Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Irregularidade nas pesquisas só houve entre março e abril



Os meios de comunicação aliados a José Serra já começam uma nova ofensiva em favor de seu candidato. Essa ofensiva inclui manipulação de interpretação das pesquisas, retomada de denúncias contra Dilma e o PT e reprodução de campanhas anônimas de difamação destes, de forma a levá-las ao conhecimento do público sem, entretanto, dar-lhes apoio formal.
Este texto, porém, abordará apenas as interpretações enviesadas das pesquisas
Na edição de hoje da Folha de São Paulo, o diretor do instituto, Mauro Paulino, dá uma interpretação superficial das últimas pesquisas para afirmar, sem medo de ser feliz, que o Datafolha seria o instituto que mais teria acertado o resultado final da eleição.
Este é um assunto complexo que requer a maior simplificação possível, pois essa complexidade dos fatos permite afirmações que não guardam relação com a realidade contando com a dificuldade do público de compreender processo tão intrincado.
Na reta final do primeiro turno, todos os institutos de pesquisa mostraram a mesma tendência, de queda de Dilma e de subida de Marina. Quanto a Serra, só Datafolha, Ibope e Vox Populi detectaram sua subida na reta final da campanha. O Sensus não registrou esse movimento, que nas outras pesquisas ficou dentro da margem de erro.
Entre 5 de abril e 2 de outubro, Datafolha e Ibope fizeram 14 pesquisas cada, Sensus fez 6 e Vox Populi 8.
A tendência da eleição, sobretudo depois do início do horário eleitoral, em agosto, foi prevista, portanto, por todos os institutos. Todos eles captaram bem a arrancada de Marina na reta final e a queda de Dilma. E todos registraram o mesmo sobre Serra, subida tímida ou estagnação, consideradas as margens de erro.
Para simplificar, reitero afirmação que fiz anteriormente de que o que interessa em estatística são as tendências que os números mostram, e que essas tendências só apresentaram perturbações em um único momento desde o começo de abril até o último domingo. Esse momento foi entre março e abril, conforme se pode ver no gráfico acima.
Nos gráficos do Datafolha e do Ibope, um círculo revela o momento em que, ao passo que estes institutos mostravam subida de Serra e estagnação de Dilma, Sensus e Vox Populi antecipavam a tendência de subida de Dilma e de estagnação ou queda dos adversários. Isso durou até meados de setembro, quando Marina teve maior aceleração das intenções de voto e Serra permanecia estagnado até a reta final, quando teve discreta subida em 3 dos 4 institutos.
Como se pode notar, porém, a partir de fins de abril, com a representação do Movimento dos Sem Mídia à Justiça Eleitoral, Datafolha e Ibope passaram a acompanhar a tendência de Sensus e Vox Populi. Dali em diante, todos os institutos passaram a mostrar o que de fato aconteceria em 3 de outubro.
Neste momento, essa discussão está sendo escamoteada na grande imprensa. Até hoje os grandes meios de comunicação não noticiaram o inquérito da Polícia Federal sobre os institutos de pesquisa. Mesmo que a mídia não tenha considerado a fato em suas análises, isso não quer dizer que não exista.
Estão errando todos. Haverá conseqüências da investigação que a Polícia Federal está fazendo por conta da iniciativa do Movimento dos Sem Mídia. Não se pode afirmar quem será responsabilizado pelo que aconteceu entre março e abril, quando dois pares de institutos divergiram entre si, mas posso garantir que dois dos quatro institutos serão responsabilizados.
É possível afirmar que é inexplicável e suspeitíssima a divergência entre Datafolha e Ibope, de um lado, e Sensus e Vox Populi do outro entre março e abril. Em minha opinião, Datafolha e Ibope tentaram “segurar” a tendência de ultrapassagem de Serra por Dilma naquele momento.
Devido ao segredo em que tramita a investigação das pesquisas pela PF, não será possível dar mais informações sobre o assunto. Todavia, os que estão ignorando essa investigação apesar de saberem dela terão, no mínimo, que mentir para o público quando não puder mais ser escondida. E esse momento chegará…
Essa investigação deve produzir conclusões no primeiro semestre do ano que vem. E os indícios de que ela apontará que entre março e abril deste ano ao menos dois institutos de pesquisa tentaram enganar a sociedade, já me chegam às mãos.
O caso transcende a campanha eleitoral. É preciso desmascarar o uso de pesquisas de intenção de voto para impedir que se materializasse mais cedo uma tendência de expressivo fortalecimento da candidatura Dilma Rousseff ao longo deste ano. Esse fato só não virá a público se Serra se eleger e mandar a PF interromper a investigação.
Como fiz em outras oportunidades em que previ fatos que mais tarde todos teriam que reconhecer, peço a vocês que não se esqueçam deste texto. Em alguns meses, este assunto dominará o debate político no Brasil e produzirá conseqüências ainda imprevisíveis, mas que garanto que virão de forma inexorável.

Ciro Gomes apoia Dilma e afirma: "Veja está a serviço da escória brasileira"

Deputado pensa que campanha da candidata não deve ser transigente com mentiras, enfrentando a questão de maneira clara e que não deixe espaços para boatos 

- Por João Peres, Rede Brasil Atual

Brasília – Ciro Gomes está de volta à vida eleitoral? Difícil dizer. O deputado federal assegura que será um cabo eleitoral de Dilma Rousseff na disputa do segundo turno, mas evita entrar em detalhes.

Em se tratando do ex-ministro da Integração Nacional, a única certeza é de que surpresas não são exceção. Em entrevista à Rede Brasil Atual, Gomes garante que não guarda nenhum ressentimento de ter sido preterido pelo presidente Lula na disputa ao Planalto, mas admite ter sentido uma grande tristeza que, garante, já passou.

O deputado, que ficou uma temporada fora do país para curar as mágoas, esteve nesta segunda-feira (4) na reunião que reuniu parte importante da base aliada ao governo na discussão dos rumos da campanha do segundo turno. O ex-ministro mostrou que há uma característica sua que não muda: a língua afiada.

Confira a entrevista:

Qual será seu papel no segundo turno na campanha de Dilma?Sou cabo eleitoral no Ceará.

E no resto do Brasil? O senhor é uma personalidade de projeção nacional.
Estou 100% à disposição para participar desse debate porque o Brasil está acima de tudo. Todo mundo sabe que fiquei muito triste por ver frustrada minha justa intenção de participar desse debate, mas para mim está tudo superado e o mais importante é ajudar o povo brasileiro a ver com serenidade qual o melhor caminho para o país. E estou seguro que o melhor caminho é a Dilma.

Dilma deixou muito marcado o tom de comparação entre os dois governos (FHC e Lula). E que agora é hora de enfatizar essa comparação. É esse o caminho?
Esse é um dos caminhos, mas é preciso também compreender porque 20% dos brasileiros, tudo gente boa, da melhor intenção, tudo gente progressista, trabalhadora, amada, porque não veio conosco no primeiro turno. Por que foi com a Marina? O que a Marina interpretou? Acho que uma certa frouxidão do PSDB acabou sendo replicada por certa frouxidão do PT, e tem uma parte de nós, brasileiros, que não gostamos dessa frouxidão.

Sei disso porque uma parte dessas pessoas já votou comigo em outras ocasiões. É classe média, estudante, jovens, gente preocupada com alguma intransigência. Não é de intolerância que estou falando, mas de intransigência em matéria de comportamento político.

Uma das questões que se tocou aqui é sobre quanto os boatos espalhados na reta final tiraram votos de Dilma. Esses boatos, ao serem disseminados por parte da imprensa, foram importantes nisso?
Perifericamente. Boato só prospera onde há perplexidades, vácuos, vazios. Como essa questão do aborto. É complexa, é delicada. Interagem com esse assunto questões religiosas, questões morais, éticas, sanitárias, emocionais, psicológicas. Questões terríveis.

E os políticos, por regra, detêm um oportunismo muito rasteiro a respeito deste assunto. Acho que esse é o vácuo. Quando você tem um vácuo e não tem clareza, o boato acaba prosperando mais do que devia.

E, claro, há o papel de uma parte da imprensa brasileira. E isso não é novidade, não temos que nos assustar com isso. Quem se enganou foi quem imaginou que haveria essa cordialidade que eu sempre soube que não haveria. Uma parte da imprensa brasileira tem preferência, o que é legítimo.

Apenas deveríamos ajudar o eleitor brasileiro a saber que a Veja é reacionária. É direito do povo brasileiro saber que a Veja é reacionária. A Veja deve existir, deve fazer o que bem entender. Se passar da conta, temos um sistema democrático que garante reparos no Judiciário, mas nada de ir contra a imprensa. A imprensa é sagrada para nós, democratas.

A Veja passou da conta no primeiro turno?A Veja? A Veja passa da conta. Vive a serviço do que há de mais espúrio na sociedade brasileira. É isso que a gente deve explicar para as pessoas. Que a Veja tenha longa vida, mas que todos fiquem sabendo que a Veja não é uma observadora neutra da vida brasileira: ela está a serviço dos interesses internacionais, da privataria, da escória brasileira. Isso sempre foi. Desde que a turma de melhor nível saiu, virou isso (referindo-se a jornalistas mais antigos). Um instrumento de achaque.

Para a campanha de Dilma, como é melhor lidar com essa contra-informação?
Falar com o povo. Sincera e humildemente. Falar com o povo. Enfrentar. Isso sou eu que estou falando. Essa cordialidade só ajuda àquelas pessoas que têm as ferramentas clandestinas de mentir contra a vontade popular.

Resta algum ressentimento por ter sido preterido nessa disputa?
Não. Não tive ressentimento em momento algum. Tive muita tristeza, que é mais amargo do que ressentimento. Mas já passou.

Eleições 2010 - Entenda o que está acontecendo com os evangélicos em cena.


ABORTO - ASSISTAM O VÍDEO ONDE ESSE MOÇO AQUI ARRANCOU APLAUSOS DA GALERA CATÓLICA, DEIXANDO A DEPUTADA VISIVELMENTE ATORDOADA; NERVOSA. O PASTOR MALAFAIAÉ FORMADO EM PSICOLOGIA. UM GRAVE ERRO DELE. PELA LÓGICA BURGUESA E DA GRANDE IMPRENSA, TINHA QUE TER, NO MÁXIMO, O ENSINO FUNDAMENTAL
 ASAMENTO GAY - LIBERAÇÃO DE DROGAS – A VOLTA DO ENSINO RELIGIOSO CATÓLICO NAS ESCOLAS – ESTATUTO DO MENOR – NOVELAS DA GLOBO – “BIG BROTHERS”... ASSISTAM O VÍDEO MAIS ABAIXO.

OS EVANGÉLICOS CARIOCAS REELEGERAM O GOVERNADOR FLUMINENSE, UM SENADOR EVANGÉLICO, VÁRIOS DEPUTADOS (“Garotinho” é o campeão de votos!”), MASSACRARAM O VERDE GABEIRA, DA LIVRE MACONHA, E DERAM À MARINA OS VOTOS PARA O SEGUNDO TURNO DA POLARIZAÇÃO. 
PRA QUÊ?


QUEREM SER OUVIDOS. 


O CARDEAL DA IGREJA CATÓLICA DEVE IR JUNTO.


O CONGRESSO NACIONAL SÓ É LIBERAL E “HOLANDÊS” COM ESSES TEMAS, NA TROCA DE VOTOS POR “PASSEATAS”. NO SEIO DA FAMÍLIA DELES, DE JEITO NENHUM!!!


A propósito do que está na internet:


“A Dilma parou de subir e a Marina começou a subir com a questão religiosa.
A “irmã” Marina juntou tudo isso e enrolou numa bandeira “verde”, capitalista.
A “Traíra” (PARA OS PETISTAS) in natura – embora tenha perdido a eleição no Acre.”


Ela não ganhou voto porque seja do partido verde da Natura, e, sim, porque assumiu o evangelismo “fundamentalista” - temente só a Deus e a Jesus; nada de "homens" ou de "estátuas"! É aquela que não acredita em Darwin e ver no papa a figura do “inimigo” (satanás, na Bíblia).


A Dilma vai ter que tomar conselhos com o Vice do Lula, Zé Alencar.


O Serra talvez seja o que tenha maiores problemas com isso, porque ele é tão religioso quanto democrata, “economista” e criador do medicamento “genérico”.


Fernando Henrique uma vez “escapou” que o Serra tem um “demoniozinho” dentro do peito... rsrs!


O dono do SENSUS Ricardo Guedes dizia antes das eleições que só um fator tirava a vitória da Dilma no primeiro turno. A “questão religiosa”.


Cá pra nós, e eu conheço de sobra: TRATA-SE DE UM VOTO “PRESSÃO ALTA”; Hipertensão Eleitoral que pesquisa de opinião nenhuma identifica.


O Partido da Imprensa só vai a cultos evangélicos, disfarçados pra dizerem aos patrões, o tempo inteiro, QUE OS “REBANHOS” E OS PASTORES SÓ PENSAM EM DINHEIRO! 

O Vaticano não!... rs rs


E um alerta aos dois candidatos: ao contrário do que se pensa, A MAIOR IGREJA EVANGÉLICA DO BRASIL SÃO (têem dois "Conselhos" agora), DISPARADAS, AS “ASSEMBLEIAS DE DEUS”!


Diga isso pra Dilma, “irmão” Vice-presidente José de Alencar da Universal do Reino de Deus. 


A Universal do bispo Edir Macedo é só a terceira ou quarta denominação em números de fieis. 


Perseguisão aos "crentes" por causa de guerra de IBOPE em programção de TV, DEIXOU DE SER RECOMENDÁVEL

Diz o IBGE.



PSDB queria Protógenes vice de Marina para atacar Lula


O vice era para ser outro

O ínclito delegado Protógenes Queiroz procurou diversos partidos para se candidatar.

Teve em São Paulo uma reunião com a direção do PV do Estado.

Um dos presentes à reunião – eram muitos – contou a esse ordinário blogueiro que o PV se disse “linha auxiliar” do PSDB.

Que Marina seria candidata a presidente, numa campanha em que não faltariam recursos.

E que o PV gostaria que Protógenes fosse o vice da Marina.

Protógenes entraria na campanha com a função de atacar o Lula.

Essa seria a função do PV.

O PSDB não tocaria no Lula.

E o PV desceria a lenha.

Protógenes caiu fora e procurou o PC do B.

E se elegeu deputado federal, independente da votação do Tiririca.

Paulo Henrique Amorim

O segundo turno e a revolução democrática no Brasil



Quem sabe, no segundo turno, Serra consiga travar um debate de melhor nível. Lamentavelmente, no primeiro turno, assumiu posições de extrema-direita. A mídia hegemônica, outra vez, aquela das três famílias, ou das poucas, reduzidas famílias, fez o que podia e o que não podia para desacreditar Dilma Rousseff, para apresentá-la como uma candidata sem condições, tentando sempre envolvê-la em escândalos. Dilma cresceu durante a campanha, desenvolveu sua capacidade de argumentação, enfrentou bem o seu principal adversário. Apresentou o programa da revolução democrática, baseada naquilo que foi realizado pelo governo Lula Agora é enfrentar o segundo turno com muita firmeza. O artigo é de Emiliano José.
O resultado do primeiro turno indica que toda a nossa militância política, a do PT e de todos os partidos aliados, teremos que ir à luta para garantir a continuidade da revolução democrática em andamento no Brasil, elegendo Dilma contra Serra. O governo Lula colocou em marcha essa revolução, depois da eleição de 2002. Não foi até agora um processo simples. Não o será daqui para frente. É, no entanto, uma revolução inédita no Brasil, e que, levada adiante, pode assegurar a construção de uma nação não só poderosa economicamente, como já o somos, como também, e sobretudo, uma nação justa, que modifique nossas tradicionais estruturas voltadas à concentração de renda e à desigualdade, ainda das maiores do mundo entre nós. Uma nação que democraticamente incorpore em profundidade a presença do povo brasileiro, que pense o desenvolvimento sempre em razão da maioria, e não voltado a atender aos interesses de uma minoria. Por tudo isso, será essencial que nos coloquemos todos em campo, insistindo na importância de levar adiante tal revolução. 

Essa revolução, que será de longo curso, já quebrou alguns paradigmas. O primeiro deles, talvez, o de imaginar o glorioso dia da revolução, como muitos de nós imaginávamos acontecer, dia em que o paraíso se estabeleceria, e as estruturas antigas desmoronariam como que por encanto. Não pensávamos a longo prazo. Não pensávamos como Gramsci na guerra de posição. Imaginávamos sempre a guerra de movimento, a conquista do Palácio de Inverno. Advogávamos, muitos de nós, o corte abrupto, súbito, a tomada do poder, a ditadura do proletariado, e então, tudo se faria, com violência se fosse o caso, e sem democracia. Sob a democracia, então denominada burguesa, não seria possível promover transformações na vida do povo. 

O governo Lula provou o contrário. A guerra de posição, se me permitem a metáfora, foi caminhando, e promovendo conquistas extraordinárias. E essas conquistas levaram sempre em conta as necessidades, os direitos do nosso povo, especialmente do nosso povo mais pobre. Depois de Vargas, este foi o primeiro governo a novamente pensar no povo brasileiro mais pobre, e o governo Lula, para ser verdadeiro, foi muito mais amplo no esforço de garantir a presença do povo brasileiro, e insista-se, do povo mais pobre, na dinâmica de desenvolvimento do País, à Celso Furtado, que é sempre bom lembrar os grandes pensadores, e Celso é um dos maiores deles. Aqui, a revolução democrática derrotava outro paradigma – o paradigma tecnocrático e com origem nas classes dominantes, de que era primeiro necessário crescer para depois então distribuir renda. 

Vargas, para não sermos injustos, pensou um projeto de nação, e desenvolveu economicamente o País à base da idéia da inclusão dos trabalhadores urbanos, e não seria justo dizer, à FHC, que toda aquela experiência deveria ser negada sob o rótulo simplista de populismo. O governo Lula, no entanto, no leito da revolução democrática, foi muito além, e por isso incorporou à vida, à cidadania coisa de mais de 30 milhões de pessoas, retiradas da miséria absoluta, retiradas da condição do não ser. Incorporou com políticas públicas ousadas, enfrentando o apetite da grande burguesia, das classes dominantes, e até os preconceitos do esquerdismo infantil, que não aceita a melhoria das condições de vida do povo senão pelo processo do corte abrupto, como se esse corte fosse possível nas condições brasileiras. E enquanto ele não se dá, essa esquerda permanece imobilizada. A idéia, tão acalentada pela esquerda, da criação de um mercado de massas, concretizou-se sob o governo Lula, sob a revolução democrática em andamento. 

Claro que essas transformações, efetivadas pelas políticas públicas em andamento, que vão do Bolsa Família à recuperação do salário mínimo, e passam pelo Luz para Todos, pelo Pronaf, pelo Prouni, para lembrar alguns aspectos dessas políticas, foram feitas à base da extraordinária coragem e determinação do presidente Lula e, também, de sua fantástica capacidade de negociação. E Lula, aqui, quebrava outro paradigma nosso, da esquerda: o de que tudo se conquista pelo confronto. Lula aprendeu, na vida sindical, e depois levou esse ensinamento para a política, que é sempre melhor uma boa negociação do que uma greve. Que a greve pela greve não interessa. Na política, nunca perdeu o rumo, nunca deixou de olhar para os mais pobres, em momento algum. Mas, soube dar um passo adiante, dois atrás, depois três adiante, tendo como objetivo a melhoria de condições de vida do nosso povo.

O governo Lula teve a coragem de colocar na agenda política brasileira as questões da luta pela igualdade racial, pela emancipação feminina, pelos direitos humanos e por um meio ambiente equilibrado, temas caros a uma esquerda renovada e democrática. Temas da revolução democrática. Recentemente, os direitos humanos, abrigados no Plano Nacional de Direitos 3, sofreram um bombardeio de setores conservadores, como se tal plano fosse apenas uma iniciativa do governo, e não resultado de uma ampla e democrática conferência nacional. E por falar nisso, outro aspecto colocado na agenda política pelo governo Lula foi o da participação popular. Contribuiu decisivamente para a realização de conferências nacionais que mobilizaram milhões de pessoas e que contribuem decisivamente para a elaboração das políticas públicas do governo. Na democracia atual, reclama-se o crescimento da participação direta. Não é mais possível pensar apenas no seu caráter representativo. 

Quando falo da capacidade de negociação do presidente Lula, não desconheço sua ousadia quando necessário. Esses temas todos não são fáceis de serem apresentados à sociedade. Quando Lula vai, por exemplo, a uma conferência de LGBT, não só legitima o direito à diversidade, quanto enfrenta o pensamento conservador, que ainda tem força em nossa sociedade. Lula, mesmo que não tenha tido uma formação clássica de esquerda, foi ao longo da vida, e do governo, assumindo posições da esquerda contemporânea, tomando atitudes próprias de uma esquerda renovada. Foi ao longo do governo um extraordinário dirigente da revolução democrática em curso, que orgulhou a todos nós. Sobretudo porque, insisto, em momento algum vacilou em relação à prioridade das políticas públicas, que deveriam estar voltadas, como estiveram, para a melhoria das condições de vida do povo brasileiro. 

Essa não é, como se sabe, como já disse, uma caminhada fácil. Chegar a isso exigiu muita luta. Confesso que alimentei ilusões de um debate de bom nível sobre o Brasil nessas eleições. Especialmente porque olhava para o passado de Serra, e imaginava que ele tentasse ser digno dele. Penso no passado de resistência à ditadura e de seu papel como ex-presidente da UNE. Até de sua capacidade de formulação intelectual. Enganei-me. Serra assumiu no primeiro turno posições próprias da extrema-direita, lamentavelmente. E escondeu o seu programa neoliberal, como escondeu o próprio Fernando Henrique Cardoso. Preferiu ser um udenista tardio, um Lacerda do novo milênio. Lacerda foi a tragédia, Serra a triste, melancólica farsa. 

Quem sabe, no segundo turno ele consiga travar um debate de melhor nível. A mídia hegemônica, outra vez, aquela das três famílias, ou das poucas, reduzidas famílias, fez o que podia e o que não podia para desacreditar Dilma Rousseff, para apresentá-la como uma candidata sem condições, tentando sempre envolvê-la em escândalos. Dilma cresceu durante a campanha, desenvolveu sua capacidade de argumentação, enfrentou bem o seu principal adversário. Apresentou o programa da revolução democrática, baseada naquilo que foi realizado pelo governo Lula Agora é enfrentar o segundo turno com muita firmeza. Em duas eleições demonstramos nossa capacidade. E vamos também demonstrar nas deste ano. 

O segundo turno permitirá uma discussão mais aprofundada do nosso projeto. Devemos dizer que a revolução democrática deve caminhar mais. Sempre e sempre com base na democracia, na participação cada vez mais consciente do nosso povo, e não apenas nas eleições, mas também nestas, sempre. Insistir que nosso projeto pretende garantir mais e mais a distribuição de renda. Combater a desigualdade social profunda que ainda nos afeta. Ir fundo na revolução educacional iniciada nos primeiros oito anos. Assegurar o desenvolvimento sustentável. Crescimento econômico a taxas altas não pode nos inebriar e nos levar a uma política que não leve em conta a importância da preservação do meio ambiente. Enfrentar de peito aberto, com firmeza e capacidade, a questão urbana brasileira, especialmente a das médias e grandes metrópoles, que condensam nossos principais problemas nos dias de hoje. 

Segundo turno é outra eleição, costuma se dizer, e com razão. Não está posto que os votos dados a Marina, mesmo que eventualmente o PV venha a apoiar Serra ou que Marina também o faça, se transfiram para o candidato tucano. Seguramente, tais votos têm um claro pendor progressista, ao menos uma grande parcela deles. E penso tendem a migrar em sua maioria para a candidatura Dilma. Ou, dito de outra forma, tendem a optar pela revolução democrática em andamento no Brasil. Claro que isso pode parecer apenas expressão do meu pensamento desejoso, e de alguma forma o é. Mas, também, é parte da análise de outras situações de segundo turno. 

O povo brasileiro adiou a sua decisão, quem sabe para avaliar melhor o quadro, como o fez nas duas eleições de Lula. E agora, como agiu em relação a Lula, penso, no segundo turno também elegerá Dilma para não perder tudo que conquistou ao longo dos oito anos de governo Lula. Nossa militância, no entanto, sabe que deverá estar nas ruas, defendendo com toda firmeza o nosso projeto, a revolução democrática que está mudando a vida do povo brasileiro. 

(*) Jornalista, escritor, militante político, filiado ao PT.

COMO OS COMENTARISTAS POLÍTICOS DA RBS NOTICIARAM A VITÓRIA DE TARSO GENRO


a política e a Grande midia - o PIG - sob controle do PSDB-SP - segundo Ciro Gomes.mp4

Serra e FHC não podem voltar ao poder - Ciro Gomes

Serra é o único candidato que já assinou ordens para fazer ABORTOS, quando ministro da saúde


Reproduzo o artigo publicado neste blog em 15 de setembro de 2010, que ser visto também aqui.
Atenção senhores padres, pastores, presbiteros, bispos e demais crentes hipócritas:

Para o eleitor votar consciente e não ser enganado, a primeira verdade que precisa saber é:

O único candidato a presidente nestas eleições que já assinou medidas para fazer abortos foi José Serra (PSDB), quando foi Ministro da Saúde, em 1998.


Ele assinou norma técnica para o SUS (Sistema Único de Saúde), ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez.
A íntegra da norma pode ser lida aqui: http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf 

Certamente as pessoas que são favoráveis à descriminalização do aborto aplaudem de pé essa atitude de Serra, quando foi Ministro, ao aparelhar o SUS para fazer abortos previstos em lei.
 

E certamente, Serra jamais pode receber o voto de quem milita incondicionalmente contra qualquer prática relacionada ao aborto. 


Senadora do PSDB, suplente de FHC, apresentou projeto legalizando o aborto, desde 1993
 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), partidário de José Serra, foi eleito senador em 1986.
 

Em dezembro de 1992 saiu do senado, no meio do mandato, para ser ministro das Relações Exteriores e depois da Fazenda, no governo Itamar Franco.
 

Assumiu sua suplente Eva Blay (PSDB).
 

No dia 23 de junho de 1993, ela apresentou o 
Projeto de Lei no Senado n° 78/1993, revogando todos os artigos do Código Penal que criminalizam e penalizam a prática do aborto.

PNDH II, assinado por FHC previa ampliação dos casos de aborto legal
 

O Plano Nacional dos Direitos Humanos II, feito em 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso, (íntegra 
aqui), na página 16, defende a ampliação da legalização do aborto:

179. Apoiar a alteração dos dispositivos do Código Penal referentes ao estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude e o alargamento dos permissivos para a prática do aborto legal, em conformidade com os compromissos assumidos pelo Estado brasileiro no marco da Plataforma de Ação de Pequim.
 

Mônica Serra deveria se queixar do marido "ser a favor de matar as criancinhas"
 

A mulher de Serra andou falando bobagens dizendo que "Dilma seria a favor de matar as criancinhas". A dondoca deveria olhar para o próprio umbigo, porque o marido dela, José Serra, foi o único dos candidatos à presidente que assinou e ordenou regras para o SUS fazer ABORTOS.
 

Como rebater boatos falsos para exploração eleitoreira:
 

Agora, quando alguém receber algum e-mail demonizando Dilma, respondam essa VERDADE sobre Serra, enviando esta nota de volta. 


Quando ouvir alguém de boa-fé pregando contra Dilma e Lula, mostrem ou imprimam esta nota, esclarecendo quem é José Serra e quem é o PSDB. Questionem, exijam a verdade.
 

Ao contrário do governo elitista do PSDB, de FHC, o governo Lula sempre manteve diálogo franco e aberto com as entidades religiosas, assim como outras entidades da sociedade civil, reconhecendo seu importante papel como ente social na construção da nação, buscando mediar conflitos e polêmicas, em busca de consensos que representem de fato a vontade e o pensamento do povo brasileiro.
 

Todos os partidos tem gente a favor e gente contra
 

A verdade é que todos os candidatos a presidente (Dilma, Marina, Serra e Plínio) tem posições semelhantes sobre o assunto: são pessoalmente contra o aborto, são pessoalmente a favor da vida, já se declararam a favor do estado laico, não mexerão nas leis atuais sobre o aborto, porque é assunto que pertence à sociedade e só o Congresso Nacional poderia mudar, se tivesse apoio popular. Nunca foi e não é um assunto para nenhum presidente da República decidir sozinho.
 

Posições contrárias e favoráveis à descriminalização do aborto existem dentro de todos os partidos, como mostramos acima no caso do PSDB, e há também entre os aliados de Marina Silva (Fernando Gabeira e Eduardo Jorge do PV, sempre militaram pela legalização do aborto). 

SERRA E O ABORTO

Regional Sul 1 da CNBB trabalhou contra voto ao PT


Incrustado na Zona Sudeste da cidade de São Paulo, o Parque São Lucas esconde a única igreja do Brasil da Congregação do Oratório São Filipe Neri. Fundada pelo padre Aldo Giuseppe Maschi em meados do século passado, a igreja até hoje realiza missas em latim, abolidas mundialmente pelo Concílio Vaticano II, em 1963. Na sexta-feira, o jovem padre Paulo Sampaio Sandes rezou a missa da tarde, de costas para os fieis, com a concessão ao português de três Aves Marias e uma Salve Rainha. O coro, de cinco beatas, também preferiu o latim.

O padre Paulo faz parte de uma congregação tradicional, é contra o aborto, a união civil de homossexuais e a adoção de crianças por casais de homossexuais. Entendeu a recomendação da Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como uma ordem: expor, na homilia, no dia da eleição, o suposto veto da Igreja Católica à candidata Dilma Rousseff (PT), estendido a todos os candidatos do Partido dos Trabalhadores, e distribuir, na saída da missa, a carta onde explicitamente a regional descarta o voto católico nos candidatos que defendem o aborto, em especial, e nomeadamente, nos petistas. "No dia das eleições eu vou distribuir a carta lá fora, mas a carta é muito explícita em relação aos candidatos, não vou falar o nome deles na homilia", disse o padre, depois da missa, confessando constrangimento com a determinação da Regional. "O próprio Dom Odilo Scherer diz que não devemos falar de nomes de candidatos".

A recomendação da Regional Sul 1, que abrange as dioceses do Estado de São Paulo, foi uma "trama", segundo o bispo de Jales, Demétrio Valentini, da Regional Sul I da CNBB, urdida de forma a induzir os fiéis paulistas a acreditarem que a CNBB nacional impôs um veto aos candidatos do PT nessas eleições. "Estamos constrangidos, pois a nossa instituição [a Igreja] foi instrumentalizada politicamente com a conivência de alguns bispos".

A regional, que abrange as dioceses do Estado de São Paulo, recomendou às paróquias que distribuíssem o "Apelo aos Brasileiros", uma longa carta em que acusa o PT de, mancomunado com o "imperialismo demográfico" representado por fundações norte-americanas que financiam programas de controle familiar, apoiar o aborto, e pediu aos padres que "alertassem" os fiéis para não votarem na candidata a presidente Dilma Rousseff, nem em qualquer outro petista. "A Presidência e a Comissão Representativa dos bispos do Regional Sul 1 da CNBB, em sua reunião ordinária, acolhem e recomendam a ampla difusão do apelo a todos os brasileiros e brasileiras elaborado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1", dizem o site da regional e o site da diocese de Guarulhos.

O presidente da Sul 1 da CNBB, Dom Nelson Westrupp, não respondeu a questões que foram enviadas pelo Valor por e-mail por orientação da sua assistente, Irmã Maurinea. O bispo de Guarulhos, Dom Luis Gonzaga, um dos articuladores do movimento antipetista na Igreja, em julho, no artigo "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", recomendou "aos verdadeiros cristãos católicos" não votarem em candidatos que apoiam o aborto e, em especial, recusarem o apoio a Dilma e ao PT.

Do ponto de vista da hierarquia católica, a recomendação e o documento dos dirigentes da Regional Sul da CNBB não têm validade. No dia 16, a Conferência deixou claro isso, numa nota oficial: "Falam em nome da CNBB somente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência. O único pronunciamento oficial da CNBB sobre as eleições/2010 é a Declaração sobre o Momento Político Nacional, aprovada pela 48ª Assembleia Geral da CNBB, deste ano, cujo conteúdo permanece como orientação neste momento de expressão do exercício da cidadania em nosso País", diz. O cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, em 20 de agosto, enviou um comunicado a todos os padres de dioceses esclarecendo que os representantes da Igreja não devem se envolver publicamente na campanha partidária, nem "fazer uso instrumental da celebração litúrgica para expressão de convicções político-partidárias". Sugere que orientem os fiéis a votarem em candidatos afinados com os princípios cristãos, "sobretudo no que diz respeito à dignidade da pessoa e da vida, desde a sua concepção até à sua morte natural", mas alerta para que não indiquem nomes.

Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales, foi o bispo que reagiu de forma mais direta e clara ao que chama de "trama" da Regional Sul 1 da CNBB. À sua diocese, tem encaminhado sucessivos artigos contra o documento da regional. "Não é bom para a democracia que alguns decidam pelos outros (...) Mas é pior ainda para a religião, seja qual for, pressionar os seus adeptos para que votem em determinados candidatos, ou proibir que votem em determinados outros em nome de convicções religiosas (...) Portanto, seja quem for, bispo, padre, pastor, ninguém se arrogue o direito de decidir pela consciência do outro, intrometendo-se onde não lhe cabe estar", no artigo "Pela liberdade de consciência", divulgado no dia 19.

A CNBB nacional acabou encerrando sua participação no episódio com a nota em que desautoriza qualquer decisão contrária à da Assembleia Geral, que não vetou candidatos ou partidos. A direção da Conferência está em Roma. Em São Paulo, remanescentes da Igreja progressista estão pasmos. "Nunca houve uma campanha eleitoral com tanta manipulação da religião", lamenta um deles, lembrando que isso aconteceu também, e fortemente, com a Igreja Evangélica. 
Maria Inês Nassif 

PESOU MAIS QUE A ONDA VERDE? ABSTENÇÃO, BRANCOS E NULOS VAI A 29,3% NO NE



cálculos da Sensus: a abstenção somada a votos brancos e nulos no Nordeste foi igual a 29,34% dos eleitores da região. O Norte teve abstenção de 25,03 enquanto a média brasileira foi de 25,19% e no Sul foi de 21,13%. Isso prejudicaria Dilma, uma vez que ela tem uma porcentagem maior de votos entre os nordestinos. A porcentagem de nulos deve cair no 2º turno na medida em que a dificuldade de voto do eleitor mais pobre diminui com apenas duas opções em jogo: Serra ou Dilma. Mas a abstenção pode subir se não houver mobilização, especialmente em estados com governadores já eleitos.
(Carta Maior, com informações Terra; 05-10)

Dilma e o aborto

Durante a chuva de comentários que este blog recebeu enquanto a possibilidade de eleição de Dilma Rousseff em primeiro turno agonizava nas urnas, fenômeno ocorrido na última noite de domingo, talvez os mais freqüentes tenham sido os rebelados contra a disseminação pela internet de uma avalanche de e-mails “acusando-a” de ser favorável à legalização do aborto.
No post anterior, aliás, que tratou dos três temas que este blogueiro considerou mais prementes (Marina, as pesquisas e a comemoração do PIG diante do 2º turno), os comentários mais freqüentes entre os que acharam que faltou algum assunto também elegeram a “acusação” sobre Dilma ser favorável ao aborto.
Não incluí esse assunto no post anterior porque é extenso e, reconheço, porque não tinha opinião totalmente formada sobre a possibilidade de essa preocupação real de uma parte significativa da sociedade com um assunto de foro íntimo das pessoas ter influído relevantemente – e de uma forma chocante, portanto – no resultado da eleição.
Isso mudou no decorrer do day after da eleição. O volume de reclamações dessa estratégia anti-Dilma foi aumentando, aumentando até que também recebi um desses e-mails, ou mais um. Só que esse eu não deletei antes que me fizesse cair os dedos – ou a vergonha na cara. Decidi assistir ao vídeo a que o e-mail sob o título “Dilma defende o aborto” remetia.
Dilma não disse, em tal vídeo de sua sabatina à Folha de São Paulo, que é favorável ao aborto, mas que não se deveria criminalizar uma mulher que o pratica contra si.
Em várias oportunidades a candidata do PT à Presidência da República disse acreditar que abortar é uma violência que a mulher comete também contra si mesma, pois passa por dor e se expõe a uma enorme imprevisibilidade de conseqüências que podem até matá-la, como de fato acontece o tempo todo.
Mas o que Dilma pensa sobre o aborto não me parece uma discussão relevante. O que me parece relevante é o que ela diz sobre uma política de saúde pública, e o que ela sempre disse sobre isso é que a legalização do aborto deveria ser apreciada pelo Congresso e não ser decidida pelo governo. Dilma, portanto, jamais pregou a legalização.
A candidata do PT não pregou que médicos que praticassem o aborto tivessem permissão para fazê-lo ou que não fossem apenados por uma lei que hoje não lhes dá permissão para tanto. Não propôs que os hospitais públicos passassem a praticar abortos, tampouco.
O que Dilma Rousseff propôs foi que não se punisse (com a cadeia?) uma mulher levada a um ato que alguns dirão destemperado e outros dirão desesperado por vicissitudes da vida que muitos de nós, sejamos contra ou a favor, já vimos passar por perto, mesmo que não tão perto, como no meu caso e no da minha mulher, que passamos fome no início da vida de casados porque decidimos que teríamos a Carla, minha primogênita, hoje com 28 anos.
Enfim, mesmo o aborto nunca tendo servido para a nossa crença de vida, sempre considerei que muitos poderiam não ser como eu e como a minha mulher, e não porque são piores do que nós mas porque não têm os nossos parâmetros morais ou espirituais – como queiram – ou porque não sabem se ao colocarem aquela criança no mundo conseguirão criá-la.
Porque é tudo, Deus meu, uma questão de foro íntimo.
Não tenho o direito de julgar o próximo por não agir como a minha mulher e eu escolhemos há quase trinta anos, desde a primeira vez em que ela engravidou até agora pouco, há cerca de doze anos, quando deixamos nascer uma quarta filha que acabou nos vindo com paralisia cerebral e à qual demos o nome de Victoria Guimarães, sem jamais termos nos arrependido de tê-la deixado nascer mesmo já tendo três filhos quase criados.
A conclusão desta reflexão é a de que este país foi jogado na Idade Média ao ter deixado que uma discussão como essa, que na maioria dos países civilizados já não tem maior relevância há tanto tempo, ganhasse entre nós a dimensão que ganhou. Isso na segunda década do século XXI.
Então me surge a dúvida inquietante sobre quem foi que nos atirou nesse lodaçal. Quem nos fez posar diante do mundo desenvolvido, onde o aborto acontece com ampla liberdade e até apoio do Estado, como um país que com tantos problemas a resolver fica se preocupando em pôr na cadeia adolescentes levadas a um ato de desespero que muitas vezes lhes ceifa a vida?
Foi José Serra ou foi Marina Silva quem nos meteu nessa? Ou será que foram ambos?
Enquanto se decide, se quiser assista ao vídeo em questão. Talvez o ajude a se decidir não apenas sobre se Dilma disse mesmo o que disseram que ela disse, mas se essa é mesmo uma opinião da pessoa que alguém tem o direito de questionar. Eu, pelo menos, fiz a minha escolha em 1982, quando me nasceu a doce Carla, mas jamais a impus a ninguém.

Serra é ladrão?



Do Conversa Afiada

Walter Fanganiello Maierovitch, formado em 1971, é Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo, foi juiz eleitoral, é colunista da revista Carta Capital, e presidente do Instituto Giovanni Falcone, o juiz italiano dinamitado pela máfia, e com quem Maierovitch trabalhou.

Maierovitch concedeu por telefone uma entrevista a Paulo Henrique Amorim:

Estamos em 1988, na disputa pela prefeitura de São Paulo.
Os candidatos eram o deputado federal José Serra, Paulo Maluf e João Leiva.
Maierovitch era Juiz da 2ª. Zona Eleitoral.

Flavio Bierrenbach, hoje Ministro do Tribunal Superior Militar, no dia 29 de outubro de 1988 foi ao horário eleitoral gratuito e faz a seguinte declaração:
No dia 15 de novembro, João Leiva vai ter que derrotar dois Malufs.
Um Maluf todo mundo conhece, aquele que nasceu no lodo da ditadura.
O outro poucos conhecem.
José Serra entrou pobre como Secretario do Planejamento de Franco Montoro e saiu rico.
Prejudicou muitos de seus ex-companheiros.
Como o outro Maluf, tem uma ambição sem limite.
Como o outro Maluf, Serra usa o poder de forma cruel, corrupta e prepotente.
Serra pediu direito de resposta no horário eleitoral.
Maierovitch deferiu
Além disso, Serra entrou com uma representação, para que tudo fosse encaminhado ao Ministério Público, já que ele tinha sido caluniado, difamado e injuriado.

O advogado de Serra era Mario Covas Neto.

Maierovitch encaminhou ao Ministério Público denúncia de Serra contra Bierrenbach.

A denúncia de Serra mostrava que ele tinha sido caluniado, porque Bierrenbach dissera que ele entrou pobre no Governo Montoro e saiu rico; e porque usa o poder de forma corrupta.
A denúncia dizia que Serra tinha sido difamado, porque Bierrenbach tinha dito que o outro Maluf poucos conheciam; que ele enganara muita gente, e que tinha feito uma campanha milionária para deputado federal.

A denúncia de Serra dizia que Bierrenbach o tinha injuriado, porque disse que ele, como Maluf, tem uma ambição sem limites; que, pelo poder, é capaz de tudo.
Maierovith aceitou um recurso de Bierrenbach: queria a “exceção da verdade”.
Ou seja, queria provar que tinha dito a verdade.

Maierovitch recebeu e encaminhou os pedidos de Bierrenbach para ter acesso à declaração de renda de Serra à Receita Federal, à movimentação de contas em bancos, à prestação de contas de Serra à Justiça Eleitoral, à convocação de testemunhas.
Tudo deferido.

Serra entra com mandado de segurança para que Maierovitch fosse afastado do caso e tudo passasse ao Supremo Tribunal Federal.
Maierovitch indeferiu o pedido.
Levou em consideração a própria jurisprudência do STF: o juiz natural da ação era, de fato, Maierovitch.

Serra mudou de tática.

E disse que, pensando bem, não tinha sido nem “caluniado”, nem “difamado”.
Tinha sido, apenas, “injuriado”.

Sabe por que, amigo navegante ?

Porque na Justiça Eleitoral, no crime de “injúria” não cabe a “exceção da verdade” – ou seja, não cabe pedir o direito de mostrar as provas.

Maierovitch recusou o “pensando bem” de Serra.

E mandou buscar as provas que Bierrenbach disse que tinha de que Serra entrou pobre e saiu rico do Governo Montoro e usava o poder de forma corrupta.

Maierovitch considerou que não podia julgar antes.
Ou seja, não podia, antes de ver as “provas” de Bierrenbach, se havia calunia e difamação ou não.

Surpresa.

No Tribunal Regional de São Paulo, o desembargador Carlos Alberto Ortiz suspendeu o processo, até que novo mandado de segurança de Serra, agora assinado pelo advogado Marcio Thomaz Bastos, fosse julgado.

O mandado foi distribuído para o Juiz Francisco Prado, que assumiu o cargo de juiz por indicação do governador Mario Covas.

Estamos aí, portanto, “num ambiente tucano”, diz Maierovitch.

O processo, aí, parou.
Ficou “travado”, como se diz na Justiça brasileira.

Depois de ser Juiz, Francisco Prado foi Secretario de Habitação de Mario Covas.
E Secretario do Emprego do Governo Alckmin.

Em 1997, Prado teve que deixar o Tribunal.
Deixou atrás de si um cartório de processos não julgados.
Mas, antes de sair, julgou o mandado de segurança de Serra.

Veja bem, amigo navegante, o fato se deu em 1988.
Prado julgou em 1997.
Levou quatro anos com o mandado de segurança em cima da mesa.
E o que descobriu Prado ?
Que os crimes estavam prescritos.

Conclusão de Maierovitch: que pena, nunca se soube se Serra é ladrão !


Leia mais em: ¹³ O ESQUERDOPATA ¹³ 
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Aécio vai sair do PSDB e não vai salvar Serra

Tancredo e Arraes: os avós eram do PSD

Serra e Aécio combinam tanto quando água e azeite.

Se Serra ganhasse – porque não vai ganhar -, Aécio ia ficar oito anos no Senado a chupar o dedo.

Como Serra vai perder, Serra vai sentar em cima do PSDB e de lá não sai.

Quem poderia puxar o PSDB para fora de São Paulo seria o próprio Aécio.

Tasso “tenho jatinho porque posso” Jereissati bem que tentou, mas, lamentavelmente, o povo cearense preferiu conferir-lhe outro destino.

Aécio tentou fazer uma convenção do PSDB, e viu que é impossível tirar o Serra do trono.

Os tucanos de São Paulo estão condenados a se agarrar na UDN e com ela definhar.

Aécio vai sair do PSDB, como informou o excelente colunista Maurício Dias, na Carta Capital.

Aécio vai sair do PSDB para ganhar vida no PSD, o partido do avô.

Pode até se reencontrar com o PSD de Pernambuco, partido que elegeu Miguel Arraes governador, em 1962.

Aécio pode se reencontrar com o neto de Arraes, Eduardo Campos, o governador mais votado do Brasil e que promoveu uma revolução em Suape – clique aqui para ter detalhes desta revolução em Pernambuco.

Mas, para que isso aconteça, é preciso ver, primeiro, como vai ser o Governo da Dilma, sentenciou o sábio Fernando Lyra.

Aécio só tem futuro fora do PSDB.

Se o Serra esperar pelo apoio do Aécio como esperou pelo Aécio para ser vice …

Serra diz que Aécio será central em sua campanha.

Só se for para enterrá-lo de vez.

Em tempo: Aécio ganhou a eleição em Minas. Dilma também.

Clique aqui para ler “Apoio da Marina não tem a menor importância”.

aqui para ler “Lula ganhou. Serra quis ser Lula e agora quer ser a Marina”.

Paulo Henrique Amorim