Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 13 de maio de 2011

ELITES DIFERENCIADAS


Marcha contra Wall Street reúne milhares em Nova York


Cerca de 10 mil pessoas participaram, quinta-feira, de um protesto nas imediações do coração do mundo financiero: a Bolsa de Valores de Nova York. Os manifestantes marcharam pelas ruas da cidade para exigir que os bancos e os empresarios ricos paguem os custos da crise econômica que eles causaram, e não os trabalhadores que enfrentam uma onda de demissões e um ataque político em nível nacional contra seus direitos trabalhistas.Um grupo de professores que participou da manifestação garantiu: “esta é a última vez que nos comportamos bem; na próxima, tomaremos a cidade”. O artigo é de David Brooks, do La Jornada.

Nova York, 12 de maio“Fuck Wall Street”, gritava hoje um manifestante ao marchar pela área, enquanto que a polícia impedia que milhares de professores, funcionários públicos, de manutenção e de vários setores de serviços, imigrantes, estudantes e ativistas comunitários se aproximassem do monumento do mundo financeiro: a Bolsa de Valores de Nova York.

Os manifestantes – mais de 10 mil segundo alguns cálculos – marcharam pelas ruas ao redor do setor financeiro e político desta cidade para exigir que os bancos e os empresários ricos paguem os custos da crise econômica que eles mesmos detonaram, e não os trabalhadores que enfrentam uma onda de demissões e um ataque político em nível nacional contra seus direitos trabalhistas.

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, quer demitir mais de 5 mil professores, fechar várias estações de bombeiros, reduzir serviços para crianças e programas para habitantes da terceira idade, entre outras medidas para equilibrar o orçamento. Por outro lado, nega-se terminantemente a aumentar os impostos para os ricos, sobretudo para o setor financeiro, com o argumento de que isso teria um efeito negativo na economia.

Mais emprego e mais serviços públicos
"Ouça, Bloomberg, o que diz disso? Quantos cortes ordenaste hoje?", gritava uma parte da marcha enquanto outros caminhavam desde vários pontos para deixar quase cercada a famosa rua de Wall Street. Acompanhados por bandas de metais e tambores, gritavam palavras de ordem contra a avareza empresarial e carregavam cartazes com demandas de emprego, escolas, serviços públicos e que os ricos paguem pelo desastre que criaram. “Nós pagamos impostos. Por que vocês não pagam?” – gritavam ao passar na frente de luxuosos edifícios. Poucos antes de partir, um contingente de professores advertiu entre aplausos e gritos: “esta é a última vez que nos comportamos bem; na próxima, tomaremos a cidade”.

Os governos em nível municipal, estadual e federal estão aplicando a mesma receita de austeridade por todo o país, acompanhada de um ataque feroz contra os sindicatos e, em alguns casos, contra os imigrantes. A história é a mesma: para resolver o déficit orçamentário provocado pela pior crise financeira e econômica desde a Grande Depressão, a decisão política é repassar o custo para os trabalhadores.

Ao mesmo tempo, os executivos e suas empresas desfrutam de uma prosperidade sem precedentes. O Wall Street Journal reportou que a remuneração para os principais executivos das 350 maiores empresas do país aumentou 11% e, em valor médio, chega a 9,3 milhões de dólares, um prêmio por seu grande trabalho em reduzir custos e elevar os rendimentos de suas empresas. Os líderes em receita são Phillipe Dauman, da Viacom, com 84,3 milhões de dólares anuais, seguido por Lawrence Ellison, da Oracle, com 68,6 milhões de dólares, e Leslie Monnves, da CBS, com 53,9 milhões de dólares.

Essa receita econômica é acompanhada de uma feroz ofensiva política contra trabalhadores e seus sindicatos. Forças conservadoras, tanto no âmbito político como no empresarial, promovem medidas com o propósito explícito de destruir sindicatos, em particular os do setor público. Iniciativas neste sentido foram promovidas em estados como Wisconsin, Michigan, Indiana e Ohio, entre outros, onde além de propor reduções de salários e direitos dos trabalhadores, incluem-se medidas para anular os direitos de negociação de contratos coletivos.

Dois estados, New Hampshire e Missouri, promoveram projetos de lei para somar-se aos 22 estados que têm leis com o nome orwelliano de “direito a trabalhar”, que, na verdade, limitam severamente a sindicalização ao permitir que os trabalhadores optem por não se filiar a sindicatos estabelecidos no setor privado. No total, 18 estados impulsionaram esse tipo de iniciativa somente no último ano, todos com a justificativa de que são necessárias para diminuir o déficit e quase todas promovidas por legisladores ou governadores republicanos, relatou ainda o Wall Street Journal.

As leis têm o objetivo de debilitar o poder político dos sindicatos que costumam apoiar o Partido Democrata e iniciativas liberais no país.
Isso levou a uma rebelião que reuniu centenas de milhares de trabalhadores em Wisconsin no início do ano, a qual se somaram estudantes, agricultores, imigrantes e organizações comunitárias que, durante várias semanas, tomaram o Capitólio doestado como parte de uma mobilização popular que gerou esperança neste país, e que muitos – incluindo os manifestantes – compararam com o que estava ocorrendo no Egito.

“Protesta como um egípcio”, foi uma das consignas da mobilização.
“Estamos com Wisconsin”, lia-se em cartazes e ouvia-se nas palavras de ordem nesta quinta-feira em Nova York. Do mesmo modo, surgiram expressões de resistência em Michigan, Ohio e Indiana contra medidas para debilitar os sindicatos.

Na Califórnia, os professores da California Teachers Association lançaram esta semana um movimento chamado Estado de Emergência para pressionar os legisladores a por fim aos cortes na educação. O sistema educacional sofreu cortes de 20 bilhões de dólares em três anos e 30 mil professores foram demitidos neste Estado.

Esta semana uma funcionária federal que está por ser demitida enfrentou o
presidente Barack Obama em um fórum transmitido pela televisão e perguntou-lhe o que faria se estivesse em seu lugar. Obama respondeu que é um momento difícil e tentou dar explicações, mas não conseguiu responder a pergunta.

Noam Chomsky escreve que o que está ocorrendo nos Estados Unidos é parte de uma guerra entre Estado e corporações contra os sindicatos, que está sendo travada em nível mundial deixando os trabalhadores em uma condição de precariedade como resultado de programas de enfraquecimento dos sindicatos, flexibilização e desregulação.

Mas os manifestantes de Nova York, nesta quinta-feira, também falaram do surgimento de uma resposta de resistência e rebelião que, embora ainda não seja massiva, vem ganhando pouco a pouco dimensões surpreendentes. Tom Morelli, ex-integrante de Rage Agains the Machine (banda hardrock dos EUA, uma das mais influentes e polêmicas da década de 1990), afirmou que os sindicatos são um contraponto crucial contra a cobiça empresarial que afundou a economia e ameaça o meio ambiente e o futuro.

Depois de participar das mobilizações de trabalhadores na capital de Wisconsin, disse que, de Cairo a Madison, os trabalhadores estão resistindo e os tiranos estão caindo, e apresentou uma nova canção que, segundo ele, é uma trilha sonora para a luta nos EUA. A letra afirma: este é uma cidade dos sindicatos/mantenham a linha; se vocês vierem retirar nossos direitos/vamos enchê-los de porrada.

Tradução: Katarina Peixoto


Fotos: Elizabeth Coll/La Jornada

Leve cidadania a Higienópolis no próximo sábado


Com a velocidade de propagação da internet, grande parte dos que se dispuseram – ou disseram que se dispuseram – a ir para diante do Shopping Higienópolis no próximo sábado para um “Churrascão da Gente Diferenciada” certamente já tomou conhecimento de que o jovem Danilo Saraiva, que convocou o ato público, propôs seu cancelamento.
As razões alegadas por Danilo para tanto, são de medo. Depois alterou “cancelamento” para alguma outra coisa que não ficou clara, mas a chamada que pôs no Facebook foi “Churrascão Cancelado”.
O rapaz já tinha manifestado medo de manter a montagem com a foto de Serra no divertido convite que confeccionou e que foi o que desencadeou uma onda que contaminou quase 200 mil pessoas. Apesar de a grande imprensa e vários blogs – este, entre eles – terem mantido a imagem, ele abriu mão da própria obra.
Depois, sempre manifestando medo, o rapaz alegou que poderia haver “violência”, “falta de espaço”, “sujeira”. Por último, declarou que poderia não haver “autorização” da Polícia Militar e da CET, mostrando que não conhece a Constituição Federal, que garante o direito de reunião e manifestação que esses órgãos, inclusive, reconheceram em nota sobre o possível evento.
Antes de prosseguir, há que dizer que não se pode culpar o jovem Danilo. Retirou a foto de Serra da convocação, segundo ele mesmo, porque o PSDB o teria pressionado. E diz que desistiu do ato, em sua concepção original, por conta do “grande número de pessoas” que aderiram, mas é óbvio que seus medos vão além. As próprias autoridades podem tê-lo amedrontado.
Vejam, o jovem pode estar empregado e ter medo de demissão, pois estaria mexendo com gente poderosa, os ricaços que conseguiram fazer o governo do Estado desistir de uma obra do porte de uma estação do metrô apenas para não incomodá-los. Isso sem falar de ameaças que quem já promoveu atos públicos, como este blogueiro, sabe que costumam ocorrer.
Volto a insistir: a foto do Facebook mostra que Danilo é bem jovem. Ele e outros jovens que ele diz que o ajudaram certamente se deixaram intimidar e deles não se pode exigir mais. A juventude de hoje não está acostumada a lutar pelos seus direitos como a geração que a antecedeu.
Não atribuo aos autores do Churrascão da Gente Diferenciada, pois, um pingo de acusação de covardia ou seja lá  do que for. É cultural do brasileiro, essa afasia cívica. E esse, aliás, é um dos nossos problemas. Na Europa, por exemplo, onde o povo galgou condições de vida invejadas pelo mundo todo, os cidadãos vão reiteradamente à rua protestar.
Mas a pressão foi muito grande. Colunistas de grandes meios de comunicação como Sergio Malbergier e Reinaldo Azevedo escreveram textos criminalizando o protesto, deixando no ar uma ameaça, além de conceitos tortos sobre o “direito” de pessoas não quererem uma obra pública em seus bairros, direito que some quando essa obra beneficia toda a cidade e a maioria dos que freqüentam o bairro.
É apenas uma questão matemática: 3.500 pessoas não querem a estação de metrô e quase 200 mil querem e se manifestaram nesse sentido pelo Facebook tanto quanto o grupo minoritário o fez por “abaixo-assinado” prontamente acolhido pelo governo do Estado.
Eis, aí, a diferença de direitos de cidadania que oprime o país ao lado de prisão especial e outras aberrações genuinamente tupiniquins.
Por conta disso tudo, no sábado, às 14 horas, estarei no Shopping Higienópolis para aderir a uma eventual manifestação que por lá venha ocorrer. Pode ser Churrascão ou o vozeirão da imensa maioria que repudia as idéias tortas desses que não compreendem o direito constitucional de manifestação e reunião ou tampouco o conceito de Res Publica.
Se até às 14:30 hs. do próximo sábado não tiver ninguém por lá, irei ao restaurante Sujinho comer um belo churrasco para me compensar pela decepção com a determinação deste povo de lutar pelos seus direitos e contra o domínio de poucos sobre o que é de todos. Se alguém quiser me acompanhar pelo menos lá, será um prazer.
PS: este texto foi inserido no post comunicando o “cancelamento” do “Churrascão da gente diferenciada”, que pode ser lido a seguir.
PS2: no fim da quinta-feira, por volta das 22:30 hs., o Danilo cancelou o cancelamento do churrascão e, agora, diz que vai acontecer.
PS3: Para que não reste dúvida do ato diante do Shopping Higienópolis amanhã, sábado, publiquei um post no Facebook. Confirme presença lá. Acesse clicando AQUI
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O perfil de Danilo Saraiva no Facebook anuncia: “CHURRASCÃO CANCELADO”. Como motivo, diz temer “violência”, produção de “lixo”, “falta de espaço diante do shopping Higienópolis”  e afirma que “não sabe” se a PM e a CET “autorizariam” o ato. Na quarta-feira no fim da tarde, ele também havia retirado a foto de José Serra do convite para o evento  alegando “pressão” do PSDB.
Abaixo, o texto que o jovem Danilo postou no perfil do Facebook que atraiu quase duzentas mil pessoas. Em seguida, faço um último comentário.
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Caros,
As intenções são nobres, mas devido ao grande número de adeptos, infelizmente, tivemos que cancelar o churrascão e transformá-lo em um ato realmente bonito.
A Associação Defenda Higienópolis e os moradores do bairro, que participaram do abaixo-assinado, estão de cabelos em pé. Com o Churrascão, conseguimos também que o Ministério Público investigasse as intenções por trás do cancelamento da estação de metrô na Avenida Angélica e até um pronunciamento oficial do governador Geraldo Alckmin. Somente esses mais de 45 mil confirmados serviram para provar que o povo paulistano (e todo mundo de outras cidades) que participou não é mesquinho como dizem por aí. Somos humanos, temos voz e direitos. Tais direitos não são garantidos apenas a uma elite, mas sim a todos que trabalham, que estudam e que passeiam por essa grande cidade e pagam impostos. Não é a conta bancária de um que determina a dignidade (ou falta de) do outro.
O metrô, hoje, não atende a necessidade de quem mora nesta cidade. O transporte público é risível. Ônibus lotados a tarifas absurdas, veículos em situação precária, falta de corredores, atrasos em obras, acidentes, são apenas algumas das situações que tornam São Paulo ainda mais caótica do que ela deveria ser, graças ao seu número de habitantes.
A ideia de cancelar o evento partiu por duas razões: ainda que a subprefeitura da Sé não tivesse mostrado qualquer atitude contrária ao Churrascão, a Polícia Militar e a CET mostraram preocupação, uma vez que a avenida Higienópolis, onde o evento seria realizado, é muito estreita e mesmo que nos seja assegurado o livre direito de nos manifestar, ainda não podemos obstruir vias públicas e tampouco nos responsabilizar pelas atitudes de manifestantes mal-intencionados, que por vezes vão ao evento apenas com intuito de depreciar a propriedade pública e privada, além de agredir aqueles que, como eu e meus amigos que me ajudaram a organizar o flashmob, estão apenas tentando fazer sua voz valer, acima de tudo. Em poucas palavras, seria quase certo o uso de violência física contra os manifestantes, e arcando com essa possibilidade, não podemos deixar que ninguém saia ferido por conta de uma brincadeira.
Há de se levar em conta também a quantidade de lixo que iríamos produzir. Isso é um prejuízo grande não só ao povo paulista como à prefeitura, que, apesar de ser quase sempre incompetente no que se refere aos direitos dos cidadãos, tem problemas maiores para resolver.

Sendo assim, modificaremos o caráter do evento. Ele será realizado com o intuito de realmente ajudar a população carente, que não têm condições nem voz para arcar com as atitudes mesquinhas desses moradores do bairro de Higienópolis que assinaram a petição contra a estação de metrô.
- Ao invés de uma baderna, podemos organizar um ato público de ajuda aos mais necessitados.
- Estamos ainda conversando com os órgãos competentes para que esse evento faça realmente uma diferença e mostre a nossa voz ao governo, que tanto oprimiu quem nunca teve condições de dialogar e seu único direito, quase sempre falho, foi o voto.
- Daremos coordenadas sobre o que será feito no sábado, a partir das 14h, com concetração na Praça Villaboim.
- A princípio, reuniremos assinaturas e as encaminharemos ao governo do estado para que eles prestem esclarecimentos, planos concretos e datas sobre as novas estações e linhas do metrô.
- Pretendemos também, ao invés de uma festa, arrecadar agasalhos e alimentos durante a manifestação, mas para isso, ainda precisaremos fechar um acordo com ONGs que se interessem pelo material arrecadado.





- Aos manifestantes que expressaram preconceito contra os judeus moradores do bairro, fica meu lamento. Vocês são tão pobres de espírito quanto aqueles que assinaram a petição contra o metrô.
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Realizei alguns atos públicos, obviamente que nunca com tal quantidade de gente. Realmente é complicado, dá um frio na barriga.
Em 2009, durante o ato da Ditabranda, convocado por este blog, compareceram 500 pessoas e tudo deu certo. Contudo, temi que alguma coisa pudesse ocorrer. Recebi, aqui, várias ameaças, inclusive.
Deve ter sido o que aconteceu com Danilo.
Assim mesmo, surpreende que Danilo acredite que precisa de “autorização” da PM e da CET para se reunir e se manifestar na via pública.
Como em 2009, portanto, reproduzo, abaixo, o preceito constitucional que garante a cada brasileiro o direito de manifestação e reunião. É bom que a juventude conheça. Pelo sim, pelo não…
ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Dos direitos e garantias fundamentais
Inciso XVI
Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.