Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

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Casamento Real & Beatificação Papal


(clique no Renato)
O marketing do espetáculo
Por Alberto Dines

Qualquer avaliação mais consistente sobre "o casamento do século" na sexta-feira (28/4) em Londres ficará incompleta se não for colocada ao lado da "beatificação da década" encenada dois dias depois, em Roma.
As douradas bodas do príncipe William com a plebéia Kate Middleton e a primeira fase do velocíssimo processo de santificação do papa Karol Wojtila fazem parte de um mesmo processo que poderia ser chamado de "marketing do espetáculo".
A monarquia britânica é uma fantasia que ficou escancarada com a morte da rainha Vitória, última figura real efetivamente carismática, em 1901. O toque de romantismo da abdicação de Eduardo 7º (em 1936), os dramas amorosos da princesa Margareth (irmã da atual rainha) e a trágica morte de Lady Di às margens do Sena, em 1997 – episódios intensamente midiatizados e agora esquecidos – confirmam que as monarquias deixaram a esfera do Estado e passaram a funcionar pela lógica das lantejoulas e dos holofotes.
O rei da Espanha, Juan Carlos, é o único no mundo com algum peso político graças à habilidade na transição do autoritarismo para a democracia. O resto é folhetim. Ou fraude.

Deslumbre tropical

"Santo subito", santo já, pediam as faixas na praça São Pedro, em Roma, depois do falecimento de João Paulo 2º, em 2005. A igreja católica perdia terreno para as confissões luteranas, multiplicavam-se os abusos sexuais em confessionários e seminários, o fracasso de George W. Bush na luta contra o "Eixo do Mal" comprometia as façanhas políticas do pontífice polonês que ajudou a romper a Cortina de Ferro.
A beatificação de Karol Wojtila está sendo considerada a mais rápida da história, a canonização e a santificação terão igual velocidade. Santidades reforçam a fé – quanto mais atuais, mais eficazes. A espiritualidade e a teologia saíram de cena, substituídas pela ferramenta da modernidade: a fabricação de fatos. Londres envolveu-os com charmes do novoriquismo e sonhos juvenis. A eterna Roma, mais pragmática, aposta em crenças.

Nossa mídia extasiou-se durante duas semanas no reino das abóboras e abobrinhas, incapaz de perceber que há algo de decadente na velha Albion. Se pudesse ficaria outras duas fofocando e tricotando banalidades em Londres e arredores. Caso clássico de interação entre mediadores e mediados. A cobertura da BBC na noite do casório foi muito mais sóbria do que a cobertura dos deslumbrados telejornais brasileiros.

o apedeuta: SÍMBOLOGIAS EM CONFRONTO: A CABEÇA DE BIN LADEN ...

o apedeuta: SÍMBOLOGIAS EM CONFRONTO: A CABEÇA DE BIN LADEN ...: "Algo inusitado corrói o metabolismo da sociedade norte-americana: as classes média e baixa estão cancelando suas assinaturas de TV a cabo e..."

SÍMBOLOGIAS EM CONFRONTO: A CABEÇA DE BIN LADEN X TEVÊ DESLIGADA


Algo inusitado corrói o metabolismo da sociedade norte-americana: as classes média e baixa estão cancelando suas assinaturas de TV a cabo e desativando seus telefones fixos  como consequência da persistente estagnação da economia .Novas estimativas da Nielsen  mostram que o número total de lares americanos com televisores vai cair mais de 2 pontos percentuais no próximo ano, na primeira queda em 20 anos."As evidências sugerem que o que estamos vendo decorre mais em função da pobreza do que da tecnologia", diz Craig Moffett, analista sênior da Bernstein Research: "A pressão está apenas piorando na medida em que os preços da gasolina sobem para US$ 4 o galão." (com informações Finacial Times)
(Carta Maior; 4º feira, 04/05/ 2011)

Senadora confundiu CNA com interesse pessoal
Extraído do site da Carta Capital:


Só choveu na horta da Kátia



Leandro Fortes


A senadora Kátia Abreu, do Tocantins, era um dos orgulhos do DEM até se bandear para o recém-criado PSD, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do qual, inclusive, poderá ser a primeira presidenta. Enquanto era um dos expoentes do ex-PFL, Kátia aproveitou-se como pôde da sigla. Nas eleições de 2010, criou uma falsa campanha nacional para, via caixa do partido no Tocantins, arrancar dinheiro de produtores rurais em todo o Brasil e eleger o filho, Irajá Abreu (DEM-TO), para a Câmara dos Deputados, e outros nove deputados estaduais para sua base política local. Tudo sem que a direção nacional do DEM tivesse conhecimento.


A ideia de convocar os “cidadãos e militantes” do agronegócio Brasil afora para bancar a campanha dos ruralistas foi posta em prática graças à capilaridade e ao poder econômico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), presidida pela senadora. De posse do cadastro da instituição, ela usou o serviço de mala direta para mandar boletos bancários de 100 reais cada, a fim de garantir recursos extras para a eleição e reeleição de candidatos ruralistas. Nas eleições de 2010, a senadora coordenou as finanças da campanha do candidato José Serra, do PSDB, à Presidência. Ou seja, usou uma entidade de classe para fazer política partidária. Oficialmente, a CNA “atua na defesa dos interesses dos produtores rurais brasileiros junto ao governo federal, ao Congresso Nacional e aos tribunais superiores do Poder Judiciário, nos quais dificilmente um produtor, sozinho, conseguiria obter respostas para as suas demandas”.


A questão não se resume apenas a um dilema ético-institucional. Para convocar os produtores a bancar as campanhas dos ruralistas, Kátia Abreu tornou-se protagonista de um vídeo de 1 minuto e 32 segundos, ainda disponível no YouTube, intitulado “Ajude-nos nessa missão”. O programa foi criado para ser veiculado, na internet, dentro do site www.agropecuariaforte.com.br, atualmente fora do ar, produzido pela equipe da senadora para divulgar as agendas de campanha dos candidatos ruralistas e os interesses dos latifundiários a serem defendidos durante as eleições passadas.


O mais interessante é que, a certa altura do vídeo, a senadora apela aos produtores para “garantirmos a presença, no Congresso Nacional, de parlamentares dispostos a assumir, sem medo, as grandes causas do campo”. Para tal, conclama a todos a “eleger e reeleger” deputados e senadores ligados ao agronegócio “independente (sic) do estado ou do partido”.


Em seguida, explica que todo o dinheiro doado seria depositado “em conta exclusiva do meu partido”, para, segundo ela, “ter mais controle sobre a arrecadação”. A tal conta exclusiva pertencia ao diretório regional do DEM do Tocantins, do qual ela, por coincidência, era também presidenta. De fato, ela manteve total controle sobre a arrecadação.


De acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 6.485 eleitores atenderam ao pedido da senadora e lá depositaram 648,5 mil reais. Outras 330 empresas também atenderam ao apelo e, juntas, doaram outros 66 mil reais para a campanha a favor da “agropecuária forte”. Acontece que o dinheiro irrigou somente a horta da turma tocantinense de Kátia Abreu. Os demais candidatos defensores do agronegócio no resto do País nunca viram brotar um só centavo em suas contas de campanha.


Ainda segundo o registro do TSE, feito a partir da prestação de contas do diretório do DEM em Palmas, revela-se que somente dez candidatos receberam recursos oriundos do fundo ruralista criado pela parlamentar: nove deputados estaduais do Tocantins, que formam a base da senadora no estado, e seu filho Irajá Silvestre Filho, deputado federal eleito. Para facilitar a eleição do rebento, a mãe conseguiu, inclusive, mudar o sobrenome dele: o jovem passou a chamar-se, nas eleições passadas, Irajá Abreu. Dos 1,4 milhão de reais arrecadados pelo DEM do Tocantins (dos quais 714 mil reais vieram da campanha de Kátia Abreu), 200 mil reais foram para a campanha de Irajá Abreu.


Titular da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, onde atua como lobista do latifúndio nacional, Irajá Abreu chegou a ser autuado, em Palmas, por desacatar policiais militares, após ser multado por se recusar a retirar o carro de um estacionamento privativo de táxis. “Quem é você para me pedir documentação?”, bradou o filho da senadora para o PM que o interpelou. No episódio, o jovem ruralista, de 27 anos, ficou tão furioso que foi preciso chamar reforço policial para contê-lo.


Ao saber da história por CartaCapital, a direção nacional do DEM mostrou-se surpresa. De acordo com a assessoria de imprensa da sigla, o partido chegou a ser consultado, no ano passado, da viabilidade de se montar a tal campanha de arrecadação para candidatos ruralistas. Kátia Abreu, informa a direção do partido, foi “expressamente” desautorizada a fazê-lo. Internamente, avaliou-se que esse tipo de arrecadação poderia causar problemas na Justiça Eleitoral. Ainda assim, a senadora levou o projeto adiante, sem o conhecimento do partido e sem jamais ter prestado conta do dinheiro arrecadado.


Apenas pelo site do TSE foi possível à direção nacional do DEM descobrir que o dinheiro da campanha “Ajude-nos nessa missão” foi distribuído para apenas quatro outros candidatos do partido no estado, além do filho da parlamentar. Os beneficiados foram Darlom Jacome Parrião, Antonio Poincaré Andrade Filho, Maria Auxiliadora Seabra Rezende e Silas Rodrigues Damaso. Também receberam apoio Amélio Cayres de Almeida, Wilmar Martins Leite Júnior e José Bonifácio Gomes de Souza, filiados ao PR, Ailton Parente Araújo (PSDB) e Gerônimo dos Santos Lopes Cardoso (PMDB). Kátia Abreu não atendeu aos pedidos de entrevista.

IBGE explica por que a elite odeia Lula


Foi uma luta para encontrar dados que mostrassem a evolução do índice de Gini do Brasil entre 1995 e 2010. A mídia esconde esses dados porque mostram um fato que destrói a versão que vem sendo alardeada após a divulgação da maior queda de concentração de renda no Brasil durante os últimos 50 anos, de que ocorreu nos governos FHC e Lula.
Em primeiro lugar, o noticiário deixa claro um fato sobre o qual pouco se fala: a ditadura militar (1964-1985) foi implantada para concentrar renda, ou seja, para tornar os ricos mais ricos e os pobres, mais pobres. Em 1960, antes da ditadura, o índice de Gini era de 0,537 e, em 1995, estava em 0,610. A concentração de renda foi brutal, no período.
Mas o fato mais contemporâneo também é surpreendente e pode ser bem constatado no gráfico acima: durante o primeiro mandato de FHC, a desigualdade permaneceu praticamente intocada e só caiu um pouco a partir do segundo mandato. Já no governo Lula, a queda foi impressionante, fazendo o índice de Gini cair a 0,530 – quanto mais próxima de zero, menor é a concentração de renda.
O IBGE também explica por que os estratos superiores da pirâmide social odeiam tanto Lula. Entre os 20% mais ricos, que se concentram no Sul e no Sudeste, a escolaridade aumentou 8,1% e a renda cresceu 8,9%. No recorte dos 20% mais pobres, que ficam no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, a escolaridade aumentou 55,6%, e foi acompanhada de um aumento de renda de 49,5%.
Por etnia, os negros também experimentaram aumento de renda muito maior do que os brancos, vale dizer. Sobretudo porque negros e descendentes de negros são muito mais numerosos no Norte e no Nordeste.
O governo FHC é tão defendido pelos ricos, que também são donos da mídia, porque foi o que puderam conseguir em termos de, se não aumentar a concentração de renda, ao menos retardar a sua queda. Lula virou as costas para a elite e promoveu a maior distribuição de renda da história deste país. Por isso a elite branca do Sul e do Sudeste o odeia com tanto fervor.

Grupo de extrema-direita ameaça Dilma de morte


Reproduzo e-mail que recebi do leitor F. O. contendo denúncia gravíssima.
—–
Eduardo,
encaminho e-mail que acabei de receber de um grupo denominado “Guararapes” (formado por militares). Está espalhando na internet. Achei grave. Em minha opinião, há uma ameaça expressa de morte a Dilma.
Talvez seja o caso de encaminhá-lo ao Ministério Público Federal ou à Polícia Federal. Afinal, trata-se de um e-mail enviado por uma associação registrada em cartório, conforme você verá a seguir.
F. O.
—–
O BURACO É GRANDE.
Doc. nº 43- 2011
Estamos começando o ano e o governo tapando os buracos deixados pelo o irresponsável que saiu. Tal é o ROMBO que o aumento do salário mínimo foi uma guerra. Ficou em R$545,00 e pronto; e quem foi contra pode ser expulso pelo “DEMOCRATA” PT.
O irresponsável continua a querer  fazer comício pelo Brasil e mundo afora. Quer cobrar 200 mil por palestra. Quem vai sair de casa para ouvir analfabeto dizer que é Deus, só se for maluco, ou tolo enganado.
Não adianta querer cobrir o sol com a peneira. Em janeiro de 2003 a dívida total Brasileira (interna mais externa) era de 1 trilhão cento e 3 bilhões e em dezembro de 2010 de 2 trilhões trezentos e oitenta e oito milhões de reais, representando um aumento nominal de 98,31%. No período, gastou-se com o serviço da dívida a importância de R$1.665,2 bilhões.(Ricardo Bergamini)
A dívida externa que se tinha anunciado extinta – mas à custa da interna -, voltou a subir e já ultrapassa a casa dos 200 bilhões de dólares. A inflação torna-se uma preocupação e já chegou a cerca de 6%. Planejam-se os cortes possíveis, com prejuízo do resto. O BURACO DO DÉFICIT DO INSS CHEGOU A R$44,3 BILHÕES. O orçamento de 2010, para fechar, teve que passar uma importância acima de 72,4 bilhões de restos a pagar.
A grande maravilha de tudo isso é que o governo atual, responsavelmente, até, procura cortar despesas e determina um contingenciamento de R$50 bilhões e não deixa subir demais o salário mínimo para não aumentar a falência do maior número de municípios brasileiros, e da própria economia. Diz o IPEA: “em 2005 23,1% da população mais pobre estava desempregada e em 2010 passou para 33,3%, já na população mais rica o desemprego diminuiu 57,1%”. FOLHA DE SÃO PAULO de 20 – fev- 2011. E agora José o que dizer?
É de ficar com cabelo arrepiado quando se somam: serviço da dívida, déficit da Previdência, restos a pagar e todo mundo querendo ser empregado do governo. Sabe-se que o governo passado aumentou as despesas com pessoal irresponsavelmente, dando emprego a rodo, protegendo sobretudo a petralha ou com a intenção de compra de votos.
O GOVERNO ATUAL se encontra num beco sem saída. Se corre o bicho pega e se ficar a cobra morde. E agora José? Estamos precisando de coragem e de um estadista para salvar o Brasil. Os demagogos e ladrões estão de boca aberta, querendo engolir o maior pedaço do que resta do bolo.
Ricardo Bergamini nos informa o seguinte: De janeiro de 2003 até dezembro de 2010, apenas com Serviço da Dívida – R$ 1.665,2 bilhões (8,12% do PIB); Transferências Constitucionais e Voluntárias para Estados e Municípios – R$ 1.104,5 bilhões (5,39% do PIB); Previdência INSS – R$ 1.377,7 bilhões com 23,9 milhões de beneficiários (6,72% do PIB) e Custo Total com Pessoal da União – Civis e Militares – Ativos, Aposentados e Pensionistas – R$ 999,3 bilhões com 2.208.596 de beneficiários (4,87% do PIB) totalizando R$ 5.146,7 bilhões (25,11% do PIB), comprometeram-se 90,23% das Receitas Totais (Correntes e de Capitais) no período, no valor de R$5.704,0 bilhões (27,82% do PIB)
A PRESIDENTE OU APERTA OU O BICHO COME. A GUERRA COMEÇOU AGORA. PENSANDO NO BRASIL, SÃO MUITO POUCOS. SE ABRIR O COFRE PARA GANHAR VOTO NO CONGRESSO, MORRE.
VAMOS REPASSAR! A INTERNET É A NOSSA ARMA!
ESTAMOS VIVOS! GRUPO GUARARAPES! PERSONALIDADE JURÍDICA sob reg. Nº12 58  93. Cartório do 1º registro de títulos e documentos, em Fortaleza . Somos 1.780 civis – 49 da Marinha -  474 do Exército – 51 da Aeronáutica; 2.354. In Memoriam 30 militares e dois civis.
Batistapinheiro30@yahoo.com.br.
www.fortalweb.com.br/grupoguararapes
30 . ABR. 2011.
INDIQUE AMIGOS QUE QUEIRAM RECEBER NOSSOS E-MAILS. OBRIGADO,

A semente do medo


por Mauro Santayana

Os Estados Unidos celebram a morte de bin Laden, e um ex-embaixador brasileiro considerou-a “espetacular”. É melhor ver a morte de qualquer homem, bom ou mau, como a morte de parte de nós mesmos. Como no belo poema em prosa de Donne, any man’s death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee. A morte de qualquer homem me diminui, disse o poeta, porque sou parte da Humanidade, e, por isso, não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por você. Todos nós morremos um pouco, quando as Torres Gêmeas vieram abaixo, e todos nós morremos quase diariamente com os que tombam e tombaram, na Palestina, no Iraque, no Afeganistão, na Costa do Marfim, no Realengo, em Eldorado dos Carajás, na Candelária e nas favelas brasileiras.

Os americanos comemoram nas ruas a morte de bin Laden, enquanto nos países muçulmanos outros oram pelo homem que consideram mártir. Como parte da Humanidade, talvez não nos conviesse a euforia pela execução sumária de bin Laden, nem a consternação por sua morte. Os atentados de Nova Iorque – de resto, nunca assumidos de forma cabal pelo saudita – foram crime brutal contra a Humanidade, bem como todos os atos de terrorismo, ao longo das duas últimas décadas. Mas a vingança exercida pelos comandos norte-americanos não pode ser aplaudida. Foi um ato de guerra, cometido contra a soberania do Paquistão, desde que ao governo de Islamabad não foi solicitada autorização prévia para a operação – segundo informou o diretor da CIA, Leon Panetta.

Isso nos leva a outra leitura de John Donne: não pergunte que povo foi atingido pela intervenção militar norte-americana. Todos nós fomos atingidos, não só por essa operação bélica e pela agressão à Líbia, mas também, no passado, pela intromissão, política, militar, econômica, das elites que controlam o governo de Washington, desde a guerra de anexação de territórios soberanos do México, movida pelo presidente Polk, em 1846. O México perdeu a metade de seu território, e os Estados Unidos ganharam mais de um quarto do que já ocupavam no norte do hemisfério. Essa vitória excitou a voracidade imperialista dos Estados Unidos, mais tarde explícita no fundamentalismo do “Destino Manifesto”.

Devemos ser cautelosos quando procuramos entender o momento atual. Comentaristas internacionais, sob o calor destas horas, tentam pensar nas conseqüências imediatas, e há os que discutem se o homem morto em Abbottab (o nome da cidade é homenagem ao general James Abbott, que serviu nas forças de ocupação da Índia no século 19) é mesmo bin Laden – que começou a sua vida de combatente como aliado dos norte-americanos contra os soviéticos, no Afeganistão dos anos 80. Tenha sido ele, ou não, importa pouco. Osama era apenas um símbolo, na clandestinidade imposta pelas circunstâncias. O que importa, e muito, é o que virá a ocorrer não nos próximos dias, que serão de pausa e perplexidade, mas nos próximos meses e anos.

O perigo maior, e desdenhado, é o de que o conflito atual, iniciado com a ocupação da Palestina por Israel, se transforme realmente em guerra declarada entre os países capitalistas ocidentais, que se identificam como cristãos, e os muçulmanos. Quem definiu a agressão como cruzada foi Bush, ao afirmar que Deus o havia convocado a matar Saddam. E conforme o livro clássico de Essad Bey, todos os movimentos no Oriente Médio, entre eles a ocupação judaica da Palestina, se fazem na busca da posse de seu petróleo. No passado, o saqueio se fazia em nome da “civilização” e, hoje, se faz também em nome da “modernidade”.

No fundo do regozijo, há sementes de medo. Esse medo é muito mais poderoso do que foi o saudita, de 54 anos e, segundo informações não desmentidas, a um tempo amigo e sócio dos Bush nos negócios de petróleo.