Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Que palpite infeliz!

18/08/11 07:39 | Joaquim Castanheira - BRASIL ECONÔMICO

Foi curiosa, infeliz e preocupante a declaração do presidente da bolsa de Nova York, Duncan Niederauer, em sua recente visita ao Brasil, conforme relatou em sua edição de ontem o Brasil Econômico.
Segundo o executivo, o fortalecimento da economia dos países emergentes pode provocar volatilidade, riscos e, por tabela, crises mais profundas na economia global.
A opinião é curiosa porque Niederauer dirige uma instituição que apareceu como um dos epicentros do terremoto que abalou os mercados em 2008. Infeliz porque ataca justamente os países que evitaram que o desastre daquele ano se transformasse numa catástrofe de proporções transatlânticas.
E preocupante, pois revela falta de compreensão sobre a gênese e a dinâmica da crise que até agora não foi debelada. Sem entender a origem das turbulências financeiras dos últimos três anos, a retomada será cada vez mais penosa.
A análise de Niederauer demonstra, de fato, uma visão "americanicista" (com perdão do neologismo) da economia. Ou seja, cabe aos Estados Unidos e aos mercados financeiros ditar as regras e puxar o crescimento global. Segundo esse conceito, sem a predominância de americanos e de europeus não será possível inaugurar um novo período de prosperidade econômica global.
O problema é que a realidade está desmentindo essas premissas. O mais recente capítulo dessa história, desencadeado com a quebra do banco Lehman Brothers em setembro de 2008, teve como base a falta de controle dos mercados financeiros justamente dos países mais desenvolvidos.
China, Brasil e Índia, entre outros emergentes, têm sido responsáveis pela manutenção dos índices de expansão econômica nos últimos anos. As grandes corporações industriais e financeiras colhem a grande parcela de seus lucros (e em muitos casos a totalidade) nas economias que até agora eram consideradas periféricas.
Além disso, a volatilidade dos mercados não começou agora. Teve início, sobretudo, com a incrível revolução tecnológica, que elevou a velocidade de comunicação a patamares inéditos e possibilitou uma integração quase total entre mercados de todo o planeta.
Esse tipo de visão beneficia justamente aqueles que resistem a dividir com os emergentes o poder em organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, e, assim, permitir que China, Índia e Brasil, por exemplo, tenham voz mais ativa nos destinos da economia global.
Trata-se de uma atitude principalmente inócua - não há como evitar que esses países conquistem cada vez mais espaço, à medida que suas economias se tornam mais robustas e globalizadas.
Não aceitar essa nova realidade pode levar Estados Unidos e Europa a se distanciarem ainda mais da retomada do crescimento. Niederauer e outros analistas apressados podem continuar se queixando dos riscos trazidos pela surpreendente ascensão dos países emergentes.
Mas, enquanto fazem isso, não terão olhos e atenção para as enormes oportunidades que esses mercados oferecem. Eles não são o problema; são parte da solução.

Dilma mergulha o país na recessão novamente

Vítima da Dilma

Mais uma vez desprezando os conselhos e as advertências de Míriam Leitão, a usurpatriz-mór do país consegue piorar o que já estava ruim, mergulhando o Brasil mais uma vez na pesada recessão econômica retumbante e avassaladora. Novamente vez a incompetência feminina petista triunfa pela força das armas em meio aos homens de bem, espalhando a miséria, o terror e a desesperança por todos os lados. Pais de família ficarão desempregados, empresários fecharão seus negócios, capitães de indústria irão à bancarrota, os homens de bem não mais deixarão Miami para visitar esta terra, enfim, as trevas continuarão a dominar os céus, com os verdugos do PT assolando nossa Pátria.
campa fria
Infelizmente, com este desgoverno dilmístico, qualquer gripezinha lá fora se transforma em uma bronco-pneumonia dupla por aqui, sintoma da fase terminal que a nação doente entrou, restando somente a campa fria para o repouso final das vítimas do lullodilmismo atroz, essas pobres almas que não possuem Bombardier Global Express

CBF ameaça divulgar gravações contra diretor da Globo

RICARDO FELTRIN

EDITOR E COLUNISTA DO F5 (Fôia de Sumpaulo)

Márcio Neves/Gremio.net

Não vai ficar barato para a Globo sua repentina decisão de noticiar os escândalos envolvendo a CBF, Ricardo Teixeira e a Fifa. Agora surgiram indícios (ou insinuações) de que a entidade máxima do futebol brasileiro tem gravações de diálogos que comprometeriam Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes. Essas gravações não autorizadas foram feitas a partir de ligações telefônicas ou na própria sede da CBF. Elas revelariam quando e como a Globo manipulou o horário de partidas de times e da seleção, para atender a seus próprios interesses...


T de Vingança
Teixeira também teria gravações mostrando como Pinto (foto ao lado) e seus comandados globais agiram nos últimos anos, quando tinham acesso livre à CBF. Fonte desta coluna, que pede anonimato, informa que as gravações teriam diálogos permeados de arrogância, prepotência e desprezo completo de Campos Pinto e seus subordinados pela concorrência. Inclusive uma das gravações mostraria emissários da Globo usando termos chulos contra Record e até contra a Band, que hoje é parceira da Globo no futebol.

Prato pelando

A ameaça de levar as gravações a público teria por finalidade não só vingar Teixeira do que ele considera "traição", por parte da Globo, mas também colocar a emissora numa situação delicada junto à imprensa, a parceiros e anunciantes do esporte. Algo do tipo: "eu morro, mas você vai morrer! Morrer comigo! Bwahahaha! Bwahahahahahahahannn...". Tá bom, é só um jeito de dizer. Teixeira não dá risada como vilão de desenho... Vou continuar, agora sério...

Bombardeio

Campos Pinto está sob ataque de outro 'front', além do da CBF. Desafetos do diretor dentro da Globo ainda o culpam pelo fato de a emissora ter perdido a transmissão das Olimpíadas de Londres 2012 para a Record. Para esses executivos, a "soberba" do executivo o impediu de avaliar a situação corretamente. Ele subestimou a concorrente, afirmam.

Outro lado 1

Por meio da CGCom, a Globo informou que não vai se manifestar sobre o assunto, a menos que se torne um fato.

Outro lado 2

O F5 procurou o assessor de Teixeira, Rodrigo Paiva, deixou recado no telefone antecipando o assunto, mas não obteve resposta.

Mídia quer nova base para o governo Dilma Rousseff. Mas qual?




Osvaldo Bertolino
O Outro Lado da Notícia

Há uma equação que não fecha: a mídia volta a dizer que o Brasil está atolado até o pescoço na lama e que precisa de uma faxina, de preferência pelas mãos da presidenta Dilma Rousseff. O resultado disso, afirmam, é que a base de apoio do governo precisa ser removida para pôr outra no lugar. Mas qual? A que ela oferece conhecemos bem. Então, podemos concluir: sua grande tarefa é vender aos brasileiros uma tremenda farsa, uma gigantesca empulhação.
Quando tentaram fazer a mesma coisa com o ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva, o que se viu foi a sensação de alívio que tomou conta do país quando Fernando Henrique Cardoso (FHC) se uniu a Antônio Carlos Magalhães (ACM) e Jorge Borhausen, o capo do então PFL — hoje DEM —, para o que poderia  ser a “nova” base. Era a direita decrépita, com o devido perdão pela redundância. Foi reconfortante saber que eles, que mandaram tanto, já não mandavam quase nada.
Senadores
Hoje, não se sabe bem quem a mídia imagina que poderia cumprir esse papel. Os arroubos dos comentaristas, editorialistas e apresentadores se limitam à pregação moralista, encenada com um cinismo extremo. O esforço que fazem para parecer que estão falando sério chega ao patético.
Mais recentemente, apelaram para um grupo de senadores que ora se apresentam como ingênuos, ora como cínicos. Pedro Simon (PMDB-RS) puxou a fila. Depois vieram Cristovam Buarque (PDT-DF), Jorge Viana (PT-AC), Ana Amélia (PP-RS), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Eduardo Suplicy (PT-SP). Na tribuna do Senado e nos microfones da mídia, falaram pelos cotovelos mas em nenhum momento se preocuparam com o essencial: os fatos.
Falar com base no que saiu nos telejornais da TV Globo, nas páginas da Folha de S. Paulo, da revista Veja, do O Estado de S. Paulo e de O Globo é faltar com a mais elementar responsabilidade. Como dar crétido a um seguimento sabidamente sujo, corrupto à medula?
Realidade
Até o mais desatento brasileiro sabe que esse tropel tem como única finalidade as eleições de 2012, que balizarão a sucessão presidencial em 2014. Cada vírgula do que está sendo dito pesará nos pratos da balança eleitoral. Nesse festival circense, o que parece não é, e o que é hoje pode deixar de ser amanhã. Diante da salada de falsas questões, idéias sem nexo e fatos incompreensíveis servida diariamente no noticiário político, o que se tem, na maior parte do tempo, é desinformação.
Um mínimo de observação mostra que para dar crédito a alguma coisa é preciso aguardar a sua comprovação pela realidade. Caso contrário, corre-se o risco de tomar por essencial o que pode ser apenas transitório e levar a sério fenômenos que, no fim das contas, só acabarão sendo lembrados pelos 15 minutos de fama que tiveram na sempre desonesta cobertura das mídia. Nesse caso de mais uma cruzada moralista da direita, a primeira coisa a ser comprovada será a capacidade da presidenta, pessoal e política, de não ceder às chantagens.
É possível que Dilma Rousseff passe incólume por essa nuvem de impropérios — a mídia ainda não saiu a campo disposta a distribuir pedradas no Palácio do Planalto, embora tenha dado sinais de que pretende emparedar a presidenta logo, logo. Tudo é possível, no longo prazo. No presente, o que se pode dizer é que as acusações à base do governo não atraem muita simpatia; nem estão convencendo muita gente.
Esquema
O entendimento predominante parece que vem sendo o seguinte: se alguém deve alguma coisa, que pague à Justiça — não à mídia. O que vai ficando evidente é que mais esse ataque inescrupuloso é o tipo da coisa que tem tudo para dar em nada nessa pescaria em que procuradores de escândalos vêm jogando muito anzol e pegando pouco peixe.
É possível até que alguém monte algum esquema contra Dilma Rousseff e que, em nome da "liberdade de imprensa", os violadores da liberdade de imprensa se juntem a fim de ''vazar'' para o público ''detalhes'' sobre as falsidades e mentiras que estão sendo divulgadas. Em se tratando dessa gente que anda à base da corrupção desbragada, tudo é possível — menos a verdade.
É evidente que não podemos incorrer no mesmo erro deles, de acusar sem provas. Trata-se, com certeza, de uma das piores pragas que envenenam os atuais usos e costumes do ambiente político brasileiro. Acusações, suspeitas e indícios são divulgados pela mídia como se fossem provas de culpabilidade — e a pessoa envolvida se vê condenada antes que consiga abrir a boca para dizer uma única palavra em sua defesa. Mas há coisas que são evidentes demais. Os conluios da mídia com certas operações de representantes do poder público são explícitos.
Argumentar que o país precisa de uma “faxina” com base nessas práticas é algo embrulhado em espetacular hipocrisia. Seria ótimo se as forças políticas realmente comprometidas com a ética na política tivessem forças para avançar nas investigações e passar o Brasil a limpo de alto a baixo, de forma justa, democrática e séria. Mas no jogo político do Brasil de hoje, infelizmente a torpeza é uma moeda corrente.
Mundos e fundos
O problema é que o país está em campanha eleitoral, a mídia tem o seu programa de governo e, diante da necessidade real de tomar uma atitude, achou que o melhor a fazer era apresentar-se mais uma vez como a guardiã da fé.
É possível que os barões da comunicação mobilizem mundos e fundos — principalmente fundos — para sustentar o fogo das denúncias até às barbas das eleições de 2014, de modo a “sangrar” a presidenta, como anunciaram que fariam com Lula. Heraldo Pereira, da TV Globo, por exemplo, anunciou que a “imprensa” vai apurar todo o “esquema de corrupção” até o “último centavo'' — mas, na prática, até agora não esclareceu nem o primeiro.
Vamos enfrentar um incêndio por dia. Eles ignorarão o povo, com o qual não conseguem dialogar, e o próprio bom senso para tentar impor o seu coquetel goela abaixo dos brasileiros. A tática é deixar o eleitor sem entender patavina. Trânsfugas da esquerda, oportunistas de diferentes matizes e chacais enraivecidos serão cada vez mais acionados para este fim. Nessa selva, nunca se sabe onde está o inocente útil e onde está o vilão oportunista.

O Pentágono quer enlouquecer... os “jihadistas”! Acredite quem quiser

Copio aqui, então, o tal parágrafo, enterrado no meio da matéria, e que, se tivesse sido lido, faria os leitores saltarem, em pânico, das poltronas do domingo:
“Consideremos o que os especialistas norte-americanos em computadores estão fazendo pela internet, talvez o mais amplo paraíso seguro de terroristas, pela qual recrutam, levantam dinheiro e planejam ataques futuros em escala global.
Especialistas norte-americanos tornaram-se super eficientes no trabalho de forjar as assinaturas eletrônicas que a Al Qaeda usa para autenticar suas declarações e manifestos distribuídos pela rede, e postam ordens e instruções dirigidas aos militantes, algumas delas tão horrendas que, como o Pentágono espera, farão vacilar a convicção de jovens jihadistas, que ainda não se tenham decidido a abraçar definitivamente a causa; o plano do Pentágono prevê que, ante ordens para que executem ações tão terríveis, muitos jovens recuarão e se afastarão do movimento Jihad.”
Os itálicos são meus. Como os autores sugerem que façamos, espiemos por um momento por essa inacreditável, bizarra, pequena janela que se abre para o modo como o Pentágono pensa. Para começar, não se sabe onde trabalham esses “especialistas norte-americanos em computadores”. Talvez trabalhem no Pentágono, talvez em alguma sala do National Counterterrorism Center, mas, sejam quem forem e trabalhem onde trabalharem, a pergunta da semana, do mês, do ano é a seguinte: “Que diabo serão as tais “ordens e instruções” que distribuem, e que, de “tão horrendas”, “farão vacilar a convicção de jovens jihadistas, que ainda não se tenham decidido a abraçar definitivamente a causa”?
Mesmo que nossos especialistas em computadores fossem, de fato, capazes de convencer jovens muçulmanos ainda vacilantes a desertar de suas crenças jihadista – e eu não apostaria um vintém nas competências do Pentágono nesse campo –, o que estará acontecendo com jovens muçulmanos (e também velhos, por que não?), que absolutamente não sejam vacilantes e já se decidiram a abraçar definitivamente a causa... E que tomem como autênticas as ordens “horrendas” que recebam (do Pentágono), para praticar ações “tão terríveis”?!
É situação potencialmente Frankenstein – e só nos restam perguntas e mais perguntas. Que tipo de monstros os especialistas militares do Pentágono (especialistas em computadores) estão fabricando?
Outra pergunta: quem, exatamente, supervisiona o trabalho desses “especialistas” e as mensagens “horrendas” que saem da cabeça deles? (Deve-se supor que não escrevam em inglês; e todos sabemos que agentes realmente competentes nas línguas árabe, pashtum, dari e farsi – escritas! – são poucos no Pentágono, não estão todos no mesmo local e, assim sendo... Quem confere o que seja lá quem for realmente escreve?!)
Não podemos esquecer que já tivemos exemplo de programa semelhantemente alucinado, sem supervisão possível, que acabou sendo descoberto, chegou aos jornais revelado como escândalo e resultou na morte – real, não cenográfica – de pelo menos dois agentes da Polícia de Fronteira dos EUA, além, é claro, de muitos mexicanos.
No final de 2009, a Agência Federal do Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos lançou um hoje infame programa de rastreamento de armas no Arizona, chamado “Operação Rápidos e Furiosos” (referência a uma série de filmes sobre carros e disputas de ‘rachas’ urbanos). O objetivo era rastrear as armas que os cartéis de drogas vendiam através da fronteira; para tanto, o programa fez circular pela fronteira armas reais; como depois se soube, mais de 2.000. Segundo o Washington Post, os agentes da polícia de fronteira “receberam instruções para não agir nem questionar [os contrabandistas de armas], e deixar as armas serem levadas, com o objetivo de descobrir para onde iam”. Foi exatamente o que os agentes fizeram durante mais de um ano, até que se descobriu – e não se sabe quem ainda não sabia disso – que as armas “chegaram às ruas” e às piores mãos imagináveis.
Jon Stewart, no programa Daily Show, levantou problema interessante: “Se o Plano que a Agência Federal de Armas de Fogo aprovou para impedir que armas norte-americanas caiam na mãos dos cartéis de droga é fornecer armas americanas aos cartéis de droga... Queria saber, por favor: Que planos eles rejeitaram?”
Pode-se fazer a mesma pergunta também sobre o programa anti-jihadismo do Pentágono, que envolve mensagens que, supostamente, devem soar ‘extremistas demais’ aos ouvidos de jovens muçulmanos, a ponto de levá-los a abandonar o movimento. Não seria hora de alguém tomar providências para saber que ‘ordens’ horrendas o Pentágono anda distribuindo para jihadistas?
O que, diabos, os tais “especialistas” estão mandando os jihadistas fazerem? E se, em vez de levá-los a desistir da causa, as ordens “horrendas” forem tomadas ao pé da letra? Afinal, se os jovens jihadistas são pressupostos “confusos e contráditórios”, nada impede que tomem as “ordens horrendas” como... perfeitamente exequíveis e, mesmo, altamente recomendáveis para imediata execução! E se isso acontecer, e os jihadistas interpretarem as ordens de modos não previstos pelos seus mandantes do Pentágono... E se alguém morrer numa dessas “ações horrendas”? E mesmo que em alguns casos funcionem como o Pentágono prevê que funcionem, o que impede que as mesmas mensagens funcionem diferentemente, noutros casos? E o que impede, por exemplo, que algumas daquelas “ordens horrendas” sejam horrendas a ponto de ordenar ações contra norte-americanos?
Não há dúvidas: alguém deve imprimir aquele parágrafo de Schmitt e Shanker num cartaz gigante e colar num muro que se veja do Capitólio, até que alguém exija ampla investigação do ‘programa’ do Pentágono para jihadistas jovens. Se já aconteceu no Comitê de Armas de Fogo, por que não aconteceria também no Pentágono? Alguém consegue pensar em malversação mais completa, do dinheiro dos contribuintes? (...)
Não pensem em “contenção” nem em “detenção”. Pensem em receber o troco, pelo que os EUA estão fazendo ao mundo. E se algum dia descobrirmos que “especialistas em computadores” a serviço do Pentágono e sob ordens do Pentágono podem ser os responsáveis por algum ataque “horrendo” contra nós mesmos?


Nota dos tradutores


11/8/2011, Tom Engelhardt, Tom Dispatch
Aug 17, 2011 Asia Times Obline,
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Inclua o que você lerá adiante na categoria dos parágrafos de jornal que ninguém leu, mas que, se lidos, poriam a nação de cabelos em pé. É parágrafo para provocar calafrios nos políticos, disparar os alarmes de incêndios e catástrofes e ‘ameaças’, e seria excelente motivo para que os deputados e senadores mudassem de assunto e parassem, afinal, de fingir que discutem a ‘crise’ da dívida dos EUA.

Semana passada, dois repórteres do New York Times, Eric Schmitt e Thom Shanker, publicaram matéria na Sunday Review daquele jornal sob o título “Depois do 11/9, uma era de espiões que são cozinheiros, funileiros, encanadores, pedreiros, carpinteiros, alfaiates e jihadistas”.[1] A matéria comentava os mais recentes avanços do pensamento do Pentágono sobre contraterrorismo: a teoria da “detenção” [orig. deterrence]. (Evidentemente, um amálgama de velhas ideias sobre “contenção” da Guerra Fria, com bomba atômica para destruir quem não se deixe “conter” e tenha de ser “detido”, requentadas pelos rapazes que habitam hoje, em tempos de Jihad, o prédio de cinco lados.) O artigo de Schmitt e Shanker é, como os leitores são informados em nota, adaptação de pesquisa que os repórteres estão fazendo para seu próximo livro, Counterstrike: The Untold Story of America’s Secret Campaign Against Al Qaeda.

EUROPA CAVA O FUNDO DO ABISMO. OBAMA JÁ COGITA UM BNDES E UM PAC


A economia do euro está parando. Mergulhada numa tempestade perfeita de asfixia fiscal, desemprego, retração da demanda e vazio assustador de liderança, o continente alterna dias de falso alívio com outros de puro desespero. A quinta-feira é do desespero. Carteiras de ações queimam nas mãos de fundos e investidores que entopem as bolsas com ordens de vendas movidas pela certeza de que amanhã será pior que hoje e qualquer alívio pertence ao ramo das miragens. Pregões despencam nas principais praças. Ventos frios transformam temores em confirmações: França e Alemanha desaceleram; dos EUA chegam números da mesma deriva: vendas de imóveis usados caíram ao nível mais baixo desde 2009; pedidos de seguro desemprego crescem; atividade industrial tombou em Nova Iorque e embicou na Filadelfia. Há coisas piores no cardápio dos próximos dias: em setembro a Itália terá que levantar 50 bilhões de euros para girar sua dívida pública da ordem de 120% do PIB. Os centuriões do euro, Sarkosy e Merkel, jogaram água fria nas esperança de um reforço no fundo europeu de estabilização que pudesse prefigurar uma unificação fiscal solidária. Ao contrário, o que fizeram foi dardejar ameaças de entregar aos leões da especulação as nações que não cumprirem metas de arrocho fiscal em plena recessão.. Não por acaso a bolsa de Milão caía 5,7% na tarde desta 5º feira. As portas vão se fechando. A esperança de que o mundo possa evitar um rastejante ciclo de crise longa e dissolvente, como diz Maria da ConceiçãoTavares, esfarelam-se com maior velocidade cada vez que as lideranças conservadoras abrem a boca e fecham os punhos a bradar mais ortodoxia neoliberal para acudir o desfalecimento do mundo criado por 30 anos de neoliberalismo. Os detentores de carteiras que dependem de robustez econômica engrossam as manadas pró-cíclicas escavando o fundo do abismo das cotações. Uma luz tardia vem das palavras de Obama em sua caravana pré-eleitoral no Meio-Oeste americano. Acossado por críticas à direita e ao centro, o democrata fala em relançar o emprego na maior economia capitalista da terra com incentivos a pequenos e médios negócios. Num vislumbre de ativismo fiscal algo anacrônico depois da derrota para o arrocho do Tea Party, Obama chega a acenar com a criação de um banco de desenvolvimento para infraestrutura. Ou seja, um banco de investimento estatal.Se decidir peitar seus ortodoxos, Obama poderá buscar experiência no maior banco desenvolvimento do mundo: o BNDES. Três vezes maior que o Banco Mundial, graças a ele o país pode acionar uma outra ferramenta anti-cíclica que hoje faz falta aos EUA e demais redutos da autossuficiencia dos mercados:o PAC, plano de aceleração do crescimento, alavanca keynesiana que reúne R$ 1,5 trilhão em obras nos próximos anos, sendoR$ 960 bi até 2014. Números e conceitos de causar urticária em Sarah Palim,assim como provoca brotoejas em seus seguidores tropicais.
(Carta Maior; 5º feira, 18/08/ 2011)

Como diria aquela atriz: “Brasileiro é tão bonzinho”

por Luiz Carlos Azenha
A atriz Kate Lira, com sotaque americano, dizia isso num programa de humor da TV: “Brasileiro é tão bonzinho”.
Ela supostamente não entendia a malandragem dos brasileiros, que agradavam a loira de belas formas com segundas intenções.
Mas a malandragem, como sabemos, é deles.
Walt Disney inventou o Zé Carioca em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, como parte da política de boa vizinhança de Washington.
Não bastou para garantir a base aérea de Natal, essencial para o abastecimento das tropas aliadas na África, mas nos dá a medida da importância política da cultura.
Hoje Hollywood continua sendo uma das indústrias mais vibrantes dos Estados Unidos.
A Índia tem Bollywood.
A Nigéria, Nollywood.
O entretenimento será um setor cada vez mais rentável da economia.
Produzir filmes e programas de TV não significa apenas promover a cultura brasileira, mas também a possibilidade de ampliar o mercado para nossas emissoras e produtoras independentes em direção a Portugal, Angola e Moçambique.
No entanto, quando o Congresso aprova um projeto que exige três horas e meia de programação semanal produzida no Brasil no horário nobre das TVs a cabo, o que equivale a meia hora por dia, tem gente que estrila contra o que seria “dirigismo” estatal.
Ou seja, Hollywood nem precisa gastar fazendo lobby no Brasil, que os próprios brasileiros fazem lobby de graça para Hollywood.
É por isso que a Kate Lira dizia: Ah, esses brasileiros, tão bonzinhos!
PS do Viomundo: A síndrome é tão profunda que, no sorteio da Copa, a Globo vestiu uma saia comprida na Ivete Sangalo e a “domou” com alguns violinos, para fazer a gente se parecer menos com a gente e não assustar as visitas.
O senador que faz lobby, ainda que sem querer, para Hollywood
Leia aqui a lista de cotas existentes em países de todo o mundo
Heloisa Villela pergunta: Afinal, o que quer o Brasil?

A Primeira Guerra Mundial da Globo


Coluna Econômica
As Organizações Globo estão enfrentando sua Primeira Guerra Mundial, desde que tiraram da Tupi o cetro de emissora de maior audiência do país - nos longínquos anos 70.
Nos próximos dias será decidida a questão da transmissão do campeonato de futebol brasileiro. Não se trata de um mero evento esportivo. Se perder a disputa, a Globo colocará em xeque toda sua programação do horário nobre – baseada no hábito diário de acompanhamento de novelas e de jornais televisivos.
Pela primeira vez, poderá perder a liderança de audiência no país.
***

A ameaça é da TV Record, que promete uma proposta de R$ 550 milhões para conseguir os direitos de transmissão junto ao Clube dos 13. Por trás da disputa, há mudanças relevantes na legislação de direito econômico brasileiro.
***
Cada clube esportivo detém direitos de imagem sobre seus jogos.
Para administrar seus interesses, anos atrás a Globo incentivou a formação do Clube dos 13, incumbido de negociar em bloco os direitos dos seus associados – maiores clubes nacionais.
Nos Estados Unidos, por exemplo, grandes clubes recebem direitos de arena superiores aos pequenos clubes. Sob o argumento de que as condições brasileiras eram diferentes, a Globo conseguiu equalizar os direitos de transmissão – todos recebendo a mesma quantia, tática fundamental para transmissões pela televisão aberta, na qual não é possível o pay-per-view (pagar para assistir).
Se um clube com maior audiência ia reclamar, era encaminhado ao Clube dos 13, que tratava de demovê-lo de suas pretensões.
Mais ainda. Através de um contrato leonino, a Globo tinha uma cláusula de preferência, direito ao último lance em cada leilão de transmissão de campeonato. Ou seja, depois do último lance, ela tinha o direito de cobrir a proposta apresentada.
***
Esse modelo foi questionado no CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico). A Globo e o Clube dos 13 foram obrigados a assinar um termo de compromisso estabelecendo condições transparentes de disputa. Isto é, cada concorrente chegando com um envelope com sua proposta.
***
Primeiro, a Globo chamou os clubes e tentou convencê-los a baixar o preço, sob a alegação de que a audiência do futebol vem caindo há tempos e o mercado não aceitaria pagar grandes lances pelos direitos de transmissão.
Não conseguiu disfarçar sua preocupação maior: no mundo todo, a emissora que tem o esporte mais popular lidera a audiência. Se perder o futebol, perde a liderança.
O problema maior surgiu na seqüência.
Em outros tempos, não haveria competidores. Apenas uma vez o SBT ousou competir, levando o Campeonato Paulista. Band e Rede TV nunca tiveram bala na agulha.
Agora, apareceu a TV Record dispondo-se a elevar o lance a R$ 550 milhões para a TV aberta. No setor de TV fechada, começa a competição com as teles e, na área da Internet, com os portais.
***
A reação da Globo foi tentar implodir o Clube dos 13. Através de Ronaldo e de comentaristas esportivos conseguiu cooptar o presidente do Corinthians.
Seja qual for o resultado da pendenga, trata-se de um capítulo central nas transformações pelas quais passa a mídia brasileira.

Foi Cerra quem derrubou Rossi ?

 Nas últimas semanas, Rossi foi alvo de inúmeras denúncias de irregularidade, consideradas por ele “falsas”. “(…) Durante os últimos 30 dias, tenho enfrentado uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública”, declarou o ministro numa longa carta de demissão. “Tudo falso, tudo rebatido. Mas a campanha insidiosa não parava.”

Demonstrando amargura e rancor, na carta o ex-ministro critica a imprensa e diz saber de onde partiu a “campanha” contra ele. Segundo Rossi, a motivação foi política e estaria relacionada à disputa eleitoral em São Paulo. De acordo com relato de pessoa próxima ao ex-ministro, ele se refere na carta a José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República em 2010. Por meio de sua assessoria, Serra informou que não se pronunciaria sobre a carta de Rossi.

“Todos me estimularam a continuar sendo o primeiro ministro a, com destemor e armado apenas da verdade, enfrentar essa campanha indecente voltada apenas para objetivos políticos, em especial a destituição da aliança de apoio à presidenta Dilma e ao vice-presidente Michel Temer, passando pelas eleições de São Paulo onde, já perceberam, não mais poderão colocar o PMDB a reboque de seus desígnios”, afirma Rossi no documento.

A razão para acreditar que Serra estaria por trás da suposta campanha contra ele, revelou uma fonte, estaria relacionada à hipotética influência do tucano em órgãos de imprensa. Rossi acredita que o que motivou a referida “campanha” teria sido o crescimento do PMDB em São Paulo, onde a sigla é presidida pelo filho do ex-ministro, Baleia Rossi.
Cerra não devolveu os telefonemas do Valor.
No ponto mais agudo da campanha presidencial de 2010, a excelente articulista do Valor (que falta ela faz !) Maria Inês Nassif fez algumas observações singelas sobre o Padim Pade Cerra.

Este ansioso blogueiro soube – de fonte que não pode identificar – que Cerra reclamava muito da seção “Política” do Valor.

Um dos motivos da critica poderia ser, talvez, a Inês.

Até onde este ansioso blogueiro sabe – da fonte que não pode identificar – Cerra teria argumentado: por que um jornal de Economia trata de Política ?

Ele talvez tenha razão.

O Romero que o diga.

Para que, não é isso ?

Pano rápido.

Em tempo: Dilma aprovou o nome de Mendes Ribeiro para o lugar de Rossi na Agricultura.

Paulo Henrique Amorim

Venício e a Ley de Medios americana.Aqui, nem pensar ! A Globo não quer

 

Hundt e Ali Kamel: que filosofia prevalecerá ?
O Conversa Afiada reproduz artigo do professor Venício A. de Lima, antes publicado no Observatório da Imprensa.

REGULAÇÃO EM DEBATE

Reed Hundt, a FCC e o Brasil

Por Venício A. de Lima

A edição nº 604 do Observatório da Imprensa na TV, programa dirigido pelo jornalista Alberto Dines (TV Brasil, terças-feiras, 22h) exibido em 2 de agosto último, dedicou-se a debater a entrevista de Reed Hundt, ex-presidente da Federal Communications Commission (no período 1993-1997) – o órgão regulador das comunicações nos Estados Unidos –, concedida ao correspondente Lucas Mendes, em Washington, no início de julho (o vídeo do programa está disponível aqui).

Creio ter sido esta a primeira vez que um canal de televisão no nosso país discute como é feita a regulação da mídia nos EUA por uma comissão federal criada há mais de 77 anos, e que hoje “regula as comunicações interestaduais e internacionais via rádio, televisão, fio, satélite e cabo” (ver aquia declaração de princípios da FCC).

A ausência histórica dessa pauta na grande mídia brasileira é eloquente por si mesmo.

Registre-se que Reed Hundt é um legítimo representante da business community americana, tendo sido um dos responsáveis pelas negociações na OMC que definiram as regras para a onda mundial de privatizações nas telecomunicações, inclusive no Brasil (cf. Venício A. de Lima, Mídia: Teoria e Política, Perseu Abramo, 2001; cap. 3). Sua entrevista, em 2011, nos remete a outras e revela – ainda uma vez mais – como estamos incrivelmente atrasados quando se fala em regulação das comunicações.

A defesa da regulação

Quando aqui esteve em 1995 – 16 anos atrás –, Hundt foi celebrado pela IstoÉ como “o revolucionário americano”. Ele comandava, segundo a revista, “o admirável mundo novo construído a partir de fibras óticas, satélites, telefones, computadores, televisão, rádio e outros veículos de comunicação”, vale dizer, a “era das comunicações”.

Trata-se, por óbvio, de posições expressas por Hundt, não necessariamente o que de fato veio a prevalecer no setor de comunicações nos EUA, mas da longa entrevista realizada por Osmar Freitas Jr., ainda em Washington (cf. IstoÉ nº 1362, de 8/11/1995; pp. 4-7), vale destacar: a defesa da regulação das novas tecnologias; da imparcialidade política da televisão; da necessária isenção dos reguladores; e o compromisso com a competição no mercado e com o interesse público.

Perguntado “por que um país necessita de uma organização governamental [a FCC] interferindo no setor de comunicações”, Hundt respondeu:

“Principalmente porque é indispensável, dentro da área de comunicações, a presença de experts regulando o uso da tecnologia de comunicações (sic) e não permitindo que esta tecnologia seja usada para favorecimentos apenas parciais. Nós não queremos, por exemplo, que a televisão deste país seja apenas republicana, ou apenas democrata, apoiando um único partido. Queremos que a televisão americana seja a mais imparcial possível. Também não se pode admitir que os reguladores – aqueles que fazem as regras – sejam parciais”.

Depois, perguntado “como são realizados os entendimentos entre o Estado e o setor privado nos EUA”, respondeu:

“Como se sabe, nós americanos somos realmente um modelo no que diz respeito à competição de mercado (…). A razão pela qual nós acreditamos e apoiamos a concorrência não é por acharmos que o mercado pode regular tudo ou irá resolver todos os problemas. (…) A competição no mercado ajuda a combater o desemprego, criando novos trabalhos e abrindo novos campos de ação. Nós temos dois ideais principais em nossa política de comunicações. Primeiro, é o incentivo da competição do setor privado. E o segundo é o de promoção de benefícios públicos. Entendemos que a revolução das comunicações tem de promover benefícios públicos para todo mundo. Nos não podemos ser um país de riquezas privadas e pobreza pública. Nós temos que ser um país de riqueza privada e riqueza pública. A tecnologia de comunicações pode proporcionar esta equação.”

Mais tarde, Hundt foi ser consultor da McKinsey & Co. entre 1998 e 2009, uma das maiores empresas de consultoria do mundo, responsável direta pelo “desenho” do processo de privatização das telecomunicações realizado no Brasil. Os republicanos liderados por Michael Powell – filho do ex-secretário de Estado Colin Powell durante o governo Bush – iniciaram, então, um processo de “flexibilização” das regras que restringem a propriedade cruzada da mídia nos EUA.

Hundt reagiu a essa política por meio de uma incisiva entrevista concedida a Erick Boehlert na Salon.com, em maio de 2003, na qual ele antecipa que a desregulamentação interessava e beneficiaria politicamente aos conservadores em detrimento da multiplicidade de vozes na mídia (ver aquia íntegra da entrevista).

O que você acredita estar por trás das pressões pela desregulamentação?

– Eu acredito que fundamentalmente o que temos é um debate político (…).

Quem serão os grande vencedores?

– Bem, o movimento conservador controla a FCC, as cortes de Justiça, o Congresso, a Casa Branca.

Então você acredita que a política é mais do que uma pequena parte do que está acontecendo?

– A política é sempre a maior parte de toda [medida] antitruste, e o debate agora é “como aplicar antitruste à mídia?”, o que tem sido o trabalho tradicional da FCC. Assim, não surpreende que a política constitua a maior influência determinante no que vai acontecer.

(…)

E porque [o presidente Clinton]se opôs à propriedade cruzada entre jornais e televisão?

– Porque ele acreditava que todos os diferentes pontos de vista deveriam ter voz na comunicação de massa. Essa não é uma idéia radical. No passado, os Republicanos também acreditavam nisso.

(…)

Quando a FCC de fato abandonou a tarefa de regular?

– Eu não creio que abandonou (…). É regulação insistir numa estrutura de mercado que garanta múltiplas vozes. Isso é regulação boa, saudável. Nós não precisamos de regulação que diga às pessoas o que falar. Mas a política antitruste sempre tem sido usada para promover a diversidade em todas as indústrias. E nunca existiu uma indústria onde [a política antitruste] seja tão importante quanto a mídia.

Curiosamente, na entrevista concedida ao Observatório na TV, em 2011, apesar de manter seu compromisso com a necessidade de intervenção do Estado para garantir a competição no mercado e, assim, garantir o sucesso da iniciativa privada, Hundt já não acredita na necessidade de controles à propriedade cruzada nos EUA. Segundo ele, “no mundo virtual” (?!) não há mais investidores interessados na mídia impressa.

Não é isso o que pensa a própria FCC nem o Judiciário nos EUA (ver “Propriedade cruzada, lá e cá”). Ademais, a propriedade cruzada não se reduz ao controle simultâneo, no mesmo mercado, de mídia impressa e eletrônica.

Lições para o Brasil

De qualquer maneira, merecem registro as posições de Reed Hundt sobre a regulação das comunicações. Entre nós o tema não é sequer discutido na grande mídia. E, faz tempo, aguarda-se que o Poder Executivo apresente à sociedade uma proposta de marco regulatório para o setor.

Não há dúvida: neste campo estamos – mesmo – muito atrasados.

***

[Venício A. de Lima é professor titular da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011]

OS ALQUIMISTAS DA ÉTICA


Mais de R$ 1 bi sonegados à receita por uma rede de 300 empresas da área química desdobraram-se em saldos em paraísos fiscais, iates, ilhas paradisíacas e mansões. A transmutação do que seria fundo público em lucro privado foi interrompida pela operação 'Alquimia', da PF. Na mesma 4º feira caía o quarto ministro do governo Dilma, acusado de corrupção. O duplo episódio suscita considerações. A primeira diz respeito à extensão do golpe desvelado pela PF. Trata-se de predação superlativa comparativamente ao abominável varejo político do afano feito de porcentagens, nepotismo e caronas em jatinhos. A outra  remete à alquimia ética da mídia. Nossos murdochs costumam reservar à política e instituições públicas o rigor de um torquemada.  Ótimo. Dobram-se, todavia, quando o malfeito emerge dos mercados. Assim é que o neoudenismo reverbera agora as defecções ministeriais como start para o coro do ‘mar de lama', com o qual tenta ofuscar a superioridade histórica do ciclo presidencial do PT.  Nada remotamente próximo ocorre quando o escândalo frequenta a esfera dos mercados. Do que se trata, afinal, a crise financeira se não do sistêmico intercurso de corrupção e fraude entre opacas  corporações, governos complacentes e auditorias amigáveis? Mitigam neste caso o que é sistêmico em exceção. Assim os torquemadas trataram o caso Enron. Sétima maior empresa dos EUA, suas ações foram avaliadas em US$ 85 pelo Morgan Stanley em 12/07/2001 e assim recomendadas; em 9 /10/2001 a Merryl Linch ajuizou-as em US 45. Em 02/12/ 2001, a Enron quebrou. Quem se fiou na auditoria da Arthur Andersen, que por 10 anos atestou a excelência financeira da fraude,viu ações virarem pó. O mesmo se deu com a Goldman Sachs. Dias antes da explosão das subprimes,esse altar do jornalismo conservador recomendou a compra de títulos podres dos quais sua própria tesouraria se desfazia às pressas. A lista imensa cabe numa palavra: desregulação. Dinheiro que se autofiscaliza; mercados que se autocorrigem. Ou ainda, Estado mínimo. Não foi esse, por décadas, o tripé de eficiência apregoado pela mídia? A mesma que, entre nós, não poupou obuses à extinção da taxa de 0,38% sobre cheques, na verdade sobre grandes fortunas que assinam grandes cheques? À moda Tea Party,  blindados demotucanos e sapadores midiáticos lograram destruir a CPMF em 2007, subtraindo R$ 40 bi ao SUS. Aos que celebravam a vitória contra o ‘custo Brasil' o ex-ministro Adib Jatene retrucou: 'Dos cem maiores contribuintes da CPMF, 62 nunca tinham pago IR; ela identificou os  sonegadores e a arrecadação federal triplicou. Aí começou a  brutal campanha contra'. Possivelmente a operação 'Alquimia' tivesse sido dispensável se em vez de extinta, a CPMF fosse aperfeiçoada como antídoto à lavagem e corrupção. Mas a alquimia ética da mídia vetou-a.
(Carta Maior; 5º feira, 18/08/ 2011)