Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A CRISE E O IMPASSE FISCAL NOS EUA:

  
A carga fiscal nos EUA depois de três décadas de domínio neoliberal é de 24% do PIB. A plutocracia nada em isenções de impostos concedidas por sucessivos mandatos republicanos. 45 milhões de norte-americanos admitem passar fome porque a sua renda não sustenta o metabolismo. A carga fiscal americana é a mais baixa entre os países ricos e costuma ser festejada pela ignorância do jornalismo nativo como evidência de correlação entre economia forte e Estado mínimo. O disparate é tão grande que na Alemanha da insuspeita dama de ferro Angela Merkel a carga é de 37% do PIB. Na Dinamarca cujo padrão de vida e urbanidade são invejados pelas elites nativas em seu eterno giro pelas alfandegas, a taxa passa de 44%. Mas elas maldizem os 34,5% do Brasil, que acusam de financiar o que classificam como ‘gastança’, tipo Bolsa Família, postinho de saúde, subsídio à habitação popular, escola pública, aposentadoria rural etc. Nesse momento de transparência das coisas, o facho de luz da crise mundial mostra o capitalismo americano colapsado pela sua hora da verdade fiscal: a receita do país hoje é 11% inferior ao que se gasta (no Brasil o déficit é de  3% e eles espumam).  A dívida pública já rompeu o limite de US$ 14 trilhões e os republicanos não aceitam elevar o teto do endividamento, sem o quê, a partir de agosto, fornecedores e rentistas aplicados nos títulos do Tesouro estão sujeitos ao calote. A ortodoxia republicanam cega e esperta ao mesmo tempo, faz braço de ferro com Obama: só dá mais corda fiscal para o Presidente se ele se comprometer a cortar US$ 4 trilhões de despesas até 2014, acuando assim sua reeleição num corner de cortes de gastos –inclusive na área de saúde, que Obama queria universalizar-- em plena campanha eleitoral. Eis o ponto a que nos leva a ideologia obscurantista do Estado mínimo. Se ela é obtusa o suficiente para colocar em risco a solvência da maior economia capitalista da terra, imagine do que não é capaz em latitudes tropicais? Esse é o teor de barbárie ideológica vendida pelo jornalismo demotucano como suflê dos deuses nas últimas décadas. É isso que está em questão nos EUA: de um lado, os mercados e a extrema direita republicana disposta a jogar o país no caos para manter o privilégio fiscal dos ricos às custas dos pobres; de outro, a tibieza de um presidente fraco, que levita sobre uma sociedade atomizada, corroída pela desindustrialização e o esfarelasmento de sindicatos e partidos, sendo assim o oposto do universo mobilizado que ancorou o New Deal nos anos 30. A salgar tudo isso, uma opinião pública de classe média adestrada em seus medos e ignorância pelo noticiário da Fox News, do magnata Rupert Murdoch, cujas credenciais dispensam apresentações. Ah, sim, Obama acha que vai vencer os blindados com disparos de Twiter.
(Carta Maior; 6º feira 15/07/ 2011)

Lula dá o caminho: é preciso competir com a mídia


Durante o Congresso da UNE, o ex-presidente Lula soltou o verbo, apontando como a imprensa é – estava certa a D. Judith Brito, da Associação de Jornais – a verdadeira força de oposição a um projeto nacional, desenvolvimentista e includente no Brasil. Vale a pena ler a matéria publicada em O Globo, da repórter Cristiane Agostine.
Lula dá um “chega prá-lá” nas intrigas que tentam criar entre ele e o Dilma, embora a certa altura, dê um conselho indireto ao novo governo para a batalha midiática onde se joga boa parte do sucesso de uma administração. “”Inventaram também que ela é diferente nas coisas que faz, que eu falava muito. É que eu competia com o que eles falavam e o povo acreditava em mim”.
É verdade. Precisamos falar, para competir com o que eles falam. E nisso temos ficado aquém do que é nosso dever.
E competir com o que eles falam é, sobretudo, não ter receio de confrontar o que eles chamam de “verdade evidente”. Estamos deixando de defender posições corretas por falta de confronto ideológico, mostrando que os governos que fizeram “tudo certo” foram os que fizeram o Brasil todo errado.
Leia a matéria:
Há sete meses fora da Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso duro contra a imprensa, há pouco, no 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Goiânia (GO). Para uma plateia lotada de estudantes, Lula atacou os meios de comunicação por criarem divergências entre ele e a presidente Dilma Rousseff.
Ao discursar no II Encontro Nacional do ProUni, durante o evento dos estudantes, o ex-presidente comentou uma reportagem que mostrava o financiamento do congresso da UNE por empresas estatais, como a Petrobras, e classificava o encontro de “chapa branca”.
“Quando ligamos a televisão, tem propaganda de quem? Da Petrobras, da Caixa Econômica Federal. Elas financiam tudo. Para eles [empresas de comunicação] isso é democrático. Para vocês [UNE], é chapa branca”, disse Lula.
O tom do discurso do ex-presidente mudou quando o petista começou a reclamar dos meios de comunicação. “Eu tô ficando invocado. Faz seis meses que eu saí da Presidência, mas eles não saem do meu pé”, afirmou.
Em seguida, enumerou o que considera como intrigas feitas pela imprensa. “Primeiro disseram que há diferenças entre mim e Dilma, que somos diferentes. Não precisa ser um especialista para saber que ela é diferente de mim”, ironizou.
“Falaram que divergimos. Eu já disse que, se houver divergência, é ela quem estará certa. Não há divergências. Depois, quando fui a Brasília e tirei uma foto com senadores, disseram que ela era fraca. O babaca que escreveu a matéria nunca deve ter sentado com a Dilma para conversar. Ela pode ter todos os defeitos do mundo, menos ser fraca”, declarou o ex-presidente. “Ninguém que passa três anos na cadeia, sendo barbaramente torturada e é eleita presidente pode ser fraca.”
Lula disse que a maior vingança de Dilma com seus torturadores, durante o regime militar, foi o fato de ter sido eleita presidente. “Agora, ela é a comandante chefe. Deu a volta por cima”, disse. Entre elogios para sua sucessora, o ex-presidente continuou com os ataques à imprensa. “Inventaram também que ela é diferente nas coisas que faz, que eu falava muito. É que eu competia com o que eles falavam e o povo acreditava em mim”, comentou.
O petista disse ainda que meios de comunicação torceram para que a inflação voltasse. “Chegaram a dizer que eu deixei uma herança maldita. A primeira herança maldita é o pré-sal. Tem o Prouni, o PAC 2. Quem sabe é o Minha Casa, Minha Vida 2? O dado concreto é que eles não perceberam que as coisas mudaram no Brasil”.
O ex-presidente disse ainda que a população está se informando “de múltiplas formas” e não só por “aqueles que achavam que formavam a opinião pública”.

Câmara retoma polêmico 'AI-5 digital': direitos ou punições primeiro?


Numa tensa audiência pública, três comissões da Câmara dos Deputados debatem projeto que tenta transformar em crime atos praticados na internet. Batizada de 'AI-5 digital' ao ser aprovada no Senado, em 2008, proposta é polêmica e tem poucas chances de consenso. Para defensores de que internet é espaço livre, Congresso deveria aprovar antes um 'marco civil' que garanta os direitos dos usuários. Governo concorda, mas enfrenta impaciência do relator, Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

BRASÍLIA – A proposta de tornar crimes previstos em lei, com punições bem definidas, certos atos praticados na internet voltou a esquentar o Congresso. Três anos depois de o Senado ter aprovado a tipificação de crimes cibernéticos, batizada de AI-5 digital, alguns deputados lutam para votá-la pela última vez em agosto, na volta do recesso parlamentar.

O projeto foi debatido nesta quarta-feira (13/07) por três comissões da Câmara, numa audiência pública tensa. Ficou claro que a chance de consenso é nula. De um lado, com apoio do governo, há os defensores de que primeiro uma lei estabeleça os direitos do usuário de internet. De outro, os que querem punições já.

Para o primeiro grupo, criminalizar atos e práticas na internet seria um atentado contra a liberdade de expressão e um espaço que é anárquico por natureza e que retira daí sua criatividade. “A liberdade na internet é que permitiu uma produção de conteúdo e de diversidade cultural jamais vistos”, disse Sérgio Amadeu, ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI).

A criminalização também prejudicaria os usuários enquanto consumidores, na avaliação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC). Segundo Guilherme Varela, representante do IDEC no debate, a internet é uma ferramenta que faz intermediação de relações de consumo e que garante “protagonismo” e “privacidade” ao consumidor, sempre a parte mais fraca. “O consumidor não precisa de uma lei de crimes cibernéticos, precisa antes de uma lei de direitos e de proteção de dados”, afirmou.

A “lei de direitos” a que se referiu Varela é conhecida como “marco civil” e está sendo preparada pelo governo. O marco civil, na visão de seus defensores e do governo, é necessário para assegurar tudo o que os internautas podem fazer e como eles se protegeriam de provedores e servidores, por exemplo. “Deveríamos começar com a delimitação de direitos e deveres. Só depois, identificar violações e, se houver, tipificar como crime”, disse na audiência Demi Getschko, do Comitê Gestor da Internet (CGI).

Para ele, a tecnologia poderia ajudar a resolver problemas que ela mesmo cria e que estão na mira de punições. É o caso de invasão de sites por hackers.

O diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Marcos Vinícius Mazoni, concorda que a habilidade tecnológica é suficiente para evitar crimes. “Não temos nenhum site operado pelo Serpro invadido. As invasões citadas pela mídia não foram verdadeiras”, disse Manzoni, em referência a recentes ataques sofridos por sites oficiais que são administrados pelo Serpro.

Os ataques foram citados na audiência pública como fatos que exigiriam uma lei a tipificá-los como crimes.

Integrante da primeira Promotoria Pública do Brasil dedicada a cibercrimes, criada em 2008 em Minas Gerais, a promotora Vanessa Fusco disse que metade dos casos que lhe chegam têm de ser arquivados por falta de uma lei que sustente uma acusação perante a Justiça. A invasão das contas correntes das pessoas que usam banco pela internet cairia nesta situação, por exemplo. “Há uma dificuldade imensa dos promotores de Justiça hoje”, afirmou.

Advogada especializada em casos cibernéticos, Patricia Peck Pinheiro expressou a mesma opinião no debate. “Hoje estamos protegendo criminosos no Brasil”, declarou.

Relator do projeto na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, uma das promotoras da audiência pública e cujos membros fizeram um acordo para votar o projeto em agosto, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) é mais sensível aos argumentos dos defensores da criminalização. Até por ter sido, três anos atrás, relator do projeto no Senado – foi senador até 2010. “Não dá mais para o país ficar omisso. E há omissão do governo federal, com a demora no envio do marco civil”, disse.

Segundo Carta Maior apurou, a proposta de marco civil já foi encaminhada pelo ministério da Justiça e está no Palácio do Planalto para ser submetida à presidenta Dilma Rousseff. Mas não há prazo para que isso aconteça.

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A Nação Falcão: um guia para o debate sobre o teto da dívida catastrófica


Os Estados Unidos têm muitos problemas no momento: um alto e persistente nível de desemprego, uma catástrofe em execuções patrimoniais, uma economia em desaceleração, que não tem se recuperado e não vai se recuperar da Grande Crise, e os desafios em curso, no quesito infraestrutura, energia e mudança climática. Crise fiscal? A coisa toda é uma ficção, inventada por homens espertos a repetirem suas advertências repetidas e infinitas vezes e as vincularem às projeções de técnicos do Gabinete Orçamentário do Congresso e fora dele. O artigo é de James K. Galbraith.

Novos informes dão conta de que o Presidente Obama obteve uma vitória política ao concordar em pôr o Medicare e o Social Security na guilhotina para obter uma “grandiosa” soma de 4 trilhões em redução de déficit. O porta-voz [da Câmara de Representantes dos EUA, John] Boehner teve de conceder que os republicanos não votarão em pacote algum que inclua aumento de impostos – e a negociação morreu. Assim o ardil operado e o Presidente emergiram com uma imagem sólida como a do Falcão Alfa do déficit, para a qual só se pode dizer: que bom para ele.

Estamos num verão que só Salvador Dalí poderia pintar uma realidade tão distorcida que quase se pode desejar a simples verdade a respeito da Guerra ao Terror ou até da invasão do Iraque. Assim como hoje, para ser sério, deve-se ser um “falcão”. (A pomba é uma fraca, uma perdedora, e a coruja, para fins práticos, não existe). Então vamos rever algumas das estranhas e misteriosas faces deste pássaro feio e cruel.

O primeiro teto da dívida foi decretado em 1917. Por que? A data nos diz tudo: estávamos às portas da Primeira Grande Guerra. Para financiar esse esforço, o governo Wilson precisava emitir os Títulos da Liberdade. Foi uma medida controversa, e o teto da dívida foi coberto, aprovado para assegurar aos caipiras de que o Congresso seria “responsável” até mesmo quando o país estava indo para a guerra. Era, desde o começo, um exercício de má fé e assim perseverou, em cada segundo até hoje.

Hoje, essa lei de má fé é levada ao seu extremo absurdo, para forçar cortes massivos nas políticas públicas, como o preço a pagar por não denegar a dívida pública dos Estados Unidos. Não importa que forçar o default nas obrigações públicas dos Estados Unidos seja flagrantemente inconstitucional. A seção 4 da 14° emenda diz em linguagem simples que obrigações públicas devidamente autorizadas por lei e inclusive pensões, a propósito, “não devem ser questionadas”. O propósito dessa linguagem foi o de tornar efetivo o direito, para além de questões políticas, de modo a impedir qualquer possibilidade de que os fundos de pensão e sindicatos saíssem impunes, caso denegassem suas obrigações em pensões e benefícios. Mas a sua aplicação é muito geral e as cortes têm decidido que o princípio permanece em vigor até os dias que correm.

O que está em curso no Congresso dos EUA neste momento é já uma violação ao que manda este dispositivo legal. Trata-se de um esforço para subverter a autoridade do governo de encontrar e, portanto, gerar obrigações de qualquer natureza possível. É um ataque ao conceito mesmo de governo – como o próprio “Tea Party“ até em seu nome mesmo concorda, sem duvidar. Isso, portanto, pinta esses falcões do déficit, que estão usando o debate sobre o teto do déficit para operar sequestros orçamentários, como inimigos da Constituição dos Estados Unidos.

O presidente, embora seja supostamente um expert constitucional e tenha jurado “preservar, proteger e defender” a Constituição, não dirá tal coisa. Em vez disso, ele parece tratar a Constituição como uma matéria opcional, a qual não apelará, na esperança de que, negociando com os sequestradores poderá obter algum resultado razoável que preservará o bom nome de todos. (o grande acadêmico de Harvard, Laurence Tribe, argumentou recentemente que o Presidente não pode enfrentar o aumento do déficit sozinho. Este é um ponto discutível). É como se Lincoln, em 1861, diante do Forte Sumter sitiado, tivesse se rendido aos comissários Confederados para ver o que poderia ser arranjado.

Em Washington parece que esse ataque ao governo tem uma larga medida de apoio da elite e da mídia, não de modo grosseiro ou em personalidades vulgares, mas porque possivelmente forçaria os partidos a fazer “o que deveriam, em todo caso” – a saber, chegar a um acordo da dívida e do déficit de longo prazo. Um acordo como esse cortaria gastos, aumentaria alguns impostos, poria a relação dívida/PIB em razão decrescente e resolveria “a crise fiscal do governo”.

Que crise fiscal? A grande questão não respondida neste verão de som e fúria é “por que?”. Os Estados Unidos têm muitos problemas no momento: um alto e persistente nível de desemprego, uma catástrofe em execuções patrimoniais, uma economia em desaceleração, que não tem se recuperado e não vai se recuperar da Grande Crise, e os desafios em curso, no quesito infraestrutura, energia e mudança climática. Crise fiscal? A coisa toda é uma ficção, inventada por homens espertos a repetirem suas advertências repetidas e infinitas vezes e as vincularem às projeções de técnicos do Gabinete Orçamentário do Congresso e fora dele.

As projeções, eu andei escrevendo [aqui], são traçadas com base em dois argumentos economicamente impossíveis. Um é o de que haverá uma grande recuperação econômica, próxima de uma situação de pleno emprego, por volta de 2013. Nós já estaríamos fora desse caminho, como alguns de nós disse [http://www.washingtonmonthly.com/features/2009/0903.galbraith.html] desde o começo. É claro, uma recuperação reduziria o déficit, mesmo que nada fosse feito. Mas aí o Gabinete Orçamentário do Congresso recria a explosão da dívida por hipóteses, as quais incluem crescimento sólido e baixa inflação, mas custos bruscamente mais altos na assistência em saúde e muito mais altas taxas de juros de curto prazo. Isso leva o déficit projetado às alturas, superando no curto prazo todos os recordes em relação ao PIB.

Isso é possível? Não, não é. O Banco Central estadunidense [Federal Reserve] jamais aumentaria as taxas de juros no curto prazo, como projeta o GOC [CBO, na sigla em inglês], sem que antes haja um aumento da inflação, coisa que o GOC reconhece não ocorrerá. Caso ocorresse, a economia colapsaria! E, se não, o déficit não ficaria fora de controle. Tenho apresentado esses simples números [aqui]. Pois, o que vale, se você acredita que o mercado de capitais sinaliza para alguma coisa, eles o fazem é para a sua descrença nas previsões do juízo final, nas taxas de juros de longo prazo, nos títulos do governo americano, diariamente [every single day].

É possível que o corte no governo seja, por algum outro caminho, a maneira de recuperar a economia?

Há muita gente que acredita com fervor na resiliência do setor privado e para quem o governo não passa de um fardo. Algumas dessas pessoas são puros predadores: magnatas da finança, magnatas da mídia, magnatas banqueiros. Outros tem fechado os olhos para o papel real que o governo joga na sustentação das redes de comunicação, nos sistemas de proteção social que organizam nossas vidas e imaginam que se pode voltar ao tempo das fazendas de subsistência, caridade religiosa e crédito com caderninho no mercado da esquina; só que havia um número muito menor de gente nesse mundo, essas pessoas não faziam o que nós fazemos e não vivam tanto como nós.

Em termos gerais, o governo hoje faz quatro coisas maiores:

. Provê a defesa nacional

. Fornece bens e serviços à economia privada para um vasto leque de propósitos públicos, a maior parte deles em escala bastante pequena em relação ao PIB.

. Regula um vasto setor privado de atividades ligadas a segurança, saúde, meio ambiente e outros propósitos, inclusive a estabilidade financeira – ou assim se espera que o faça.

. Administra os programas sociais como Social Security, Medicare e Medicaid, assim como outros programas de benefícios em saúde e aposentadoria.

Em que alguma dessas funções é ampla demais? Como economista comprometido com as questões de segurança e paz [http://www.epsusa.org/], eu realmente acredito que faríamos melhor se terminássemos a guerra no Iraque e no Afeganistão rapidamente, que poderíamos dispensar os custos financeiros de tantas bases militares no exterior, com porta-aviões, aviões e submarinos e armas nucleares deixados pela Guerra Fria. Mas esses são juízos relativos à segurança, não econômicos. Em outras palavras, eu não cortaria um centavo dos gastos do Pentágono que fossem verdadeiramente necessários para defender os Estados Unidos, caso isso baixasse as taxas de juros e a dívida pública.

Pelo mesmo raciocínio, por que deveríamos cortar gastos em transporte, saúde pública ou proteção ambiental, ou pesquisa científica, ou fiscalização da atividade bancária ou de fundos de pensão que financiam escolas públicas? Pode-se argumentar dessa maneira com base em cada um dos programas sociais – e se deve fazê-lo. (Eu cortaria alegremente os subsídios para o etanol e poria fim aos benefícios fiscais das empresas de petróleo, para começo de conversa). Mas não é o caso de a economia impor limites amplos, e é óbvio que os 500 mil trabalhadores do setor público – inclusive muitos professores, policiais, bombeiros e guardas-florestais, bibliotecários – que perderam seus empregos desde 2009[ http://thinkprogress.org/yglesias/2011/07/08/263588/the-conservative-recovery-continues-2/], estariam fazendo coisas boas e úteis que hoje fazem falta. Se cuidar deles tivesse sido bom para a economia, estaríamos tendo uma recuperação mais forte do que estamos tendo.

Finalmente, há o Social Security, o Medicare e o Medicaid. Diferentemente dos programas militares ou de transporte, o Social Security não é um programa de aquisição pelo governo. Ele portanto não requer nada diretamente do setor privado. O que ele faz? Provê previdência: protege os trabalhadores da pobreza da velhice, caso suas famílias não queiram ou não possam cuidar deles. E taxa todos os trabalhadores, para que eles não sejam sobrecarregados com o cuidado dos pais, ou de sobreviventes, ou dos portadores de necessidades especiais, que teriam de ser sustentados. Junto ao Medicare e ao Medicaid, o Social Security é um poderoso instrumento de proteção para toda a população – jovem e idosa. Ele redistribui o poder de compra, que decai em relação a ganhos passados, de modo que conduz à convergência de necessidades básicas para um grande número de americanos que, de outra forma, em muitos milhões de casos, seriam destituídos de recursos ou ficariam sem assistência em saúde.

A que serviria o propósito de cortar esses programas? Fazer isso iria redistribuir renda de novo. Muitos dos futuros idosos estarão em situação muito pior e é claro que muitos morrerão mais jovens do que do contrário iriam. Sobreviventes e portadores de necessidades especiais também iriam sofrer. Em troca, o que o governo federal e o país ganham? Uma liberação de recursos reais para o setor privado? O Social Security não retira recursos reais do setor privado! Taxas de juros menores? A ideia é absurda, e não apenas porque hoje as taxas de juros estão baixas. A noção de que o corte do Social Security ajudaria a manter as taxas de juros baixas é absurda porque as taxas de juros são dispostas de maneira tal que não têm relação alguma com o Social Security, o Medicare ou o Medicaid (*).

Esse argumento não tem coisa alguma a ver com a metáfora várias vezes repetida e perfeitamente verdadeira de que o sistema do Social Security não contribui com o déficit. Não importaria se contribuísse. A questão que importa é: os benefícios são muito elevados? Obviamente não. E quanto à taxação da folha de pagamentos, também é baixa? Não é o caso para isso, tampouco. Uma das muito poucas luzes na política recente foi a decisão de reduzir a taxação sobre a folha de pagamentos para os empregados temporariamente, enquanto se deixa o Social Security a salvo.

Se você quiser acumular recursos em cima disso, os passos certos seriam baixar ][http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/01/02/unconventional_wisdom?page=0,7] – e não subir – a idade mínima de aposentadoria com o Social Security, permitindo por alguns poucos anos que trabalhadores mais velhos saiam do mercado de trabalho permanentemente em termos melhores do que os disponíveis para eles hoje. Isso, junto à baixa idade para ingressar no Medicare trabalharia rapidamente para reequilibrar a força de trabalho, reduzindo o desemprego e o trabalho precário dentre os trabalhadores mais velhos, enquanto aumentaria a oferta de trabalho para os jovens. Trata-se da aplicação pura e simples do senso comum. E, diferentemente das pressões para que operem cortes de longo prazo nesses programas, isso ajudaria a resolver um dos maiores problemas que se tem a seguir.

Em vez disso, o que nós temos, de um presidente que se diz membro do Partido Democrata? Em primeiro lugar, há a afirmação de que estamos numa crise fiscal, o que é uma grande inverdade. Segundo, uma concessão em princípio de que deveríamos lidar com essa crise ao permitir o corte massivo nos gastos dos serviços públicos, por um lado e, por outro, nos programas de seguridade social. Essa é uma arbitrariedade cruel. Terceiro, uma recusa de se manter firme ao lado da Constituição, contra aqueles cujo propósito aberto e declarado é rasgar esse documento e espatifar o crédito público.

No diário da besta aos domingos [In the Daily Beast on Sunday], Howard Kurtz escreveu em termos otimistas a respeito dos prognósticos para um acordo sobre o déficit. “Mas, longe das câmeras, até os políticos de língua afiada reconhecem o imperativo de impedir o destino da Grécia. É um sinal dos tempos que os atores de teatro kabuki de Washington irão aplaudir por terem advertido da catástrofe”.

Kurtz não disse que o grande Kabuki aqui é sua própria noção de que de algum modo os EUA estão diante do destino da Grécia – um pequeno e constrangido membro de uma zona monetária que não pode controlar. Ele não disse que a catástrofe que teme – um default do governo estadunidense frente a suas obrigações – foi inteiramente produto de uma política de má fé, aprovada por um presidente irresoluto, que parece não perceber o perigo de permitir que a Constituição fracasse.

E ele não disse que aplaudiria o acordo com cortes no Social Security, no Medicare, no Medicaid e todas as funções legítimas e necessárias do governo – que seriam para milhões de americanos a própria catástrofe.

(*) Taxas de Juros de curto prazo são o que o Comitê Federal de Mercado Aberto dita o que elas devam ser. E se o Tesouro quer pagar baixas taxas de juros da dívida, podem sempre emitir títulos da dívida de curto prazo – ou pode emitir títulos de longo prazo e o Federal Reserve pode compra-los de volta, mantendo o padrão de taxa de juros que preferir. Não há risco de default no mercado, nem ameaça à “solvência” por uma “perda de confiança” - nada que o setor privado possa fazer para que o governo dos EUA pague mais do que quer – um ponto que deveria ser óbvio, dado o fato de que as decisões sobre taxas do Federal Reserve nunca são sobrepujadas pelo mercado. A única maneira de o governo dos EUA vir a declarar default é se tomar uma decisão de assim proceder – que é o que os apologistas do déficit e sequestradores do orçamento ameaçam e o que a Constituição proíbe.

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte:
http://www.newdeal20.org/2011/07/11/hawk-nation-a-guide-to-the-catastrophic-debt-ceiling-debate-51211/

TWITCAM HOJE, ÀS 21 HORAS, COM EMIR SADER. BALANÇO DA CRISE INTERNACIONAL, DO GOVERNO DILMA E OUTROS TEMAS


"Estamos diante de uma crise mutante (...) a salvação terá que vir da política. Não podemos mais cometer erros. Ou haverá uma solução comum ou não haverá solução. Como no Titanic, não se salvarão nem os passageiros de primeira classe" .As palavras de Giulio Tremonti, o ortodoxo ministro das Finanças de Berlusconi, refletem o espírito de incerteza e apreensão que predomina na zona do euro, asfixiada por um duplo torniquete de deriva política e corrosão financeira progressiva. Sem ferramentas para disciplinar os mercados, a UE encontra-se paralisada por divergências políticas e ideológicas entre seus líderes. A principal trinca na cúpula do euro remete à forma como será rateado o calote inevitável da Grécia, que poderá antecipar o default de outros insolventes, como Portugal e Irlanda, sem afastar o risco de um contágio que pode arrastar também a Espanha e a Iália. Os bancos privados não aceitam realizar perdas dos créditos concedidos aos Tesouros desses países. Depois de se locupletaram no ciclo de alta da especulação, pretendem agora sair da festa sem pagar o prejuízo, vendendo integralmente seus títulos aos governos pelo valor de face. Por incrível que pareça, vem da dama de ferro prussiana, Angela Merkel, a resistência maior a essa estripulia da banca. Outros até mais progressistas, como JoséLuis Zapatero, da Espanha, temem que uma imposição de perdas aos mercados gere uma fuga em massa de investidores, precipitando o colapso dos elos mais frágeis da corrente do euro. Nesse vácuo institucional, os mercados desregulados exercem sua natureza predadora como se não houvesse amanhã. Nesta 5º feira, depois de acossada por ataques especulativos desde o início da semana, por conta de uma dívida pública superior a 120% do PIB, a Itália, terceira maior economia do euro, selou um armistício com seus credores, levando à aprovação do Senado um novo degrau de arrocho, com cortes de despesas superiores a 70 bilhões de euros.Quem vai pagar o banquete da reconciliação? Aposentados: pensões mais altas serão congeladas; as demais serão erodidas pela introdução de um fator previdencários; classe média: pagará mais impostos, com o fim de isenções; trabalhadores: arrocho vai gerar queda na oferta de empregos; população em geral: empresas públicas serão privatizadas; serviços essenciais terão cortes orçamentários. Mesmo assim, os mercados exigiram a sobremesa: impusera uma taxa de juros recorde, a mais alta em 15 anos, para comprar novos títulos da dívida pública italiana nesta manhã de 5º feira. Essa é a paz possível com o laissez faire rentista.
(Carta Maior; 5º feira 14/07/ 2011)

Os Otavinhos

13/07/2011

Os otavinhos são personagens típicos do neoliberalismo. Precisam do desencanto da esquerda, para tentar impor a ideia do tango Cambalache: Nada é melhor tudo é igual.

Os otavinhos são jovens de idade, mas envelhecem rapidamente. Passam do ceticismo – todo projeto de transformação deu errado, tudo é ruim, todo tempo passado foi melhor, a política é por natureza corrupta - ao cinismo –quanto menos Estado, melhor, quanto mais mercado, melhor.

São tucanos, seu ídolo é o FHC, seu sonho era fazer chegar o Serra – a quem não respeitam, mas que lhes seria muito funcional – à presidência. Vivem agora a ressaca de outra derrota, em barzinhos da Vila Madalena.

Tem ódio ao povo e a tudo o que cheira povo – popular, sindicatos, Lula, trabalhadores, PT, MST, CUT, esquerda, samba, carnaval.

Se consideram a elite iluminada de um país que não os compreende. Os otavinhos são medíocres e ignorantes, mas se consideram gênios. Uns otavinhos acham isso de si e dos outros otavinhos.

Só leem banalidades – Veja, Caras, etc. -, mas citam muito. Tem inveja dos intelectuais, da vida universitária, do mundo teórico, que sempre tratam de denegrir. Tem sentimento de inferioridade em relação aos intelectuais, que fazem a carreira que eles não conseguiram.

São financiados por bancos da família ou outras entidades afins, para ter jornais, revistas, editoras, fazer cinema, organizar festivais literários elitistas.

Fingem que gostam da França, mas são chegados a Miami.

Ficaram para trás com a internet, então abominam, como conservadores, reacionários idosos que é sua cabeça.

Se reúnem para reclamar do mundo e da sua decadência precoce.

Os otavinhos não tem caráter e por isso se dedicam a tentar denegrir a reputações dos que mantem valores e coerência, para tentar demonstrar que todo mundo é sem caráter, como eles.

Os otavinhos assumem o movimento de 1932, acham que São Paulo é a “locomotiva da nação”, que é uma ilha de civilização cercada de bárbaros por todos os lados. Os otavinhos detestam o Brasil, odeiam o Rio, a Bahia, o Nordeste. Odeiam o povo de São Paulo, querem se apropriar de São Paulo com seu espírito de elite.

Os otavinhos moram ou ambicionam morar nos Jardins e acham que o Brasil seria civilizado quando tudo fosse como nos Jardins.

Os otavinhos nunca leram FHC, não entendem nada do que ele fala, mas o consideram o maior intelectual brasileiro.

Os otavinhos são órfãos da guerra fria, da ditadura e do FHC. Andam olhando pra baixo, tristes, depressivos, infelizes.

Os otavinhos compram todas as revistas culturais, colocam no banco detrás do carro e não lêem nenhuma. Lêem a Veja e Caras.

Os otavinhos acham que a ditadura foi um mal momento, uma ditabanda.

Os otavinhos são deprimidos, depressivos, derrotados, desmoralizados, rancoroso, escrevem com o fígado. Os otavinhos têm úlcera na alma.

Os otavinhos odeiam o Brasil, mas pretendem falar em nome do Brasil, para denegri-lo, promover a baixa estima. Os otavinhos pertencem ao passado, mas insistem em sobreviver.
Postado por Emir Sader às 16:26

TWITCAM HOJE, ÀS 21 HORAS, COM EMIR SADER. BALANÇO DA CRISE INTERNACIONAL, DO GOVERNO DILMA E OUTROS TEMAS.


 A mídia brasileira tem optado por uma abordagem insuficiente -para dizê-lo com indulgência--  dos desdobramentos que  o escândalo  do ‘News of  the World' coloca no tocante  às relações entre o dinheiro, a democracia e o direito à  informação.
Há razões para crer que não seja apenas um descuido. Privar a sociedade das interações implícitas e da contextualização política explosiva  de um episódio que só na aparência pode ser tratado como o  caso específico de um tabloide inglês marrom, sugere um esforço de autopreservação diante do espelho incômodo, cuja trinca esfarela  todos os semelhantes a sua volta. É perceptível o labor para dar ao escândalo do  ‘ News of de World'  o recorte de um ponto fora da curva. O fato, porém, é que o direitista Rupert Murdoch, seu proprietário, montou e maneja no circuito  Inglaterra/ EUA o maior conglomerado de mídia em língua inglesa do  planeta. Controla simultaneamente as pautas e narrativas veiculadas em diferentes praças e as repercute em todas as formas de mídia. O Brasil sabe o que isso significa, especialmente em períodos eleitorais. A investigação jornalística isenta não conseguiria explicar  como fruto da  coincidência que os tentáculos do império Murdoch incluam na folha de pagamentos o ex-assessor de imprensa do primeiro-ministro inglês David Cameron -cujo frequentava as festas da editora do ‘News of the World'; ou ,como lembra Lúcia Guimarães, brava correspondente do Estadão em Nova Iorque, que o fundador e atual presidente da rede Fox News, --o canal de tevê norte-americano de Murdoch-- seja Roger Ailes, ex-assessor de propaganda de  Richard Nixon e de George Bush pai.Nos anos 70 Ailes foi o autor de um estudo sugestivamente intitulado: ‘ Como Colocar o Partido Republicano na Mídia'. Manipulação e  democratização dos meios de comunicação são formas de mediação social que se combatem.  A  manipulação viceja no terreno pantanoso da semi-informação e da semi-cultura que desarma os espíritos  e embrutece o discernimento da liberdade e da Razão, prostrando a cidadania com o espraiamento tóxico do jornalismo que combate  idéias e defende interesses destruindo reputações e alvejando biografias. Seria oportuno  que as autoridades do país, ainda hesitantes diante da necessidade de regulação da mídia, acompanhassem atentamente o debate em torno do método Murdoch de jornalismo --e não o fizessem apenas com base na mídia local.
(Carta Maior; 5º feira 14/07/ 2011)

PT queria a Ley de Medios, mas tem medo da Grobo?

Senador Jorge Viana, o problema não é a Helena
Saiu na Folha (*), pág. A10:

“Senadores do PT criticam a área de Comunicação”


Alguns senadores jantaram com as ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann para reclamar da Ministra Helena Chagas, da Comunicação.

Reclamam porque o Governo da Presidenta não consegue emplacar a “agenda positiva”.

E dão como exemplo o programa “Brasil sem Miséria” – aqui neste blog ansioso exposto numa entrevista com a Ministra Tereza Campello.

É um “programa maravilhoso”, diz o senador Jorge Viana. “Mas precisamos divulgá-lo mais”.
Não adianta botar a culpa na Helena, Senador.

O PiG (*) foi quem decidiu boicotar o “Brasil sem Miséria”.

Gastou mais tempo a discutir “a linha da miséria”, a partir de que ponto alguém é “miserável” – uma filigrana acadêmica – do que o programa propriamente dito.

Assim será, senador: sempre.

A Ministra Helena Chagas pode chamar o Tiririca, a Glória Pires, o Bono – quem ela quiser para “vender” o Brasil sem Miséria, que o PiG (*) não vai deixar passar.

É o Muro do Silêncio, em outras partes chamado de Muro da Vergonha.

Se o Ali Kamel não quiser, senador, o programa não vai ao Acre.

Então, em lugar de reclamar da Helena Chagas, seria melhor a bancada do PT no Senado ir pra cima do Ministro Bernardo e arrancar uma Ley de Medios.

Veja que, como diz o Laurindo Lalo Leal Filho, a Ley de Médios já vale na Argentina: a Cristina Kirchner já começou a abrir o mercado de concessões de televisão.

Começou a fazer nas telecomunicações o que o CADE fez com a BRFoods: monopólio para prejudicar o consumidor, não.

E a Cristina vai entregar metade das novas concessões a instituições não empresariais.

Mas, lá na Argentina, a democracia pega mais firme.

Os torturadores do regime militar estão na cadeia.

O Nestor Kirchner demitiu os ministros da Suprema Corte nomeados pelo Menem …

Senador Jorge Vianna, dê um pulo a Buenos Aires.

É sempre uma viagem adorável.

Ah, que inveja da Argentina !


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Bom mesmo foi o BNDES pagar pela privataria tucana


Você que acreditou na lorota de que o BNDES se associar à fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour equivaleria a “dar” dinheiro ao bilionário Abílio Diniz, tem que saber de uma coisa: a mídia que bombardeou a tentativa do governo de impedir que o setor supermercadista caísse nas mãos do Walmart e que tal setor passasse a ser inteiramente controlado por estrangeiros é a mesma que apoiou que o mesmo BNDES financiasse a privataria tucana.
No caso do setor elétrico, o aporte do BNDES foi de 100% e a compradora AES, por exemplo, não pagou em dia nem a primeira prestação. Ao longo dos oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso, as privatizações somaram 78,61 bilhões de dólares e os investidores estrangeiros contribuíram com míseros 53% do total. Essa revoltante privataria feita com dinheiro público ainda atingiu o sistema Telebrás e a mineradora Vale do Rio Doce.
Enquanto a mídia alegava que as negociatas eram sinônimos de “modernidade”, tratava de aproveitar a moleza tucana comprando o que era privatizado. O Estadão, por exemplo, comprou parte da operadora de celulares BCP,  hoje Claro, valendo-se do BNDES, é claro. Alguém consegue imaginar maior falta de ética do que um órgão de imprensa defender furiosamente política pública que o beneficiava alegando agir em nome do “interesse público”?
De qualquer forma, agora é tarde. O negócio foi para o brejo. O Walmart deve comprar o Carrefour e, assim, controlará ao menos 40% do setor supermercadista. E o que é melhor – para os americanos: sem que o Estado brasileiro ou qualquer grupo privado nacional possam interferir nas compras, que serão direcionadas a produtos estrangeiros em detrimento da indústria nacional, sem falar nos lucros de setor tão dinâmico que voarão para o exterior.
O prejuízo para o país é incalculável. Sobretudo para o trabalhador do setor, porque todos sabem como a mega transnacional Walmart trata seus empregados. E, como noticiou o portal Terra, o Walmart já anunciou que, a partir do ano que vem, tratará de comprar o que resta da concorrência de peso, o que fará surgir um gigantesco oligopólio que materializará as previsões sombrias daqueles que embarcaram na lorota da direita midiática.
Blog Cidadania-Eduguim