Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Higienismo em SP, capítulo dois

Redação Carta Capital 14 de outubro de 2011 às 15:53h
Depois do episódio do metrô em Higienópolis, no qual moradores do bairro paulistano lutaram contra a construção de uma estação de metrô na região com o intuito de afastar “gente diferenciada” (entenda-se “pobres”), um novo capítulo higienista começa a ser escrito em São Paulo. “É de provocar inveja a qualquer higienista social do Terceiro Reich a demonstração de tal insensibilidade”. A declaração é do promotor público Maurício Antonio Ribeiro Lopes, dada ao jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira (14), sobre um abaixo-assinado entregue esta semana no Ministério Público por comerciantes e moradores do bairro de Pinheiros, de classe média. Os moradores pedem a manutenção do endereço do albergue Cor da Prefeitura, que abriga pessoas em situação de rua, onde está atualmente, em uma região considerada por eles como menos nobre do bairro.
Com a mudança da Rua Cardeal Arcoverde, 1968, para um outro trecho do mesmo endereço, o 3041, o governo municipal quer oferecer melhores condições para o funcionamento do centro, que terá, no novo prédio, mais quartos. Mas a mudança para o local entre as ruas Simão Álvares e Deputado Lacerda Franco, alvoroçou os ânimos dos moradores dessa área. A iniciativa reuniu 1.200 assinaturas contra a mudança, mas teve um efeito contrário no promotor que recebeu o pedido que chegou a compará-la às tomadas pela Alemanha Nazista.
No pedido, os moradores alegam que com a chegada do albergue “o comércio possivelmente não vai sobreviver, uma vez que a população local será acuada em suas residências e os visitantes de outros bairros vão nos trocar por centros comerciais mais tranquilos”. Eles afirmam não terem sido consultados sobre a abertura do albergue e que “a decisão foi tomada sem a prévia consulta com as Associações de Moradores e Comerciantes do Bairro”.
Num outro trecho, dizem que mesmo que o “efetivo da polícia dobre,vai ser difícil acabar com a insegurança (pois já temos históricos na própria rua Simão Álvares de ataques de cachorros de moradores de rua em crianças e idosos, com BO registrado)”.
Os moradores ainda temem que durante o dia esses moradores se espalhem pelos arredores do bairro de Pinheiros e Vila Madalena.
O promotor Ribeiro Lopes indeferiu o pedido e enviou os nomes de seis pessoas que assinaram a petição para a Delegacia de Polícia Especializada em Crimes Raciais de Delitos de Intolerância. Eles serão investigados por intolerância social, prevista na Constituição (art. 5.º, inciso 41). “Esse pedido é muito revoltante”, disse ele nesta quinta-feira 13 à reportagem do Estadão.
Ao negar a solicitação por meio de um documento, Lopes afirma que a representação “não merece qualquer consideração jurídica por seu cunho estritamente discriminatório, segregacionista”.
Ele diz ainda que “alegar-se que a população fica acuada em suas residências pela instalação do albergue para moradores de rua revela completa perda de referências éticos e legais.”
O promotor compara essa atitude ao protesto dos moradores de Higienópolis contra a instalação do metrô. “Não faz muito e vimos parcelas da mesma aristocracia amaldiçoando a chegada do Metro a Higienópolis. Agora é a vez do albergue de Pinheiros. Se não fizermos nada, um dia impedirão que chegue água, energia elétrica, asfalto a outros bairros da cidade”.

Veruska, segue a versão do Jean

Eu e meu amigo Bruno Bemfica estavamos quase na esquina da Av Paulista com a Rua da Consolação com o meu cartaz informando o valor pago pelo governo de SP à imprensa sem licitação, até que a jornalista da Rede Globo, parou ao meu lado para gravar uma parte da matéria falando da manifestação. 

Em momento nenhum eu e meu amigo interferimos no trabalho dela, em momento nenhum, falamos com ela, apenas fomos atrás dela, onde a câmera conseguisse filmar o cartaz, ainda nos preocupamos em manter uma certa distancia justamente para não atrapalhar o trabalho da Veruska Donato.

Porém para nossa “surpresa”, o câmera (com certeza após ler o que estava escrito no cartaz) parou de gravar e a jornalista começou a dar “piti” com a gente! Falando de forma áspera para que não atrapalhássemos o trabalho dela.

Nisso eu disse que eu não estava atrapalhando ela, afinal nem tinha falado com ela, só queria fazer o meu protesto, então ela disse “Eu não sou obrigada a te filmar!” e eu respondi “E eu não sou obrigado a ter o meu dinheiro indo para o bolso da sua empresa!”.

Foi nesse momento que ela “perdeu a linha”, saiu a andando e falando que ela queria respeito, pois estava trabalhando (ela e a equipe) desde as 4 da manhã entre outras coisas que não consegui ouvir, mas dava pra ver que ela saiu resmungando algo e brigando com a gente!

Nisso, eu falei sim sobre a emissora dela, falei que eles não poderiam mostrar o meu cartaz, pois era contra os que eles (Globo) protegem e que não poderiam perder a “boquinha” do cliente preferencial e que o chefe dela (Ali Kamel) com certeza não iria gostar dela ter deixado filmar um cartaz daquele.

Ela foi para a Rua da Consolação e eu continuei na Paulista mostrando meu cartaz para os que passavam. Alguns minutos depois ela passou por nós de novo e foi gravar em outro lugar certificando-se que estava longe de nós!
Jean Fabio Bussaglia
Comentário: Quando o repórter sai da redação com uma tese pronta no "aquário", fica difícil ouvir a voz do povo. E outra, se ela simplesmente tivesse filmado o cartaz do Jean e informado os chefes que precisou fazer isso, para evitar problemas para ela e sua equipe, duvido que seria retaliada. Afinal, estava numa manifestação pública onde - em tese - o público se manifesta (contra ou a favor). Simples assim. 

TV Beto Richa censura discurso de Dilma.“NOTA DE REPÚDIO DO PT DE CURITIBA




O PT de Curitiba repudia veementemente a forma discriminatória como a TV Educativa do Paraná transmitiu ontem a solenidade em que a Presidenta da República, Dilma Rousseff, anunciou a destinação de R$ 1 bilhão do governo federal a fundo perdido e mais R$ 750 milhões em empréstimos à prefeitura de Curitiba para a construção do metrô. De acordo com as notas “Aqui quem canta de galo… 1 e 2”, publicadas pelo colunista Reinaldo Bessa, na edição de hoje da Gazeta do Povo, a TV pública do Estado do Paraná tirou do ar de forma deliberada os pronunciamentos do ministro das Cidades, Mario Negromonte, e da presidenta Dilma.

Temos muito orgulho dos governos petistas de Lula e Dilma, pautados pela ação republicana, pelo compromisso com a qualidade de vida da população e pelo foco em projetos prioritários para alavancar o desenvolvimento econômico com inclusão social, levando recursos e benefícios a todos os cantos do país, independentemente do partido do governador ou do prefeito de plantão. Por isso, nos indigna o comportamento imaturo e antidemocrático que motivou a censura na transmissão da TV Educativa do Paraná. Entendemos que esse tipo de atitude não seja gratuita e nem tão pouco aconteça sem uma “ordem vinda de cima”.

O dia de ontem, em que o governo federal assumiu, pelo PAC da Mobilidade, bancar, enfim, a realização da obra do metrô em Curitiba foi um marco histórico e, portanto, inesquecível. Mas a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Estado do Paraná fizeram de tudo ao seu alcance para apagar o brilho de uma festa que deveria celebrar a conquista popular. O PT de Curitiba defendia que o evento acontecesse em espaço adequado e que favorecesse a participação da população curitibana, real beneficiária desse grandioso empreendimento. Além do espaço físico ser inadequado ao porte da solenidade, vimos uma imprensa espremida e sem condições de realizar plenamente o seu trabalho de cobertura jornalística e, até minutos antes da presidenta entrar no salão, o cerimonial enxugava as cadeiras molhadas por goteiras existentes no teto do Salão de Atos do Parque Barigui. Essa receptividade inadequada evidenciou uma profunda falta de respeito e má vontade por parte das autoridades locais, que cerceou também a participação do cidadão. Tudo muito lamentável!

O PT de Curitiba quer saber de onde partiu a ordem para a censura que se viu na transmissão da TV Educativa do Paraná e exige explicações da direção da emissora. Também repudiamos o uso político e “pequeno” da concessão pública, voltada ao interesse próprio do governador do Paraná e em benefício de poucos. Isso é antidemocrático e vergonhoso para o nosso estado!

Curitiba-PR, 14 de outubro de 2011.
Roseli Isidoro
Presidenta do Diretório Municipal do PT de Curitiba”

Leia mais em: O Esquerdopata
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Perillo por trás da "marcha contra a corrupção" usando ONG. Tem caixa-2 no rolo?Turma do mensalão do DEM infiltrada na "marcha contra corrupção" de Brasília

  Em primeira-mão no Blog Os Amigos do Presidente Lula em 14/10/2011 as 5:00hs 

O povo quer saber se tem Caixa-2 de campanha financiando a "marcha contra a corrupção".

Em Goiânia, a marcha teve no comando o ex-deputado estadual Leandro Sena (PRTB/GO), atual Assessor Especial do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB/GO).

Assesor Especial do governador Marconi Perillo (PSDB), o ex-deputado Leandro Sena (PRTB) comanda a marcha em Goiânia com a máquina de sua ONG. A TV Globo de Goiânia o está entrevistando, mas não levou ao ar a entrevista, dando a entender que seria "apartidária".
Ex-deputado (segurando a faixa "Ética Já", levada por sua ONG) domina a comissão de frente da passeata. À direita se vê a faixa identificando a ONG+AÇÃO dele.
Vídeo da campanha 2010, com comício de Marconi com Leandro Sena:






Sena mobilizou a máquina de sua ONG +Ação, para colocar um caminhão de trio-elétrico na rua, e levar manifestantes, devidamente uniformizados e com cartazes e fazendo panfletagem.
Sena e dois ajudantes preparam o trio-elétrico, com estrutura de campanha eleitoral.
Arregimentados preparam para sair da ONG rumo à marcha.

Ex-deputado discursa, usando a sonorização de seu trio-elétrico.

Tudo exatamente como em uma campanha eleitoral. Agora o povo quer saber, com que dinheiro foi feito isso? Foi o governo tucano de Perillo quem repassou dinheiro público para a ONG pagar a conta?

Cadê a transparência pedida nos cartazes? Quem luta para acabar com voto secreto, não pode esconder o patrocinador secreto.

Vamos acabar com o voto secreto sim, mas de nada adianta se não acabar com os CORRUPTORES e CORRUPTOS secretos.

E além disso, cadê o "apartidarismo"? Essa marcha foi uma passeata tucana. Quer fazer, que façam, todo mundo é livre para se expressar, mas não se escondam igual os deputados escondem o voto secreto.

Assim já virou esculacho. Será que já tem corrupção e caixa-2 até na marcha contra a corrupção?

E será que é só em Goiânia? A marcha de Brasília teve estrutura de grandes campanhas políticas profissionais para nenhum José Roberto Arruda, Joaquim Roriz, Paulo Octávio, Luiz Estevão botar defeito. Cadê a transparência? Quem está pagando ou fornecendo a infra-estrutura, com grandes trio-elétricos e farta distribuição de camisetas?

Vale a pena ver de novo:
Marconi Perillo contra a corrupção só pode ser piada

Além disso, o governador Marconi Perillo (PSDB), falar em ser "contra a corrupção" só pode ser piada (e de mau-gosto). Dono de extensa folha corrida de processos em curso, já tem contra si as seguintes denúncias do Procurador Geral da República:

- Formação de quadrilha
- Peculato
- Caixa Dois
- Uso da máquina pública
- Utilização de notas frias
- Laranjas para fraudar a eleição de 2006





Leia também:

- Governo flagra tucano e uso de laranjas na partilha de emendas

- Marconi Perillo (PSDB) é investigado no STF por ter recebido R$ 2 mi de propina

- MP aciona Marconi Perillo para devolver R$ 11 milhões aos cofres públicos

- MP investiga rombo de primo do senador Marconi Perillo (PSDB-GO), em contratos na Saúde da gestão José Serra (PSDB)
  Em primeira-mão no Blog Os Amigos do Presidente Lula em 14/10/2011 as 11:31hs  

O ex-senador pelo DEM do Distrito Federal, Adelmir Santana, está apoiando a "marcha contra a corrupção" em Brasília:

http://www.senacdf.com.br/portal/index.php/clipping/516-sistema-fecomercio-df-contra-a-corrupcao

Adelmir Santana e o companheiro de partido José Roberto Arruda, antes do Mensalão do DEM vir a público

Ele assumiu o senado em 2007, na suplência de Paulo Octávio (ex-DEMos/DF), quando este foi eleito vice-governador de José Roberto Arruda (ex-DEMos-DF). Arruda e Octávio renunciaram para não serem cassados, devido ao Mensalão do DEM.

Adelmir Santana também foi um dos beneficiados dos chamados atos secretos do Senado.

Em 2010, após a operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, Santana concorreu a deputado federal, mas perdeu, ficando com a segunda suplência.

Agora ele é presidente da FECOMÉRCIO-DF (Federação do Comércio, ou seja, dos sindicatos dos donos de empresas do comércio), e está dando apoio à "marcha contra a corrupção".

Bem que eu achei que tinha "panetone" demais na infra-estrutura da marcha em Brasília, para o cacife de internautas "apartidários".
Adelmir Santana, Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, quando eram todos aliados.

Globo dá desculpa esfarrapada para multidinha.A sociologia James Brown d’O Globo


Por que a multidinha da Globo poupa o Mr. Teixeira ?

Saiu no Tijolaço, de Fernando Brito:
Que os editoriais de O Globo ataquem o Governo, nenhuma novidade. Que se apresente como paladino da moral e dos bons costumes políticos, também nenhuma novidade, porque não lhes cora o rosto terem crescido sob o manto de uma ditadura que cobriu a Globo como quem sombreia um cogumelo para que este viceje .

Mas hoje, a pretexto de apoiar as manifestação anticorrupção como efeito da inflação, do aumento de impostos (quais?) e, claro, do governo eleito pelo povo, baixa-lhe o espírito de James Brown (que sua memória me perdoe)  e saca uma explicação para a esqualidez destas atos, que são – malgrado boas intenções de alguns de seus participantes – nitidamente insuflados pela oposição e pela mídia.

Diz que é o “feel good factor”.

Ou seja, o povo não vai porque está se sentindo bem, porque “país continua crescendo, o desemprego está em níveis ainda suportáveis, os programas assistenciais atenuam a miséria”.

Claro, bom mesmo era no governo FHC, que O Globo apoiou de forma militante, quando a máxima era mais para o “I’m bad” do Michael Jackson, e o país não estava crescendo, o desemprego estava nas alturas e os programas sociais eram de dimensão muitíssimo menor.

Vejam que tipo de credibilidade pode ter um jornal que diz que”o desemprego está em níveis ainda suportáveis” quando o último dado do IBGE mostra o menor desemprego da história? Um jornal que vibra a cada má notícia e que até as cria, quando elas não existem?

Mas sejamos justos, não age assim contra o governo brasileiro, apenas. Na mesma edição, outro editorial só falta chamar os argentinos de “otários” por estarem dando esmagadora maioria para Cristina Kirchner nas pesquisas eleitorais.

Seria, dizem, resultado do clima de ficção construído por uma mídia oficialista e alerta que com a nacionalização de uma fábrica de papel, a presidenta argentina teria “a faca e o queijo na mão para arroxar ( sic, com xis mesmo, ai, ai…) a imprensa crítica e premiar os amigos”.

Quem sabe la Kirchner vai distribuir também umas emissoras de televisão para os amigos do regime, não é? Poderia perguntar às Organizações Globo como isso se faz e aproveitar a experiencia que tiveram com a ditadura brasileira…

Em tempo: a ilustração é uma singela homenagem do Adilson Filho ao repórter Andrew Jennings, da BBC, que tem a mania de perguntar: Mr. Teixeira, did you accept the bribe ?

Lula: “Governantes precisam aprender a lutar pela vida, e não pela morte”

Redação Conversa Afiada

Será que agora o FHC vai cortar os pulsos ?

Saiu no Viomundo:

Lula: “Governantes precisam aprender a lutar pela vida, e não pela morte”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nessa quinta-feira, 13 de outubro, nos EUA, o World Food Prize, um reconhecimento aos esforços do seu governo no combate à fome e à pobreza no Brasil. O ex-presidente de Gana, John Agyekum Kufuor, também foi premiado pelo trabalho realizado em seu país.


O World Food Prize foi criado pelo cientista e prêmio Nobel da Paz de 1970 Norman E. Borlaug, um dos principais responsáveis pela “revolução verde” que aumentou a produção de alimentos no planeta. Ele premia pessoas que deram contribuições significativas para melhorar a qualidade, quantidade ou acesso aos alimentos no mundo. Após 25 anos de existência, essa é a primeira vez em que são premiados governantes que tiveram atuação de destaque na redução da fome e pobreza em seus países.

A “intolerância” da Senzala





tem foi um daqueles dias em que é requerida ao extremo dos extremos a experiência que ganhei nesses anos todos como blogueiro. Nesse período, aprendi a conviver com chuvas de elogios e de insultos simultâneos, sabedor de que amor e ódio fazem parte do pacote que se compra ao criar um fórum de discussões políticas como este. .
Aliás, a experiência deste blogueiro no trato com centenas e até milhares de comentaristas de seus textos vem de longe, mais precisamente do fim do século XX, no início dos anos 1990, quando passei a escrever cartas para jornais, mais especificamente ainda para o jornal O Estado de São Paulo.
Desde aquela época, há quase vinte anos, aprendi que, na política – ou meramente no debate sobre ela –, para cada elogio há um insulto. Então, ainda enviava cartas por fax para o jornal. Como  já tinha as opiniões que tenho hoje, em vez de os descontentes virem me “trollar” na internet ligavam para minha casa –  e não, não havia identificador de chamadas naquele tempo.
Criticava a direita ou defendia idéias de esquerda em minhas cartas ao Estadão e, ao serem publicadas, leitores que divergiam procuravam meu nome na lista telefônica e ligavam para a minha casa fazendo até ameaças de morte. Acredite quem quiser.
Em 1992, aliás, ocorreu um fato do qual jamais esquecerei. A  minha filha do meio, então com  seis  anos, ficou vários minutos ouvindo palavrões ao telefone, pois minha mulher não a  viu atender à ligação de um desses dementes que, ao perceber que uma criança atendera, decidiu desforrar nela a raiva que meu texto lhe causara.
A menina chorou um tempão, assustada. E minha mulher, indignada, exigiu que eu parasse com aquela “idiotice” de escrever naquele “jornal de doentes mentais”. Como se sabe hoje, não consegui atendê-la.
Era um tempo novo para o Brasil. A direita ainda não estava acostumada a que “comunistas” se expressassem livremente como hoje. Naquele tempo, os donos da comunicação – os barões da mídia e os que pensavam como eles – escandalizavam-se com opiniões divergentes, após os longos anos da ditadura em que só eles podiam se manifestar na mídia ou em qualquer parte.
Sabemos que não é fácil entabular diálogo com a reação brasileira – aliás, com a de qualquer parte –, de sorte que não é raro que aquela relação político-ideológica de Casa Grande e Senzala se manifeste ainda hoje, com reacionários escandalizados ao verem “comunistas” dizerem o que pensam como se tivessem o direito à mesma liberdade de expressão.
A mera leitura da caixa de comentários deste blog dá uma idéia de como, a cada dia, a corrente de centro-esquerda que apóia o projeto de país em vigência ainda tem que se afirmar em uma sociedade em que alguns pensam ser mais iguais do que outros até no debate político. Isso sem falar nos maníacos que encasquetam com a gente e não nos largam mais do pé.
Esquerda e direita, no Brasil, emulam o conceito de Casa Grande e Senzala político-ideológicas, pois a direita, que oprimiu pela força a esquerda ontem, ainda hoje acredita que pode engrossar a voz e cerrar os punhos com quem pensa diferente. E a esquerda, que ainda traz no corpo as cicatrizes do reinado de terror destro, pode passar do ponto ao reagir.
Nesse aspecto, dois textos que publico a seguir merecem reflexão. Apesar de, a meu ver, ambos conterem certa dose de injustiça, contêm algo de verdade. Nessa luta renhida contra o tacão desses setores da sociedade que a dominaram como quiseram por tanto tempo – calando, prendendo, torturando e matando –, pode-se cometer excessos, sim.
Leiam, a seguir, comentário que o eminente filósofo professor Renato Janine Ribeiro postou ontem neste blog, no post em que reporto a “marcha contra a corrupção” que aconteceu em São Paulo quarta-feira. Em seguida, reproduzo post do blog de Luis Nassif em que um seu leitor acusa este blogueiro e outros de “intolerância”.  Após os textos, um comentário final.
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Caro Eduardo,
parabéns pelo trabalho de campo. Mas acho que não podemos deixar uma importante causa, a da luta contra a corrupção, em mãos da direita. É praticamente tudo o que lhe restou (veja a declaração praticamente vazia de Aécio, domingo, no Estadão: nenhuma ideia!).
Se a direita tivesse uma proposta para o Brasil, não precisava difamar. Agora, há muita gente boa, decente, que viu no PT – até 2003 – uma esperança para o Brasil e se decepcionou com uma certa leniência do presidente Lula com os corruptos.
Sei que ninguém governa o Brasil sem se aliar com o joio. Sei que os mesmos nomes se aliaram a Collor, FHC e Lula. Portanto, não é uma culpa só do PT nem de Lula. Mas, se não fizermos uma luta clara contra a corrupção, entraremos na mesma Realpolitik que o PT jovem, ingênuo, puro, puritano (chame-se como se quiser), rejeitava.
Creio que recuperar essas qualidades, agora com o amadurecimento que o tempo no poder permite, é importante. Isso se chama lutar no campo do adversário. Recusar-se a deixar-lhe bandeiras, como a da luta contra a corrupção, que não podem ser só deles.
Um abraço,
Renato Janine Ribeiro
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Do blog de Luis Nassif
A Intolerância na Blogosfera
Por Adjutor Alvim
Os veículos de comunicação, também incluídos os blogs independentes, tem feito críticas às passeatas contra a corrupção. Neste momento, não quero entrar no mérito das passeadas em si, mas gostaria de analisar alguns outros aspectos dessas críticas.
Um dos aspectos é a intolerância que também está tomando força nos blogs de esquerda. Isto seria de se esperar nos blogs do Azenha, PH Amorim, Edu Guimarães que se proclamam de esquerda e, mesmo que involuntariamente, incentivam os comentaristas a se sentirem participantes de um time que vê quem não pensa igual como adversário.
(…)
Qual é o problema deste clima de Fla-Flu? Primeiro, torna-se impossível discutir em torno de idéias quando os argumentos governistas e a visão de esquerda tornam-se dogmas que não devem ser questionados, mas simplesmente apoiados. Não há troca de conhecimento, mas simplesmente discussões estéreis que não alteram o pensar de quem participa. Para que discutir se eu não estou disposto a mudar meu pensamento? Qual o sentido de discutir se martelarei minhas idéias sem abrir espaço para, quem sabe, uma troca de paradigma
Segundo, cai-se no erro que a oposição tem cometido desde 2002 e pode render ao PT mais alguns mandatos no governo federal. Passa-se a ignorar o ponto de vista do outro lado e, principalmente, desconsidera-se o contexto que leva determinados grupos sociais a apoiarem uma causa ou corrente de pensamento. Cega-se aos méritos das propostas e realizações concretas do outro lado.
(…)
Acho que este é o erro em que os governistas do executivo, dos partidos da base ou simplesmente simpatizantes não podem incorrer. Esses agentes devem entender que sim, a corrupção no Brasil é um problema sério, lutar para entender suas causas e propor ações concretas para sua diminuição. Não podem menosprezar as manifestações contra a corrupção por que elas significam um extravasar de sentimentos de segmentos da sociedade.
Neste momento, este sentimento pode estar sendo ofuscado pelo progresso econômico e deixado de lado pelo eleitorado, mas quando houver uma retração econômica, esta bandeira pode tornar-se diferencial eleitoral e os governistas podem a ter deixado bem plantada no campo da oposição
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Se o professor Renato e o comentarista Adjutor tivessem visto o que vi, o discurso virulento daquelas pessoas que se manifestaram na quarta-feira pelas ruas de São Paulo, saberiam que se a esquerda tivesse ido lá protestar contra o escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo, por exemplo, poderia haver até violência.
São atos políticos. Vejam que em um momento em que eclode um escândalo envolvendo o PSDB e o governo de São Paulo que pode facilmente ser equiparado ao escândalo do mensalão, em vez de os marchadores “contra a corrupção” irem para diante da Assembléia Legislativa paulista optaram por ir para diante do Teatro Municipal…
Que diálogo pode haver com essa gente?
Claro que, no meio de tudo isso, há, sim, bem-intencionados que estão sendo usados. Na quarta-feira, quando estive na tal “marcha contra a corrupção”, conversei com gente que está absolutamente convencida de que só há corrupção de um lado. Não são como os criadores dessa farsa, que sabem muito bem que selecionam só a corrupção dos adversários.
Todavia, não há forma de diálogo possível. A sincronia entre a oposição demo-tucana, os meios de comunicação e os marchadores contra a corrupção mostra que não darão essa colher de chá para que a esquerda divida consigo a bandeira do combate à corrupção. Essas marchas têm um objetivo, como os próprios autores dos textos supra reproduzidos reconhecem.
No entanto, devo reconhecer que o nível dos debates está muito ruim. Estamos nos deixando levar. É fácil xingar na internet e penso que os dois lados estão perdendo o controle. De minha parte, portanto, tentarei levar o debate para um campo mais produtivo e ignorando provocações, pois estas visam desmoralizar quem cai nelas

O complô “Velozes e Furiosos” para ocupar o Irã

 

O governo dos EUA espera que um mundo crédulo acredite que um vendedor falido de carros no Texas seria selecionado, pelo competente braço da inteligência iraniana, que estaria à procura de alguém com cara de gângster de cartel mexicano de drogas, e lhe atribuiria a tarefa de, por US$1,5 milhão, matar o embaixador saudita em Washington – e, na mesma conversa, prometeria ao cartel mexicano acesso seguro a “toneladas de ópio”. O artigo é de Pepe Escobar.

Aquela Meca da contrarrevolução e do ódio à Primavera Árabe – também conhecida como Casa de Saud – mal pôde acreditar na própria sorte. É Natal em outubro – agora que o governo dos EUA entregou-lhe o presente perfeito: na fala excitada do Procurador Geral dos EUA, “Um complô mortal dirigido por facções do governo iraniano para assassinar um embaixador estrangeiro em solo dos EUA, com bombas.”[2]

O príncipe saudita Turki al-Faisal, ex-embaixador em Washington, ex-chefe do serviço secreto saudita, ex-amigão de Osama bin Laden, não perdeu tempo e já disse, em conferência de imprensa em Londres, que “o peso das provas, nesse caso, é imenso e mostram claramente a responsabilidade de funcionários iranianos. É inaceitável. Alguém no Irã terá de pagar o preço”.[3]

Quer dizer, o “Irã” – o país inteiro – já foi mandado para a guilhotina pelo eixo Washington/Riad, embora, para engolir a notícia, do tipo “rabo abana o cachorro”, de uma “Operação Coalizão Vermelha” (não, vocês não podem imaginar!) seja necessária a suspensão completa da sanidade e do senso racional normal.

A Operação Coalizão Vermelha está centrada num Mansour Arabsiar, 56 anos, vendedor de carros em Corpus Christi, Texas, portador de passaportes iraniano e norte-americano, e num co-conspirador, Gholam Shakuri, dito membro da força Qods do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos [ing. Islamic Revolutionary Guards Corps, IRGC].

O diretor do FBI [United States Federal Bureau of Investigation], Robert Mueller, repetiu que o dito complô teria sido concebido por iranianos; em suas palavras: “parece script de Hollywood”[4]. Pois até essa propaganda de “Velozes e Furiosos” teria ido parar na lata do lixo, em qualquer conferência de imprensa que se desse ao respeito, até em Hollywood.

Mais rápido, muchachos. Matem, matem!

O governo dos EUA espera que um mundo crédulo acredite que um vendedor falido de carros no Texas seria selecionado, pelo competente braço da inteligência iraniana, que estaria à procura de alguém com cara de gângster de cartel mexicano de drogas, e lhe atribuiria a tarefa de, por US$1,5 milhão, matar o embaixador saudita em Washington – e, na mesma conversa, prometeria ao cartel mexicano acesso seguro a “toneladas de ópio”.

O que se sabe com certeza é que, na denúncia oficial [ing. Sealed Amended Complaint] contra Arabsiar e Shakuri, assinada pelo agente especial do FBI Robert Woloszyn, não há absolutamente qualquer referência a qualquer tipo de envolvimento do governo do Irã, de alto nível, ou de qualquer nível[5].

Mas, na narrativa do governo dos EUA, Arabsiar foi tolo o bastante para acreditar no que lhe disse um agente infiltrado da agência antidrogas dos EUA [ing. Drug Enforcement Agency, DEA], que se fazia passar por membro do Zetas, cartel mexicanos de tráfico de drogas. Arabsiar disse a esse agente e seus companheiros que seria sobrinho de um alto funcionário iraniano – e que atuava em nome dos mais altos escalões.

Querem portanto que acreditemos que um general iraniano manda um seu parente rei dos otários, que vende carros no Texas, contratar um cartel de drogas para um complô político – como se a inteligência dos EUA não tivesse como rastrear o pagamento pelo assassinato, até o tal parente, sobretudo depois do caso dos 100 mil dólares enviados para os EUA, ao que se diz, vindos do Irã, para um sujeito já condenado por fraudes com cheques.

Mesmo sem considerar qualquer viés ideológico, qualquer pessoa que conheça o extremo profissionalismo do IRGC e da força Qods logo descartará como absoluto lixo toda essa história – sobretudo se apresentada como parte de uma complexa operação internacional que envolveria o Irã e seu inimigo mortal, os EUA, além do México e da Arábia Saudita. Mas Arabsiar “confessou” tudo – depois de 12 dias de interrogatório ininterrupto (alguém aí pensou em “simulação de afogamento”?).

E há também a questão do alvo escolhido. Segundo o Departamento de Justiça, o complô não visava os EUA. Assim sendo, atacar um embaixador da Casa de Saud – “precioso aliado” – em solo norte-americano só se explica pelo desejo doentio de sangue, típico dos iranianos doidos, suicidários, dedicados a arrastar os EUA a um ataque, nuclear ou de outro tipo.

A ideia de que um cartel mexicano de drogas investiria num complicadíssimo ataque político na capital dos EUA, esperando ganhar sacos de ópio (do Afeganistão “libertado”) também é inverossímil. Mas o quadro muda, se se pensa no que ganhariam os Mujahideen-e-Kalq – organização terrorista fundamentalista dedicada a tentar derrubar a República Islâmica. Ou no que ganharia a al-Qaeda, já espectral e fantasmagórica, se se inventasse uma guerra de três vias, que envolvesse Washington, Teerã e Riad.

Há também a opção israelense, da falsa bandeira. Além de o complô parecer brotado dos sonhos molhados do AIPAC [ing. American Israel Public Affairs Committee] entregue a Holder numa bandeja de prata, nada agradaria mais plenamente ao lobby israelense em Washington e a um sortimento variado de sionistas do que se aliar a causus belli decidido diretamente por Washington, que levasse os EUA a atacar o Irã, seja como for, e sem qualquer envolvimento direto de Israel.

Segundo o mantra oficial, os norte-americanos têm de ser sempre lembrados e relembrados de que o Irã é “ameaça existencial” ao estado judeu. Um atentado contra a vida do embaixador saudita seria perfeito, também, porque explicaria o envolvimento da Casa de Saud, no apoio logístico ao tal ataque ao Irã.

Ainda que se aceite que algum grupo bandido, dentro da força Qods, estaria envolvido numa conexão de tráfico de drogas e pudesse ter algo a ver com o complô, há também a possibilidade de que tudo tivesse sido armado como retaliação-resposta, a recente assassinado predeterminado [ing. targeted assassination] de um dos principais cientistas nucleares iranianos, assassinado no Irã. Mas isso não explica escolher um embaixador saudita, a ser morto em território norte-americano.

Cui bono? A quem o crime beneficia?
Mais uma vez: por que logo agora? O complô já é conhecido, ao que se sabe, há meses. O presidente Barack Obama foi informado em junho. O rei Abdullah foi informado em meados de setembro. Então... por que divulgar agora? O que nos leva de volta aos suspeitos de sempre.

Os neoconservadores. Facções do complexo industrial-militar. A direita, os malditos, imundos, doidos Republicanos e seus operadores na imprensa. O lobby pró-Israel. A Casa de Saud – que agora é pintada como “vítima” dos iranianos “do mal”, quando, de fato, está comandando a mais brutal contrarrevolução, que já destruiu qualquer possibilidade de alguma Primavera Árabe nos países do Golfo, inclusive a invasão e a repressão no Bahrain.

O complô aparece em boa hora, para distrair a atenção, para impedir que a Arábia Saudita seja vista como beneficiária de um multibilionário negócio de venda de armas norte-americanas.Vem em boa hora, também, para ‘limpar’ a imagem do próprio procurador geral. Holder foi envolvido há pouco tempo em outro escândalo monstruoso, quando mentiu sobre a Operação Velozes e Furiosos (não, vocês não podem imaginar!), operação fracassada, de cujo fracasso resultou que nada menos que 1.400 armas norte-americanas de grosso calibre acabaram em mãos de – adivinhem! – cartéis mexicanos do tráfico de drogas. Parece que a franquia “Velozes e Furiosos” é a arma de recreação preferida, em todos os níveis do governo dos EUA.

Washington quer “unir o mundo” contra o Irã (onde “mundo” significa: Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN) e já ameaça denunciar o Irã ao Conselho de Segurança da ONU – outra vez.

Esperemos pois ansiosamente por mais uma resolução R2P (“responsabilidade de proteger”) apresentada e aprovada na correria, que ordene que a OTAN estabeleça mais zonas aéreas de exclusão sobre o telhado de todos os príncipes da Casa de Saud em todo o planeta. Essa resolução bem pode ser interpretada como autorização à OTAN para bombardear o Irã, até a ‘mudança de regime’. Esse, sim, é script verossímil.

NOTAS
[1] Versão resumida desse artigo foi publicada ontem em Al-Jazeera, em http://english.aljazeera.net/indepth/opinion/2011/10/201110121715573693.html e, em português, em http://outroladodanoticia.com.br/inicial/23505-velozes-e-furiosos1-para-ocupar-o-ira-.html [NTs].

[2] Vê-se o anúncio oficial em http://www.youtube.com/watch?v=X0wVQG0EIbc&feature=player_embedded#! E interessante lista de comentários de internautas sobre aquela fala, em http://www.reddit.com/r/conspiracy/comments/l8v4s/world_war_iii_operation_red_coalition_alleged/ [em inglês]. Um dos comentários diz: “Nosso aliado fascista Pinochet, organizou e executou um assassinato real em Washington, D.C., e os EUA nada fizeram contra. Quem não saiba, veja em http://en.wikipedia.org/wiki/Orlando_Letelier” [NTs].

[3] 12/10/2011, matéria da Reuters, de Londres, em http://af.reuters.com/article/energyOilNews/idAFL5E7LC22520111012 (em inglês).

[4] Vê-se e ouve-se o comentário em http://www.youtube.com/watch?v=oqcI5uFyEGk (em inglês).

[5] O texto pode ser lido, na íntegra, em http://www.emptywheel.net/wp-content/uploads/2011/10/111011-Ababsiar-Amended-Complaint.pdf [em inglês].


Fonte:
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MJ14Ak02.html

Tradução: Coletivo Vila Vudu

AS RUAS NÃO TEM 'CLAREZA'. QUEM A TEM?






*911 cidades em 82 países apoiam a marcha deste sábado,dia 15, pelo fim da ordem neoliberal** convocatória feita pelos indignados espanhóis: http://15october.net/where/ ** solução ortodoxa: governo direitista de Portugal vai de mais-valia absoluta: decreta aumento de meia hora da jornada de trabalho no país, sem pagamento correspondente**a maior greve bancária em 20 anos entra no seu 18º dia com mais de 9.100 agencias paradas, 46% da rede brasileira** banqueiros tiveram aumento de lucros de 28% em 2010, oferecem 8,4% de reajuste**BRESSER PEREIRA: 'governo deve administrar com mão de ferro o setor financeiro' (leia entrevista  exclusiva a Maria Inês Nassif; nesta pág)**dia 18/10: 'Ocupe o Copom': manifesto pela queda dos juros une CUT, Fiesp, Abimaq, metalúrgicos,   economistas** informações e adesões:  http://www.brasilcomjurosbaixos.com.br/
  
Muitos se perguntam de que servem as mobilizações de rua se seus participantes - jovens em sua maioria - não tem 'clareza' (os banqueiros a teriam, por suposto) do que fazer diante do gigantismo de impasses que ameaçam a própria sobrevivência do sistema financeiro mundial. As ruas nunca deram respostas técnicas para impasses históricos. O papel das ruas nesse momento é justamente libertar a economia da fraudulenta camisa-de-força 'técnica' que circunscreve a busca de alternativas aos limites dos interesses geradores da crise.(LEIA MAIS)
(Carta Maior; 6ª feira, 14/10/ 2011)

Ocupa Wall Sreet recebe ordem para sair de praça
















 

 O movimento Ocupa Wall Street difundiu quinta-feira (13) um alerta de emergência no qual solicita uma defesa massiva da praça a partir das seis horas da manhã desta sexta-feira, manifestando suspeita sobre os reais motivos da ordem do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, para uma "limpeza da praça". Alguns manifestantes lembraram que essa foi a mesma tática usada para desalojar os manifestantes que ocuparam o Capitólio no estado de Wisconsin e acampamentos dos “indignados” em lugares públicos em Madri e Barcelona. O artigo é de David Brooks.

Há um enfrentamento à vista entre o movimento Ocupa Wall Street e as autoridades de Nova York como resultado de uma ordem da prefeitura para que os manifestantes abandonem “temporariamente” o acampamento para permitir uma limpeza do pequeno parque, algo que os ativistas prometem desafiar com uma defesa não violenta da praça que ocupam desde o dia 17 de setembro.

Ocupa Wall Street difundiu ontem (13) um alerta de emergência no qual solicita uma defesa massiva da praça a partir das seis horas da manhã desta sexta-feira, manifestando suspeita sobre os reais motivos da ordem do prefeito. Alguns manifestantes lembraram que essa foi a mesma tática usada para desalojar os manifestantes que ocuparam o Capitólio no estado de Wisconsin e acampamentos dos “indignados” em lugares públicos em Madri e Barcelona.

Os ocupantes anunciaram que armarão uma cadeia humana na periferia de sua Praça Liberdade (cujo nome oficial é Parque Zuccotti) com escovas e esfregões e que resistirão de maneira pacífica às ordens da polícia. Além disso, planejaram uma marcha com suas escovas e esfregões na direção de Wall Street com o objetivo de limpar o desastre do setor financeiro.
Bloomberg fez visita surpresa

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg fez uma visita surpresa à Praça Liberdade na noite de quarta-feira com uma escolta massiva de policiais, mas não disse nada durante sua visita. Alguns manifestantes gritaram: “Você é da turma do 1%” (dos mais ricos, ou seja, os que são acusados pela desigualdade econômica e pela corrupção da democracia).

Na segurança de seu gabinete, mais tarde, Bloomberg divulgou seu anúncio de que era preciso fazer uma limpeza e trabalhos de manutenção na praça. Ele justificou a medida com base em uma solicitação da Brookfield Properties, a empresa dona da praça, que pediu a intervenção da polícia para liberar a área que estaria apresentando problemas de salubridade. O prefeito afirmou que a limpeza seria realizada em etapas e que os manifestantes poderiam retornar às partes da praça já lavadas – dando a entender que não pretendia desocupar todo o parque de uma vez só.

No entanto, seu chefe de polícia, Ray JKelly, confirmou que os manifestantes terão que cumprir novas condições, estabelecidas pela empresa proprietária, para permanecer ali: “depois que a área for limpa, poderão regressar. Mas não poderão retornar com seus equipamentos, barracas, esse tipo de coisa”, declarou.

Os manifestantes afirmam que tudo isso é um pretexto para acabar com a vigília que já dura 28 dias. Grupos locais e nacionais saturaram a prefeitura com telefonemas e mensagens denunciando a ordem, enquanto vários líderes políticos locais e sindicais pediram ao prefeito para que anulasse a ordem, que classificaram como uma notificação de despejo. Alguns advertiram que os olhos do mundo estão de olho no que está acontecendo em Nova York e que isso poderia ter severas consequências políticas para o prefeito, especialmente se houver repressão violenta por parte da polícia.

Outras agrupações liberais e progressistas expressaram sua desaprovação e grupos de direitos civis assinalaram que poderia ser uma violação do direito constitucional à livre expressão. Em sua página no twitter, o escritor Salman Rushdie chamou a ameaça dessa ação de um crime contra a liberdade.

Para o prefeito, tudo isso implica um risco político, o que tem limitado suas opções durante quase um mês com a repercussão obtida pelo movimento e sua multiplicação por várias cidades através do país. Uma pesquisa da Reuters/Ipsos indiciou que 82% dos estadunidenses ouviram falar dos protestos, sendo que 38% manifestaram uma opinião favorável aos mesmos e só 24% foram contra. Ou seja, o movimento de protesto Ocupa é agora quase três vezes mais popular junto à opinião pública que o Congresso dos Estados Unidos.

“O 1% mais rico tomou de controle nossa economia e nosso governo. Somos os 99% que estão prontos para retomar o comando”, essa é a consigna de Ocupa Wall Street, lema que vem encontrando eco de costa a costa e que vem ganhando apoio dos principais sindicatos do país, de organizações sociais e comunitárias de todo tipo, e de personalidades que incluem economistas prêmio Nobel, músicos, cineastas e até alguns dos principais líderes políticos nacionais.

Nesta quinta-feira, Tom Morello cantou “This Land is Your Land”, de Woody Guthrie, na frente da praça, festejando a resistência atual e vinculando-a à longa história de rebelião popular neste país por meio deste hino popular.

Nos últimos dias, milhares de pessoas têm participado de ações. Cerca de 400 pessoas cercaram uma das sedes do JP Morgan Chase em Manhattan, no segundo dia de uma marcha que foi visitar casas e escritórios de multimilionários do setor financeiro. Em San Francisco, uma das sedes do banco Wells Fargo foi ocupada por alguns minutos. Ações parecidas foram realizadas em Boston e Chicago. Centenas de pessoas ocuparam um dos edifícios do Senado em Washington.

Para este sábado foi convocada uma manifestação em nível mundial. Um movimento Ocupa Londres deve ser instalado na frente da bolsa de valores da capital londrina.

Talvez seja por isso que as autoridades desejam “limpar” o protesto.

Tradução: Katarina Peixoto


Fotos: La Jornada/Reuters

Gilson Caroni: Nova passeata da Globo, a ressaca dos cansados

por Gilson Caroni Filho
Os brasileiros, que tiveram de passar 20 anos, lendo nas entrelinhas, especulando a partir de meias palavras ou interpretando – procurando interpretar – as rudes reações viscerais trazidas ao público por aqueles que detinham o poder, têm hoje olhos e ouvidos apuradíssimos para entender o que há por trás de cada episódio do cotidiano, por mais irrelevante que possa parecer à primeira vista. É isso que o baronato midiático parece não ter entendido ao continuar patrocinando atos que, a pretexto de combater a corrupção, têm como objetivo esvaziar a política.
Os movimentos que saem da internet para ganhar as ruas, longe de ser a “primavera” com que sonham – ou fingem sonhar – seus reais mentores, têm se mostrado um melancólico outono dos tradicionais dispositivos de agenciamento midiático. Submersos na crise do imobilismo de suas bases, resta à velha direita o consolo de platitudes publicadas para justificar mais uma tentativa fracassada.
O saldo de mais um insucesso ora é debitado à boa situação da economia brasileira ora a uma estranha lógica binária, como a apresentada pelo professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo (USP), Renato Janine Ribeiro, na edição de 13/ 05, de O Globo: “O problema na luta contra a corrupção é que ela está tomada pelos partidos. E é uma lástima que as pessoas usem isso contra o partido oposto”.
Mas a que se refere o renomado acadêmico? A característica do movimento não seria exatamente o seu reiterado “caráter apartidário”? Ou, sem se dar conta, Janine revela o fato que deveria permanecer oculto: o centro político da reação está agrupado no campo jornalístico oligopolista que assume para si o papel de partido de oposição.
O mesmo partido que deu sustentação a duas décadas de ditadura militar. O mesmo agrupamento que silenciou as emoções e expectativas da opinião pública durante os oito anos de desmando do tucanato. Que editou a realidade para ocultar as preocupações da população com o apagão, o descontrole cambial, a desnacionalização de partes substanciosas da produção e serviços nacionais, os rigores de uma política econômica que duplicaram as dívidas externas e internas e criaram seguidos déficits comerciais.
Desemprego, congelamento ou irrisórios aumentos salariais, ao lado de escândalos políticos e econômicos, pareciam fazer parte do cenário natural para os mesmos colunistas militantes que agora se arvoram em defensores de valores republicanos. Num conhecido jogo de espelhos, a defesa incondicional dos ditames do mercado é trocada, editorialmente, pela busca de posicionamento ético no trato da coisa pública. A guinada é tão mal-feita que não atrai o distinto público, como pudemos constatar nas manifestações de quarta-feira, dia da padroeira oficial do Brasil. No Rio de Janeiro, os manifestantes chegaram a hostilizar os que preferiram olhar o mar a ver a ressaca dos derrotados.
Para deixar claro qual o objetivo da TV Globo e de seus sócios menores nessa simulação barata, vale a pena reproduzir o que escreveu o ex-deputado Milton Temer (PSOL) em seu blog: “promover no Brasil uma onda semelhante à que lamentavelmente varre povos de potências capitalistas, que se reúnem em manifestações pontuais e conjunturais, mas que, pela abstenção nos processos eleitorais, por justificado ceticismo, permitem à direita mais reacionária manter o controle absoluto das instituições, ditas republicanas, que realmente deliberam sobre seus destinos, através do modelo de sociedade que desenham com suas leis e decisões dos poderes Executivo e Judiciário”.
O brasileiro sabe que, sempre que uma esperança se frustra (o que não é o caso do atual do governo), vem a decepção e é preciso criar alternativas. Sempre é preciso reconstruir caminhos, mas o que a grande imprensa apresenta é um atalho para o precipício.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro
Leia também:

Lula faz discurso emocionante ao receber prêmio por combate à fome

Eis a íntegra do vídeo no link abaixo (a tradução em português começa lá pelos 35 minutos de vídeo):

http://www.iptv.org/video/detail.cfm/22879/wfp_20111013_world_food_prize_2011_portuguese

Lula e o ex-presidente de Gana ganham o prêmio World Food Prize
Populares abraçam e tiram fotos com Lula, antes da premiação.