Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Gleisi nocauteia Aécio no Senado


Depois de passar mais de 2 meses no "baixo-clero" do Senado, o senador demo-tucano Aécio Neves (PSDB/MG), havia prometido fazer um pronunciamento de impacto para "dar rumo à oposição".
Pois subiu na tribuna do Senado e o rumo que deu à oposição foi uma marcha-a-ré ao passado. O destaque do discurso foi um desastre: elogiar FHC, a privataria e José Serra, que foi pessoalmente assistir ao discurso, e marcar sob pressão.
As críticas ao governo federal pareceram de um deputado estadual discursando na Assembléia Legislativa de Minas Gerais contra o governador mineiro cobrar 30% do ICMS na conta de luz, por cobrar o IPVA mais caro do Brasil, e prestar mau serviço público à população, gastando o dinheiro público com a construção de palácios de governo.
O discurso foi tão desastroso que a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR), a primeira a apartear, em poucas palavras demoliu os argumentos do demo-tucano contra o governo Lula e o PT, levando-o a "nocaute". A senadora restabeleu a verdade histórica do péssimo legado deixado por FHC na privataria, com empresas de alto valor entregues a preço de banana.
Um dos desastres do discurso do demo-tucano foi defender o indefensável: reclamar do governo Dilma agir para que a mineradora Vale seja lucrativa e próspera, mas que também atenda aos interesses nacionais.
O mais grave, no caso de Aécio, é que a Vale está brigando na justiça para não pagar R$ 4 milhões de royalties sobre mineração, grande parte justamente ao estado de Minas. Qualquer Senador mineiro tem o dever de defender seu estado e seu povo, e não agir como lobista da empresa, tomando as dores de seus acionistas privados.
Outro desastre foi insinuar uma má herança econômica do governo Lula para Dilma, justamente um dia após a Agência Fitch Ratings elevar a classificação do Brasil, o que é atestado de que a economia vai muito bem, havendo apenas ajustes naturais que sempre tem que serem feitos, de acordo com o momento e as circunstâncias. Outros indicadores, como geração de empregos, também indicam que o país vai muito bem, em condições de enfrentar os desafios que se impõe a cada avanço que conquista.
O senador Lindbergh Farias (PT/RJ) também fez um bom aparte, colocando Aécio em seu devido lugar, lembrando dos excelentes números da economia brasileira, e do abuso das leis delegadas, inclusive para criar cargos, coisa que o demo-tucano fez, quando governador.
Os demais senadores da base governista (até onde vi), defenderam o governo de Dilma e de Lula, mas erraram no tom. Elogiaram além da conta e foram condescendentes demais com a oposição. Ficaram muito próximos de morder a isca e caírem na armadilha de elogiar o desgoverno de FHC.
O PIG (Partido da Imprensa Golpista), irá cobrir Aécio de falsos elogios, diante de um desempenho pífio e um discurso perto do desastroso politicamente. Tanto melhor. Quanto mais inflarem uma liderança artificial que não existe, quanto mais vincularem Aécio a FHC e Serra, e quanto mais colocarem-no como anti-Lula, mais empurram ele em direção ao cadafalso. Já fizeram isso com Serra antes de 2010, diante de todos os desastres que ele cometia. Deu no que deu.
***
Aécio assume FHC, Serra fica órfão
A troca de comando no PSDB já aconteceu. o discurso de Aécio Neves, hoje, no Senado, pelo que consegui assistir, vestiu a camisa do governo Fernando Henrique, fazendo o elogio das privatizações, e deixou órfão o primogênito José Serra, que teve a herança por duas vezes mas jamais assumiu a condição de descendente direto de FHC.
Aécio mostrou uma coragem que Serra jamais teria e exibiu-se como alguém capaz de defender sem véus as ideias tucanas.
“As mudanças estruturais do Governo Fernando Henrique, entre elas as privatizações, definiram a nova face do Brasil”, disse Aécio, que criticou duramente o que chamou de ingerência na Vale, aquela empresa que esburaca Minas Gerais e ainda se recusa a compensar o estado com royalties sobre o minério que extrai aos milhões de toneladas.
Para Serra, que estava lá no plenário assistindo à posse do novo tucano-mor, sobraram uma ou duas menções com elogios pró-forma.
O ninho tucano já mudou de dono.

O pânico gerado pelo aumento no Bolsa Família


A partir deste mês, os beneficiários do Bolsa Família receberão aumento médio de 19,8% nos repasses, podendo chegar a 45,5% – para quem tem filhos de até 15 anos. Isso significa um pagamento de R$ 32,00 a R$ 242,00, com valor médio de R$ 115,00 – que, como sabemos, é uma fortuna sem tamanho. Ao todo, cerca de 50 milhões de pessoas serão beneficiadas.

A maioria dos críticos do programa não reclama de sua existência, mas sim da eficácia das portas de saída – para garantir que as famílias tenham autonomia econômica – e de usos eleitoreiros do mesmo. Além do mais, os partidos políticos perceberam que não conseguirão apoio da massa sem garantir que manterão ou ampliarão determinados programas, como os de transferência de renda, vinculados ou não à educação – que tiveram seu início na era FHC e passaram por um processo de ampliação no governo Lula.

Cálculos do Institutos de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) mostram que a cada real repassado pelo programa, o Produto Interno Bruto brasileiro aumenta R$ 1,44. Ou seja, o Bolsa Família teve o mérito de retirar 3 milhões de pessoas da extrema pobreza, mas também fazer rodar a roda da economia em comunidades do interior do país.

Mas, como em todo o lugar, tem um chumaço de gente que acredita que pobre tem que morrer de inanição.

Ouvi de um comerciante de uma pequena cidade do Nordeste que essa coisa de Bolsa Família é dar dinheiro para vagabundo. E que o governo “distribuir dinheiro” a torto e direito estava fazendo com que muitas pessoas pobres deixassem de trabalhar.

Assumindo que isso não seja preconceito e sim verdade e que não seja exceção e sim a regra (simplismo que só uma pessoa que tem dois neurônios, o Tico e o Teco, apoiaria), só há uma conclusão útil: os empregadores dessas localidades devem estar pagando muito, mas muito mal a mão-de-obra para que ela desista de trabalhar por uma merreca furada como o repasse médio do Bolsa Família.

Isso quando não aparecem especialistas dizendo:

- “O pobre vai usar o dinheiro para comprar TV, geladeira, sofá e outros artigos de luxo” (observação importante: e daí?)
- “O pobre não terá incentivo para trabalhar. Vai se acostumar na pobreza” (ah, sim, todo mundo gosta de lama)
- “Não adianta dar o peixe, tem de ensinar a pescar” (esse maniqueísmo é lindo)
- “O governo só sabe criar gastos” (tipo o pagamento de juros da dívida?)
Este post não está criticando ou elogiando partidos ou governos, tanto que reconhece avanços de diferentes origens, mas tentando entender o que, além do preconceito, faz com que um cidadão que tenha um pouco mais na conta bancária acredite que pisar no andar de baixo é a solução para galgar ao andar de cima? O Brasil não é o país da tolerância e da fraternidade, como muitos gostam de dizer, e sim do cada um por si e Deus – proporcionalmente ao tamanho do dízimo deixado semanalmente – por todos.

Para esses, distribuição de riqueza significa “doação de calças velhas para vítimas da enchente no Rio”, “brinquedos usados repassados a orfanatos no Natal” ou “uma doaçãozinha limpa-conciência feita a alguma ONG”. Nada sobre um esforço coletivo de buscar a dignidade para todos, porque todos (teoricamente, apenas teoricamente) nascem livres e iguais.

Israel ameaça Palestina com medidas unilaterais


A indignação de Israel pelas críticas internacionais atingiu o seu ponto mais alto quando o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse que as negociações entre as duas partes permaneciam congeladas. Na semana passada, Israel informou aos 15 membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e aos maiores países da União Europeia que se a ANP persistir nos seus esforços para obter reconhecimento como Estado, responderia com medidas unilaterais. O artigo é de Mel Frykberg.

Nos últimos meses, vários países latino-americanos (Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guiana e Uruguai) reconheceram oficialmente o Estado palestino. É provável que Paraguai e Peru sigam o mesmo caminho em breve, enquanto a Venezuela já o fez na década passada. Por outro lado, a Noruega passou a considerar “delegação diplomática” o escritório palestino em Oslo, antes chamado “delegação geral”.

Nos últimos quatro meses, várias outras nações amigas de Israel, como França, Espanha e Portugal, tomaram a mesma medida. Outras centenas de países, a maioria do Sul, reconheceram a “Palestina” depois do seu líder histórico, Yasser Arafat (1929-2004) ter declarado unilateralmente a sua independência em 1988. Outros Estados, a maioria do antigo Bloco do Leste, reconheceram o Estado palestino às vésperas dos acordos de paz de Oslo de 1993.

A onda diplomática originada na América Latina pode propagar-se pela África e Ásia. Um sinal disso foi notado quando a Universidade de Johannesburgo, na África do Sul, decidiu, na semana passada, cessar todo tipo de cooperação com a Universidade Bem Gurion e boicotar outras instituições acadêmicas israelenses. O antigo regime do apartheid (segregação racial institucionalizada pela minoria branca contra a maioria negra) na África do Sul costumava ser um dos aliados mais próximos de Israel.

A cooperação militar, política e econômica entre os dois governos era extremamente próxima. Israel ajudou a treinar as forças de segurança sul-africanas, famosas pela sua brutalidade, e ajudou o regime com seu programa de desenvolvimento nuclear, desarticulado com o fim do apartheid e a chegada do governo democrático, liderado por Nelson Mandela (1994-1999). Acredita-se que, por outro lado, que os sul-africanos forneceram urânio a Israel para seu próprio plano atômico.

A indignação de Israel pelas críticas internacionais atingiu o seu ponto mais alto quando o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse que as negociações entre as duas partes permaneciam congeladas. Na semana passada, Israel informou aos 15 membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e aos maiores países da UE que se a ANP persistir nos seus esforços para obter reconhecimento como Estado, responderia com medidas unilaterais.

Também na semana passada, a chancelaria israelense enviou um telegrama classificado a mais de 30 de suas embaixadas, ordenando que apresentassem protestos diplomáticos no mais alto nível possível em resposta aos esforços palestinos pelo reconhecimento internacional na próxima sessão da Assembleia Geral da ONU.

Em setembro passado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse na Assembleia Geral que desejava ver o Estado palestino convertido em membro da ONU em menos de um ano. Israel e ANP também disseram que as conversações começaram dia 2 de setembro em Washington e durariam, pelo menos um ano. O primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, anunciou que os esforços para criar instituições estatais estarão completos até setembro próximo.

Embora soe ameaçador, não se sabe exactamente o que o governo israelense tem em mente quando fala de “ações unilaterais”. É possível que anexe grandes blocos de assentamentos israelenses construídos ilegalmente na Cisjordânia ocupada. Más notícias para Israel chegaram no dia 30 de março, quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou esse país a deter a construção de colônias em territórios palestinos ocupados e toda a forma de violência e provocação.

Ao falar no Uruguai durante uma conferência internacional organizada pela ONU sobre apoio latino-americano e caribenho à paz no Oriente Médio, Ban afirmou que é um momento “crucial” para o processo de paz. “O tempo é essencial para concretizar a solução dos dois Estados. A ocupação que começou em 1967 é moral e politicamente insustentável, e deve acabar. Os palestinos têm um direito legítimo de estabelecer um Estado independente e viável por si mesmos”.

Mas Samir Awad, da Universidade de Birzeit, na Palestina, perto da cidade de Ramalah, na Cisjordânia, acredita que os israelenses estão mais preocupados em controlar o terreno do que com a opinião internacional. “Os israelenses, contrariamente às suas afirmações de que apoiam a criação de um Estado palestiniano, decidiram, ao menos extra-oficialmente, que isso não está entre os seus interesses”, disse Samir, à IPS. “Para consumo internacional e a fim de manter as aparências, continuarão com a farsa de apoiar a solução dos dois Estados”, acrescentou.

PAUTA PARA O WIKILEAKS



Guido Mantega, anuncia às 18h30 desta 4º feira, novas medidas na área de câmbio para enfrentar a enxurrada de capitais especulativos que desorganizam a economia.
Ontem, 3ª feira, 24 horas antes do anúncio da Fazenda, o FMI lançou  um estudo,  ‘precipitado', no entender do representante brasileiro no Fundo, Paulo Nogueira Batista Jr,  em que define ‘requisitos' para que um país possa recorrer ao controle dos fluxos de capitais.

Quem vaza informações de dentro do governo brasileiro ao FMI ? Quem, de dentro do governo brasileiro, planta notícias & análises que se opõem à política brasileira de combate gradual à inflação sem recorrer ao clássico ‘choque de juros & recessão', preconizado pela cidadela rentista?

 FMI QUER IMPOR LIMITES ÀS POLÍTICAS
 SOBERANAS DE CONTROLE DE CAPITAIS
"Nós nos opomos fortemente a qualquer diretriz ou código de conduta que estabeleça, uniformize, priorize ou restrinja o conjunto de instrumentos dos países para enfrentar movimentos de capital de grande volume e voláteis" (Paulo Nogueira Jr, representante brasileiro no FMI, denuncia manobras para restringir o direito de defesa das nações emergentes diante da avalanche especulativa originária dos países ricos; Valor 05-04)
(Carta Maior; 4º feira, 06/04/2011)

Obama e Jintao: quem me dera ter uma usina dessas. Só uma !
O Brasil tem uma vantagem competitiva descomunal em matéria de produção de energia.

Incomparável.

85% da energia brasileira é renovável.

É uma energia estupidamente barata.

A tecnologia para produzi-la é 100% nacional, de engenheiros brasileiros.

O preço da energia de Belo Monte é escandalosamente barato.

78 Megawatts/hora.

As duas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antonio, saíram a 89 e 81.

Os 78 que saíram do leilão de Belo Monte incluem a transmissão, ou seja, trazer a energia baratinha lá de cima, do rio Xingu, no Pará, para a dona de casa do Sudeste.

Quando Belo Monte foi projetada, a área de alagamento seria de 1.200 km quadrados.

Caiu para 500 km.

O que faz com que Belo Monte seja o que se chama de “usina a fio d’água”.

Quase não tem alagamento.

Nenhuma aldeia indígena vai ser alagada.

Nenhuma.

Nenhum índio vai sofrer o alagamento que moradores da Zona Leste (de maioria nordestina) sofrem em São Paulo, quando cai um pingo d’água.

Tem mais índio nos corredores do Congresso do que na área de alagamento de Belo Monte.

A matriz energética brasileira não tem carvão – essa fábrica diabólica de poluição.

A China constrói meio Brasil por ano de usinas a carvão.

É um horror !

Agora vem a Organização dos Estados Americanos dar pitaco.

O “pedido” da OEA para o Brasil rever Belo Monte – clique aqui para ler na colona (*)  da urubóloga no Globo – tem o mesmo efeito de pedir ao Bolsonaro  para sair na Parada Gay.

(Outra coisa, diferente – como mostrou o Maurício Dias, esta semana, na Carta Capital – é o julgamento e a condenação da Lei da Anistia pela Corte de Direitos Humanos da OEA. Isso encurralou o Supremo, como diz o Mauricio.)

Por que o PiG (**) não gosta de Belo Monte ?

Porque Belo Monte significa a independência energética do Brasil.

Belo Monte é o que o Obama e o Hu Jintao não têm.

A turma que não gosta de Belo Monte é a mesma que não gosta da Petrobras.

Que vive do “quanto pior melhor”.

O Padim Pade Cerra, por exemplo.

Na campanha eleitoral ele falou mal de Belo Monte.

Ele que vendeu a Vale.

Ele que planejou o governo (?) que ia vender a Petrobrax.

Ele que ia entregar o pré-sal no regime de “concessão”, do verbo “conceder”, à Chevron.

É essa a turma que não gosta de Belo Monte.

Paulo Henrique Amorim



(*) “Colona” não se refere a cólon. Mas a colonistas que tratam o Brasil da perspectiva do que imaginam que a Metrópole imaginaria o Brasil. No caso especifico de Gaspari, ele trata o Brasil da perspectiva do que imagina que os professores de Harvard pensariam do Brasil e dele…

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

A tática dos vencidos


  • Dilma Roussef, na sua segunda ida ao exterior na condição de Presidenta da República,como já o fizera na Argentina,  marcou a viagem por alguns simbolismos expressivos.
    Foi bom e oportuno o seu posicionamento de solidariedade a Portugal,  país de indeléveis laços históricos com o Brasil e  que atravessa sérios problemas econômicos. Ao acenar com a possibilidade (nem sei se concretizável) de um apoio material aos portugueses, a Presidenta produziu um gesto afirmativo revelador de um  país que  vai, aos poucos, deixando de lado o seu espírito de colonizado para assumir uma postura que o equipara às nações mais respeitadas no planeta.
    Além dessa afirmação diplomática, é relevante destacar que a  visita de Dilma teve como objetivo prestigiar os títulos honoríficos conferidos ao ex-presidente Lula, repercutindo a grande expressão política por ele alcançada, no âmbito mundial, durante o seu governo. A presença solidária da Presidenta é também resposta inequívoca a quantos estão pretendendo, levianamente, na grande imprensa, semear divergências entre os dois.
    “Dividir para conquistar” está longe de ser um dito original no campo da política. A mídia oportunista  sabe disso e tenta, de todas as formas, desestabilizar a estreita ligação pessoal  e ideológica que une Dilma a Lula. Alguns comentários nesse sentido são “plantados” de forma que imaginam ser sutil, mas que, muitas vezes, beiram o ridículo. Em um artigo publicado um dia desses em “O Globo”, o colunista Nelson Motta chega a desenhar a possibilidade literal de um romance de Dilma com Fernando Henrique, por conta da cortesia que norteou o encontro dos dois no banquete oferecido ao Obama...
    Em matéria de especulação tendenciosa, aliás, a vinda de Obama ao Brasil e a não participação de Lula no citado banquete serviram – permitam os trocadilhos – de prato cheio para essa imprensa faminta por dissensões:  Lula não teria comparecido por estar, de alguma forma, agastado com a Presidenta. Mas o que se viu em Portugal  reduziu a pó o delírio da mídia.
    O fato é que os vencidos nas recentíssimas eleições, cinicamente, estão fingindo que a venceram. De repente, é como se Dilma tivesse sido eleita como contraponto a Lula, quase uma opositora...
    Quem tivesse saído do Brasil um pouco antes das eleições e apenas agora tivesse retornado ao país teria dificuldade de entender  os acordes dessa orquestrada sucessão de mesuras e rapapés, de elogios quase aclamatórios à candidata eleita, reproduzidos por setores midiáticos que fizeram o possível e o impossível  - com sérios arranhões na ética -  para que ela fosse derrotada. Agora,  Dilma não é mais um “poste”, mas tem luz própria que ofusca Lula; não é mais despreparada para governar, mas tem a silenciosa sabedoria dos estadistas que muitas vezes faltou ao antecessor;  não é mais a perigosa e sanguinária guerrilheira, mas uma defensora intransigente das liberdades democráticas arranhadas por Lula em posicionamentos anteriores; não é mais uma invenção de Lula, mas a sua negação...
    Quem viu e ouviu o que diziam sobre Dilma os jornalistas globais  (como Merval Pereira, Miriam Leitão, Arnaldo Jabor , Lúcia Hipólito e tantos outros), e compara com muito do que se diz agora  na midia majoritária tem vontade de beliscar-se para ter certeza de que está diante de algo concreto, real. Mudaram os tempos ou as pessoas? Nem uma coisa nem outra. Tudo isso tem um propósito e é só verificar como se encaixa com as posturas da própria oposição nas figuras de Aécio, Kassab e muitos mais. Em estratégia que acreditam poder dar certo, entoam todos um canto de sereia para atrair a Presidenta. E, é claro, para depois jogá-la às feras.
    Esse assunto já mereceu, aqui no DR, oportunos artigos –  do Mair Pena Neto (“Do “poste à governante encantadora”) e do Eliakim Araújo (“Estará Dilma se distanciando de Lula ?”), cuja releitura sugiro.  Volto a ele, contudo, pela sua importância.  Penso que os hipócritas  vão dar com os burros n’água. Lula e Dilma são, sim , pessoas diferentes. Isso é o óbvio. Mas o que os brasileiros estão percebendo  quando comparam os dois não é uma divisão, uma secessão, mas uma soma, uma complementaridade, que vai permitir ao  país– com a continuidade dos projetos sociais - mais e maiores saltos rumo à dignidade de seus cidadãos.


    Rodolpho Motta Lima
    no Direto da Redação