não acha uma criança dessas ?

Deve ser uma avaria no radar do Ali Kamel.

Diante da notável política tucana de São Paulo de combater o crack com a “Cracolândia”, a Presidenta teve que se esforçar muito para conceber um plano à altura da engenhosidade tucana de São Paulo.

Assim, criou o programa “É possível vencer”, com R$ 4 bilhões para curar e ressocializar os viciados em crack.

Nada será como a “Cracolândia”, uma politica que a Organização Mundial de Saúde vai disseminar mundo afora.

Mas, a Dilma tenta.

E o Pronatec ?, que até 2014 vai levar 8 milhões de jovens para o mundo do Emprego.

Outro dia, no Entrevista Record, este ansioso blogueiro entrevistou o Lincoln Silva, que saiu de uma cidadezinha no Sul da Bahia, fez o ProUni, entrou no Senac e foi um dos primeiros a se beneficiar do “Ciência sem Fronteiras”, do Mercadante: Lincoln vai estudar um ano com tudo pago, na Rochester University, no Norte do Estado de Nova York, uma das referencias mundiais em design gráfico.

Isso é uma ofensa à elite que o Ali Kamel representa !

Uma agressão ideológica !

Dar Educação e Emprego a um filho de costureira com ouriveres, como o Lincoln.

Dilma falou nove vezes em Emprego.

Você sabia disso, amigo navegante ?

Que a palavra “Emprego“ é uma marca do Governo Dilma ?

Pois é, amigo navegante, quem manda você e o Bernardo se curvarem ao PiG ?

A questão, amigo navegante, não é só a necessidade de o Governo prestar contas e a sociedade saber o que o Governo faz.

Por exemplo: a Presidenta vai passar o Réveillon numa base da Marinha na Bahia.

Onde passará o Cerra ?

A questão não é fazer “propaganda” dos feitos do Governo.

É a Democracia, Bernardo.

A Política é a linguagem da Democracia, diz o Ciro Gomes.

“Linguagem”, ou “Política” diz este ansioso blogueiro, quer dizer “Comunicação”, “Retórica” – Padre Vieira, Churcill, não é isso ?

Como diz o Comparato, “comunicação” é um Direito do Homem.

Segundo os Iluministas da Revolução Francesa, no século XVIII.

Já imaginou, amigo navegante, se o Churchill não tivesse a rádio (pública) da BBC ?

Perdia a Guerra, porque muitos ingleses (na elite e, portanto, na mídia) eram cripto-nazistas.

Bernardo, os amigos navegantes entendem que a Ministra da Casa Civil queira ser Governadora do Paraná.

Mas, Bernardo, tira o Franklin da gaveta !


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

SERRA CUMPRIRÁ PENA EM CELA COMUM


Se o ministro Gilmar Mendes não interferir no processo, o morto-vivo Zé Chirico, candidato à presidência da república derrotado por Lula e Dilma,  deverá puxar a cana a que será condenado dividindo "espaço" com vários coleguinhas e correligionários. 
Baseados nas bandalheiras apresentadas pelo livro A Privataria Tucana, renomados criminalistas consultados por este Cloaca News estimaram que Serra pode pegar uma condenação cumulativa superior a 50 anos de xilindró, em regime fechado. A privação da liberdade, nesse caso, não seria a pior notícia para o tucano. Por não possuir diploma de graduação em curso superior reconhecido no Brasil, Serra não poderá desfrutar o "benefício" da cela especial. Se tivesse concluído o curso de Engenharia na Escola Politécnica da USP, quem sabe. Mas, como ele mesmo já declarou, "não deu pra terminar". Serra não é engenheiro, apesar de já ter mentido a esse respeito em uma audiência no Senado. Serra também não é economista, uma vez que, até hoje, nenhum Corecon do país tenha encontrado sua ficha. A bem da verdade, alguns Conselhos Regionais de Economia já tentaram denunciá-lo por falsidade ideológica, contravenção que lhe renderia mais três meses tomando café de canequinha. O único alento para o ex-governador e ex-prefeito é que, em troca de alguns pacotes de cigarros, ele poderá  gozar de visitas íntimas. Com direito a cortininha, claro.

2011/2012: A ANGÚSTIA DE UM GESTOR DO CAPITAL.2011, o ano em que a mídia demitiu ministros. 2012, o ano da Privataria.



A imprensa estará muito menos disposta a comprar uma briga durante a CPI da Privataria – quer porque ela começa questionando a lisura de aliados sólidos da mídia hegemônica em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quer porque esse tema é uma caixinha de surpresas.

Em 2005, quando começaram a aparecer resultados da política de compensação de renda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva – a melhoria na distribuição de renda e o avanço do eleitorado “lulista” nas populações mais pobres, antes facilmente capturáveis pelo voto conservador –, eles eram mensuráveis. Renda é renda, voto é voto. Isso permitia a antevisão da mudança que se prenunciava. Tinha o rosto de uma política, de pessoas que ascendiam ao mercado de consumo e da decadência das elites políticas tradicionais em redutos de votos “do atraso”. Um balanço do que foi 2011, pela profusão de caminhos e possibilidades que se abriram, torna menos óbvia a sensação de que o mundo caminha, e o Brasil caminha também, e até melhor. O país está andando com relativa desenvoltura. Não que vá chegar ao que era (no passado) o Primeiro Mundo num passe de mágicas, mas com certeza a algo melhor do que as experiências que acumulou ao longo da sua pobre história.

O perfil político do governo Dilma é mais difuso, mas não se pode negar que tenha estilo próprio, e sorte. As ofensivas da mídia tradicional contra o seu ministério permitirão a ela, no próximo ano, fazer um gabinete como credora de praticamente todos os partidos da coalizão governamental. No início do governo, os partidos tinham teoricamente poder sobre ela, uma presidenta que chegou ao Planalto sem fazer vestibular em outras eleições. Na reforma ministerial, ela passa a ter maior poder de impor nomes do que os partidos aliados, inclusive o PT. Do ponto de vista da eficiência da máquina pública – e este é o perfil da presidenta – ela ganha muito num ano em que os partidos estarão mais ocupados com as questões municipais e em que o governo federal precisa agilidade para recuperar o ritmo de crescimento e fazer as obras para a Copa do Mundo.

Sorte ou arte, o distanciamento de Dilma das denúncias contra os seus ministros, o fato de não segurar ninguém e, especialmente, seu estilo de manter o pé no acelerador das políticas públicas independentemente se o ministro da pasta é o candidato a ser derrubado pela imprensa, não a contaminaram com os malfeitos atribuídos a subalternos. Prova é a popularidade registrada no último mês do ano.

Mais sorte que arte, a reforma ministerial começa no momento em que a grande mídia, que derrubou um a um sete ministros de Dilma, se meteu na enrascada de lidar com muito pouca arte no episódio do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Passou recibo numa denúncia fundamentada e grave. Envolve venda (ou doação) do patrimônio público, lavagem de dinheiro – e, na prática, a arrogância de um projeto político que, fundamentado na ideia de redução do Estado, incorporou como estratégia a “construção” de uma “burguesia moderna”, escolhida a dedo por uma elite iluminada, e tecida especialmente para redimir o país da velha oligarquia, mas em aliança com ela própria. Os beneficiários foram os salvadores liberais, príncipes da nova era. O livro “Cabeças de Planilha”, de Luís Nassif, e o de Amaury, são complementares. O ciclo brasileiro do neoliberalismo tucano é desvendado em dois volumes “malditos” pela grande imprensa e provado por muitas novas fortunas. Na teoria. Na prática, isso é apenas a ponta do iceberg, como disse Ribeiro Jr. no debate de ontem (20), realizado pelo Centro de Estudos Barão de Itararé, no Sindicato dos Bancários: se o “Privataria” virar CPI, José Serra, família e amigos serão apenas o começo.

A “Privataria” tem muito a ver com a conjuntura e com o esporte preferido da imprensa este ano, o “ministro no alvo”. Até a edição do livro, a imprensa mantinha o seu poder de agendamento e derrubava ministros por quilo; Dilma fingia indiferença e dava a cabeça do escolhido. A grande mídia exultou de poder: depois de derrubar um presidente, nos anos 90, passou a definir gabinetes, em 2011, sem ter sido eleito e sem participar do governo de coalizão da mandatária do país. A ideologia conservadora segundo a qual a política é intrinsicamente suja, e a democracia uma obra de ignorantes, resolveu o fato de que a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizimou a oposição institucional, em 2010, e a criação do PSD jogou as cinzas fora, terceirizando a política: a mídia assumiu, sem constrangimentos, o papel de partido político. No ano de 2011, a única oposição do país foi a mídia tradicional. As pequenas legendas de esquerda sequer fizeram barulho, por falta de condições, inclusive internas (parece que o P-SOL levou do PT apenas uma vocação atávica para dissidências internas; e o PT, ao institucionalizar-se, livrou-se um pouco dela – aliás, nem tanto, vide o último capítulo do livro do Amaury Ribeiro Jr.).

Quando a presidenta Dilma Rousseff começar a escolher seus novos ministros, e se fizer isso logo, a grande mídia ainda estará sob o impacto do contrangimento. Dilma ganhou, sem imaginar, um presente de Papai Noel. A imprensa estará muito menos disposta a comprar uma briga durante a CPI da Privataria – quer porque ela começa questionando a lisura de aliados sólidos da mídia hegemônica em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quer porque esse tema é uma caixinha de surpresas.

Isso não chega a ser uma crise que a democracia não tenha condições de lidar. Na CPI dos Anões do Orçamento, que atingiu o Congresso, os partidos viveram intensamente a crise e, até por instinto de sobrevivência, cortaram na própria carne (em alguns casos, com a ajuda da imprensa, jogaram fora a água da bacia com alguns inocentes junto). A CPI pode ser uma boa chance de o Brasil fazer um acerto com a história de suas elites.

E, mais do que isso, um debate sério, de fato, sobre um sistema político que mantém no poder elites decadentes e é facilmente capturado por interesses privados. Pode dar uma boa mão para o debate sobre a transparência do Estado e sobre uma verdadeira separação da política e do poder econômico. 2012 pode ser bom para a reforma política, apesar de ter eleições municipais. Pode ser o ano em que o Brasil começará a discutir a corrupção do seu sistema político como gente grande. Cansou essa brincadeira de o tema da corrupção ser usado apenas como slogan eleitoral. O Brasil já está maduro para discutir e resolver esse sério problema estrutural da vida política brasileira.


(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.

"Desde o fim da Segunda Guerra, não há algo assim. É de uma gravidade e incerteza bem maiores do que os mercados hoje apontam. No pós-Segunda Guerra tivemos crises, claro, mas não são crises de esgotamento de modelo em escala global. A síntese é essa: o esgotamento de um modelo em escala global...Você tem de pensar em gestão de recursos sabendo que esse negócio vai acabar muito mal. Nós só não sabemos onde nem como. Porque não há precedente, não há previsibilidade. Algo de riqueza terá de ser destruído para preservar o resto. Não há ganhadores. Há quem perde menos. (Luís Stuhlberger, considerado um dos melhores gestores de capitais do Brasil; Estadão)" (LEIA MAIS AQUI)
 

Medo e revolta marcam o Natal das vítimas da Favela Moinho

Neste domingo de Natal estive com familiares na favela Moinho, em São Paulo, para fazermos nossa doação anual de Natal. Escolhemos aquela comunidade após tomar conhecimento da precariedade da situação das vítimas do incêndio de grandes proporções que houve por lá na manhã da última quinta-feira, 22 de dezembro.
Veja, abaixo, o vídeo que gravamos no local. Em seguida, outras informações sobre o caso.


O local da tragédia fica relativamente próximo à Cracolândia paulistana. Ao chegarmos lá, fomos informados pela única pessoa que encontramos de que as doações, agora, deveriam ser entregues ao colégio Liceu Coração de Jesus, a poucas quadras dali, porque pessoas da comunidade estariam recolhendo doações com a finalidade de “trocar por drogas”.
Seguimos as instruções, fomos ao colégio e lá deixamos o que teríamos preferido entregar diretamente às vítimas do incêndio, até porque levávamos presentes às crianças. Todavia, alguma coisa nos fez desconfiar de que algo estava errado. A mulher que nos induziu a entregar as doações ao colégio parecia querer que saíssemos logo do local.
Após sair do colégio, decidimos voltar à favela – que, diga-se, só foi queimada parcialmente, tendo sua maior parte sido preservada. Espantamo-nos com a quantidade de pessoas que encontramos perambulando pelas ruas como zumbis.
Apesar de estarmos próximos à Cracolândia, onde é comum ver pessoas nessa situação, aquelas que víamos não eram consumidoras de drogas de forma alguma, mas apenas desabrigados ainda desorientados por uma tragédia que descobriríamos ainda maior do que imaginávamos.
Começamos a conversar com as pessoas que perambulavam pela região e depois recorremos aos moradores das casas no entorno da favela. Em todos aqueles com os quais conversamos foi possível perceber dois sentimentos gritantes: medo e revolta.
Segundo esses vários entrevistados, apesar de a mídia estar dizendo que até agora só foram encontrados três mortos haveria pelo menos trinta vítimas fatais, muitas delas crianças. Essas vítimas seriam, em maioria, do prédio abandonado que também queimou junto com os barracos e no qual viveriam muitas famílias.
O mais chocante, porém, foi uma informação repetida por praticamente todos os entrevistados, de que receberam “ordem da polícia” para não revelar o número estimado de vítimas fatais e de que haveria muitos corpos no interior do edifício destruído pelas chamas, o qual ainda não foi devidamente vasculhado porque corre o risco de desabar.
Apesar disso, foi possível ver pessoas da comunidade vasculhando os andares do prédio. E a única autoridade que vimos foi um membro do corpo de bombeiros do lado de fora do prédio. De resto, nem sombra do Estado. O local está abandonado, ainda que a vida na parte da comunidade que não queimou pareça transcorrer normalmente.
Nos últimos anos, incêndios em favelas em São Paulo viraram tão rotineiros quanto agressões a homossexuais na avenida Paulista. Esses fenômenos só confirmam o que já se sabia, que a cidade foi entregue ao que existe de pior na política brasileira. O resultado do voto irrefletido pode ser visto nessas imagens deprimentes.
Roguemos a Deus, neste dia de Natal, que tenha piedade de São Paulo e que, assim, ilumine seu povo para que na eleição municipal do ano que entra tire do poder essa quadrilha que tomou a administração da cidade e do Estado, pois viver aqui vai se tornando aterrorizante e desolador.
—–
Após gravar o vídeo acima, em busca de confirmar alguma das informações que recolhi em minha incursão no local da tragédia deparei com essa reportagem do UOL. Veja:
25.12.2011
Associação diz que 29 moradores de favela que pegou fogo estão desaparecidos
A Associação de Moradores da Comunidade do Moinho fez uma lista com 29 pessoas que ainda estão desaparecidas desde o incêndio que devastou mais de 300 barracos da favela na manhã de ontem (22).  O levantamento foi feito com base em informações de famílias que ainda não encontraram parentes, segundo informou Humberto José Marques Rocha, vice-secretário da associação.
Pelo menos duas pessoas morreram carbonizadas e quatro ficaram feridas no incêndio. Hoje, os bombeiros encontraram por volta de 8h45 o corpo da segunda vítima. O trabalho de rescaldo foi encerrado por volta de 18h desta sexta. A prefeitura contabilizou mais de 300 barracos destruídos.
O aposentado José Ribamar Rocha, 67, que mora há nove anos na favela, acredita que mais pessoas tenham morrido no incêndio. Ao lado da comunidade, há um prédio abandonado, onde moravam famílias sem-teto e era frequentado por usuários do drogas. “O prédio estava superlotado. Moravam umas 250 famílias lá. Tem muita gente que dormia lá e não vivia com nenhum parente”, afirma.
As chamas foram contidas a poucos metros dos barracos do aposentado. A área que está isolada pelos bombeiros começa exatamente ao lado do lugar onde Rocha vive. “Foi sorte que não aconteceu nada [com o barraco]. Ganhei na loteria.”
Aline Lourenço da Silva, desempregada, acredita que haja mais vítimas, já que no momento do incêndio havia muitas pessoas gritando no prédio. “Não tinha como sair dali. Teve gente que viu a pessoa pedindo socorro, mas não conseguiu ajudar”, relembra.
O prédio continua interditado pela Defesa Civil por risco de desabamento. As duas linhas da CPTM (7-Rubi, 8-Diamante) que passam ao lado da favela não estão funcionando nos trechos próximos ao local atingido pelo incêndio.
Destino das famílias
Segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, Jair Paca de Lima, 430 famílias foram cadastradas pela Secretaria de Assistência Social.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que foi recebido com protesto de moradores, disse que as famílias do local já estavam cadastradas em programas sociais da prefeitura e agora serão encaminhadas para abrigos –e se não houver abrigos suficientes, afirmou ele, a prefeitura vai construir mais unidades.
A prefeitura disse posteriormente, em nota, que “todas as famílias que tiveram seus barracos atingidos pelo incêndio serão incluídas em programas habitacionais da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab)”. Os ministros Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) visitaram o local e ofereceram ajuda federal.
Parte das famílias procurou abrigo em casas de amigos e parentes. Outras foram alojadas provisoriamente no Clube Raul Tabajara, na Barra Funda.
Além dos moradores do prédio abandonado, viviam na favela 532 famílias, que totalizavam 1.656 moradores, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre os aglomerados urbanos no Brasil, divulgado na última quarta-feira (21).

Área da favela é alvo de disputa
A área onde está a favela do Moinho vem sendo alvo de disputas judiciais entre a prefeitura e os moradores nos últimos anos. A favela surgiu há cerca de 30 anos, quando um grupo de moradores ocupou uma área da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA). A empresa foi extinta em 2007 e todos os seus bens repassados à União. Antes, em 1999, o terreno foi leiloado a Mottarone Serviços de Supervisão, Montagens e Comércio Ltda. para saldar as dívidas tributárias da RFFSA.
Em 2006, em reunião de conciliação com a prefeitura, a Mottarone demonstrou interesse em doar o terreno para que fosse destinado aos moradores da favela, mas a prefeitura não aceitou a proposta, sob o argumento de que não era possível alojar as famílias no local.
No mesmo ano, Kassab emitiu decreto de “utilidade pública para fins de desapropriação”, medida que obriga o proprietário a ceder o terreno mediante indenização. No ano seguinte, a prefeitura entrou na Justiça com uma ação de desapropriação da área.
Em resposta, os moradores se associaram ao Escritório Modelo da PUC (Pontifícia Universidade Católica) –entidade conveniada à Defensoria Pública para defender os interesses de comunidades carentes– e entraram na Justiça com ação coletiva de usucapião em 2008. A medida é válida para famílias que morem em um local por mais de cinco anos e garante a propriedade do imóvel.
O processo está na 17ª Vara Cível do Fórum Ministro Pedro Lessa. Os moradores garantiram na Justiça o direito de aguardar o fim do julgamento morando na favela do Moinho.