Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 23 de agosto de 2011

UDN já tem seu futuro ministro da educação

AFINIDADE: O pres. Zezinho emocionou-se ao ler a biografia do seu futuro ministro da educação.
O Mais Preparado dos Brasileiros, o futuro pres. Zezinho, já está pensando na composição de seu ministério, quando assumir o lugar que é seu, por direito, em 2015.
Dada a importância que dá ao tema, o primeiro nome já definido pelo Presidente de Nascença é o futuro ministro da educação.
Trata-se de um ilustre parlamentar udenista, o Sr. Dario Bueno (PFL-SP), vereador de Jacareí-SP e grande educador pátrio. Ele é, carinhosamente,  chamado por seus amigos, correligionários e familiares de Dario Burrro, em uma clara brincadeira com seu intelecto superior.
INTELECTUAIS QUADRÚPEDES: o Sr. Burrro costuma convidar o Cachorro-Lagosta para seus saraus literários em Jacareí.
O Sr. Burrro (foi necessário acrescentar um terceiro “r” por conta do tamanho incomum de sua inteligência), tem se notabilizado pelo seu compromisso com o magistério e seu grande amor aos educadores pátrios, comparável apenas à ternura devotada pelo Almirante do Tietê a  essa maltratada classe.
O importante parlamentar asinino já aceitou o convite do Maior dos Educadores Brasileiros, e declarou-se honrado em ocupar a cadeira que já foi de Jorge Bornhausen, Hugo Napoleão e Jarbas Passarinho.
Talento disputado
Enquanto 2015 não chega, algumas das principais lideranças da UDN estão disputando a o auxílio do Sr. Burrro como secretário de educação, já que o petista ignorante que é prefeito de sua cidade despreza a contribuição desse novo Anísio Teixeira.
NA HORA CERTA: Geraldinho do Vale estava à procura de um novo educador, depois que seu Chalita mudou de lado e de preferências.
O muy amigo do pres. Zezinho, Geraldinho do Vale, já convidou o Sr. Burrro para assumir a secretaria estadual de educação. Ao convidá-lo, disse que o Sr. Burrro era o nome ideal para continuar o legado do inesquecível Paulo R. Gates de Souza, primeiro como secretário estadual, depois como ministro.
Também o pitta de estimação do pres. Zezinho tem assediado o Sr. Burrro para assumir  a direção da Secretaria Municipal de Educação. Além disso, Tancredo Neves tem cogitado convidá-lo à assumir a pasta da educação em sua pirâmide administrativa em Minas Gerais.
Comentário da tia Carmela
QUADRILHA: O futuro ministro da educação adora as festas juninas da UDN.
O Zezinho sempre gostou de burros. Quando ele era criança, na Mooca tinha o seu Odair, um peixeiro que passava todo dia vendendo peixe em sua carroça puxada por um burrinho. O Zezinho gostava de ir olhar o burrinho, quando ele passava. Uma vez, ele inventou que o burrinho era capaz de falar, e convenceu o Reinaldinho Cabeção, que foi conversar com o burro, que, é claro, não respondia. O Reinaldinho Cabeção foi se queixar ao Zezinho, que disse: o burro não quer conversar com você porque você é mais burro que ele. O Reinaldinho Cabeção voltou chorando pra casa. No dia seguinte, os dois estavam brincando quando o seu Odair apareceu, com o burrinho puxando a carroça. O Reinaldinho Cabeção, todo animado, virou para o Zezinho e disse: Zezinho, será que hoje o burro vai querer falar comigo?

José Reinaldo: Miriam Leitão faz tremer a ossada do Barão


A mídia brasileira vendida aos monopólios e em absoluto conluio com os agressores imperialistas dos Estados Unidos e União Europeia, que através da Otan estão massacrando o povo líbio, está em ruidosa campanha para “provar” que o Brasil tomou uma posição “decepcionante” ao não reconhecer o Conselho Nacional de Transição da Líbia, acompanhando a posição tomada em maio pelos Estados Unidos e a União Europeia.


Com a evolução dos acontecimentos dos últimos dias, a campanha passou a ser para que o Brasil reconheça logo o “novo governo” do país norte-africano.

Para isso, mobilizou todo o seu arsenal propagandístico, entrevistou professores de relações internacionais, alguns dos quais, para sua decepção concordaram com a prudência do governo brasileiro. A CBN redistribuiu tarefas e por dois dias livrou o distinto público das diatribes de Miriam Leitão, “analista” sobre política macro-econômica. O que resultou num desastre, pois ao promover a jornalista a comentarista de política externa, fez remexer a ossada do Barão.

Para repetir o mantra de que o Brasil já devia ter reconhecido o “novo” governo da Líbia, porque os Estados Unidos e a União Europeia já o fizeram antes, a moça desancou a instituição fundada pelo velho Rio Branco. “O Brasil tem uma posição completamente equivocada quanto à Líbia e a Síria. Errou cem por cento do tempo”, sentenciou, confundindo o distinto público, que por um átimo foi levado a pensar que escutava uma catedrática do Department of State ou do Foreign Office. Pois com tanta sapiência, não creio que a moça quisesse passar por uma professora do Instituto Rio Branco ou da Fundação Alexandre de Gusmão.

A jornalista do sistema Globo falou barbaridades do Lula, cuja visita como chefe de Estado à Líbia, ela estigmatizou como “horrorosa”. E numa demonstração de que os “princípios editoriais” recentemente anunciados pelos herdeiros do Dr. Marinho não passam de uma farsa, mentiu desabridamente ao dizer que à época Kadafi “já era um pária internacional” . Não era, senhora jornalista. Na verdade tinha deixado de ser, pois então o dirigente líbio privava de amizade com líderes ocidentais como Berlusconi e Sarkozy, este último inclusive um mal-agradecido pois o “ditador” líbio financiou sua campanha eleitoral, como é notório, e o italiano fez com o país norte-africano bilionários negócios.

Durante os pouco mais de cinco minutos que durou a entrevista na CBN, a nova comentarista de política externa das organizações Globo bateu na tecla de que “a cúpula do Itamaraty” foi incapaz de interpretar os fatos e de entender “para onde os ventos sopram”.

E para evidenciar o contraste da orientação da Casa de Rio Branco com a que já adotou em outras épocas, a jornalista recorreu em apoio ao seu argumento à muleta de uma citação de fato histórico. Ela contou aos atentos ouvintes da emissora que na independência de Angola, “em 1974”, o governo militar brasileiro foi o primeiro a reconhecer o “governo comunista” do MPLA. Fosse afirmação feita numa prova de admissão do concurso de formação de diplomatas do Instituto Rio Branco, ela teria sido reprovada. A independência de Angola se deu em novembro de 1975. E o governo do MPLA, embora alinhado com a União Soviética e com muitos comunistas desempenhando nele papel de destaque, não era propriamente um “governo comunista”, mas patriótico, de libertação nacional.

Ouça a coluna de Míriam Leitão na CBN

José Reinaldo é editor do Vermelho

José Serra segue ignorado. Mas sem lamúrias!

José Serra, ex-ministro, ex-governador, ex-prefeito, ex-candidato e atual presidente de um conselho político em seu Partido. Escreveu em seu blog os motivos pelos quais não foi até a assinatura de convênios entre governos Federal e Estadual em São Paulo, no último dia 18. A explicação não poderia ser mais divertida.
{{Crédito da foto diz que foi o onipresente Jose Serra quem tirou a foto...}}

Embora eu saiba que sou dos poucos  leitores do blog de José Erra, coisas divertidas podem ser retiradas de lá. Algum tempo atrás, na convenção nacional do PSDB, foi dito que o partido estava mais unido do que nunca! Claro, a Miriam Leitão e a Dora Kramer certamente acreditaram, relembre:

Pois bem. Vamos fingindo que acreditamos que o partido está unido e que o Serra e o FHC estão mesmo suuuuper felizes e o Aécio é o líder mais agregador que já existiu na história da humanidade, etc.
Partimos então para a tal assinatura do convênio… Onde ela ocorreu? No Palácio dos Bandeirantes em São Paulo, vulgo escritório do tio Alckmin:
A presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assinaram nesta quinta-feira (18) no Palácio dos Bandeirantes, Zona Sul da capital, um plano de intenções para erradicar a extrema pobreza no estado.
{{não acredite em mimfolha de S. Paulo}}
Você certamente se lembra da INACREDITÁVEL fOLHA DE SÃO PAULO dizendo que a Dilma estava a flertar com as lideranças do grande partido da grande oposição . Pois vai daí que o nobilíssimo ex-um-monte-de-coisas resolveu escrever em seu blog os motivos pelos quais não compareceu ao evento {{alguém sentiu falta?!}}. Escreveu {{ou mandou alguém escrever}} assim:
inexistente
Cheguei a ser criticado em editoriais por supostamente ter me recusado a participar. Antes de mais nada: não compareci porque não fui convidado. É simples assim. Isso não é reclamação ou desculpa; trata-se apenas de um fato objetivo.
{{não acredite em mimJosé Erra em seu blog}}
Vamos ser bonzinhos e acreditar naquilo que está escrito, ok?! Ele não estava reclamando nem nada. Mas aí eu pergunto:
O Partido não estava unido?!
José Serra sabe, embora evite pensar no assunto, que está sendo levemente apagado pelo seu próprio partido. FHC está, como usualmente faz, fazendo qualquer coisa pela mídia; até elogiar a Dilma {{não acredite em mim}}. Alckmin está no governo, de modo que consegue mídia de forma mais natural.
Aécio Neves está…onde está mesmo Aécio Neves?! Ah, sim, no senado. Fazendo o quê?! Não se sabe, mas ao menos ele dá uma entrevista aqui e acolá.
José Erra, presidente do importante conselho político para fusão da oposição {{diziam que seria ele o responsável por fundir PSDB, DEM e PPS, mais provável é um outro verbo parecido com fundir…}}, mas é incapaz de ter alguma atenção da imprenÇa que, sabemos, ele tanto preza.
Ainda no mesmo artigo José Erra ao mencionar que Alckmin foi bem em seu discurso, afirmando que o PSDB já ajudava 5 milhões de pessoas com programas sociais {{naquela tese de que o PT copiou tudo do PSDB}}. Acontece que, segundo consta, só pelo bolsa-família foram 50 milhões de atendidos {{não acredite em mim}}. Estou excluindo o Minha Casa, Minha Vida; o Luz para todos e, a partir de hoje, o PNBL; para ficar no básico…
Serra está mesmo desesperado, alguém aí está disposto a jogar uma bolinha de papel?

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A VEZ DOS BRICS

A crise dos Estados Unidos e da Europa, a cada dia que passa, evidencia ainda mais, para o observador atento, os acertos alcançados pelo BRICS.
Na gênese do beco sem saída em que se meteram, os estados ocidentais cometeram dois erros fatais:
Permitiram que se instalasse e consolidasse, durante anos, uma situação de irrestrito laissez-faire, limpando o terreno para o surgimento de áreas nebulosas de especulação, como a do subprime e dos derivativos, e deixando que ali medrasse uma estéril e arriscada “economia de papel”, em detrimento da economia real, orientada para a geração de bens e produtos, renda e emprego, e para o atendimento das necessidades também reais, dos seres humanos.
Por outro lado, ao mesmo tempo, os Estados Unidos e a Europa se endividavam até o pescoço, para manter um status-quo historicamente insustentável, tanto do ponto de vista militar, como é o caso, principalmente, dos norte-americanos, quanto do ponto de vista de consumo, conservando artificialmente o padrão de vida – e, em conseqüência, a arrogância – de seus povos, em um patamar muito acima do restante da humanidade.
Enquanto isso, governos como o da Índia e o da China, seguindo o que a Coréia do Sul e o Japão haviam feito anteriormente, coordenavam sinergicamente todos os setores da sociedade para criar - sem a oposição, como acontece no Brasil, da imprensa conservadora e dos “agentes” do mercado - uma miríade de grandes empresas locais, no início com financiamento público e depois com participação privada, para fabricar automóveis, eletroeletrônicos, roupas, softwares e outros bens de consumo.
Fiscalizavam rigorosamente os bancos. E investiam na economia real, incorporando, nesse processo, pela criação de empregos e a melhoria das condições de educação e capacitação, dezenas de milhões de cidadãos ao mercado de consumo.
Na Rússia, na Índia e na China, o primeiro objetivo da sociedade é o fortalecimento do poder nacional e não de um ou de outro determinado grupo de interesse. É por isso que, nesses países, o Estado não se sente constrangido, como aqui, em mobilizar e induzir os agentes econômicos para a conquista do desenvolvimento.
Mas os BRICS não ficaram por aí. Enquanto a Europa e os Estados Unidos imprimiam bilhões de dólares em títulos sem lastro, Rússia, Índia, China, e o Brasil, que a partir de 2003, também adotou essa estratégia, economizavam parcimoniosamente os recursos obtidos com as exportações, liquidavam, praticamente, suas dívidas com o exterior, e aumentavam suas reservas internacionais, a ponto de elas triplicarem, hoje, as do G-7, emprestando, pela primeira vez na história, dinheiro para o FMI e para as grandes nações ocidentais.
Hoje, China e Brasil estão entre os quatro maiores credores dos Estados Unidos, e são seguidos de perto, nesse quesito, pelos russos e pelos indianos.
Se tiverem noção do excepcional momento histórico que estão vivendo, os países do BRIC aproveitarão a crise do Ocidente, para consolidar definitivamente, com a participação da África do Sul, recém admitida no Grupo, uma aliança estratégica global que está predestinada a mudar o panorama geopolítico do mundo no século XXI.
Para isso, no entanto, essas nações deverão aprofundar a sua percepção de que o que mais as une é a sua condição de ex-escravos, que assistem, agora, em uma posição cada vez mais forte, ao crepúsculo de seus antigos senhores.
Senhores que nunca vão jogar limpo, ou se empenhar, verdadeiramente, em fortalecer suas ex-colônias para mudar um equilíbrio de forças que os beneficiou, e muito, nos últimos séculos.
Por essa razão, é incompreensível, por exemplo, que o Brasil continue buscando fechar acordos na área de defesa com o Ocidente, quando poderia estar desenvolvendo, no âmbito do BRICS - no qual Rússia e China possuem uma inegável expertise - e mesmo a Índia e a África do Sul já têm muito a oferecer nessa área - toda uma nova geração de armamentos, capaz de assegurar nossa presença no Atlântico e a defesa efetiva de nossos recursos naturais, incluindo o pré-sal e a biodiversidade amazônica.
Rússia e índia estão desenvolvendo conjuntamente o novo Sukhoi T-50, caça-bombardeio de quinta geração. A índia já compra aviões-radar da Embraer. O novo bombardeio invisível chinês é baseado em tecnologia russa. O Brasil e a China já lançam satélites binacionais de sensoreamento remoto. Já desenvolvemos mísseis ligeiros em cooperação com a África do Sul.
Por que continuar – e isso foi um erro do Governo Lula induzido pelo então Ministro da Defesa, Nelson Jobim - comprando tecnologia obsoleta francesa ou norte-americana – os aviões que nos oferecem têm mais de 20 anos de desenvolvimento – quando podemos entrar direto no futuro desenhando um avião do zero com os nossos sócios do BRICS ?
Além disso – o caso líbio está aí para nos mostrar isso – temos que nos fortalecer ao militarmente ao máximo, como os outros BRIC, e até mesmo alterar a Constituição, se for preciso.
A OTAN e os Estados Unidos acham que podem interferir onde quiser.
Mas nunca fariam com a China, a Índia ou a Rússia o que fizeram com Kadhafi. Uma coisa é atacar um país pequeno e sem armas nucleares. Outra, muito diferente, é atacar três dos maiores países do mundo, que contam com armamento moderno e arsenais atômicos à disposição de suas Forças Armadas.
É preciso convergir não apenas do ponto de vista da aproximação comercial e de defesa com o BRICS, mas também com relação à condução da nossa economia.
O Brasil nunca será de fato um BRIC, se, no lugar de dar atenção aos reais interesses da nação, continuarmos tomando decisões que afetam toda a sociedade com base na opinião de meia dúzia de “analistas” ouvidos todas as semanas pelo Boletim Focus, do Banco Central, empenhados, como raposas no galinheiro, em manter gordas para o mercado financeiro, de onde tiram seu generoso sustento, as saborosas galinhas da SELIC.
O Brasil precisa de menos economistas, que cresceram sob a falsa premissa da existência do “livre” mercado, e de mais estrategistas, prontos para estabelecer um projeto nacional – que nos falta mais do que tudo – para a era do capitalismo de estado do século XXI, na qual os países abandonarão, de vez, a máscara de uma livre concorrência que na verdade nunca existiu, para assumirem aguerridamente suas posições na franca e feroz disputa das grandes nações, pelos mercados e fontes de matérias-primas de todo o mundo.
Para muitos, no entanto, está cada vez mais claro que parte da elite brasileira quer que o Brasil continue no andar de baixo e não participe dessa batalha, ou prefere que o país suba ao ringue de olhos vendados, com correntes nos pés e de mãos amarradas.
Não podem ser vistas de outra maneira as furibundas críticas ao BNDES, por exemplo, quando nosso maior banco de fomento tenta fortalecer grandes empresas brasileiras para que elas não sejam engolidas por suas concorrentes estrangeiras, ou para que movam, compreensivelmente seus peões para ocupar posições no intrincado tabuleiro de xadrez dos mercados internacionais.
Compreende-se que o Financial Times, The Economist ou o Wall Street Journal ataquem a política industrial brasileira, afinal, esse é o papel deles, de amplificar o velho discurso ocidental e anglo-saxão do “façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”.
Mas é impossível ficar indiferente quando essas posições são radicalmente defendidas dentro do nosso próprio país, quando estamos cansados de saber que sem apoio público e juros subsidiados de seus governos, empresas de países especializados em salgar bacalhau e azeitonas não teriam se assenhoreado – inclusive com financiamento, pasmem, do próprio BNDES - de segmentos estratégicos de nossa economia durante a tragédia da desnacionalização promovida pelo neoliberalismo dos anos 1990.
Quer dizer, o BNDES pode financiar a compra de empresas brasileiras por estrangeiros. Mas na hora de financiar a compra de empresas estrangeiras por brasileiros, a diretoria do Banco tem que ir ao Congresso se explicar.
O mesmo esforço, ou tendência, para manter as nossas empresas relativamente pequenas e impedir a criação de grandes players brasileiros para a disputa dos mercados internacionais pode ser visto também na atuação das agências “reguladoras” e nos órgãos de fiscalização da concorrência.
A quem interessa, por exemplo, que o Brasil não possa contar com uma empresa do porte do que seria a Brasil Foods sem a intervenção do CADE, em um mundo que é amplamente dominado, no mercado de alimentação, por gigantescos grupos europeus e norte-americanos, como a Nestlé, a Pepsico, a Kraft Foods ou a Danone ?
Por que temos que perder o último grande grupo brasileiro no mercado varejista de alimentos, e entregar definitivamente uma área estratégica, do ponto de vista do combate à inflação, para multinacionais estrangeiras?
Por que não ter uma forte posição em um grupo varejista de porte mundial para colocar, finalmente, nossos produtos nas gôndolas de supermercados estrangeiros?
Ou vamos continuar condenados a vender café em grão quando a Alemanha, sem ter sequer um pé plantado, é a maior exportadora de café solúvel do mundo?
Mas o Brasil não está amarrado apenas pela contínua manipulação da opinião pública com histórias da carochinha sobre cavalos com chifres, mulas sem cabeça, livre concorrência e livre mercado, em um planeta no qual a China caminha para se transformar na maior economia do mundo, justamente por nunca ter dado ouvidos a esse tipo de balela.
Em decorrência desse discurso, estamos impedidos de entrar nessa briga de cachorro grande com um mínimo de perspectiva de enfrentá-la, ou em igualdade de condições com os outros BRICS, por outra forte e poderosa algema: a contínua sangria de nossos recursos, da qual já falamos aqui antes, derivada da estúpida insistência em manter as taxas de juros nos mais altos patamares do mundo.
Nos últimos 12 meses, o Brasil seqüestrou dos impostos pagos pela sociedade 210 bilhões de reais para o pagamento de juros, que estão em mais de 12% ao ano, quando os juros de nossos sócios do BRIC, Rússia, Índia e China estão entre os mais baixos do mundo.
De tudo o que foi recebido dos governos anteriores, os juros da taxa SELIC, que estavam em mais de 24% no final do governo FHC, são o componente mais letal e corrosivo. Eles representam a pílula de veneno dentro do copo de vinagre. Um vírus dentro do sistema operacional nacional. Um câncer que drena a energia e os recursos da sociedade brasileira. Uma auto-imposta e masoquista desvantagem que nos impede de crescer como poderíamos, em um momento no qual sócios do BRIC como a China, que estão livres dessa amarra, estão cada vez mais fortes.
Se quiser, o Governo Dilma Roussef, se não houver outras razões, já tem como garantir o seu lugar na história, libertando nossa gente da escravidão dos juros, que seqüestra boa parte da renda de milhões de famílias brasileiras, e fazendo com que essas centenas de bilhões de reais que desaparecerem pelo ralo todos os anos se transformem em mais consumo, em mais empregos, em mais produtos.
O Brasil não pode continuar a ser refém do “mercado” e dos prepostos que com ele colaboram, em jornais e emissoras de televisão, no permanente logro e manipulação da opinião pública.
Não se pode falar em desoneração da Folha de Salários, quando o maior ônus que as empresas enfrentam, e o maior componente do Custo Brasil está justamente nos juros que transferem boa parte dos ganhos obtidos pelo setor produtivo para o mercado financeiro.
Poderíamos começar revertendo as expectativas, tão falsas como incorretas, do “mercado”, deixando, simplesmente, de emitir o Boletim Focus do Banco Central. O “mercado” precisa saber o que a autoridade monetária está decidindo e não o contrário.
Mesmo com cortes automáticos mensais de 0,5% na taxa de juros da taxa SELIC, ainda assim levaríamos 20 meses para chegar a um patamar civilizado de juros ao final do atual governo. Um tempo precioso na corrida que disputamos com as grandes nações. E ninguém poderia ser acusado de ser imprevisível ou de não dar tempo às instituições financeiras para se adaptarem.
Essa é a vez dos BRICS. O Brasil pode crescer junto com eles, e com eles mudar o planeta no Século XXI.
Ou continuar vivendo no anacrônico mundo de faz-de-conta que nos foi impingido, do ponto de vista econômico, pela Europa e os Estados Unidos no Século XX, perdendo, mais uma vez, o bonde da história.

Em defesa de Lula

Em qualquer parte do mundo, sob qualquer avaliação séria, o que Lula logrou produzir no Brasil é considerado quase um milagre. Não deveria espantar, no entanto, a falta de memória popular eternamente cantada em verso e prosa, apesar de que a imensa maioria dos brasileiros ainda tem consciência da obra do ex-presidente.
Compreendo que os inimigos de Lula, essas amebas que sabotaram o Brasil durante os oito anos anteriores só para atingi-lo, tentem agora destruir a memória nacional sobre os prodígios que este país conseguiu ao fim da primeira década do século XXI.
Como, além de mesquinhos, os inimigos de Lula são covardes, não espanta que tentem se aproveitar do fato de ele não ter mais o púlpito da Presidência da República para se defender. Não compreendo, porém, quando o ataque parte daqueles que, ao apoiarem o governo eleito por mérito quase inteiro do ex-presidente, terminam por injustiçar Lula.
Ele vem sendo acusado, nos debates sobre a conjuntura política, de, pasmem, “não ter feito nada para democratizar a comunicação no Brasil” e de, no início de seu mandato, também ter sido considerado “traidor” de seus princípios ao adotar política econômica subserviente ao mercado.
Partindo da direita midiática, posso aceitar tal premissa. Mas é absurdo ver alguém que apóie de verdade o atual governo – e que, portanto, deve ter apoiado o anterior – dizer essas barbaridades sobre a era Lula.
O que primeiro chama a atenção é a falta de visão histórica em tal afirmação. Quem não consegue distinguir o estado em que Fernando Henrique Cardoso entregou o governo a Lula do estado em que o país estava quando o mesmo Lula passou a faixa presidencial a Dilma Rousseff, talvez não mereça resposta.
Ainda quero crer, porém, que essas pessoas estão meramente se deixando enganar. Não quererei crer que agem por má fé ao endossar a “faxina” do “lixo” da “herança maldita” que a direita midiática atribui a Lula. Portanto, quero refrescar memórias.
Lula recebeu um país arrasado, com inflação e desemprego nas alturas, estagnado economicamente, sem investimentos, sem reservas cambiais e sem crédito internacional, fosse financeiro ou conceitual. Entregou a Dilma um país pujante, internacionalmente reconhecido, crescendo fortemente, com quase pleno emprego e inflação sob controle.
Apesar disso, enfrentou a artilharia mais sórdida talvez desde Getúlio Vargas. Sua família, sua dignidade e até a sua sexualidade foram alvo de ataques incessantes. Tentou-se derrubá-lo com os mesmos “escândalos de corrupção” que a direita sempre usou para depor governos progressistas na América Latina.
Lula, com sua imensa inteligência política, soube enfrentar as críticas e os ataques com uma postura altaneira e com seus discursos sempre corajosos, por meio dos quais enfrentou os que diziam que não conseguiria governar. Fez isso desde que tomou posse pela primeira vez, em 2003.
Durante o processo eleitoral de 2002, em que se sagrou presidente da República, Lula deixou absolutamente claro, para quem nele quisesse votar, que não quebraria contratos e que não daria guinadas na convivência com o mercado financeiro internacional, infringindo as regras do jogo que, após a década anterior e o Consenso de Washington, tornaram-se compulsórias para as nações.
Este blogueiro jamais chamou Lula de traidor e entendeu perfeitamente sua postura relativamente contemporizadora até que, em 2005, eclodisse o escândalo do “mensalão”. Tinha, então, a consciência histórica da situação em que ele havia recebido o país e de que seria preciso pôr a casa em ordem antes de avançar em sua democratização, que passaria pela comunicação.
Após lograr o que se temeu que não ocorresse, reeleger-se em 2006, Lula estava livre para avançar na democratização da comunicação no Brasil. Em 2008, durante o Fórum Social Mundial, convocou a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que ocorreria cerca de um ano depois, ao final de 2009.
Lula delegou ao ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Franklin Martins a missão de elaborar um projeto de regulação da comunicação no Brasil que se inspirou nas legislações mais avançadas do mundo, tais como as de Estados Unidos, Inglaterra, França e, também, nas deliberações da Confecom.
O projeto de regulação da comunicação foi deixado pelo ex-presidente Lula após um longo processo, com dezenas de conferências pelos Estados, regiões e cidades, e com fóruns e seminários com autoridades da comunicação de outros países. Fez isso suportando artilharia imensa da mídia desencadeada justamente por conta do processo que a fazia sentir-se ameaçada.
Foi duro para Lula suportar a artilharia que sofreu da mídia por ter erigido o projeto que deixou ao fim de seu governo para colocar ordem no prostíbulo que é a comunicação neste país, com oligopólios ilegais que se valem de ações criminosas iguais ou piores do que as que já se sabe que praticam os tablóides britânicos controlados por Rupert Murdoch, entre outros.
Também foi preciso coragem para enfrentar grandes interesses a fim de transformar o Brasil em um país muito mais justo e pujante, um país que assombra por ter se tornado um mar de estabilidade e progresso em meio a um mundo caótico.  Lula fez isso graças aos milhares – eu disse milhares – de discursos políticos ao longo de seu governo de oito anos.
A cada frase que dizia – e que calava fundo no coração do povo – era fustigado pela direita midiática logo em seguida. Já em seu discurso de posse não deixou de mandar seus primeiros recados, lembrando o preconceito que teve que enfrentar para chegar aonde chegara. Dali em diante, nunca mais deixou de dizer sempre o que precisava ser dito.
Acompanhei, in loco, o processo de democratização da comunicação implantado em vários países da América do Sul, tais como Argentina, Bolívia, Equador ou Venezuela. Em todos esses países foi preciso muita coragem. Foram processos traumáticos, mas o povo fez a sua parte apoiando aqueles líderes e os países chegaram lá.
Entendi que os discursos de Lula não se traduzissem em ações tão intensas quanto as empreendidas nos países vizinhos. Queria processo menos traumático. Mas ele agiu, sim. O Conselho Federal de Jornalismo e a Ancinav foram tentativas frustradas porque não havia apoio no Congresso, mas pelo menos foram tentativas.
Quanto à “herança maldita” que a mídia diz que Lula deixou, sobretudo no que diz respeito a essa absurda herança de “corrupção”, é inaceitável. Toda administração pública pode conter corruptos. Acontece no governo federal, nos governos estaduais e municipais.
O fato de se colocar lente de aumento sobre problemas no governo federal não significa que sejam maiores ou menores nesse governo, nem o fato de que não se cobra “faxinas” em governos como o de São Paulo ou de Minas quer dizer que não exista corrupção neles. Apenas denota que a corrupção dos aliados da mídia é protegida por ela.
Este manifesto, portanto, é em defesa de Lula e de sua obra épica. Nele, peço respeito à memória de um governante que transformou este país para sempre. Uma memória que já se tornou um patrimônio nacional e que pessoas como este blogueiro lutarão para preservar enquanto tiverem um mísero sopro de vida dentro de si.

O Brasil seria maior se o PiG não fosse o PiG. Ley de Medios, já !

Este ansioso blogueiro foi dar uma palestra em Natal.

Ao chegar ao aeroporto soube que, depois de 14 anos, se tinha desfeito o nó que permitiu licitar o aeroporto de São Gonçalo do Amarante.

Clique aqui para ler “De Natal para o mundo, do mundo para Natal”.

Natal fica a 6 horas de avião de Miami e Lisboa.

(Se puder escolher, prefira ir a Lisboa …)

E a três horas de Cabo Verde.

Na II Guerra, Vargas e Roosevelt fizeram dali “o trampolim da vitória” , que acelerou o desembarque das tropas americanas no Norte da África.

É um ponto estratégico.

Também do ponto de vista econômico, claro.

Natal vai se transformar num hub de importação e exportação de mercadorias.

O que se reforçará, se for possível realizar dois velhos sonhos do Rio Grande do Norte:

- ampliar ali ao lado, no rio Potengi, um porto;

- trazer da Paraíba para Natal um braço da ferrovia Transnordestina, que vai ligar o interior do Piauí aos portos de Suape, em Pernambuco, e Pecem, no Ceará.

(Por falar em Ceará, em entrevista a Cynara Menezes, na Carta Capital, o governador Ciro Gomes contou que o Ceará enfrentou no ano passado uma das secas mais severas. E não se viu um flagelado, uma vida seca, uma morte e vida severina a bater na porta das igrejas do interior em busca de pão e água. Porque o sistema de açudes e barragens já existente deu conta do recado. E isso antes da conclusão da transposição do São Francisco, e do Água para Todos.)

Com o porto, se criará uma ZPE, uma zona especial de exportação, que, no Governo Sarney, morreu no Congresso, por obra e graça do deputado por São Paulo, José Serra.

Ele não queria que as ZPEs concorressem com a indústria de São Paulo.

(Depois não sabe por que o Nordeste não vota nele.)

Com o aeroporto, o porto e a ZPE, se instalarão indústrias para beneficiar os minerais e os produtos agrícolas que o RN produz em abundância.

A Governadora Rosalba Ciarlini, do DEM, assegura que mantém com a Presidenta Dilma Rousseff uma “relação republicana” e a ela atribui a licitação para o aeroporto.

Ciarlini conta com R$ 35 bi de investimentos no Estado, em quatro anos.

Da Petrobras, por exemplo, que acabou de encontrar outra jazida em águas do Rio Grande.

Por que cargas d’água este ansioso blogueiro insiste em falar do PiG, nesta rápida viagem a Natal?

Não tivesse ido a Natal, tudo o que ele saberia do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante é que foi a primeira licitação para a iniciativa privada construir aeroportos num Governo do PT.

Ou seja, o PiG (*) noticiou a vingança: a gente perde a eleição, mas vocês têm que fazer o que eu fiz (sim, porque o PiG é a verdadeira essência do PSDB).

Mal sabe o PiG que a Presidenta já disse à Carta Capital que vai privatizar o hardware dos aeroportos, mas, não o software – o controle estratégico, que é aquilo que o Cerra e o FHC venderam na Vale e nas teles e quase venderam na Petrobrax.

Se o PiG não fosse o PiG, aquele jn no ar, do piloto Ali e do co-piloto Kamel, pousava em Amarante para ver a pista já construída do aeroporto.

Como diz o amigo navegante Yacov, o Brasil não passa na Globo.

Por que ?

Primeiro, porque a Globo não tem software para entender e cobrir o Brasil do Nunca Dantes e da Presidenta.

Segundo, porque convém aprisionar o Brasil nos 45 minutos do jornal nacional.

E o jornal nacional tem mais repórter em Brasília – porque é mais barato e politicamente conveniente – do que padre na Praça de São Pedro.

Não interessa ao PiG e aos interesses que representa sair pelo Brasil.

Se o PiG não fosse o PiG, o Brasil seria maior.

A auto estima do brasileiro – que já vai alta, apesar do jn no ar – seria ainda mais vigorosa.

O entusiasmo com o progresso do Brasil se espalharia com mais rapidez.

O contágio seria mais célere.

E isso faria bem à Economia, ao consumo.

A mobilidade aumentaria.

Quantos jovens entrariam no Pronatec, de olho num emprego em Amarante ?

Há em construção no Brasil onze hidrelétricas.

E tudo de que o PiG fala é dos protestos contra Belo Monte.

Jantei em Natal, no restaurante Camarões com o empresário Amauri Fonseca, da Toli.

Ele tinha acabado de chegar de Porto Velho e estava impressionado com o impacto econômico das obras de Juruá e Santo Antônio no crescimento da cidade.

Trinta mil homens nas obras.

E tudo de que o PiG trata é dos bagres da Bláblárina.

Daí, a Ley de Medios.

Não porque vá ajudar a Presidenta a se re-eleger em 2014.

Mas, porque faz bem à democracia.

A informação é o antídoto contra o Golpe, dizia o velho Briza, que, 50 anos atrás, conseguiu montar uma Rede da Legalidade – veja as comemorações previstas para Porto Alegre, semana que vem – e deu posse ao presidente constitucionalmente eleito.

A nova Rede da Legalidade é a Ley de Medios.

Bem que o Ministro Bernardo podia pegar um jatinho e ir ao Palácio Piratini, em Porto Alegre, e visitar a sala de dez metros quadrados onde Brizola instalou a Rede da Legalidade.

Dez metros e um pouco mais em coragem.

Clique aqui para ler “Bernardo reclama da Globo. E a Ley de Medios ?”


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

O estupro que Amorim herdou de johnbim

    Publicado em 23/08/2011

por Luiz Cláudio Cunha

Publicado no Observatório da Imprensa

Na noite de 19 de maio passado, um soldado de 19 anos fazia a faxina no banheiro do alojamento de um quartel do Exército na cidade gaúcha de Santa Maria, terra natal do então ministro da Defesa, Nelson Jobim. De repente, sem nenhuma razão, foi atacado por outros quatro soldados, que o jogaram na cama e o violentaram várias vezes, em rodízio. Machucado, o jovem foi transferido em sigilo para um hospital militar, onde ficou internado durante oito dias. Só no quinto dia é que a família foi informada da internação, assim mesmo com uma falsa explicação: “Ele sofreu um mal súbito numa atividade interna do quartel”, fantasiou um militar aos pais do recruta.

A investigação interna do Exército corre sob sigilo militar, após a denúncia de um sargento sobre a violência sexual. Ninguém foi preso, já que não houve flagrante, e o inquérito já foi prorrogado, ampliando para três meses o mistério sobre o caso. O general Sérgio Westphalen Etchegoyen, responsável pela investigação, diz que a vítima foi isolada e mantida sob guarda pelo temor de que tentasse o suicídio. A mãe do jovem foi ameaçada de prisão, dentro do hospital, sob suposta “insubordinação contra autoridade militares”. Ainda na cama do hospital, o violentado ouviu o aviso de um soldado que fazia a guarda no seu quarto: “Tu vai se ferrar”.

O inquérito militar, segundo a família, deve concluir que tudo não passou de uma “luta corporal de brincadeira entre os rapazes”, complementando a divertida versão preliminar do Exército de “sexo consensual” do jovem, embora manietado por outros quatro soldados.

“Novas diligências”

Esta história escabrosa foi revelada com exclusividade, no final de maio, pelo Sul21, um site de Porto Alegre que escalou um repórter persistente, Igor Natusch, para acompanhar com destemor o caso. Estranhamente, ninguém mais da imprensa se interessou por este fato de inusitada violência cometida dentro de um quartel do Exército, em pleno regime democrático. O então ministro Nelson Jobim, procurado com insistência, não deu um pio, reforçando sua confissão de que vê os jornalistas como “idiotas sem modéstia”.


A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, ficou chocada ao ser informada pelo repórter, no final de maio: “Isso é um crime comum, que deve ser tratado pela Justiça comum. O Código Penal Brasileiro já não concebe mais a ideia de ‘atentado violento ao pudor’. Todo crime sexual é conformado como estupro. A existência da figura do ‘atentado violento ao pudor’ no Código Militar demonstra um imenso equívoco no ordenamento jurídico brasileiro. Vou conversar com o Comando do Exército”.


Se Maria do Rosário conversou, ninguém sabe, ninguém viu.


Em Brasília, o crime foi empurrado para debaixo do edredom.


Em Porto Alegre, a Assembléia Legislativa gaúcha foi mais corajosa. “O Exército precisa responder à sociedade sobre o que aconteceu”, disse o deputado estadual Miki Breier (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos. “Não é um caso de mau comportamento. É um fato gravíssimo, que pode manchar a imagem de uma instituição muito importante. Não pode ficar restrito ao foro interno do Exército”. O deputado Jeferson Fernandes (PT), enviado a Santa Maria pela comissão, conseguiu vencer o bloqueio em torno do jovem e conversar com ele. Voltou de lá ainda mais preocupado, ao ouvir sua resposta para a alegada tentação ao suicídio: “É o que eu mais penso, todos os dias”, confessou o recruta ao parlamentar, segundo relato do Sul21.


Apesar da solitária insistência do repórter Igor Natusch, a investigação militar patina, apostando na falta de reação popular e na indulgente memória coletiva. No final de julho, o Ministério Público Militar devolveu o inquérito sobre o estupro de Santa Maria à Justiça Militar, a pretexto de novas diligências, desta vez num celular apreendido que traria cenas de vídeo da violação. Não se sabe, até agora, quais os novos prazos para apresentar a conclusão das investigações.


Crime covarde


A baixa repercussão e a restrição de informações sobre o crime praticado no sul, dentro de um quartel, é um grave sintoma deste Brasil covarde: um país que não tem coragem de confrontar os crimes militares do presente não terá, jamais, força moral para resgatar os crimes militares do passado, como as torturas e violências (muitas sexuais) praticadas na longa ditadura de 21 anos instalada em 1964. O caso sigiloso, inconcluso e vergonhoso de Santa Maria é uma herança maldita que Nelson Jobim legou, sem dó nem consciência, ao seu sucessor Celso Amorim.


É um constrangimento – mais um – para a presidente Dilma Rousseff justamente quando o Ministério da Justiça abre em Brasília, a partir desta segunda-feira (22), a ‘Semana da Anistia’, embalada por um lema inspirador: “Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”.

O bravo site do sul e seu corajoso repórter estão fazendo a sua parte para que não se esqueça o covarde crime do quartel de Santa Maria.

Já os governantes civis e os comandantes militares não mostraram, até agora, o que fazem para que ele nunca mais aconteça.

***[Luiz Cláudio Cunha é jornalista]

A CABEÇA DE KADAFI E A OBSESSÃO MÓRBIDA PELA LIQUIDEZ

**sismo de 6.0 na Virgína evacua Pentágono e Capitólio ** vendas de imóveis novos recuam nos EUA;** confiança na economia desaba na Alemanha** confiança do consumidor cai na UE**  bombardeios da OTAN contra o Palácio de governo permitem que rebeldes tomem o último reduto oficial de Kadafi

A cabeça de Kadafi é uma guerra pequena para o porte da crise que paralisa a respiração da economia mundial.  No colapso de 29 foi preciso um conflito planetário para reativar recursos e forças produtivas empoçados  na economia. A reconquista do petróleo líbio e a reconstrução do país  dão  esperança de oxigênio para alguns países, como França e Inglaterra que lideram o ataque da Otan. Mas é bule pequeno para o tamanho da boca recessiva. Todas as atenções dirigem-se à próxima  6ºfeira, dia 26, quando o BC norte-americano , o Fed, realiza um encontro anual em Kansas City. Mas o que os EUA --fiscalmente anulados pelo Tea Party-- ainda podem fazer pela reativação do crescimento?  O efeito da dúvida tem gerado desdobramentos  preocupantes. A crise agiganta aquilo que Keynes considerava o principal inimigo do investimento produtivo indispensável ao crescimento estável: 'a obsessão mórbida pela liquidez'. O temor de uma recessão com eventual quebra de bancos e países empurra capitais ariscos à busca de abrigo em títulos  públicos do EUA. Mesmo a juro zero, esses papéis se mostram mais confiáveis do que as demais opções disponíveis no planeta. Bancos dos EUA tem US$ 1,6 trilhão estocados em caixa ou em papéis do Tesouro.Empresas podem ter outro tanto. Não investem em negócios produtivos, assim como bancos não emprestam à consumidores endividados, sem folga no orçamento. Colocar dinheiro a juro zero é o mesmo que guardar capital em caixa de sapato. Bancos e grandes corporações acham preferível aos riscos  visíveis num horizonte de mais recessão e agravamento fiscal, sobretudo na periferia da UE.  Desde maio, fundos norte-americanos reduziram em 20% suas aplicações em títulos de bancos europeus, pondo em xeque a solvência dessas instituições. A depender da conversa de Ben Bernanke na 6º feira, a revoada discreta pode se transformar em debandada  fatal. A quebra de um banco na área do euro poder servir como uma espoleta com potencial destrutivo equivalente à falência do Lehman Brothers, em 2008, marco bancário da crise mundial. A cabeça de Kadafi não tem sequer o potencial simbólico de Bin Laden. Morto pelos EUA em maio, elevou em 11 pontos a popularidade de Obama (56%). Durou pouco. Em 5 de junho, a crise e o desemprego reduziam esse cacife para 50%; em 29 de julho ele desceria para 40%.

Paulo Bernardo reclama da Globo. Ele e a torcida do Flamengo

23 de agosto de 2011 às 0:11
MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Além de totalmente inverídicas, são de grande irresponsabilidade as ilações que tentam fazer sobre meu comportamento como Ministro de Estado e o uso de aeronaves particulares. Esclareço que jamais solicitei ou me foi oferecido qualquer meio de transporte privado em troca de vantagem na administração pública federal.
Em 2010, quando era Ministro do Planejamento, participei, nos fins de semana, feriados e férias, da campanha eleitoral do meu Estado, Paraná. Para isso, utilizávamos aviões fretados pela campanha, o que incluiu aeronaves de várias empresas, que receberam pagamento pelo serviço. Não tenho, porém, condições de lembrar e especificar prefixos e tipos, ou proprietários, dos aviões nas quais voei no período.
Não existe relação entre o exercício do cargo de Ministro do Planejamento e fatos decorrentes da execução de obras públicas no estado do Paraná. Como deputado federal paranaense, nos anos 2003 e 2004, e a pedido do então Prefeito de Maringá, Sílvio Barros, reconhecendo a importância da obra para o Estado, nos empenhamos para obter recursos, através de emenda de bancada.
O Contorno de Maringá foi incluído no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento porque preenchia todos os critérios, como importância do projeto para a economia local e para a população. Defendi a inclusão do Contorno de Maringá no PAC, assim como de outras obras prioritárias em outras regiões do país, por uma razão simples: eram importantes para o desenvolvimento daqueles Estados, não porque iriam beneficiar esta ou aquela construtora.
REVISTA ÉPOCA
A Revista Época fez nos últimos dois meses, quatro matérias em que cita a mim ou à Ministra-Chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, com insinuações indevidas, algumas de forma absolutamente gratuita, sem me ouvir, como foi o caso da publicada na edição de 20 de junho de 2011, sob o título “Do Pantanal para Campinas”.
Este fato contraria os Princípios Editoriais das Organizações Globo que diz, na seção 2: “correção é aquilo que dá credibilidade ao trabalho jornalístico: nada mais danoso para a reputação de um veículo do que uma reportagem errada ou uma análise feita a partir de dados equivocados”.
Eu fui citado ao lado de uma grande foto, numa matéria totalmente alheia a mim, apenas porque deveria ser uma testemunha a ser ouvida.
Como se não bastasse, seguiram mais três novas matérias: “Os ministros indesejados”, publicada na edição de 10 de julho de 2011 ; “Mudar para ficar tudo igual”, edição de 17 de julho de 2011 e a desta semana “Por que ele não responde?”.
Tanto na matéria “Os Ministros Indesejados” como em “Mudar para ficar tudo igual”, segue um jogo de palavras, sem uma única fonte, com insinuações, sem nenhuma comprovação, expondo um ato legítimo de lutar por recursos para uma obra importante para o Estado, com malfeitos e desvios.
Novamente a Revista contraria outro item importante dos Princípios Editoriais das Organizações Globo que diz no item w da Seção 1: “denúncia anônima não é notícia; é pauta, mesmo se a fonte for uma autoridade pública: a denúncia deve ser investigada à exaustão antes de ser publicada.”
E por fim, quando, por causa dos antecedentes e insinuações colocados pelas reportagens anteriores, julguei desnecessário atender à reportagem da Revista Época, sou surpreendido com a matéria “Por que ele não responde?”, com novas insinuações sobre o uso de aeronaves particulares durante o ano de 2010.
De novo, a Revista contraria aqui os Princípios das Organizações Globo, no item e, da Seção I de que “ninguém pode ser perseguido por se recusar a participar de uma reportagem”.
Quero destacar que estou e sempre estive à disposição do Congresso Nacional para a prestação de quaisquer esclarecimentos que se façam necessários. Defendo, como sempre defendi, o máximo de transparência na utilização do dinheiro público. Considero este o meu dever e minha responsabilidade política.
Brasília, 22 de agosto de 2011
Paulo Bernardo Silva
Ministro das Comunicações
PS do Viomundo: É simples, caro ministro. É descobrir em que calo da Globo V. Exa. pisou. E retirar o pé, nem tão rápido que pareça covardia, nem tão devagar que pareça provocação.
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