Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A central tucana de dossiês

Mais de 50 mil documentos encontrados no Arquivo Público de São Paulo mostram como a polícia civil se infiltrou e investigou partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos em pleno governo de Mário Covas

Pedro Marcondes de Moura
chamada.jpg 
Agentes infiltrados em movimentos sociais, centenas de dossiês sobre partidos políticos, relatórios minuciosos com os discursos de oradores em eventos políticos e sindicais. Tudo executado por policiais, a mando de seus chefes. Estas atividades, típicas da truculenta ditadura militar brasileira, ocorreram no Estado de São Paulo em plena democracia, há pouco mais de dez anos. Cerca de 50 mil documentos, até então secretos e que agora estão disponíveis no Arquivo Público do Estado, mostram como os quatro governadores paulistas, eleitos pelas urnas entre 1983 e 1999, serviram-se de “espiões” pagos com o dinheiro dos contribuintes para monitorar opositores. Amparados e estimulados por seus superiores, funcionários do Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Civil realizavam a espionagem estatal. Até o tucano Mário Covas, um dos maiores opositores do regime militar e ele mesmo vítima de seus métodos autoritários, manteve a “arapongagem” durante todo o seu primeiro mandato e por um período de sua segunda gestão. Entre os alvos preferidos na administração do PSDB aparecem o PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), organização sindical fundada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há dezenas de dossiês com informações sobre as duas entidades e seus principais expoentes. Já as investigações a respeito dos tucanos e seus aliados foram suspensas a partir de 1995, quando Covas assumiu o governo de São Paulo.

A classificação dos documentos, que vieram à tona em uma reportagem publicada pelo portal IG, deixa claro como a polícia a serviço dos políticos paulistas se utilizou exatamente das mesmas práticas que fizeram a fama dos órgãos de repressão militar. As informações coletadas eram organizadas em fichas por códigos alfanuméricos, como no temido Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde opositores do golpe de 1964 foram alvo de interrogatórios e sessões de tortura. Tarimbados profissionais do extinto Dops integravam também a equipe do Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil. Delegados de cidades paulistas foram orientados a reportar qualquer acontecimento político-social ao DCS. Codinomes e infiltrações em assembleias grevistas também faziam parte da rotina dos agentes, que relatavam os acontecimentos aos superiores. Em um dos dossiês sobre a CUT, os investigadores autodenominados Gama 30 e Gama 38 relatam a tentativa frustrada de participar de uma assembleia dos funcionários da Fundação Florestal do Estado de São Paulo em 13 de março de 1995. Dizem que “cumpriram a determinação”, mas foram barrados por uma moça na portaria. Os crachás de empregados temporários de que dispunham os agentes trapalhões não eram aceitos na entrada.

Os agentes eram enviados para acompanhar até eventos públicos. “Em cumprimento à determinação de V.S., assistimos no local e constatamos a presença de aproximadamente 250 pessoas juntamente com um carro de som e de uma perua Kombi”, relatam os agentes Gama 45 e Gama 55 sobre manifestação da CUT realizada no dia 10 de março de 1995, na Praça da Sé, em São Paulo. No documento ainda identificam os proprietários dos veículos pelas placas e fazem questão de mencionar que o hoje deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho, presidente na época da entidade sindical, discursou no evento. Essa seria apenas uma das diversas arapongagens contra a Central Única dos Trabalhadores na gestão Covas.

img.jpgFOCO
Tanto Lula, candidato a presidente contra Fernando Henrique Cardoso,
quanto Marta Suplicy, que disputava o governo de São Paulo com
Mário Covas, foram alvo da arapongagem estatal paulista em 1998
Em algumas tentativas os arapongas paulistas pareciam conseguir antecipar alguma coisa. “A CUT e entidades alinhadas estão articulando para os dias 06, 07 ou 08/03/99, Praça da Sé, um grande “Ato Público” contra o desemprego e arrocho salarial. Distribuirão no ato, entre outros, o panfleto “Bloco do Bode”, que segue abaixo”, informa o documento sem assinatura ou destinatário. Em seguida, junto de recortes de jornal confirmando a manifestação, há uma lista com 15 policiais designados para ficar de plantão. Procurado pela reportagem de ISTOÉ, Vicentinho mostrou-se perplexo com a espionagem: “Na época do Covas, eles ainda faziam isso? Achei que tinha parado na ditadura. É inimaginável”, diz o ex-líder sindical. “É um absurdo gastar dinheiro público para violar a privacidade das pessoas, ainda mais com interesse político. Graças a Deus nada disso interrompeu a consolidação da democracia”, complementa.

Em tempos tucanos, o Partido dos Trabalhadores (PT) virou o principal alvo. Há pilhas e pilhas de documentos produzidos pelo Departamento de Comunicação Social (DCS) a respeito da sigla. Convenções, disputas internas, gestões municipais do partido e informações das principais lideranças e dos possíveis candidatos a eleições majoritárias eram coletadas pela “polícia política” em plena década de 90. Os nomes do ex-presidente Lula e da hoje senadora Marta Suplicy (PT-SP), que disputaria com Covas o primeiro turno da corrida pelo governo de São Paulo em 1998, aparecem constantemente nos “dossiês PT”. Já para Antônio Palocci, prefeito de Ribeirão Preto no período, criaram um dossiê exclusivo. Na pasta, o ex-ministro é apresentado como uma figura em ascensão no partido e favorável a privatizações.

Segundo o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro, Wadih Damou, as atividades realizadas pelo Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil do Estado de São Paulo são ilegais, violam a Constituição e devem ser investigadas com extremo rigor. “Causa mais repulsa ainda que tenham sido feitas em um período democrático. Nunca vi nada parecido. Fico preocupado e penso se isso não continua acontecendo.” O DCS, pelo menos, acabou extinto em 24 de novembro de 1999.  

img1.jpg

Sader pergunta: onde você estava no Golpe?

"Onde estava você no golpe militar?"
O Conversa Afiada publica artigo de Emir Sader, retirado da Carta Maior:

Onde estava você no golpe militar?


Os países costumam ter momentos fundamentais, em que se decidem os seus destinos. Nesses momentos cada pessoa, cada força política, cada meio de comunicação, todos, revelam suas posições profundas, os interesses que defendem, de que lado estão. O golpe militar de 1964 foi esse momento decisivo na história do Brasil, quando a democracia foi questionada e finalmente derrubada e destruída por uma ditadura militar.


Daí que faz todo sentido perguntar para cada um: Onde estava você no golpe militar?


Havia dois discursos, antagônicos. Um, o da defesa da democracia e extensão das suas conquistas, com a incorporação de setores cada vez mais amplos aos seus direitos fundamentais. A favor da extensão da democratização do Brasil – da sociedade e do seu Estado.


O outro, assumido por toda a mídia, junto com os partidos de oposição e o governo dos EUA, era de que os riscos à democracia que representaria o governo de Jango, justificariam um golpe militar preventivo. Argumento típico da guerra fria, que mobilizou forças contra a democracia, promovendo golpes militares em muitos países do continente. Foi exatamente o que aconteceu no Brasil.


“Nas palavras do presidente (sic) Castello Branco proferidas na solenidade de posse há uma nítida convocação para que a obra de reconstrução se faça com a colaboração indistinta de todas as classes, das produtoras e das trabalhadoras, das armadas e das civis, das eventualmente saudosistas do antigo regime e das que se regozijaram com a sua deposição.” O ditador é tratado, no título do editorial, como: “O Presidente de todos”, pelo jornal dos otavinhos. A manchete do dia do golpe – primeiro de abril – foi: “Ademar: 6 estados sublevam-se para derrubar Goulart.” Nenhuma menção à palavra golpe, menos ainda a ditadura e à intervenção dos militares, aliados com o grande empresariado, com os partidos de oposição, com a hierarquia da Igreja Católica e com o governo dos EUA.


Nesse momento crucial da nossa história, que mudou a nossa história de forma tão radical na direção da ditadura contra a democracia, de um modelo econômico excludente contra a inclusão social, pela aliança subordinada com os EUA contra a soberania nacional – nesse momento, cada um mostrou sua cara, disse de que lado está. Do lado da democracia ou da ditadura, dos interesses nacionais ou do entreguismo, da inclusão social ou da exclusão social.


É fácil, depois que a resistência popular derrubou a ditadura, tergiversar com a palavra democracia, esconder o passado, tentar embaralhas as coisas, para buscar impedir que se recorde onde estava cada um no dia primeiro de abril. Mas tudo está consignado pela história. O editorial mencionado acima é apenas um dessa empresa e de todas as outras – à exceção da Última Hora, que por isso mesmo não sobreviveu -, de apoio e incentivo ao golpe e à instauração da ditadura militar. Que venham a publico desmentir ou se arrependerem, se consideram que cometeram o pior erro que se pode cometer, de atentado grave e reiterado á democracia.


Todos os que estivemos do lado de cá, de defesa da democracia, não temos nada a esconder, nos orgulhamos disso e seguimos coerentes com essa luta. Estávamos, no primeiro de abril, e seguimos estando, do lado da democracia, dos interesses populares e nacionais.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, NOVOS RADARES PARA FORÇA AÉREA AMERICANA.

UFC produz radar com Estados Unidos

Projeto da antena (Foto: Antoninho Perri)
Sugestão: Wi
Chefe de pesquisas da Força Aérea Americana, Brett Pokines, visita laboratório da Universidade Federal
————————————–
.
Publicado em 6 de agosto de 2011
.
Locem está produzindo um novo radar, de nova geometria, que pode suportar altas temperaturas
A parceria entre o Laboratório de Telecomunicações e Ciência e Engenharia de Materiais (Locem), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e a Força Aérea Americana (Usaf) vem rendendo pesquisas importantes na área de tecnologia de micro-ondas. Devido aos grandes resultados o chefe de pesquisas da Usaf, Brett Pokines, visitou, ontem, as instalações da Universidade e anunciou a renovação do contrato da parceria por mais três anos.
.
Durante a visita, Pokines proferiu palestra, no auditório do Locem, sobre as atividades do Departamento da Usaf para Pesquisa Científica e também apresentou as principais linhas de pesquisa que interessam a Força Aérea Americana.
.
Além disso, ele, como responsável pelas pesquisas da Usaf, procurou saber sobre o andamento dos trabalhos realizados em parceria com a UFC. “Nosso objetivo é financiar grandes ideias, mesmo que sejam fora dos Estados Unidos”, disse.
.
Pokines destacou os excelentes resultados obtidos nos seis anos de pesquisas em parceria com o Locem, pois até agora todos as metas foram alcançadas. “Já fechamos muitos desenvolvimentos. Agora, nosso objetivo é finalizar um grande projeto”, explicou.
.
Para o coordenador e pesquisador do Locem, Antonio Sergio Bezerra Sombra, a visita do chefe de pesquisas da Usaf é importante pois eles podem acompanhar de perto as formas de trabalho dos americanos. “A renovação do contrato demonstra que o nosso trabalho está sendo muito bem feito”.
.
Hoje, a principal pesquisa feita pela parceria é a continuação de um radar com nova geometria, que poderá acompanhar alvos e será para uso das forças armadas.
.
Segundo o coordenador e pesquisador do Locem, o radar com nova geometria pode suportar altas temperaturas, pois é feita com cerâmica e por isso é perfeito para ser utilizado em foguetes, diferente dos radares feitos de metal. “Aqui no laboratório, nós fabricamos, testamos e também fornecemos as antenas”, comentou.
.
O Locem é o único local no Brasil a fabricar esse tipo de cerâmica. Ao todo, um grupo de 35 estudantes de Doutorado e Mestrado fazem as pesquisas de criação do novo tipo de radar.
……………………………………
Complementando a matéria
……………………………………..…
Os pesquisadores que desenvolveram a antena, dispositivo complexo e fundamental do radar Saber M60, são do grupo do professor Hugo Enrique Hernández Figueroa, do Departamento de Microondas e Óptica (DMO) da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC).
.
O professor acrescenta que o projeto da Orbisat já envolve grupos de pesquisa de outras instituições, como na fabricação de filtros com o uso de materiais desenvolvidos pelo grupo do professor Sérgio Sombra, da Universidade Federal do Ceará. “São cerâmicas de alta permissividade e baixas perdas que permitem a miniaturização de alguns dispositivos, além de serem materiais extremamente estratégicos em termos comerciais e com várias vantagens tecnológicas”.
.
Salvação – O engenheiro João Moreira afirma que filtros produzidos com esta cerâmica representam uma solução de vida ou morte para a empresa. “Nós compramos filtros dos Estados Unidos, mas eles proíbem sua utilização para fins de defesa. Concordaram em nos fornecer para fins experimentais, mas deverão suspender a autorização para exportação no futuro próximo, quando nossos radares forem produzidos em escala”.
.
A cerâmica do Ceará, acrescenta Moreira, apresenta uma perda de 15% a 20% no sinal, quando na americana ela chega a 50%, o que implica diretamente na potência do transmissor. “Vamos conseguir um filtro leve, muito melhor e duas ordens de grandeza mais barato: a caixa de filtros importados custa 30 mil reais e podemos obtê-la por 300 ou 400 reais”.
.
O professor Hugo Figueroa adianta que o seu departamento e a Orbisat mantêm conversações para que a parceria se estenda à divisão de engenharia de eletrônica de consumo. “Podemos encontrar soluções nacionais também para este setor.”

Folha baba ódio contra o MST



Extraído do blog de Altamiro Borges:


Por Altamiro Borges


A mídia burguesa nunca gostou dos movimentos sociais. Ou omite suas lutas ou as criminaliza. Quando eclode uma greve, ela fala em congestionamento do trânsito – jogando a sociedade contra os grevistas. Ocorre um ato ou passeata popular e ela sataniza os manifestantes. O MST, um dos principais movimentos sociais brasileiros, é um dos alvos prediletos desta manipulação midiática.


A torcida histérica


Prova deste ódio de classe foi o editorial da Folha de domingo (7) contra os sem terra. Os adjetivos são raivosos, hidrófobos. Com base em dados sobre a redução do número de acampados, o jornalão da famiglia Frias atira: “Nos termos do vocabulário leninista que alimenta o delírio autoritário de seus líderes, é possível dizer que a ‘vanguarda de luta’ do MST corre risco de fenecer”.


Para o jornal, o MST é “o arauto de uma utopia regressiva, inimigo do agronegócio e da geração de riquezas no campo” e estaria em “declínio político” por se opor ao “progresso” capitalista. Não há uma palavra contra a concentração de terras no país, contra o trabalho escravo ou contra o uso de jagunços pelo latifúndio. A torcida pela extinção do MST é explícita, quase histérica:


Um jornal decadente, decrépito


“Em marcha inexorável, o movimento encolhe. Reverte ao núcleo do que nunca deixou de ser: um grupo de cristãos de esquerda adepto de ações criminosas, como invasão e destruição de propriedades, e hábil na mobilização de excluídos para exercer pressão sobre o Estado e extorquir-lhe os recursos – desapropriações e verbas – que mantêm o movimento artificialmente vivo”.


Depois a Folha ainda afirma que é um jornal “plural e independente”. Porta-voz dos ruralistas e da direita golpista, o jornalão deveria ficar preocupado com o seu “declínio inexorável” – expresso na queda das suas tiragens de quase 1 milhão de exemplares nos anos 1980 para menos de 300 mil nos dias atuais. Ela sim representa a “utopia regressiva” do deus-mercado.


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Há 30 anos, nos EUA: “O dia em que o homem comum foi assassinado”

Foi gesto violento. Ninguém antes jamais se atrevera a tanto... acabava ali o tempo da vida decente e confopessoas comuns. rtável para as




 
Michael Moore

5/8/2011, Michel Moore
(Dica do Eliseu, amigo do pessoal da Vila Vudu que nos acompanha da Itália)
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu




Amigos,
Volta e meia, alguém, com menos de 30 anos, me pergunta: ”Quando começou tudo isso, os EUA despencando ladeira abaixo?”
Dizem que ouviram falar de um tempo em que os trabalhadores norte-americanos podiam sustentar a família e mandar os filhos à escola, só com o salário do pai (nos estados da Califórnia e de New York, por exemplo, o ensino era quase gratuito). Que quem quisesse salário decente, encontrava. Que as pessoas só trabalhavam cinco dias por semana, oito horas por dia, descansavam nos fins de semana e, no verão, tinham férias pagas. Que muitos empregos eram protegidos por sindicatos, de empacotadores nas lojas ao sujeito que pintava sua casa, o que significava que, por menos ‘elevado’ que fosse o seu trabalho, você tinha garantia de aposentadoria, aumentos de salário vez ou outra, seguro-saúde, e alguém que o defendia, se você fosse desrespeitado ou tratado de modo injusto.
Os mais jovens ouviram falar desse tempo mítico – mas não é mito: esse tempo existiu. E quando perguntam “Quando isso acabará?”, sempre respondo: “O que acabou, acabou há exatos 30 anos, dia 5/8/1981”.
Naquele dia, há 30 anos, a Grande Finança e a direita norte-americana decidiram “ir p’rás cabeças” de uma vez por todas e destruir os homens comuns, toda a classe média. E enriquecerem eles mesmos, só eles, a valer.
E conseguiram.
Dia 5/8/1981, o presidente Ronald Reagan demitiu todos os empregados sindicalizados do Sindicato dos Controladores de Tráfego Aéreo [orig. Air Traffic Controllers Union, PATCO] que desobedeceram sua ordem para que voltassem ao trabalho e declarou ilegal o sindicato deles. Estavam em greve há apenas dois dias.
Foi gesto violento. Ninguém antes jamais se atrevera a tanto. E foi ainda mais violento, porque o PATCO foi um dos três únicos sindicatos que haviam apoiado a candidatura de Reagan à presidência! A decisão de Reagan disparou uma onda de choque que atingiu todos os trabalhadores nos EUA. Se fez o que fez contra sindicato que o apoiara, o que mais faria contra nós?
Reagan tivera o apoio de Wall Street nas eleições à Casa Branca e eles, aliados aos cristãos de direita, queriam “reestruturar” os EUA e fazer recuar a maré que aumentava desde o primeiro governo do presidente Franklin D. Roosevelt – maré que visava a garantir melhores condições de vida aos trabalhadores norte-americanos da classe média, as pessoas comuns. Os ricos detestaram ser obrigados a pagar melhores salários e a garantir benefícios. Mais ainda, odiavam ter de pagar impostos. E desprezavam os sindicatos. Os cristãos de direita odiavam tudo que cheirasse a socialismo ou desse qualquer sinal de estender a mão às minorias ou às mulheres.
Reagan prometeu pôr fim a tudo aquilo. Então, quando os controladores de tráfego aéreo declararam-se em greve, ele aproveitou a ocasião. Ao demitir todos e ao tornar ilegal seu sindicato, enviou mensagem clara e violenta: acabava ali o tempo da vida decente e confortável para as pessoas comuns. Os EUA, daquele dia em diante, passavam a ser governados do seguinte modo:
* Os super-ricos ganharão mais, mais, mais, cada vez mais dinheiro, e o resto de vocês terão de satisfazer-se com as migalhas que sobrarem das mesas deles.
* Todo mundo terá de trabalhar! Mãe, pai, adolescentes, todos! O pai, que consiga um segundo emprego! Crianças, não percam a chave sobressalente! De agora em diante, pai e mãe só chegarão em casa para metê-los na cama!
* 50 milhões de norte-americanos terão de viver sem seguro-saúde! Empresas serviços de saúde: encarreguem-se, vocês mesmas, de decidir quem querem atender e os que não serão atendidos.
* Sindicatos são a casa do demônio! Ninguém será sindicalizado! Gente comum não precisa de advogado nem de defesa! Trabalhador tem de trabalhar. Calem o bico e voltem à fábrica. Não, ninguém pode sair. O trabalho não está feito. As crianças, em casa, que preparem o próprio jantar.
* Quer estudar? Na universidade? OK. Basta assinar as promissórias, e você estará endividado pelos próximos 20 anos, preso a um banco, até ficar velho!
* Aumento? Que aumento? Volte ao trabalho e cale o bico!
E assim foi. Mas Reagan não conseguiria, sozinho, fazer tudo que fez em 1981. Contou com uma grande ajuda:
Da Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (orig. American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations – AFL-CIO [1])
A maior organização de sindicatos dos EUA disse aos trabalhadores que furassem os piquetes da greve dos controladores de tráfego aéreo e voltassem ao trabalho. E foi o que os empregados sindicalizados fizeram. Pilotos, comissários de bordo, encarregados de bagagens, motoristas de empilhadeiras, carregadores – todos furaram os piquetes e ajudaram a pôr fim àquela greve. E todos os sindicalizados furaram todas as greves e continuaram a encher os aviões de carreira.
Reagan e Wall Street quase nem acreditaram no que viram! Centenas de milhares de trabalhadores, apoiando a demissão de outros trabalhadores, sindicalizados como eles. Foi um Papai Noel em agosto, para as grandes empresas dos EUA.
E foi o começo do fim. Reagan e os Republicanos sabiam que se safariam – e safaram-se. Cortaram impostos dos ricos. Tornaram impossível organizar sindicatos nos locais de trabalho. Eliminaram leis de segurança no trabalho. Ignoraram leis antimonopólios e permitiram milhares de fusões entre empresas, com muitas empresas vendidas para serem fechadas. As empresas congelaram salários e ameaçaram os trabalhadores com a chantagem da transferência de empresas e empregos para o exterior, caso não aceitassem trabalhar por salários menores e sem garantias nem benefícios. E os trabalhadores aceitaram trabalhar por menores salários... E mesmo assim as empresas mudaram-se para o exterior, levando com elas os nossos empregos.
E em cada passo desse processo, a maioria dos norte-americanos também se deixou levar. Praticamente não houve nem oposição nem resistência. As “massas” não se levantaram nem defenderam seus empregos, suas casas, a escola dos filhos (consideradas das melhores do mundo). Apenas aceitaram o destino e curvaram-se.
Muitas vezes me pergunto o que teria acontecido se todos, simplesmente, tivéssemos deixado de viajar de avião, ponto final, em 1981. E se todos os sindicatos tivessem dito a Reagan “Devolva os empregos dos controladores, ou fechamos o país: ninguém entra e ninguém sai.” Sabem o que teria acontecido? A elite corporativa e Reagan, seu moleque de recado, teriam afinado.
Mas não fizemos nada disso. E assim, pedaço a pedaço, peça a peça, ao longo dos 30 anos seguintes, os que passaram pelo poder destruíram as pessoas comuns nos EUA e, em troca, desgraçaram o futuro de, no mínimo, uma geração de jovens norte-americanos. Os salários permaneceram estagnados durante 30 anos. Basta olhar as estatísticas e vê-se que todas as perdas de tudo que hoje tanta falta nos faz começaram no início de 1981 (assista: cenas de meu último filme, que ilustram isso).
Tudo começou no dia 5 de agosto, há 30 anos. Foi dos dias mais terríveis em toda a história dos EUA. E deixamos que acontecesse. Sim, eles tinham o dinheiro, a imprensa e os policiais. Mas nós éramos 200 milhões! Quem duvida de que teríamos vencido, se nós, todos os 200 milhões de enganados, ficássemos realmente furiosos e decidíssemos recuperar para nós o nosso país, nossa vida, nosso trabalho, nossos fins de semana, nosso tempo para educar e ver crescer nossos filhos?
Será que já desistimos, mesmo? O que estamos esperando? Esqueçam aqueles 20% que apóiam o Tea Party – ainda temos os outros 80%! Esse declínio, nossa queda ladeira abaixo só parará quando exigirmos que pare. E não por “abaixo-assinado” ou gorjeios pelo Twitter.
Temos de desligar a televisão e o computador e os videogames e sair às ruas (como fez o pessoal de Wisconsin). Alguns de nós têm de candidatar-se às prefeituras, ano que vem. Temos de exigir que os Democratas, ou criem vergonha e parem de viver sustentados pelo dinheiro dos bancos e grandes empresas – ou pulem fora e devolvam os postos para os quais foram eleitos para fazer o que não estão fazendo.
Quando chega, chega, ok? O sonho comum da vida das pessoas comuns nos EUA não renascerá por mágica ou milagre. O plano de Wall Street é claro e está aí à vista de todos: os EUA serão nação dividida entre os Que-têm e os Que-não-têm. Está bom, assim, prá vocês?
Vamos usar esse fim de semana para parar e pensar sobre os pequenos passos que podemos dar para virar esse jogo, com os vizinhos, no trabalho, na escola. Que melhor dia para começar que hoje, 30 anos depois?!

Fraternalmente,
[assina] Michael Moore
PS. Aqui vão alguns endereços onde todos podem se encontrar e começar:
How to Join a Union, from the AFL-CIO (O pessoal lá aprendeu a lição e afinal elegeu um bom presidente) ou UE
High School Newspaper (Você ter menos de 18 anos não significa que você nada possa fazer. Acorde!)

Nota de tradução
[1] AFL-CIO é a maior central operária dos EUA e Canadá. Formada em 1955 pela fusão da AFL (1886) com a CIO (1935). É composta de 54 federações nacionais e internacionais de sindicatos dos EUA e Canadá que juntos representam mais de 10 milhões de trabalhadores. É membro da Confederação Internacional das Organizacões Sindicais Livres. Até 2005, operou na prática como central sindical unitária, mas devido a discrepâncias internas, várias das maiores agremiações que a formavam se separaram da organização.

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/ha-30-anos-nos-eua-o-dia-em-que-o-homem.html



Praga da Imprensa brasileira contra as Olimpíadas Rio 2016 foi tão forte que pegou nas Olimpíadas Londres 2012


Presidente do COI trata a segurança como um
dos principais pontos a ser analisado pelo Rio?????

Os integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) visitaram nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, o Centro de Operações Rio e o projeto do Porto Maravilha, dois centros nas áreas de segurança, operações e urbanismo. Os projetos analisados estão ligados aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.
Recepcionado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, o presidente do COI, Jacques Rogge, foi conferir as instalações da cidade carioca. A questão da segurança é um dos principais pontos debatidos pelo COI.
By: Aposentado Invocado
Por acaso, se esta situação fosse no meu Rio de Janeiro, o que estariam falando a imprensa de merda, (sem ofender a merda), que infesta este país.
Seria a gloria dos cansei, milenium, kamel, ...e outros da mesma escória.
 
 

Jornal Nacional se retrata, culpa a edição, mas não corrige acusação de crime que fez à merendeira

Em sua edição de ontem, o Jornal Nacional voltou ao caso da merendeira que acusaram na edição de sábado de por veneno na comida servida a alunos e funcionários de uma creche em Porto Alegre.
Essa acusação foi denunciada neste vídeo aqui no blog, que teve (e continua a ter) ampla repercussão na internet e redes sociais.
Uma das falhas apontadas no vídeo era de que o JN não teria dado voz à merendeira ou seu advogado, que desmentira acusação do delegado OITO HORAS ANTES de o Jornal Nacional ir ao ar. Essa falha foi corrigida na edição de ontem, reproduzida abaixo:
Como visto, Bonner, que além de apresentador é editor-chefe do JN, põe a culpa na edição (dá ênfase a isso), como se ela houvesse sido truncada ou mal feita:
"Ao tratar desse caso policial no último sábado (6), por uma falha de edição, o Jornal Nacional não mencionou a alegação do advogado de defesa que contestava a confissão da cliente. Foi, obviamente uma falha, que nós estamos corrigindo na edição de hoje."
Essa falha realmente foi corrigida. Mas essa foi apenas uma, e não a mais grave das falhas da reportagem de sábado (que pode ser assistida na íntegra aqui). Nela, o Jornal Nacional, na voz de Fátima Bernardes, acusa a merendeira, comprando como verdadeira a declaração do delegado. Diz Fátima:
"Está foragida a merendeira que pôs veneno de rato na comida de crianças e professores de uma escola pública de Porto Alegre."
Em seguida a essa declaração aparecia uma foto da merendeira.
O que poderia ter acontecido se parentes ou amigos de pessoas envenenadas tivessem encontrado a merendeira após aquela reportagem do Jornal Nacional?
O clima não parece muito bom na redação do JN. Talvez pelo motivo que apontou Rodrigo Vianna, em seu blog Escrevinhador. O fato é que ontem, em seu perfil no Twitter, William Bonner desabafava, antes do Jornal Nacional ir ao ar:
O que estará tão feio que coloque uma vírgula entre sujeito e verbo?

Por que a Folha escondeu?

Você sabia que a Globo usa bloqueadores de celular em estádios para poder transmitir jogos de futebol em alta definição? Chocante, não? É ilegal, óbvio. Com um agravante: esses equipamentos entraram no país de forma clandestina. Contrabando, portanto.
Dois crimes graves, enfim descobertos, graças a uma investigação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). E que veio a público por conta de uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo deste domingo (07).
Seria um grande serviço à sociedade, não fosse por um detalhe intrigante, suspeito e indesculpável: a matéria não cita o nome da Globo em nenhum momento!
Só ficamos sabendo que se trata de “uma grande emissora” que usava os bloqueadores “para ter estabilidade na transmissão” e que “um dispositivo instalado nas câmeras impedia que celulares acessassem a antena da operadora mais próxima, que, assim, ficava a serviço da emissora.”
Mais detalhadamente: “No início de julho, fiscais da agência em São Paulo autuaram uma grande emissora de televisão, no estádio do Pacaembu, pelo uso ilegal de equipamentos que bloqueavam celulares em um raio de até 1,6 km do campo.”
Deve ser algum novo modelo de jornalismo, em que denúncias seríssimas preservam a identidade de sabotadores e contrabandistas. É como noticiar que um ministro foi demitido por desvio de dinheiro, mas, talvez por gentileza, não dar o nome do ladrão.
A Folha não diz na matéria se a omissão é exigência da Anatel, o que também seria injustificável, já que é informação relevante e de interesse público. E sabemos que isso não é caso de segredo de Justiça, já que tudo ocorre na esfera de uma agência reguladora, e não no Judiciário. Ainda.
Por que essa camaradagem inútil, já que, por dedução e eliminação, só podemos chegar à Globo e a seu canal a cabo, a Sportv? É a única “emissora” que tem os famigerados direitos de transmissão. A Band, por sua vez, só usa uma ou duas câmeras exclusivas na beira do campo. Só a Globo transmite.
Fiquei curioso. Como um fato desses não foi amplamente divulgado pela Anatel? Será que a Polícia Federal foi chamada para investigar o evidente contrabando? E a Folha, caramba, por que se meteu literalmente numa roubada dessas de proteger a “emissora”?
Nessa história toda, um fato, para lá de simbólico, chama atenção: bloqueadores de celulares só são autorizados em presídios. Para impedir que bandidos se comuniquem. Irônico, não?
By: Blog do Provocador

FAB responde ao Fantástico.

Publicado em 09/08/2011
É assim que o PiG (*) quer que você, amigo navegante, veja o "caosaéreo"

O Conversa Afiada reproduz nota da FAB, onde repudia reportagem do Fantástico:

Nota Oficial – Esclarecimentos sobre reportagem do Fantástico exibida em 07/08/2011


O Comando da Aeronáutica repudia veementemente o teor da reportagem do jornalista Walmir Salaro, levada ao ar no Fantástico deste domingo, sete de agosto, e no Bom Dia Brasil desta segunda-feira, oito de agosto.


A matéria em questão parte de princípios incorretos e de denúncias infundadas para passar à população brasileira a falsa impressão de que voar no Brasil não é seguro. A reportagem contradiz os princípios editoriais da própria Rede Globo ao apresentar argumentos com falta de Correção e falta de Isenção, itens considerados pela própria emissora como sendo atributos da informação de qualidade.


O jornalista embarcou em uma aeronave de pequeno porte (aviação geral), que tem características como nível de voo, rota, classificação e regras de controle aéreo diferentes dos voos comerciais. A matéria trata os voos sob condições visuais e instrumentos como se obedecessem as mesmas regras de controle de tráfego aéreo, levando o espectador a uma percepção errada.


O piloto demonstra espanto ao avistar outras aeronaves sobre o Rio de Janeiro e São Paulo, dando um tom sensacionalista a uma situação perfeitamente normal e controlada que ocorre sobre qualquer grande cidade do mundo. Nesse sentido, causa estranheza que a reportagem tenha mostrado a proximidade dos aviões como algo perigoso para os passageiros no Brasil. As próprias imagens revelam níveis de voo diferenciados, além de rotas distintas.


Além disto, o piloto que opta por regras de voo visual, só terá seu voo autorizado se estiver em condições de observar as demais aeronaves em sua rota, de acordo com as regras de tráfego aéreo que deveriam ser de seu pleno conhecimento. Mesmo assim, o piloto receberá, ainda, avisos sobre outros voos em áreas próximas.


Foi exatamente o que ocorreu durante a reportagem, que mostra o contato constante dos controladores de tráfego aéreo com o piloto. Desde a decolagem foram passadas informações detalhadas sobre os demais tráfegos aéreos na região, sem que houvesse qualquer perigo para as aeronaves envolvidas.


A respeito da dificuldade demonstrada em conseguir contato com o serviço meteorológico, é interessante lembrar que há várias frequências disponíveis para contato com o Serviço de Informações Meteorológicas para Aeronaves em Voo (VOLMET), que está disponível 24 horas por dia em todo o país. Além destas, há frequências de ATIS (Serviço Automático de Informação em Terminal) que fornecem continuamente, por meio de mensagem gravada e constantemente atualizada, entre outros dados, as condições meteorológicas reinantes em determinada Área Terminal, bem como em seus aeroportos. Como, aliás, é o caso da Terminal de Belo Horizonte, incluindo os aeroportos da Pampulha e de Confins.


Ressalte-se que, a despeito da operação de tais serviços, todos os pilotos têm a obrigação de obter informações meteorológicas antes do voo pessoalmente nas Salas de Informações Aeronáuticas dos aeroportos, por telefone ou até pela internet.


Ao realizar o voo sem, possivelmente, ter acessado previamente informações meteorológicas, o piloto expôs a equipe de reportagem a uma situação de risco desnecessário. Tratou-se, obviamente, de mais um traço sensacionalista e sem conteúdo informativo.


A respeito do momento da reportagem em que o controle do espaço aéreo diz que não tem visualização da aeronave, cabe esclarecer que o voo realizado pela equipe do Fantástico ocorreu à baixa altitude, em regras de voos visuais, uma situação diferente dos voos comerciais regulares.


Na faixa de altitude utilizada por aeronaves como das empresas TAM e GOL, extensamente mostradas durante a reportagem, há cobertura radar sobre todo o território brasileiro. Para isso, existem hoje 170 radares de controle do espaço aéreo no país. Como dito acima, é feita uma confusão entre perfis de voos completamente diferentes. Dessa forma, o telespectador do Fantástico ficou privado de ter acesso a informações que certamente contribuem para a melhor apresentação dos fatos.


No último trecho de voo da reportagem, o órgão de controle determinou a espera para pouso no Aeroporto Santos-Dumont. O que foi retratado na matéria como algo absurdo, na realidade seguiu rigorosamente as normas em vigor para garantir a segurança e fluidez do tráfego aéreo. Os voos de linhas regulares, na maioria das vezes regidos por regras de voo por instrumentos, gozam de precedência sobre os não regulares, visando a minimizar quaisquer problemas de fluxo que possam afetar a grande massa de usuários.


A reportagem também errou ao mostrar que Traffic Collision Avoidance System (TCAS) é acionado somente em caso de acidente iminente. O fato do TCAS emitir um aviso não significa uma quase-colisão, e sim que uma aeronave invadiu a “bolha de segurança” de outra. Essa bolha é uma área que mede 8 km na horizontal (raio) e 300 metros na vertical (raio).


Cabe ressaltar ainda que a invasão da bolha de segurança não significa sequer uma rota de colisão, pois as aeronaves podem estar em rumos paralelos ou divergentes, ou ainda com separação de altitude, em ambiente tridimensional.


A situação pode ser corrigida pelo controle do espaço aéreo ou por sistemas de segurança instalados nos aviões, como o TCAS. Nem toda ocorrência, portanto, consiste em risco à operação. O TCAS, por exemplo, pode emitir avisos indesejados, pois o equipamento lê as trajetórias das aeronaves, mas não tem conhecimento das restrições impostas pelo controlador.


Todas as ocorrências, no entanto, dão início a uma investigação para apurar os seus fatores contribuintes e geram recomendações de segurança para todos os envolvidos, sejam controladores, pessoal técnico ou tripulantes. É esse o caso dos 24 relatórios citados na reportagem. A existência desses documentos não significa a ocorrência de 24 incidentes de tráfego aéreo, e sim uma consequência direta da cultura operacional de registrar todas as situações diferentes da normalidade com foco na busca da segurança.


A investigação tem como objetivo manter um elevado nível de atenção e melhorar os procedimentos de tráfego aéreo no Brasil, pois é política do Comando da Aeronáutica buscar ao máximo a segurança de todos os passageiros e tripulantes que voam sobre o país. Incidentes e acidentes não são aceitáveis em nenhum número, em qualquer escala.


Sobre a questão dos controladores de tráfego aéreo, ao contrário da informação veiculada, o Brasil tem atualmente mais de 4.100 controladores em atividade, entre civis e militares. No total, são mais de 6.900 profissionais envolvidos diretamente no tráfego aéreo, entre controladores e especialistas em comunicação, operação de estações, meteorologia e informações aeronáuticas.


Para garantir a segurança do controle do espaço aéreo no futuro, o Comando da Aeronáutica investe na formação de controladores de tráfego aéreo. A Escola de Especialistas de Aeronáutica forma anualmente 300 profissionais da área. Todos seguem depois para o Centro de Simulação do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), inaugurado em 2007 em São José dos Campos (SP). Com sistemas de última geração e tecnologia 100% nacional, o ICEA ampliou de 160 para 512 controladores-alunos por ano, triplicando a capacidade de formação e reciclagem.


Vale salientar que a ascensão operacional dos profissionais de controle de tráfego aéreo ocorre por meio de um conselho do qual fazem parte, dentre outros, os supervisores mais experientes de cada órgão de controle de tráfego aéreo. Desse modo, nenhum controlador de tráfego aéreo exerce atividades para as quais não estejam plenamente capacitados.


A qualidade desses profissionais se comprova por meio de relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). De acordo com o Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira, dos 26 tipos de fatores contribuintes para ocorrência de acidentes no país entre 2000 e 2009, o controle de tráfego aéreo ocupa a 24° posição, com 0,9%. O documento está disponível no link:

http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/Anexos/article/19/PANORAMA_2000_2009.pdf


A capacitação dos recursos humanos faz parte dos investimentos feitos pelo DECEA ao longo da década. Entre 2000 e 2010, foram R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão somente a partir de 2008. O montante também envolve compra de equipamentos e a adoção do Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional (SAGITÁRIO), um novo software nacional que representou um salto tecnológico na interface dos controladores de tráfego aéreo com as estações de trabalho. O sistema tem novas funcionalidades que permitem uma melhor consciência situacional por parte dos controladores. Sua interface é mais intuitiva, facilitando o trabalho de seus usuários.


Os resultados desses investimentos foram demonstrados pela auditoria realizada em 2009 pela International Civil Aviation Organization (ICAO), organização máxima da aviação civil, ligada às Nações Unidas, com 190 países signatários. A ICAO classificou o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro entre os cinco melhores no mundo. De acordo com a ICAO, o Brasil atingiu 95% de conformidade em procedimentos operacionais e de segurança.


Sem citar quaisquer dessas informações, para realizar sua reportagem, a equipe do Fantástico exibe depoimentos sem ao menos pesquisar qual a motivação dessas fontes. O Sr. Edileuzo Cavalcante, por exemplo, apresentado como um importante dirigente de uma associação de controladores, é acusado por atentado contra a segurança do transporte aéreo, motim e incitação à indisciplina, e responde por essas acusações na Justiça Militar.


O Sr. Edileuzo Cavalcante foi afastado da função de controlador de tráfego aéreo em 2007 e recentemente excluído das fileiras da Força Aérea Brasileira. Em 2010, também teve uma candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.


Quanto à informação sobre as tentativas de chamada por parte do controlador de tráfego aéreo, Sargento Lucivando Tibúrcio de Alencar, no caso do acidente ocorrido com a aeronave da Gol (PR-GTD) e a aeronave da empresa Excel Aire (N600XL) em 29 de setembro de 2006, cabe reforçar que elas não obtiveram sucesso devido à aeronave da Excel Aire não ter sido instruída oportunamente a trocar de frequência e não a qualquer deficiência no equipamento, conforme verificado em voo de inspeção. Durante as tentativas de contato, a última frequência que havia sido atribuída à aeronave estava fora de alcance, impossibilitando o estabelecimento das comunicações bilaterais.


Já quando foi consultar o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, a equipe de reportagem omitiu o fato que trataria de problemas de tráfego aéreo. Foi informado que se tratava unicamente sobre a evolução do tráfego aéreo de 2006 a 2011.


Por fim, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica ressalta que voar no país é seguro, que as ferramentas de prevenção do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro estão em perfeito funcionamento e que todas as ações implementadas seguem em concordância com o volume de tráfego aéreo e com as normas internacionais de segurança. No entanto, este Centro reitera que a questão da segurança do tráfego aéreo no país exige um tratamento responsável, sem emoção e desvinculado de interesses particulares, pessoais ou políticos.


Brasília, 9 de agosto de 2011.

Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

O Império contra-ataca


“O documento resultou de muita reflexão, e sua matéria-prima foi a nossa experiência cotidiana de quase nove décadas. Levou em conta os nossos acertos, para que sejam reiterados, mas também os nossos erros, para que seja possível evitá-los”
O trecho em epígrafe foi extraído da declaração de “princípios editoriais” que o Jornal Nacional levou ao ar em sua edição do último sábado (6 de agosto). Essa iniciativa das Organizações Globo espalhou perplexidade entre amplos setores da sociedade. Contém padrões de conduta jornalística do império da família Marinho nos quais ninguém acredita. Ninguém. Nem os que dizem acreditar.
Muito já foi dito e escrito sobre essa aparentemente surpreendente iniciativa imperial. As pessoas se indignaram. Como pode o grupo empresarial de comunicação que não faz outra coisa além de manipular seu conteúdo jornalístico e enfiar ataques a inimigos políticos em novelas e programas humorísticos, dizer-se isento? É um acinte, dizem, escrevem e vociferam com a indignação dos justos.
Sim, é um acinte. E, como todo acinte, como toda a afronta, é proposital, pois a declaração de princípios da Globo se constitui em legítima bofetada no rosto daqueles que, por ora, foram “derrotados”, já que o Império midiático contra-atacou com a sua “Estrela da Morte” sorridente e colorida, essa esfera de hipocrisia que nos invade as casas dia após dia, noite após noite, há décadas e mais décadas.
O império contra-ataca. Ano passado, pensou-se que fora derrotado, que se chegaria ao início da nova década com uma comunicação democratizada. Para tanto, este blogueiro e milhares de cidadãos pelo país a fora se envolveram em conferências, encontros, palestras infindáveis discutindo a “democratização da comunicação”. Tudo à toa. O Império anulou os rebeldes.
Os projetos de lei para vetar o que é vetado em qualquer nação democrática, a concentração abusiva e antidemocrática da propriedade de meios de comunicação, entre outras propostas absolutamente razoáveis e difundidas em todo mundo, foram enterrados pelo mesmo governo que só conseguiu se eleger à revelia da “isenção” com que a Globo, agora, esbofeteia a sociedade.
Vejamos, então:
De lá para cá, constatou-se o poder de fogo do Império. Autoridades dos três poderes da República se perfilaram nos rega-bofes da corte midiática, com suas mulheres de cabelos de boneca e seus homens gorduchos, empanturrados de dolce far niente. Caem ministros, criam-se crises, manipulam-se políticas públicas e até direitos dos cidadãos.
Reputações são dizimadas, agricultores sem-terra – com suas mulheres, crianças e velhos – são transformados em criminosos e abatidos a tiros, corruptos e corruptores amigos são acobertados, padrões de beleza inatingíveis transtornam mulheres de carne e osso, a cor da pele e as feições da maioria esmagadora dos brasileiros são sonegadas na propaganda…
Foi para o lixo tudo o que se discutiu e se propôs sobre democratização da comunicação nos últimos anos, inclusive na Conferência Nacional de Comunicação da qual este blogueiro participou como delegado por São Paulo. Um evento que, aliás, custou dinheiro público. E do qual as propostas serão solenemente ignoradas.
Será que esqueci alguma coisa?