Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Santayana e o servilismo de FHC



    O Amoral Nato via Conversa Afiada reproduz (excelente) texto de Mauro Santayana, extraído do JB online:




    O que é ser brasileiro

    por Mauro Santayana

    Pode ser que, em algum tempo do futuro, a consciência de nação e, no interior dela, o sentimento de pátria, com sua forte emoção, deixem de existir. Consola-nos, aos patriotas de hoje, que não sejamos obrigados a viver esse eventual e terrível tempo. Viver sem pátria, como alguns a isso são obrigados, pelas dificuldades de sobrevivência ou pelo exílio político, é triste e terrível. Mais triste e terrível é renunciar à pátria por comodismo ou por desprezá-la em suas circunstâncias difíceis. Não se ama a pátria porque ela seja grande e poderosa, mas porque é a nossa pátria – como resumiu Sêneca.

    A etimologia nos diz que pátria é o adjetivo para a terra de nossos pais. É a terra pátria, o que sugere a integração entre a realidade geográfica e a comunidade que nela vive, identificada pela língua, pela cultura e, mais do que por esses sinais, pelo sentimento de fraternidade. Por isso Renan diz que a pátria é, no fundo, a solidariedade cotidiana.

    Quando a Comissão de Estudos Constitucionais – a Comissão Arinos, como ficou conhecida – discutia as idéias que lhe chegavam, a fim de elaborar uma sugestão articulada da Constituição de 1988, houve uma preocupação geral dos pensadores e da gente comum do povo, com relação à proteção do capital brasileiro contra as investidas estrangeiras. O sentimento nacionalista a inteligência recomendavam medidas protecionistas claras, dentro de nossa tradição republicana. O grande brasileiro Barbosa Lima Sobrinho as resumiu, na definição do que deveria ser uma empresa nacional. O artigo 323 do anteprojeto, que ele mesmo redigiu, e a maioria aprovou era claro: Só se considerará empresa nacional, para todos os fins de direito, aquela cujo controle de capital pertença a brasileiros e que, constituída e com sede no País, nele tenha o centro de suas decisões.

    A Assembléia Constituinte aprovou este, e a maioria dos dispositivos sugeridos pela Comissão. O governo Fernando Henrique Cardoso, em obediência servil aos ditados de Washington, mediante emendas ao texto da Constituição, castrou-o juntamente com outros, que defendiam a nossa economia e nossa soberania. Para os eminentes constitucionalistas convencidos pelo sociólogo, empresa nacional é qualquer uma que for constituída no Brasil, não importa por quem, se norte-americano, chinês ou maltês, com o capital de qualquer natureza, vindo de onde for (limpo ou recém-lavado em qualquer paraíso fiscal), e cujo centro de decisões possa estar em qualquer lugar do universo ou fora dele.

    Com todo o respeito pelo presidente Lula, a quem devemos o mais importante passo em busca da democracia – o de reduzir as desigualdades internas -, seu governo não pôde cuidar, dentro das circunstâncias em que se elegeu, da defesa da economia nacional, como era necessário. Falamos de igual para igual com os outros poderosos do mundo e restauramos nossa dignidade diplomática, mas as grandes multinacionais em pouco foram incomodadas. A legislação fernandina (dos dois fernandos, esclareça-se) permanece. Agora, e ainda a tempo, a presidente Dilma Rousseff se dá conta de que essa brecha constitucional está permitindo à China – e também a americanos, espanhóis, italianos e a outros estrangeiros – aumentar a já demasiada extensa propriedade fundiária em território nacional, além de outros abusos.

    O capital estrangeiro pode ser, e foi, importante no desenvolvimento brasileiro, mas sob controle. Os imigrantes que chegaram ao país, a partir do fim do século 19, trazendo seus modestos cabedais, e se tornaram brasileiros com seu trabalho e seus filhos aqui nascidos, foram, com todos os outros brasileiros, os construtores do Brasil moderno. Integraram-se em nossos sentimentos e em nossa geografia. Alguns deles deram a vida pela nossa pátria, nas lutas internas pela liberdade e na guerra contra o nazismo e o fascismo. Mas uma coisa é o capital que aqui chegou, nas ferramentas e nas cédulas amarfanhadas reunidas pelos que escapavam da crise européia de então, e outra o capital que vem via eletrônica, e, mais ainda, o acumulado pela exploração dos brasileiros, com os elevados lucros remetidos em sua totalidade ao exterior, como ocorre atualmente.

    Esta é uma boa oportunidade para que possamos recuperar parcelas da soberania alienadas pelo governo neoliberal, e restringir, como é necessário, o direito dos estrangeiros a apossar-se de vastas áreas do território, seja a que título for. E mais do que isso – para que possamos restaurar o mandamento constitucional sugerido por Barbosa Lima Sobrinho e aprovado por uma assembléia constituinte soberana, eleita pelo nosso povo. A emenda constitucional que o derrogou tem a mesma natureza daquela que deu ao então presidente o direito à reeleição.

    Na segunda década do século passado, em uma imensa serraria de propriedade de Percival Farquhar, a Southern Brazil Lumber & Colonization Corporation, em Três Barras, no território então contestado entre o Paraná e Santa Catarina, a bandeira norte-americana era hasteada todas as manhãs e recolhida ao por do sol. À cerimônia deviam assistir, em postura respeitosa, os trabalhadores brasileiros. Essa insolência ianque, entre outras causas, levou os pobres caboclos da região a uma guerra que durou quatro anos e foi derrotada a ferro e fogo pelas tropas federais. É necessário evitar que sejamos levados a situação semelhante no futuro.

    PATROCINADORES



    Agora vai

    O PAC se acelera

     

    Belchior: a Dilma vai inaugurar uma obra por semana. Bye-bye Cerra 2014

    O Conversa Afiada reproduz post do blog do Planalto:

    PAC 2 teve aumento de 66% no ritmo de execução

    Balanço do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), divulgado hoje (22) pelo governo, revela o aumento de 66% na execução orçamentária entre junho e setembro de 2011. Neste período, foram concluídas, por exemplo, as obras de construção das hidrelétricas de Estreito (MA) e Dardanelos (MT), de duplicação e adequação de 494 quilômetros de rodovias, e de implantação de quatro módulos operacionais de passageiros nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos (SP), Vitória (ES) e Goiânia (GO).

    Esses empreendimentos integram os 11,3% já concluídos do total previsto até 2014, informou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Segundo ela, os investimentos no PAC, que incluem recursos do Orçamento Geral da União, estados, municípios, estatais e setor privado, alcançaram, este ano, R$ 143,6 bilhões ou 15% do total previsto para o período de 2011 a 2014.

    Em 2011, houve um aumento de 22% no volume de pagamento em comparação com o mesmo período de 2010, ano de melhor desempenho do PAC.

    “Aceleramos a execução do PAC nesses últimos três meses. Tivemos um desempenho bastante importante para o período”, disse a ministra Miriam Belchior.

    Em setembro de 2011, o monitoramento do PAC indicava que 72% das ações de transportes, energia, mobilidade urbana, Luz para Todos e recursos hídricos estavam no ritmo adequado, enquanto 10% pediam atenção. O ritmo de 4% das obras foi considerado preocupante.

    “O PAC cumprirá seu papel anticíclico. As obras alavancarão a nossa economia, vão garantir a geração de emprego, o aumento da renda no momento de incerteza internacional”, garantiu a ministra.

    Cenário econômico – Na apresentação do balanço do PAC 2, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que, apesar das incertezas no cenário internacional, o governo trabalha com uma expectativa de crescimento da economia brasileira entre 4% e 5% em 2012. Para 2011, o Ministério da Fazenda acredita que o crescimento do PIB será moderado e deve alcançar 3,8%

    “Há muita incerteza sobre o que vai acontecer. Vislumbramos um cenário de desaceleração do crescimento nos Estados Unidos e de recessão na Europa, mas sem a crise que atingiu os países em 2008. No Brasil, a aceleração do crescimento deve ser de 4% a 5%”, defendeu Nelson Barbosa.

    Um dos motivos, segundo ele, é o PAC, que protege a economia brasileira dos efeitos da crise internacional.

    “O PAC é uma diferença que o Brasil tem relação ao resto do mundo.”

    Leia também:

    Obras em seis aeroportos e cinco portos são concluídas no PAC 2

    No balanço da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), o governo anunciou hoje (22) a conclusão das obras de construção e duplicação de aproximadamente 500 quilômetros de rodovias, de implantação de módulos operacionais de passageiros e outros empreendimentos em seis aeroportos, e de dragagem, ampliação e recuperação em cinco portos. Essas obras foram finalizadas entre julho e setembro de 2011 e fazem parte dos 11,3% já concluídas do total previsto até 2014.

    Segundo o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, também avançaram o Trecho Sul da Ferrovia Norte-Sul, que tem 1,3 mil quilômetros em obras, e a Nova Transnordestina, com as obras de 847 quilômetros em andamento.

    “Os empreendimentos estão passando por reavaliação. Alguns já tiveram seus valores alterados em função de ajustes de projetos. Outros permanecem em análise”, explicou o ministro Paulo Sérgio.

    Nos aeroportos, foram implantados módulos operacionais de passageiros em Guarulhos e Viracopos (SP), Vitória (ES) e Goiânia (GO). No caso de Guarulhos, a obra permitiu a ampliação da capacidade do aeroporto em 1 milhão de passageiros por ano.

    O governo também incluiu no balanço do PAC 2 o leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), que teve um ágio de 229%. Já a concessão dos aeroportos de Brasília (DF), Viracopos e Guarulhos teve o estudo técnico encaminhado, em outubro, ao Tribunal de Contas da União.

    Obras em cinco portos também foram concluídas em 2011, sendo que no Rio de Janeiro foi finalizada a primeira fase da dragagem de aprofundamento. O governo também anunciou a conclusão da primeira fase do Porto sem Papel em Santos (SP), Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ) com o desenvolvimento dos sistemas concentrador de dados portuários. O objetivo é reduzir a burocracia na atracação, liberação e desatracação de navios, além de acelerar o processamento das cargas.

    De acordo com o balanço divulgado hoje pelo governo, 77% das obras no eixo transportes têm o ritmo considerado adequado, sendo que 12% requerem atenção. A situação de 6% das obras é preocupante neste eixo.

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    A Presidenta calou a boca do PiG (*).
    Este ano, segundo a Ministra Belchior, o Brasil investiu só no PAC R$ 143 bilhões.
    É uma barbaridade.
    Deve ser umas mil vezes mais do que o Farol de Alexandria e o Padim Pade Cerra investiram em oito anos de desastroso Governo.
    Como se sabe, o Governo Cerra/FHC não produziu uma única obra que usasse tijolo e cimento.
    São US$ 80 bi.
    Dava para o Obama cantar de galo.
    Outra notícia interessante é a recuperação da capacidade de investir do Ministério dos Transportes.
    Com a crise da demissão do Ministro Nascimento, o PiG (*) se entreteu com a ilusão de que poderia paralisar todas as obras.
    Deu-se mal.
    Vai tudo ouro sobre azul.
    Seis aeroportos concluídos.
    E a Globo diz que vai faltar bola para a Copa …
    72% das obras estão no ritmo adequado.
    Nem as obras do Projac têm 72% no prazo.
    Essa Dilma.
    Vai inaugurar uma obra toda quarta-feira.
    E deixar o Cerra sentado no meio fio da História.
    Paulo Henrique Amorim

    (*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

    Ágil com ministros, Gurgel analisa denúncia contra Aécio há 6 meses


    Ágil com ministros, Gurgel analisa denúncia contra Aécio há 6 meses

    Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ainda não se manifestou sobre denúncia de sonegação fiscal e ocultação de patrimônio contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebida em maio. Para um dos autores, clima político morno sem cobertura jornalística intensa influencia ritmo de decisões. Acusações contra Antonio Palocci e Orlando Silva foram examinadas em dias.

    BRASÍLIA – Acionado por adversários do governo Dilma para que investigasse ministros acusados de corrupção, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu respostas rápidas em dois casos que terminaram em demissão. Diante de denúncias formuladas a partir de reportagens, Gurgel decidiu em alguns dias arquivá-las quando o alvo era Antonio Palocci e pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra Orlando Silva.

    O procurador-geral não mostra a mesma agilidade, porém, num caso em que os papéis estão invertidos e aliados da presidenta Dilma Rousseff denunciam um opositor dela. Gurgel analisa há seis meses uma representação feita contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a irmã dele, Andrea Neves da Cunha, e uma rádio de ambos, a Arco Iris.

    A denúncia pede apuração para provar que os imãos e a rádio sonegariam imposto de renda e esconderiam patrimônio. Foi apresentada em maio por deputados estaduais de Minas Gerais que faziam oposição a Aécio quando ele governou o estado (2003-2010) e que se mantêm nesta trincheira com o sucessor, o também tucano Antonio Anastasia.

    Para os denunciantes, há alguma coisa errada no estilo de vida que Aécio leva - com festas, viagens e carros de luxo -, quando se observa a renda e o patrimônio que ele declara. Ou o senador tem mais e declara menos para não pagar imposto de renda. Ou arruma dinheiro de forma não republicana, e aí teria de ocultar mesmo.

    A representação tem anexa cópia da declaração de renda de Aécio entregue à Justiça eleitoral em 2010 (R$ 617 mil), de certidão da Junta Comercial listando as quatro empresas de que o senador é sócio e dos gastos mineiros com publicidade entre 2003 e 2010 (cresceu sete vezes).

    “Estranhamos que não haja uma decisão ainda”, disse à Carta Maior o líder do bloco de oposição ao PSDB na Assembléia Legislativa mineira e signatário da denúncia, deputado Rogério Correia (PT). “Mas ainda temos a expectativa de que não haja engavetamento, e o procurador-geral dê guarida à representação.”

    A aceitação de uma denúncia, com a consequente abertura de inquérito, não significa sentença condenatória, só que a Procuradoria Geral concorda que há fatos estranhos a justificar uma apuração mais acurada. Mas serve no mínimo como arma política que pode ser usada contra o alvo da investigação.

    Na opinião de Correia, uma explicação para o exame mais demorado da denúncia contra Aécio Neves por parte de Roberto Gurgel seria a pouca atenção que o assunto mereceu dos grandes veículos de comunicação. "A influência da opinião publicada prevalece mais, acaba tendo uma pressão sobre os órgãos que investigam", afirmou.

    O clima na corte
    Esse tipo de influência do clima criado pelo noticiário e que contamina o ambiente político em Brasília teria se verificado no caso dos agora ex-ministros Palocci e Orlando Silva.

    O primeiro, então o mais poderoso ministro de Dilma, foi alvo de denúncia jornalística em 15 de maio, por suposto enriquecimento ilícito. Dois dias depois, o PPS, partido antigoverno, ia à Procuradoria Geral pedir abertura de inquérito contra o petista. Dia 6 de junho, Gurgel arquivava a representação, dizendo não existir indício de delitos.

    Um mês depois, no dia 7 de julho, o Diário Oficial publicava mensagem da presidenta ao Senado propondo que Gurgel ficasse no cargo mais dois anos. Ao ser sabatinado pelos senadores no dia 3 de agosto para mostrar que merecia a recondução, o procurador-geral diria sobre o caso Palocci: “No meu entendimento, os fatos noticiados não se enquadravam no crime de tráfico de influência. Não tínhamos como comprovar a existência de crime sem procedimentos mínimos, sem a adoção de medidas invasivas.”

    No caso Orlando Silva, a primeira reportagem acusatória - haveria um esquema de desvio no ministério do Esporte comandado pelo próprio ex-ministro - foi publicada em 15 de outubro. No dia 17, o PSDB e o próprio Orlando Silva entraram na Procuradoria pedindo abertura de inquérito – o acusado tinha a esperança do arquivamento, o que lhe daria um atestado de idoneidade para usar contra adversários políticos.

    Dois dias depois, em meio a uma sessão do Supremo, Gurgel dizia: "A gravidade dos fatos é tamanha, que impõe a necessidade de abertura de um inquérito."

    Mais dois dias se passam, e o procurador-geral pede ao STF que autorize a investigação, uma exigência já que ministros só podem ser processados na mais alta corte. A autorização sai em 25 de outubro, e no dia seguinte Dilma força o então ministro a se demitir.

    Na última quinta-feira (17), em audiência pública no Senado em que o ministro Carlos Lupi, outro alvo de denúncia a Roberto Gurgel, se defendeu, o senador Inácio Arruda (CE), líder do PCdoB, partido de Orlando Silva, fez um discurso forte contra a forma como ministros acusados têm sido tratados, embora não tivesse se referindo especificamente à Procuradoria.

    “Contra o meu [ministro] tinha uma calúnia, uma calúnia mentirosa, safada, covarde. Disse Shakespeare que de uma calúnia ninguém se livra. O mais poderoso soberano é capaz de se livrar de tudo, menos de uma calúnia, de um safado e mentiroso calunioso”, afirmou Arruda, que vê nestes episódios uma luta política. “O objetivo central, em última instância, é atingir o governo.”

    Mais silêncio
    No dia do desabafo de Arruda, a reportagem entregou em contato com a Procuradoria Geral da República e enviou às seguintes perguntas à assessoria de imprensa:

    1 - Por que a análise de representações recebidas pela PGR contra personalidades políticas pode levar alguns dias (caso dos ex-ministros Antonio Palocci e Orlando Silva) ou pelo menos seis meses (caso do senador Aécio Neves)?

    2 - O clima político no Congresso e a cobertura jornalística (mais intensa às vezes, menos intensa outras vezes) dos fatos que deram origem à representação bem como sobre o próprio exame da representação e sua posterior decisão, influenciam o ritmo da análise? Por quê?

    Nesta segunda (21), a assessoria informou que compromissos e viagens de Roberto Gurgel não estão permitindo que ele se manifeste.

    COM A PALAVRA A RIDÍCULA "Cantanhêde é advogada da Chevron? "

    Por Altamiro Borges

    Eliane Cantanhêde, sempre ela, voltou a se despir na sua coluna da Folha. Depois do seu entusiástico apoio à “massa cheirosa do PSDB” e da sua militância aguerrida contra os governos Lula e Dilma, agora ela até parece uma advogada de defesa da multinacional Chevron, responsável pelo grave vazamento de petróleo na Bacia de Campos. Veja o que ela escreveu hoje (22):

    As “patriotadas” do “fora, Yankees”

    “Não é hora de disseminar patriotadas e resgatar o velho ‘fora, Yankees!’. Acidentes acontecem e o vazamento de petróleo no litoral do Rio é bem menor, por exemplo, do que o da British Petroleum no golfo do México, em 2010”. No artigo, a colunista da Folha até critica os erros da poderosa empresa – nem dava para ser de outra maneira –, mas se esforça para evitar radicalismos.

    Cantanhêde também defende que a multinacional seja punida. “Aqui não é a casa da mãe Joana”, apesar dos “nossos escândalos e bizarrices”. Mas deixa implícito que o castigo deve ser brando. “A punição é um alerta para a Chevron e para grandes empresas que são bem-vindas para parcerias no Brasil, mas com direitos e deveres, não só para sugar petróleo e lucros”. Belas palavras!

    Multa de R$ 260 mi é irrisória

    A Chevron realmente vai precisar de bons advogados – e de “colunistas” da mídia – para se defender do criminoso vazamento no Campo do Frade. A multinacional poderá ser punida em mais de R$ 260 milhões – valor que inclui as multas do Ibama por crimes ambientais, as autuações da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e as reparações cobradas pelo governo do Rio de Janeiro.

    Além disso, a ANP avalia a possibilidade de proibir a Chevron, a quarta maior petroleira do mundo, de participar da exploração do petróleo do pré-sal. “O que vamos examinar é o projeto dela de chegar ao pré-sal legalmente... Eu pessoalmente acho que ela incorreu num erro sério que pode prejudicar esse intento”, argumenta Haroldo Lima, diretor-geral da ANP.

    BP foi multada em US$ 20 bilhões

    Apesar dos temores da colunista da Folha, as punições previstas até agora não representam grandes danos para a multinacional, não expressam qualquer “patriotada”. O faturamento diário da empresa equivale a US$ 542 milhões – cerca de R$ 960 milhões. Na verdade, as multas são irrisórias, ridículas. Os R$ 50 milhões de multa do Ibama representam 5,2% do seu faturamento diário - uma merreca!

    Tiete dos EUA, a “advogada” Cantanhêde deve saber que os “yankees” são bem mais rígidos nas punições, nas suas “patriotadas”. Em abril de 2010, quando do vazamento de 4,9 milhões de barris de petróleo da British Petroleum, no golfo do México, a empresa foi multada em US$ 20 bilhões! A Chevron não tem do que reclamar! O Brasil ainda é um paraíso das multinacionais.

    A preocupação dos entreguistas

    Se a soberania nacional fosse realmente valorizada, a multinacional ianque deveria ser mais duramente penalizada. Além do vazamento criminoso, ela ainda omitiu informações e demonstrou total incompetência na solução do acidente. Há ainda denúncias de que a Chevron utiliza trabalhadores ilegais nas suas plataformas. E o pior: há suspeitas de que ela tentou explorar, ilegalmente, o pré-sal.

    Não é para menos que o “New York Times” destacou no sábado passado que os executivos da Chevron temem “multas e prisões”. Já o “Wall Street Journal” afirmou que o vazamento “pode complicar a prospecção” da empresa no Brasil. O caso é grave e deve preocupar vários entreguistas nativos com prestígio na mídia e na política. É o caso de José Serra, velho amigo de Cantanhêde!

    Serra, amigo da Chevron

    Segundo documentos do WikiLeaks, na campanha do ano passado o candidato tucano prometeu a Patrícia Pradal, diretora da Chevron, que mudaria os contratos do pré-sal para beneficiar a empresa: “Deixa esses caras [do PT] fazerem o que quiserem. Nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava. E nós mudaremos de volta”. O vazamento no Rio abalou vários privatistas e entreguistas nativos!

    Tahrir, a praça política mais eficaz do mundo




    A praça Tahrir, no centro do Cairo, sugere uma dessas rotatórias inóspitas,como tantas outras, destinadas a ordenar o fluxo do trânsito nas grandes metrópoles subdesenvolvidas, pouco ou nada pensadas para o convívio humano. Mas desde fevereiro deste ano, quando foi palco de 18 dias consecutivos de protestos gigantescos que derrubaram o ditador amigo das potências, Hosni Mubarak, a praça Tahrir ingressou definitivamente no panteão dos símbolos libertários do nosso tempo.

    Na sua textura inóspita o povo egípcio plantou uma das mais vigorosas sementes da primavera política que sacode o norte africano e todo o Oriente Médio. Desde a última 6ª feira, a semeadura tem sido regada a sangue outra vez (veja as cenas).

    Novos confrontos, a partir de Tahrir, espalham-se por todo o país com um saldo devastador nas últimas 72 horas: 33 mortos pela repressão do Exército; 1.500 feridos e a renúncia do gabinete civil que desde a queda de Mubarak ordena a transição democrática, subordinado à mão dura militar.

    A uma semana das eleições parlamentares, a sociedade egípcia está farta da tutela que pretende se sobrepor à nova institucionalidade, esvaziando-a na prática, a exemplo do que os mercados financeiros fazem com as democracias maduras de uma Europa em transe. No Egito, o definhamento opera pelo canal do adiamento das eleições presidenciais; na zona do euro, com a captura do Estado pela lógica financeiro, tornando ornamental a rotatividade do poder.

    A principal singularidade egípcia está na eficácia das grandes mobilizações de massa. Armadas de alvos claros, cirúrgicos e avessos às tergiversações conservadoras --mas permeados de intensa capilaridade junto a organizações civis e partidos políticos, ao contrário do mito da 'revolução digital'-- , elas arremetem contra o despotismo de plantão com uma contundência pavorosa para os seus ocupantes. Foi assim que Tahrir derrubou Mubarak em 11 de fevereiro, após 18 dias de protestos que custaram 300 mortos e cinco mil feridos.

    É assim que ela se volta agora contra o cabresto militar, unificando partidos e vozes em uma exigência clara, incontornável, de rápida aderência popular: fim da tutela --ou como se ouve em Tahrir, 'deixem-nos respirar; deixem-nos viver'. A articulação e a objetividade das jornadas nascidas na praça política mais eficaz do mundo talvez tenham algo a ensinar aos indignados do resto do planeta, ainda carentes da mesma habilidade para traduzir o descontentamento social em alvos progressivos, práticos, de precisão egípcia.

    **um capitão do Exército,Ahmed Shoman, junta-se aos manifestantes no Cairo e diz que militares não deveriam se colocar acima do povo
    ** Tahrir vence de novo: Junta Militar já admite antecipar eleições presidenciais em seis meses, para junho de 2012
    **protestos se espalham por todo Egito
    ** jornalistas denunciam que junta militar tornou o trabalho de imprensa mais perigoso do que sob a ditadura Mubarak
    ** Exército corta eletricidade nas ruas de acesso à praça Tahrir e adjacências
    ** convocada pelos movimentos '6 de Abril' e '25 de janeiro', passeta do 'milhão' deve começar às 19 hs, horário de Brasília
    **colunas de trabalhadores dos distritos operários dirigem-se ao centro do Cairo
    ** coletivos de médicos montam hospital de campanha na rua** canção símbolo da praça Tahrir: http://www.youtube.com/watch?v=Fgw_zfLLvh8&feature=player_embedded

    Três perguntas sobre Belo Monte

    Esse debate sobre a usina de Belo Monte é alvo de uma tática de quem é contra a obra de complicar a discussão para não ter que se explicar. Recebi links de matérias com opiniões de “especialistas” que comprovariam que a obra não deve ser feita, mas só o que encontrei foram afirmações sem provas de que FHC, Lula e Dilma querem que a nova usina seja construída porque se mancomunaram com José Sarney, com as empreiteiras e até com a China para dilapidarem o patrimônio nacional e torturarem alguns índios.
    Opiniões políticas e ilações sobre o caráter e as intenções supostamente obscuras dos dois últimos ex-presidentes da República, da atual governante do país e – como não poderia deixar de ser – de José Sarney e de todo aquele abecedário de políticos que não há um dia em que não estejam sendo malhados pela mídia foram tudo o que me deram. Nada além de ataques a políticos e meras opiniões em lugar das respostas a questões objetivas que se fazem os cidadãos que querem o melhor para o país, e que são as seguintes:
    1 – Pode faltar energia elétrica ao Brasil nos próximos anos se a oferta dessa energia não for ampliada?
    2 – Se houver necessidade urgente de mais energia, há alternativa mais barata, limpa e viável do que a energia hidrelétrica?
    3 – Se houver necessidade urgente de mais energia e se não houver alternativa à energia hidrelétrica, há como construir a usina em outro lugar sem causar danos ambientais e sociais?
    Há cerca de uma década, o Brasil teve que racionar energia elétrica por quase um ano e ainda teve que pagar muito mais caro por ela. Os danos que aquele racionamento causou ao país não foram apenas desligar ar-condicionado ou tomar banhos curtos. Conheci indústria com cem funcionários que quebrou porque mudou de sede para crescer e não conseguiu energia nem para fazer funcionar as máquinas que já tinha. Resultado: desemprego.
    Não estou inventando nada. Já aconteceu. Seria um desastre para 190 milhões de brasileiros, portanto, se tivéssemos que passar DE NOVO pelo que já passamos. Ainda mais em um momento de ouro para a economia brasileira, em um momento em que legiões de jovens cidadãos chegam ao mercado de trabalho, em um momento que é o passaporte desta nação para o futuro. Há quem ache que esse momento é uma invenção, mas essas pessoas perderam a eleição do ano passado, por mais que não queiram se conformar com isso.
    Alguns dizem que é tudo ilusão, que colocaram em nossas cabeças essa coisa de falta de energia iminente. Bem, se foi ilusão o que vi acontecer há uma década no meu segmento de atividade, em minha vida privada e na de todos os que conheço por conta do apagão do fim do governo FHC, aquela foi uma ilusão para lá de real. Creio, portanto, que as respostas que o governo Lula e o governo Dilma JÁ DERAM às três questões objetivas que elenquei acima, esgotam a discussão.
    Essas questões foram feitas em audiências públicas e depois foram terçadas na Justiça. O país, que tem instituições, decidiu sobre o assunto de forma democrática. Porque não estamos falando do parque de diversões ecológico de um bando de celebridades do Jet set internacional ou dos interesses que se escondem por trás do financiamento que governos estrangeiros, segundo a Abin, têm dado a ONGs para combaterem, aqui no Brasil, a construção de Belo Monte; trata-se do interesse maior de toda uma nação.
    Apesar de entre os antagonistas da usina proliferarem os especialistas de ocasião que, sem credenciais para fazerem tais decretos, tratam questão dessa complexidade como se seus argumentos fossem incontestáveis, não é bem assim. O governo sustentou suas respostas às três questões acima em incontáveis audiências públicas e o que tem sido oposto a elas são nada mais do que meras suposições sobre intenções “perversas” desse governo quanto aos índios e ao meio ambiente.
    Justiça, Congresso e Poder Executivo já responderam às queixas dos descontentes, mas há quem diga que as respostas não são satisfatórias. Contudo, quem diz o faz através de ilações. Repito, pois: dizer que Dilma (só para ficar no atual governo) quer vender a Amazônia a empreiteiras, à China, ao bigode do Sarney e, de quebra, quer judiar de alguns índios, é pouco – ou nada. E não é só para mim. A obra vai sair porque tem licenças, tem anuência dos poderes constituídos, tem estudos, tem respostas.
    Não é porque ONGs e governos estrangeiros (que têm interesses não confessos na Amazônia) contestam que o Estado brasileiro tem que se curvar. Este país elegeu Dilma e o processo legal para construir a usina foi empreendido. Todos podem contestá-lo, até, mas indo ao Judiciário e/ou ao Legislativo. Podem acampar no meio da obra, mas terão que sair porque é assim que funciona na democracia. Dei um mandato a Dilma e só aceito que ela não possa executar o programa de governo aprovado nas urnas se a derrotarem legalmente.
    Agora, sempre se pode construir o conhecimento. Quem tiver respostas objetivas a essas questões, que as apresente. Nada de links, nada de enrolar. São três perguntas que podem ser respondidas em poucas linhas. Se alguém tiver essas tais respostas tão óbvias, pode postar que tratarei de levá-las a quem pode respondê-las e me comprometo a colocar o resultado aqui. E garanto que, se surgirem respostas convincentes, apesar de isso não mudar nada importante, poderá mudar minha opinião. Basta me convencer.