Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 27 de novembro de 2010

O charlatanismo neoliberal


A Irlanda de Bono
Rodrigo Constantino, Zé Ruela neoliberal em 2006
Maiores bancos da Irlanda serão estatizados
Andrei Netto e Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo, em 2010
O U2 é uma banda realmente sensacional. Um caso irrefutável de sucesso estrondoso no mundo musical, tendo produzido inúmeros hits e vendido milhões de discos. Seu líder, Bono, costuma se engajar em causas sociais também, tendo ficado ainda mais famoso por conta desse passatempo. Acho ótimo que cantores famosos tentem reverter a fama em prol de causas nobres. Não duvido da boa intenção de Bono também. Mas acho que o “bom moço” é vítima do politicamente correto, que reduz absurdamente a liberdade para expressar certas verdades. E assim, acaba prestando um desserviço aos pobres que pretende ajudar.

Bono fez questão de ir se encontrar com Lulla ao chegar no Brasil, e disparou elogios ao presidente brasileiro. Ao mostrar uma foto do presidente no show, foi alvo de vaias. Seria melhor se Bono procurasse se informar mais antes de pregar suas causas sociais politicamente corretas. Talvez ele tivesse sabido do “mensalão”, do escândalo da cueca, do lamaçal que o partido do presidente se atolou e das medidas autoritárias que Lulla tentou passar no Congresso. Talvez tivesse tomado conhecimento de como o Brasil vai perdendo o bonde do progresso, crescendo bastante aquém do potencial e dos demais países emergentes. Poderia ter se informado sobre o fracasso do populista Fome Zero. Tivesse Bono estudado mais a fundo o caso brasileiro, saberia que Lulla representa o oposto de tudo aquilo que possibilitou a reviravolta do seu país, a Irlanda.

A Irlanda vem experimentando um choque liberal há anos, com redução de gastos públicos, abertura comercial e maior liberdade econômica. O país já está em terceiro lugar no ranking de liberdade econômica do Heritage Foundation, perdendo apenas para Cingapura e Hong Kong. A economia apresentou crescimento superior a 7% ao ano desde 1993. O país conta com uma das mais favoráveis políticas para investimentos estrangeiros do mundo, assim como ambiente bastante amigável para os negócios. Os impostos corporativos foram reduzidos para 12,5%, um dos mais baixos da Europa. A Irlanda se tornou um enorme ímã de investimentos de americanos e ingleses, que são também os maiores parceiros comerciais do país. A tarifa média ponderada para importação é de apenas 1,3%, bastante inferior a do Brasil, acima de 13%. Não existe controle de preços por parte do governo. A proteção à propriedade privada é forte, e o sistema legal é transparente. Em resumo, a Irlanda é um ótimo exemplo das reformas defendidas pelos liberais.

Os resultados são claros. Fora o excelente crescimento econômico já citado, a renda per capita está chegando perto dos US$ 40 mil, uma das maiores do mundo. O desemprego é baixo, perto dos 5%. Os indicadores sociais estão melhorando a cada ano. O gasto com educação não é muito diferente do brasileiro, em cerca de 4,3% do PIB. O que faz a diferença mesmo é o grau de liberdade econômica. A Irlanda vem reduzindo o tamanho do Estado, assim como sua interferência na economia. Vem abrindo seu comércio, atraindo investimentos estrangeiros, tratando bem os empresários e adotando o império da lei. Exatamente a receita liberal. E com isso, vem colhendo os doces frutos dessas medidas.

Como ficou claro, a Irlanda de Bono está na contramão do Brasil de Lulla. Aqui, o Estado é cada vez maior, mais inchado e mais interventor. Falta muito para chegarmos ao grau de abertura comercial da Irlanda. Falta muito para chegarmos ao ambiente amistoso para os negócios. Falta muito para termos um império da lei que respeite as propriedades privadas. Enfim, falta muito para o Brasil virar uma Irlanda.

Mas nada disso impediu que Bono ignorasse esse abismo existente entre os discursos populistas do nosso presidente e a realidade dos fatos. Estivesse o cantor melhor informado, e mais livre das amarras do politicamente correto, poderia ter dado um recado muito melhor para o mundo. Poderia ter condenado a demagogia de Lulla, assim como suas idéias anti-liberais, e ter defendido justamente o caminho adotado pela sua pátria. Este caminho não tem mistério. Em graus distintos, foi o mesmo tomado por nações como Cingapura, Espanha, Austrália, Holanda, Nova Zelândia e Chile. É o caminho liberal. Fica na contramão do destino traçado pelos países da América Latina. Fica na direção contrária ao rumo pregado por Lulla. Sorte dos irlandeses. Azar dos fãs brasileiros de Bono...
PARIS E GENEBRA - Em troca do socorro governamental, todos os cinco maiores bancos da Irlanda serão total ou parcialmente nacionalizados, com participações que vão de 51% a 100%.

A estimativa vem sendo feita por analistas econômicos da agência Fitch e por autoridades do país. Já socorridos com € 46 bilhões no auge da crise, em 2008, o sistema financeiro da Irlanda deverá receber uma nova injeção de recursos, prevista em cerca de € 12 bilhões, em análises otimistas.

Todo o oligopólio do sistema financeiro irlandês está incluído. Já detentor de 100% das ações do Anglo Irish Bank desde 2009 – quando a instituição foi nacionalizada em troca de um empréstimo de € 30 bilhões, equivalente a 20% do PIB do país -, o governo de Brian Cowen também deve superar os 90% de ações no Allied Irish Bank (AIB), do qual hoje detém 18% dos títulos. Além dos dois, o Estado também deve assumir o controle do Bank of Ireland, elevando sua participação acionária dos atuais 34% para mais de 50%.

AIB e Bank of Ireland perderam 80% de seus valores de mercado nas bolsas de valores desde a eclosão da falência do Lehman Brothers, em setembro de 2008. As três instituições dividem o mercado de 4,4 milhões de clientes do país. Dois outros bancos de financiamento imobiliário, o EBS e o Irish Nationwide (INBS) também já são controlados pelo poder público, que detém 51% das ações das duas empresas.

A nacionalização, entretanto, vai custar caro à Irlanda. Só o AIB pode receber até € 7 bilhões dos € 85 bilhões em recursos prometidos pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). E nem a injeção de recursos é capaz de garantir a perenidade da instituição. Desde janeiro, o banco já perdeu € 13 bilhões em depósitos de seus clientes.Levantamento da agência de risco Moody's avalia a necessidade de recapitalização dos bancos irlandeses entre € 8 bilhões e € 12 bilhões