Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Secretária de Piñera ameaça de morte líder estudantil


Acabo de ler no Vermelho (e confirmei a notícia em sites chilenos) que uma alta executiva do Ministério da Cultura do governo de Sebastian Piñera, postou em seu Twitter a seguinte mensagem: "Se mata a la perra y se acaba la leva". Mata-se a cadela e acabou-se a confusão. Tatiana Acuña Selles (é o nome da moça) citou ninguém menos que Pinochet. Trata-se de uma famosa frase do ditador em referência a Salvador Allende.  No caso de Acuña, ela a usou para se referir à Camila Vallejo, uma das líderes estudantis responsáveis pelas recentes manifestações em prol de uma melhor política para a educação pública. Devemos ter em mente esse tipo de declaração para nos lembrarmos bem o que significa ter um governo de direita. Ao conservadorismo latino-americano (no resto do mundo também, mas fiquemos por aqui), com sua recusa ao diálogo, com seu preconceito profundo contra o próprio diálogo, não resta outra saída que não a brutalização do adversário.

Se um ministro de Hugo Chávez falasse algo do gênero, provavelmente diversos jornais do Brasil e de outros países estampariam uma chamada na primeira página: "funcionário chavista ameaça de morte líder estudantil".

O mínimo que devemos fazer é rechaçar veementemente esse tipo de ameaça fascista à atmosfera de liberdade democrática que vivemos hoje na América Latina. O simbolismo por trás dessa declaração gera timidez e opressão ideológica, além de fomentar a violência. Como diria o Casoy, isso é um absurdo!

Luciano Huck é multado em R$ 50 mil


Por Altamiro Borges

Luciano Huck – badaladíssimo apresentador da TV Globo, “bom moço” da capa da Veja e cabo eleitoral de José Serra em 2010 – acaba de ser multado pela Secretaria do Meio Ambiente do Rio de Janeiro em R$ 50 mil. A mixuruca punição é pela construção de obras irregulares no entorno da Ilha das Palmeiras, em Angra dos Reis, onde a estrela global possuí uma mansão.

A multa foi aplicada em 2006, mas só foi ratificada pela secretaria municipal nesta terça-feira (9). Ela se refere à construção de um muro de arrimo com cerca de dez metros para a formação de uma praia artificial. Diante da repercussão do caso, o apresentador promoveu mudanças na obra irregular. Ele ainda pode recorrer na Justiça contra a punição.

Bom-mocismo na berlinda

No mês passado, Huck já havia sido multado pela Justiça de Angra dos Reis em R$ 40 mil pela colocação de bóias em torno da ilha para criação de camarão. A juíza da 1ª Vara Federal da cidade, Maria de Lourdes Coutinho Tavares, alegou que, “sob o propósito do exercício futuro de atividades de maricultura”, Huck prejudicou a natureza e tomou a iniciativa sem autorização ambiental.

Huck também é alvo de uma ação do Ministério Público, que sustenta que a motivação da colocação do cerco "é outra que não a atividade de maricultura, ou seja, a maricultura seria um instrumento, um pretexto para legitimar a pretensão não acolhida pela lei, de apoderamento de bem de uso comum do povo". Em outras palavras, ele estaria privatizando um bem público. O “bom-mocismo” da estrela global, tão paparicado pela mídia, está na berlinda!

O cunhado de Alckmin, a merenda e a mídia


Por Altamiro Borges

O Ministério Público entrou nesta semana na Justiça com uma ação civil contra 19 pessoas envolvidas no esquema de fraude na merenda escolar em Pindamonhangaba, no interior paulista. Entre elas, estão o prefeito João Antônio Salgado, do “ético” PPS de Roberto Freire, e o cunhado do governador Geraldo Alckmin, Paulo César Ribeiro.

Segundo as investigações, Paulo César foi responsável por favorecer a contratação da empresa Verdurama para o fornecimento da merenda. Em 2006, ela ganhou uma concorrência no valor de R$ 6,8 milhões e teria desviado os recursos, reduzindo a qualidade da alimentação para os estudantes da cidade. Ainda não há provas sobre o destino do dinheiro, mas há indícios de que teria sido usado para caixa-2 de campanha eleitoral.

Reduto político do governador

Paulo César é irmão da primeira-dama Lu Alckmin. O sobrinho dela, Lucas Ribeiro, também consta da ação judicial do Ministério Público. Geraldo Alckmin, ainda da na época da ditadura e com vínculos com a seita direitista Opus Dei, lançou-se na política exatamente em Pindamonhangaba.

O prefeito João Antônio Salgado, apoiado pelo governador, também é investigado por inúmeras outras suspeitas de crimes e desvios de recursos públicos – como na suposta fraude na contratação da empresa de informática Sisp, na qual também consta o nome de Paulo César Ribeiro.

Padrão de manipulação da notícia

O Ministério Público apura as denúncias de irregularidades há três anos. No final do ano passado, a Folha até trouxe o caso à tona, revelando as supostas maracutaias. Mas o tema nunca ganhou destaque na imprensa demotucana; nunca foi manchete dos jornalões ou alvo de cobertura especial das emissoras de televisão. É como se não existisse!

A mídia, que vive da escandalização da política, é bastante seletiva nas suas pautas. Só os ingênuos acreditam na sua imparcialidade. No seu requintado padrão de manipulação das notícias, ela salienta o que lhe interessa – política e comercialmente – e omite o que a prejudica. E os tucanos de São Paulo, juntamente com seus familiares, continuam blindados pela imprensa demotucana!

Distúrbios em Londres: os limites da linha dura. O REI ESTÁ NU

 

Tottenham, ponto de partida dos distúrbios no sábado passado, é a zona com o maior nível de desemprego de Londres e uma das dez mais pobres do Reino Unido. Com 75% de cortes no orçamento do bairro, desapareceram os clubes juvenis, essenciais durante o verão e as férias escolares. Com tanto tempo livre nas mãos, com uma desigualdade onde as receitas dos mais ricos cresceram 273 vezes mais que as dos mais pobres, em uma sociedade na qual o dinheiro se converteu em valor supremo, surpreende realmente que estes fatos ocorram?

Na Câmara dos Comuns o discurso da linha dura refletia a visão da maioria dos britânicos, horrorizados pelos distúrbios e saques dos últimos dias. Com seu pedido de condenações exemplares e expeditivas, o primeiro ministro David Cameron e o líder trabalhista Ed Milliband interpretavam um clamor generalizado. Na democracia, nada pior que os atos reflexos pavlovianos dos políticos.

Uma análise da realidade carcerária mostra que estas explosões não serão solucionadas com uma varinha mágica. Na Inglaterra e no País de Gales, a população carcerária supera já um recorde histórico com seus mais de 85 mil reclusos. Em 80 das 132 prisões na Inglaterra e no País de Gales há presos amontoados. A ideia de que a prisão recupera não condiz com os fatos. Cerca de 59% dos sentenciados com mais de 12 meses voltam a cometer delitos. Entre os que cumpriram mais de dez anos, a porcentagem de reincidência se eleva para 77%. A possibilidade de reabilitação quando a maioria dos detentos passa entre 16 e 22 horas encerrados em celas com até três pessoas não costuma ser muito grande. Faz sentido fazer essa população aumentar com as entre 1.500 e 3 mil pessoas detidas pelos recentes distúrbios?

Entre os que buscam uma reforma do sistema penal, há muitos que pensam que seria muito mais benéfico a aplicação de uma justiça reparadora. Segundo essa escola de pensamento, os saqueadores de lojas e casas deveriam encontrar-se frente a frente com suas vítimas para compreender o impacto de suas ações. Centenas de horas de trabalho comunitário poderiam ajudar a uma reabilitação de jovens e adolescentes que colocaram as suas vidas e as de outras pessoas no fio da navalha em momentos de vertigem e exuberância coletiva. Mas, no momento, a opinião pública mais visível exige castigos.

Um exemplo desta tendência foi a primeira petição que alcançou esta semana as 100 mil assinaturas exigidas pela lei para que a Câmara se veja obrigada a debater um tema. A petição exigia que se retirassem todos os benefícios sociais dos participantes dos distúrbios. Por sua parte, o governo e os municípios começaram a falar de tirar as moradas estatais subsidiadas de quem cometeu delitos similares. O castigo seria coletivo. Não importa que se trate de um adolescente que escapou da vigilância dos pais: a família inteira pode perder a casa.

Esta opinião pública não quer ouvir falar de problemas socioeconômicos ou culturais. Ed Milliband e o trabalhismo mencionaram este último aspecto, mas em último lugar como quem pede desculpas, temendo ser acusado de simpatizar com os distúrbios. O líder trabalhista começou recordando que o próprio primeiro ministro, quando estava na oposição, considerava que compreender um fenômeno era uma boa ideia, não para condená-lo, mas sim para lidar melhor com ele. “Este é um fenômeno muito complexo. Aqui temos um tema de responsabilidade de toda a nossa sociedade, de cima a baixo, incluindo os pais. E há um tema de esperança e aspiração. Temos que oferecer oportunidades que sirvam para evitar a ilegalidade”, disse Milliband.

Com muito menos limitação política, um comentarista do matutino The Guardian, Seumas Milne, criticou a criminalização do problema. “Se o que ocorreu esta semana é pura criminalidade e não tem nada a ver com a repressão policial, o desemprego juvenil, a desigualdade social ou a crise econômica, por que está ocorrendo agora e não há uma década? Por que ocorre nos bairros pobres?”, assinala Milne.

Tottenham, ponto de partida dos distúrbios no sábado passado, é a zona com o maior nível de desemprego de Londres e uma das dez mais pobres do Reino Unido. Com 75% de cortes no orçamento do bairro, desapareceram os clubes juvenis, essenciais durante o verão e as férias escolares. Com tanto tempo livre nas mãos, com uma desigualdade onde as receitas dos mais ricos cresceram 273 vezes mais que as dos mais pobres, em uma sociedade na qual o dinheiro se converteu em valor supremo, surpreende realmente que estes fatos ocorram?

O poder midiático
A maioria das pessoas não só se surpreende, mas se escandaliza. Os tabloides marcam o ritmo. O Daily Mirror, do poderoso grupo Trinity Mirror, qualificou os saqueadores como “bandos de descerebrados”. O Daily Mail os chamou de “anarquistas” e o The Sun, do grupo Murdoch, foi ampliando sua gama de adjetivos, passando de “oligofrênicos” e “gangsters” a “idiotas”. É de estranhar que entre a própria população tenham aparecido cartazes com a inscrição “Looters are Scum” (“Os saqueadores são lixo”)?

Tradução: Katarina Peixoto

Teste: adivinhe o país!

 Moisés Naím, Folha de S. Paulo  
A fúria das ruas se tornou contagiosa, e a indignação popular se globalizou; é impossível diferenciar as fotos

Hoje começamos com um teste. Selecione o país de onde vem a seguinte notícia: "Nas últimas semanas, ruas e praças foram tomadas por milhares de pessoas que protestam contra o governo. Em alguns lugares, os protestos se tornaram muito violentos". Os países entre os quais você pode escolher são: Azerbaijão, Chile, China, Espanha, Filipinas, Grécia, Indonésia, Israel, Portugal, Reino Unido, Rússia, Tailândia.

A resposta é fácil: em todos. E, é claro, a lista poderia incluir Bahrein, Egito, Jordânia, Marrocos, Líbia, Síria, Tunísia e Iêmen, entre outros.

Este ano começou com a Primavera Árabe e continuou com o verão furioso. A fúria das ruas se tornou contagiosa, e a indignação popular se globalizou. É impossível diferenciar uma foto de jovens enfrentando a polícia em Santiago do Chile de outra foto mostrando a mesma imagem em Londres. Ou uma que mostra os indignados acampados na Porta do Sol, em Madri, de outra com as barracas de campanha dos milhares de manifestantes nas praças de Tel Aviv.

É tentador procurar uma mesma explicação para todos esses protestos. Embora seja fato que a má situação econômica, a desigualdade e a falta de oportunidades para os jovens estejam presentes em muitos deles, é mais verdadeiro ainda que cada um desses protestos é movido por forças muito próprias.

Os jovens chilenos saem às ruas porque querem educação melhor; os ingleses, porque querem roubar um aparelho de TV. Os israelenses protestam contra a falta de moradia, e os indignados espanhóis porque... não sei bem por quê.

Por tudo. No Reino Unido, a discussão pública sobre as causas dos saques é especialmente reveladora. Cada um tem uma explicação diferente: famílias fracas e desfeitas, ineptidão policial, imigração, multiculturalismo, discriminação racial, as políticas sociais, os cortes orçamentários, a desigualdade econômica, a tolerância diante dos comportamentos antissociais, os defeitos do sistema de ensino, a overdose de BlackBerries e redes sociais e muito mais. Essa variedade de explicações significa que ninguém entende a origem dessa repentina explosão de violência nas ruas.

Mas, embora não saibamos o que aconteceu nesta semana no Reino Unido, contamos com uma análise rigorosa e recente da instabilidade social que houve na Europa entre 1919 e 2009. Jacobo Ponticelli e Hans-Joachim Voth, da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona, acabam de publicar um ensaio fascinante em que, utilizando uma enorme base de dados sobre 26 países europeus, constatam que, nesses 90 anos, "os cortes nos gastos públicos elevaram significativamente a frequência de distúrbios, marchas antigoverno, greves gerais, assassinatos políticos e tentativas de derrubar a ordem estabelecida".

Não constitui surpresa, mas é bom que alguém o tenha comprovado cientificamente.

Assim, considerando que os cortes nos gastos públicos já se tornaram inevitáveis em muitos países, já sabemos o que devemos esperar. A fúria das ruas deste verão vai se prolongar. São afortunados (e poucos) os países que a poderão evitar.

@moisesnaim

Tradução de CLARA ALLAIN


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Quem está protestando na Inglaterra?

O sociólogo Silvio Caccia Bava humilha os panacas da GloboNews.

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DITO E FEITO

(Margareth Tatcher, a dama de ferro do neoliberalismo que governou a Inglaterra de 1979 a 1990. Líder da extrema direita do Partido Conservador, Tatcher desregulamentou a economia, implementou um amplo programa de privatizações, arrochou salários, reprimiu greves duramente, fechou fábricas, esfarelou o trabalho operário, elevou o número de desempregados de um milhão, no início de sua gestão, a 3 milhões em meados dos anos 80, reduziu a influencia dos conselhos salariais na economia e praticamente aboliu o salário mínimo. A julgar pelos distúrbios dos últimos dias, semeou de fato uma selva de indivíduos, furiosos, no lugar da sociedade)
(Carta Maior; 6º feira, 12/08/ 2011)

Tijolaço: OS PROFESSORES NÃO FIZERAM O "DEVER DE CASA."


Os “professores” erraram e não têm a dignidade de chamar os “alunos” para refazerem, eles próprios, as lições que determinavam

Extraído no Tijolaço:

Os professores não fizeram o “dever de casa”


Os países ricos, o FMI e a mídia conservadora (ou isso é pleonasmo?) vivem dizendo que o Brasil precisa cortar gastos públicos, que não pode gastar mais do que arrecada e que sua dívida é astronômica.


Por isso, é irônico ver o que traz hoje O Globo, vejam só:



“Pelos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida média dos (países) emergentes em relação a seu PIB é de 33,6%, já a do G-7 (grupo que reúne EUA, Japão, Alemanha, Itália, França, Canadá e Reino Unido) é o triplo (118,2% do PIB). Pelas projeções do Fundo, a diferença será de quatro vezes em 2016.”


Ah, mas vocês pensam que eles dão o braço a torcer? Não, de jeito nenhum. Logo a seguir dizem que estamos nesta situação por termos seguido a cartilha do FMI e praticado a austeridade nos gastos públicos.



Só que o FMI é controlado justamente por aqueles países que nos deram tão bons conselhos.


Nós não estamos muito endividados e nunca estivemos. O que nós fomos e ainda somos é submetidos a um processo de endividamento extorsivo, com juros que não existem nesse mundo desenvolvido e que os “sabidos” do FMI sempre aplaudiram.



O mundo desenvolvido acumula déficits  e reclama do alto preço das commodities – os produtos minerais e agrícolas que eles exauriram e acham que devemos entregar-lhes barato, agora. Reclamam, como faz hoje a The Economist, que estamos usando esses recursos para gastar mais com importações e fomentar o aumento do consumo, em vez de investir dinheiro na economia, mas são os primeiros, através de seus agentes financeiros, torcer o nariz para investimentos na base da economia e a medidas protecionistas para nossa indústria.


E a receita que nos deram não serve para eles próprios: continuam subsidiando o capital com seus juros públicos bem baixinhos, favorecendo um fluxo que nos obriga a mantê-los altos aqui.



Os “professores” erraram e não têm a dignidade de chamar aqueles  “alunos” que tratavam com dureza e palmatória para refazerem, eles próprios, as lições que determinavam.

Ninguém precisa da objetividade dos jornalistas. Revolta na Inglaterra: Globo é a pior do mundo, mas BBC também pula no esgoto

Ninguém precisa da objetividade dos jornalistas


Senhor de idade fala poucas e boas e é destratado ao vivo pela apresentadora da BBC

O vídeo abaixo esteve no ar. ao vivo. Nunca aconteceria no Brasil, porque a Rede Globo jamais entrevista gente que seja realmente contra a posição da “mídia” e as convicções pessoais dos jornalistas.

Aliás, fazem todos muito bem, porque ouviriam o que não querem ouvir nem querem que ninguém ouça e vivem para impedir que as pessoas digam e, se alguém disser, para impedir que a opinião pública ouça. Mas o horror do jornalismo-que-há, que só existe para impor opiniões feitas, é muito parecido.

Para os que pensem que só a Rede Globo faz o que faz e que algum outro tipo de jornalismo-empresa seja algum dia possível ou pensável, aí vai bom exemplo de que a Rede Globo é, só, a pior do mundo, mas faz um mesmo e idêntico “jornalismo”, feito por jornalistas autistas, fascistas sinceros, absolutamente convictos de que “sabem mais”, só porque são donos da palavra e nunca ouvem o “outro lado”, sobretudo se o outro lado quiser falar DELES e das empresas para as quais trabalham.

O problema do mundo não é a Rede Globo (ou, pelo menos, não é mais a Rede Globo que a BBC). O problema do mundo é que o jornalismo (que é aparelho ideológico criado e mantido para uniformizar as opiniões e constituir mercados homogêneos, seja para o consumo uniforme de sabão em pó e remédio antipeido, seja para o consumo uniforme de ideias sobre ética e democracia e justiça) é o único dono da palavra social. Se se inventar mídia que não seja única dona, feudatária, da palavra social, acaba-se o jornalismo-que-há.

Quem ainda duvidar, veja (abaixo) e leia a seguir (traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu):


BBC (para a câmera): Vamos falar com Marcus Dowe, escritor e jornalista. (A câmera mostra um senhor, visivelmente perturbado.) Marcus Dowe, qual sua opinião sobre tudo isso? Você está chocado com o que viu lá a noite passada em Londres?



Entrevistado: Não, não estou. Vivo em Londres há 50 anos e há “climas” e momentos diferentes. O que sei, ouvindo meu filho e meu neto, é que algo muito, muito sério estava para acontecer nesse país. Nossos líderes políticos não tinham ideia. A Polícia não tinha ideia. [Só faltou completar: “Os jornais e os jornalistas não tinham ideia”.]

Mas se se olhasse para os jovens negros e para os jovens brancos, com atenção, se os ouvíssemos com atenção, eles estavam nos dizendo. E não ouvimos. Mas o que está acontecendo nesse país com eles...

BBC: Posso interrompê-lo, por favor... O senhor está dizendo que não condena o que houve ontem? Que não está chocado com o que houve em nossa comunidade ontem à noite?



Entrevistado: É claro que não condeno! Por que condenaria? A coisa que mais me preocupa é que havia um jovem chamado Mark Dogan, tinha casa, família, irmãos, irmãs. E a poucos metros de sua casa, um policial rebentou sua cabeça com um tiro.

BBC [interrompendo]: Sim, mas não podemos falar sobre isso. Temos de esperar o julgamento, o tribunal não se manifestou sobre isso... Não sabemos o que aconteceu. O senhor estava falando do seu filho, de jovens...

Entrevistado: Meu neto é um anjo. Me enfureço só de pensar que ele vai crescer e um policial pode colá-lo a uma parede e explodir sua cabeça com um tiro. A Polícia detém e pára e revista os jovens negros sem qualquer razão. Alguma coisa vai muito mal nesse país. Perguntei ao meu filho quantas vezes ele foi parado pela polícia. Ele me disse “Papai, não tenho conta de tantas vezes que aconteceu...”

BBC: Mas... Isso seria justificativa para sair e quebrar tudo, como vimos nos últimos dias em Londres?

Entrevistado: Onde estava você em 1981 em Brixton? Não digo que estão acontecendo “tumultos”. O que está acontecendo é insurreição das massas, do povo. Está acontecendo na Síria, em Liverpool, em Port of Spain... Essa é a natureza do momento histórico que vivemos.

BBC: O senhor não é estranho a essas agitações. O senhor já participou de agitações como essa, como sabemos.

Entrevistado: Nunca participei de agitação alguma. Estive em muitas manifestações que acabaram em conflitos. Seria normal que a Polícia da Índia Ocidental me acusasse de ser agitador. Mas absolutamente não admito que você me acuse de agitador. Quis oferecer um contexto para o que está acontecendo. O que é que vocês queriam? Masmorras?

BBC: Infelizmente, o senhor não conseguiria ser objetivo. Obrigada pela entrevista.

[Corta e o “jornal” passa a falar da suspensão de uma partida de futebol].



+++


Vejam como é o negócio da tal de ‘mídia’: BBC é ri-dí-cu-la (mas a Globo é MUITO mais)A BBC, que é a BBC, dá-se o trabalho de PEDIR DESCULPAS aos consumidores quando uma apresentadora PIRADA põe-se a dizer asnices de preconceito e informação errada, ao entrevistado. A BBC é estatal e gratuita, quer dizer NINGUÉM paga para assistir à BBC. Mesmo assim, a BBC pede desculpas.

A Rede Globo não é nenhuma BBC nem nunca foi nenhuma Brastemp em matéria de qualidade jornalística e informacional. (Se fosse, não precisaria escrever ‘declaração’ 'declarando' que é o que não é.)

E a Rede Globo nunca pediu desculpas aos consumidores, nas incontáveis vezes em que alguma apresentadora PIRADA ou BURRA ou desinformada, ou algum apresentador FASCISTAou pirado, ou burro ou desinformado põem-se a repetir asnices requentadas de preconceito e informação errada seja a algum entrevistado seja AOS CONSUMIDORES PAGANTES.

Nós somos Sua Santidade O CONSUMIDOR. Atenção: nós PAGAMOS PAGÁVAMOS para assistir à Rede Globo.

Paramos de pagar para assistir à Rede Globo no dia em que a Rede Globo meteu, num mesmo programa sobre “a situação do Brasil na crise global”, além do Mendonça de Barros, da Miriam Leitão, do Alexandre Garcia e do Sardemberg (eca!), também aqueles dois panacas senadores, um dias & outro guerra. Essa é a parte pior da oposição no Brasil: os jornalistas são velhos e desinteressantes e repetitivos. E os senadores, além de muito feios e mentirosos, são sem-votos.

Nenhum consumidor pagante merece ouvir, no mesmo programa, JUNTOS, todos aqueles jornalistas viciados e viciosos e aquela oposição ‘midiática’ ridícula e sem votos. Cadê o outro lado?!

Aliás, se se aplica algum saudável critério jornalístico, vê-se que aquele pessoal lá sequer é “lado”: aquele pessoal todo, lá, é a treeeeeeeeeeeeeeeeeva.

Nós exigimos respeito à nossa grana. Acorda IDEC!

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BBC pede desculpas pela entrevista com Darcus Howe 11/8/2011, The Independent, UKhttp://www.independent.co.uk/news/media/tv-radio/bbc-apologises-over-darcus-howe-interview-2335357.html

Para ler a entrevista transcrita e traduzida, clique
http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/jornalismo-objetividade-que-so-se.html
A BBC pediu desculpas por entrevista em vivo transmitida pelo canal de notícias, na qual um veterano jornalista foi acusado de participar de ‘tumultos’. Escritor e jornalista, Darcus Howe foi entrevistado sobre os enventos nas ruas de Londres; a certa altura da entrevista, a apresentadora Fiona Armstrong o acusou de participar de “tumultos”. A empresa pediu desculpas aos telespectadores por qualquer ofensa, depois de a empresa ser soterrada por reclamações do público.
Durante entrevista que foi ao ar ontem, a entrevistadora disse, falando dos estúdios: “O senhor não é estranho a esses tumultos, não é? Já tomou parte em tumultos, pelo que se sabe.”
Howe, entrevistado no dia seguinte dos acontecimentos em Croydon, respondeu “Jamais participei de tumulto algum. Participei de muitas manifestações que acabaram em conflitos. Pare de me acusar de ser agitador. Respeite um velho negro da Índia Ocidental. Você quer que eu diga o que não vou dizer. Sua pergunta é idiota. Exijo que me respeite.”
A BBC declarou que a apresentadora não teve qualquer intenção de desrespeitar Howe e que suas perguntas visavam a contextualizar o que Howe dizia e suas reações aos eventos londrinos. A empresa declarou também que doravante se referirá sempre a “tumultos na Inglaterra”, em vez de “tumultos no Reino Unido”.

“A alteração deve-se ao dever de considerar a sensibilidade dos telespectadores na Escócia, em Gales e na Irlanda do Norte” e para assegurar máximas clareza e precisão geográfica”

Viva a transversalidade das listas e blogs!!!

Temendo quebra de banco, Europa dá tapa na mão invisível

11 de agosto de 2011 às 23:45
Four European Nations to Curtail Short-Selling
By LOUISE STORY and STEPHEN CASTLE
New York Times, em 11.08.2011
O regulador do mercado de ações europeu anunciou na noite de quinta-feita que a venda a descoberto [short-selling] de ações financeiras seria banida em vários paises temporariamente, numa tentativa de estancar a instabilidade dos mercados.
A decisão pode colocar pressão nos reguladores do mercado dos Estados Unidos para que também proibam a prática. As ações de bancos americanos tem estado voláteis durante a semana, no momento em que investidores globais demonstram preocupação, considerando que os problemas na Europa podem atravessar o oceano [Atlântico].
A Autoridade Europeia de Mercados e Valores Mobiliários, órgão que coordena as políticas dos mercados da União Europeia, disse numa declaração que as “short sales” — apostas negativas em ações — seriam banidas na França, Bélgica, Itália e Espanha a partir de sexta-feira. Já existe um banimento temporário na Grécia e na Turquia.
“Hoje algumas autoridades decidiram impor ou estender o banimento das vendas a descoberto em seus respectivos paises”, a autoridade europeia declarou. “Fizeram isso ou para restringir os benefícios que podem ser obtidos com rumores falsos ou para manter um campo de jogo equilibrado do ponto-de-vista regulatório, dada a interligação próxima entre os mercados da União Europeia”.
Na França, o órgão regulador daquele mercado baniu short-selling ou o aumento das posições vendidas em short-selling com efeito imediato, durante 15 dias, para as ações de 11 instituições financeiras. Elas são:  April Group, Axa, BNP Paribas, CIC, CNP Assurances, Crédit Agricole, Euler Hermès, Natixis, Paris Ré, Scor e Société Générale.
A declaração da autoridade europeia diz que os detalhes relativos a cada país seriam colocados em sites dos reguladores financeiros nacionais.
As medidas de emergência levaram a comparações com a crise financeira de 2008, quando os Estados Unidos e muitos outros governos baniram as operações a descoberto em várias ações de empresas do ramo financeiro.
Os reguladores da Europa discutiram um banimento continental durante os últimos dias, em meio ao medo de governos, como o da França, de que as vendas a descoberto estavam causando pânico. Os reguladores fizeram duas conferências telefônicas na quinta-feira para completar os termos da declaração, de acordo com uma autoridade governamental que tem conhecimento das negociações. O Reino Unido e a Alemanha estão entre os países que não aderiram ao banimento.
Nas vendas a descoberto, um corretor vende ações emprestadas com a esperança de que elas vão perder o valor antes que ele tenha de comprá-las de volta. A diferença de preço é o seu lucro — ou perda.
Críticos dizem que operações do tipo encorajam especulação e derrubam o preço das ações, algumas vezes alimentando o pânico em mercados que já estão em pânico. Defensores das vendas a descoberto dizem que as operações fornecem informações sobre a opinião de investidores a respeito de empresas e mantém a liquidez do mercado.
Historiadores financeiros alertam que os banimentos de 2008 não funcionaram e que tais medidas são tomadas por causa de preocupações políticas — necessidade de demonstrar alguma forma de ação decisiva — sem comprovação de que são benéficas pelas teorias de mercado.
“O banimento das vendas a descoberto realmente demonstra desespero”, disse Kenneth S. Rogoff, um professor de economia de Harvard. “Este é o plano deles para resolver a crise do euro? Quero dizer, com isso eles não vão ganhar muito tempo”.
A crise na Europa, disse o sr. Rogoff, vai muito além da queda dos preços de ações e tem mais a ver com o estado dos bancos de lá, inclusive os bancos da Itália e da França. Ele disse que os problemas da dívida soberana [de países europeus] são uma extensão do stress no sistema criado pela crise bancária.
O aumento no número de governos europeus que está banindo as operações a descoberto coloca os reguladores dos Estados Unidos em uma posição complicada. Investidores com uma opinião negativa sobre as ações de bancos podem fechar suas apostas na Europa e transferí-las para os bancos norte-americanos.
Na quinta-feira, ações nos Estados Unidos continuaram na montanha russa, subindo 4%, empurradas por informações sobre o mercado de trabalho. O custo do seguro de vários bancos dos Estados Unidos, como o Bank of America e o Citigroup, aumentou esta semana, de acordo com a Markit, uma empresa de informações financeiras, um indício de que os investidores estão crescentemente pessimistas sobre estas companhias.
O anúncio na Europa causou críticas imediatas.
“É uma crise de confiança e quando você faz algo assim, demonstra falta de confiança, que é exatamente o oposto do que você quer dizer aos mercados”, disse Robert Sloan, sócio-gerente da S3 Partners, uma firma que ajuda fundos de investimento a gerenciar seu relacionamento com corretores.
Em 2008, autoridades da Europa e dos Estados Unidos coordenaram o banimento temporário de operações a descoberto.
Os fundos de hedge, em particular, foram prejudicados pelo banimento então, já que interferiu com as estratégias de negócios que envolviam apostas positivas e negativas.
É impossível saber se o pânico de 2008 teria sido pior sem o banimento, que protegeu companhias como a Goldman Sachs e a Morgan Stanley, mas estudos sobre short-selling descobriram que o banimento pode aumentar a volatilidade no mercado e causar menor volume de negócios, de acordo com o professor Andrew W. Lo, do Massachusetts Institute of Technology.
O sr. Lo disse que o banimento também remove informação importante sobre o que os investidores pensam da saúde financeira de empresas e sugere que o banimento serve a objetivos políticos.
“É mais ou menos como tirar o paciente com problemas cardíacos do monitoramento na sala de emergência, para evitar que médicos e enfermeiras fiquem ansiosos”, ele disse.
Alguns investidores esperavam há meses pelo banimento e estavam antecipadamente se afastando de suas posições vendidas, disse o sr. Sloan da S3 Partners. Ele também disse que se houvesse mais gente investida no mercado agora, os mercados poderiam estar caindo menos do que estão. Quando os mercados caem, os vendedores em geral realizam seus lucros e para fazer isso precisam comprar ações. Os mercados poderiam se beneficar destes compradores agora, o sr. Sloan afirmou.
Mesmo com o banimento europeu das vendas a descoberto de algumas ações, os investidores com opiniões negativas sobre empresas podem encontrar outras formas de apostar contra elas no mercado de derivativos, se esses tipos de operação continuarem autorizadas.
Liz Alderman contributed reporting.
PS do Viomundo: A linguagem do cassino penetrou de vez no jornalismo econômico. Só eu notei que o Times não ouviu nenhuma opinião contra esse tipo de aposta? Foram perguntar ao pedreiro o que ele acha do banimento do martelo. E o professor do MIT que disse que o banimento pode diminuir o volume dos negócios? A próxima dele é dizer que a chuva molha. A metáfora da sala de emergência é típica dos norte-americanos: uma imagem boa que encobre um raciocínio estúpido. E quem disse que permitir esse tipo de aposta não significa dar uma injeção de adrenalina num enfartado? Ah, o que essa gente não faz por uma gorda comissão.
Onde é que você estava em agosto de 2011?
Um professor de Harvard me ajudou a olhar para as pessoas, não para o dinheiro
A mão invisível do mercado vai quebrar um grande banco?
Heloisa Villela vive em uma sociedade anestesiada
Maria da Conceição Tavares, de olho na treva
Krugman: Crise política, não apenas econômica
Sara Robinson: A ascensão do fascismo nos Estados Unidos
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