Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 23 de abril de 2011

Google não é trouxa: acredita no Brasil


Ontem eu vinha no carro, ouvindo rádio, e ouvi um comentário na  CBN – não recordo de quem – dizendo que o investimento de US$ 12 bilhões da Foxconn – que vai fabricar “tablets” eletrônicos no Brasil – não ia dar certo, porque temos impostos demais e engenheiros de menos para tornar isso viável.

É a velha turma do “o Brasil não vai dar certo” em ação.
Hoje, curiosamente, fui alertado por uma nota na excelente editoria Digital & Mídia, de O Globo, fui ler a matéria do Financial Times, escrita por Samantha Pearson, onde se dá conta que o faturamento da Google no Brasil cresceu 80% em 2010 e espera-se avanço igual este ano, o que está levando a gigante da internet a aumentar em 50% seu quadro atual de 350 empregados no Brasil.
O motivo?
” Dar acesso aos pobre do Brasil mais acesso à  internet e melhorar a velocidade de conexão é uma prioridade da nova presidente do país, Dilma Rousseff, que vê a web como a melhor maneira de acelerar o desenvolvimento social e econômico”, diz o jornal inglês e acrescenta que “mais brasileiros chegam à as classe média e compram seu primeiro computador e o uso da Internet aumentou”.
E e, O Globo de hoje, outra matéria mostra que crescimento da economia brasileira está “atraindo empresas estrangeiras, que, de olho na expansão da classe média, têm planos que vão além de novas fábricas: incluem a criação de polos para desenvolver produtos e serviços.”
Segundo o  Ministério da Ciência e Tecnologia, foram destinados para a criação de centros e laboratórios R$ 14 bilhões em 2010, número que deverá subir para R$ 17 bilhões este ano – alta de 21%. Do valor,  parte é de multinacionais e parte de empresas estatais, como a gente mostrou quinta-feira aqui.
E a nossa mídia, com suas caras e bocas afetadas, só consegue pedir mais juros e menos intervenção do Estado. Eles acham que a abreviatura de Brasil não é BR, mas ADR, que é o nome das ações daqui que  se vendem na Bolsa de Nova York.

A cara da mídia do Brasil


Sem dúvida o fato mais chocante no episódio da blitz da Lei Seca, no Rio, que flagrou Aécio Neves dirigindo com habilitação vencida e metabolicamente impossibilitado de soprar o bafômetro, não foi o fato em si , mas o comportamento da mídia demotucana. Os blindados da 'isenção' entraram em cena para filtrar o simbolismo do incidente,  'um episódio menor', na genuflexão de um desses  animadores da Pág 2 da Folha. Menor?  Não, nos próprios termos dele e de outros comentaristas do diário em questão. Recordemos. Em 24 de novembro de 2004, Lula participou da cerimônia de inauguração de turbinas da Usina de Tucuruí, no Pará. No palanque, sentado, espremido entre convidados, o presidente comeu um bombom de cupuaçu, jogou o papel no chão. Fotos da cena captada por Luiz Carlos Murauskas, da Folha, saturaram o jornalismo isento ao longo de dias e dias. Ou melhor , anos e anos. Sim, em 2007, por exemplo, dois  colunistas do jornal  recorreriam às fotos de Tucuruí para refrescar o anti-petismo flácido do eleitor que acabara de dar um novo mandato a Lula. O papel do bombom foi arrolado por um deles como evidencia de que o país caminhava a passos resolutos para a barbárie: "Só falta o osso no nariz',  arrematava Fernando Canzian (23-07-2007) do alto de sofisticada antropologia social. Sem deixar por menos, Fernando Rodrigues pontificaria em 09-04-2007: "...Respira-se em Brasília o ar da impunidade. Valores republicanos estão em falta. Há exemplos em profusão (...)  em 2004, Lula recebeu um bombom. ... O doce foi desembrulhado e saboreado. O papel, amassado. Da mão do petista, caiu ao chão. Lula seguramente não viu nada de muito errado nesse ato. Deve considerá-lo assunto quase irrelevante. ...Não é. No Brasil é rara a punição -se é que existe- para pequenas infrações como jogar papel no chão. Delitos milionários também ficam nos escaninhos do Judiciário anos a fio (...) Aí está parte da gênese do inconformismo de alguns, até ingênuos, defensores de uma solução extrema como a pena de morte. Gente que talvez também jogue na calçada a embalagem do bombom de maneira irrefletida. São "milhões de Lulas", martelava o jingle do petista. São todos a cara do Brasil..."
(Carta Maior; Sábado, 23/04/2011)