Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Folha - Hitler

Perdido por perdido, truco!

Serra InSalubre
"Deu ontem no Datafolha: Dilma (51%) ganha de Serra (27%) no primeiro turno. Então no vale-tudo do Zé, perdido por perdido, truco!"


Márcia Denser*
É possível ganhar eleição com uma campanha exclusivamente negativa? Até porque nas mais “notáveis” realizações tucanas, cinismos à parte – e por realizações entenda-se tudo o que não é factóide ou omissão ou desacontecimento – o sinal também se inverte, uma vez que constituem exclusivamente empreendimentos negativos, pois ideologicamente – em tese e na prática – seus políticos atuam contra os interesses da população que os elege. Eis a fórmula tucana da “boa gestão”: a aplicação literal do subcapitalismo desigual e combinado – que combina a iniquidade do atraso com a truculência do progresso. Ou seja, a tecnologia do futuro em retrocesso!

E a nunca por demais esquecida omissão ou desinformação ou mentira descarada ou manobra divergente ou contramedida ou denuncismo anacrônico que campeia criminosa e impunemente via jornalões, vejas, blogs, rádios e tevês associados ao PIG Inc. E como Serra trata o não-PIG? A tapa (vide episódio ocorrido esta semana com minha xará, Márcia Peltier). Deu ontem no Datafolha: Dilma (51%) ganha de Serra (27%) no primeiro turno. Então no vale-tudo do Zé, perdido por perdido, truco!

Daí que, de “olhar armado”, caçadoramente, começa-se a garimpar pela imprensa informações aqui e ali, e pouco a pouco a realidade vai emergindo – bela e horrível, banal, gravíssima, definitivamente inexorável:

Estadão de 14/4
“Anunciando a quem passasse: “Sou a mulher do Serra e vim pedir seu voto”, Mônica Serra esteve na tarde de hoje em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Acompanhada do candidato a vice, Índio da Costa (DEM), a mulher de Serra partiu para o ataque à petista Dilma Rousseff. A um eleitor evangélico, que declarou voto em Dilma, Mônica Serra afirmou que Dilma é a favor do aborto. “Ela é a favor de matar as criancinhas”, disse ao vendedor ambulante Edgar da Silva, de 73 anos.“

UOL Notícias de 15-09
“Documentos revelam falhas em 'maternidade de referência' em SP. Documentos internos assinados por médicos e gestores do Hospital [estadual] Maternidade Leonor Mendes de Barros, na zona leste de São Paulo, mostram que, apesar dos prêmios de gestão e do rótulo de unidade referência (???), sofrem com a falta de infraestrutura, superlotação e são obrigados a improvisar procedimentos para evitar a morte de pacientes – nem sempre com sucesso. A seguir, alguns exemplos de apelos – inúteis – feitos pelos médicos ao governo estadual de José Serra, relatados à reportagem da UOL:
(1) "Saliento a necessidade urgente de uma unidade de terapia intensiva nesta instituição para que os profissionais possam trabalhar com mais segurança..." ;
(2) "Na entrada do plantão, não havia sequer macas para retirar pacientes da sala de obstetrícia";
(3)“É desumana a situação em que a direção do hospital nos deixa diariamente nesta maternidade dita de ‘alto risco’. Não vou repetir o que dizem e escrevem neste livro nos últimos 19 anos que convivo e trabalho neste C.O. (Centro Obstétrico) sem UTI, escreveu um médico no domingo, 30/08/agosto de 2009, referindo-se a uma paciente cujo atendimento foi prejudicado pela falta de materiais como cateter central e lâmina de ventilação. Mesmo diagnosticada com choque hemorrágico, ela ficou aguardando durante cerca de seis horas por uma vaga em uma UTI, obtida somente em região distante. “A paciente foi transferida para o Hospital Cachoeirinha, e não sei se ela está viva”, complementa o médico, pedindo providências da direção.”
(4) “Em 20 de junho de 2009, situação semelhante é relatada: Histerectomia total puerperal de paciente por choque hemorrágico + atonia uterina + coagulopatia. Paciente transferida para a UTI do Hospital Geral de Sapopemba, evoluindo para óbito na chegada do mesmo”, diz o registro médico, assinado por um profissional do hospital."

Mas nada como um salutar feed back a fim de melhor caracterizar este Serra tão cinicamente insalubre.

Recuerdos pedagógicos

Carta Maior de 21/04/2010
“O pré-candidato tucano à presidência da República, José Serra (PSDB) saiu do armário esta semana em Minas Gerais e, durante encontro com empresários prometeu, entre outros pontos:
1) desmontar o legado de Lula;
2) acabar com o PAC, uma vez que não passa de “um monte de obras”;
3) paralisar o país para “rever” todos os contratos federais assinados durante o governo Lula;
4) abolir o Mercosul e mudar totalmente a política externa para uma orientação no estilo subordinado de FHC;
5) mudar a atual Fundação Nacional de Saúde – Funasa – , muito criticada por ele, para repetir o que fez quando ministro da Saúde de FHC, entre 1998 a 2002.
E o que ele fez condensa, em pequena dimensão, o que promete agora repetir, em escala ampliada, se for eleito.”

Modestamente, eis o que ele fez:

“I) Serra assumiu o ministério em 31 de março de 1998, em meio a uma epidemia de dengue e prometeu uma guerra das forças da saúde contra a doença;
II) iniciou então o desmonte que ameaça agora repetir;
III) primeiro, ignorou as linhas de ação e planos iniciados por seu antecessor, o médico Adib Jatene;
IV) em nome de uma descentralização atabalhoada, transferiu responsabilidades da Funasa, Fundação Nacional de Saúde, o órgão executivo do ministério, para prefeituras despreparadas e sem sincronia na ação;
V) Em junho de 1999, Serra demitiu 5.792 agentes sanitários contratados pela Funasa em regime temporário, acelerando o desmonte do órgão, em sintonia com a agenda do Estado mínimo;
VI) um mês depois, em 1º de julho de 1999, o procurador da República, Rogério Nascimento, pediu à Justiça o adiamento da dispensa dos 5.792 mata-mosquitos até que as prefeituras pudessem treinar pessoal; pedido ignorado por Serra.
VII) Em 5 de agosto de 1999, num despacho do processo dos mata-mosquitos, a juíza federal Lana Maria Fontes Regueira escreveu: "Estamos diante de uma situação de consequências catastróficas, haja vista a iminente ocorrência de dengue hemorrágica".
VIII) O epidemiologista Roberto Medronho, diretor do Núcleo de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, completaria: ‘"A descentralização da saúde não foi feita de forma bem planejada. O afastamento dos mata-mosquitos no Rio foi uma atitude irresponsável”
IX) em abril de 2001, a Coordenação de Dengue do município do Rio previu uma epidemia no verão de 2002 com grande incidência de febre hemorrágica. A sugestão, contratar 1.500 agentes e comprar mais equipamentos de emergência, foi ignorada por Serra.
X) O ano de 2001 foi o primeiro em que os mata-mosquitos da Funasa, dispensados por Serra, não atuaram . A dengue, então, voltou de forma fulminante no Rio: 68.438 pessoas infectadas, mais que o dobro das 32.382 de 1998, quando Serra assumiu o ministério.
XI) Em 2002, já candidato contra Lula, Serra era ovacionado em vários pontos do país aos gritos de 'Presidengue!'. Justa homenagem à sua devastadora atuação na saúde pública.”

A propósito, voltando a Mônica Serra: li não sei onde que quando ela esteve em campanha pelo marido em Curitiba, alguém a ouviu comentar junto à comitiva tucana: ”Bolsa-Família? Somos totalmente contra esse assistencialismo. No começo, o Serra vai deixar, depois será abolida pouco a pouco...”.

Pois é, minha cara, escrúpulo é para pobre, e bonzinho morre na praia, não é mesmo?

É isso aí: perdido por perdido, truco!

*A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), A Ponte das Estrelas (1990), Toda Prosa (2002 - Esgotado), Diana Caçadora/Tango Fantasma (2003,Ateliê Editorial, reedição), Caim (Record, 2006), Toda Prosa II - Obra Escolhida (Record, 2008). É traduzida na Holanda, Bulgária, Hungria, Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Argentina e Espanha (catalão e galaico-português). Dois de seus contos - O Vampiro da Alameda Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos 100 Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os 100 Melhores Contos Eróticos Universais. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, é pesquisadora de literatura, jornalista e curadora de Literatura da Biblioteca Sérgio Milliet em São Paulo.

Código 55 - O Terror Midiático no Brasil

O esquerdopata: Bye bye, Serra!

O esquerdopata: Bye bye, Serra!

O esquerdopata: Amor com amor se paga

O esquerdopata: Amor com amor se paga

Imprensa & Eleições: crítica da razão indefesa


Quando a propagação de um jornalismo partidarizado se une à política convencional, temos o perigo real. Uma fábrica de manipulação quando começa a funcionar durante duas horas ao dia é prenúncio de que logo estará funcionando 24 horas ao dia, em três turnos ininterruptos.
Washington Araújo
Certa vez em uma entrevista, um diretor polonês disse que, por um longo tempo, a mídia em seu país havia dedicado sua primeira página todos os dias para falar sobre o governo sem nunca reportar que os cidadãos estavam fugindo em massa para Londres em busca de um futuro melhor. O diretor disse que um dia recebeu a mensagem dando conta que 1 milhão de poloneses havia emigrado de seu país. E, finalmente, foi com essa imagem da massa de emigrantes que os jornais formaram suas primeiras páginas.

Há que se perguntar como é que tão grande número de poloneses saiu do país sem que ao menos isso fosse noticiado? A verdade é que os jornais tinham, àquela altura, se distanciado profundamente da sociedade que buscavam retratar. Colocaram tanto foco nas minúcias, nos detalhes que ajudavam a perceber a realidade mais ao seu gosto, que perderam qualquer contato com a imagem da floresta. Isto me faz refletir sobre o momento atual por que atravessam nossos grandes conglomerados midiáticos. Estes cerram fileiras em torno dos grãos.

Todo esforço, todo grama de energia, todo milésimo de segundo é dedicado integralmente a potencializar o que sentem ser um retrato fiel da sociedade brasileira na atualidade. Hoje, imensas trilhas foram abertas nas florestas da informação, mas a grande imprensa não consegue nem mesmo ver as árvores. Para ela, uma ou duas folhas de uma árvore assumem importância tal que podem obliterar o conjunto todo.

Excesso de bordões
Neste contexto penso que para chegarmos sãos e salvos ao dia 3 de outubro haveremos ainda que passar por manchetes diárias estampadas em nossa grande imprensa (Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, O Globo) dando conta da violação de sigilos fiscais de adicionais 21 pessoas intimamente relacionadas com a família do candidato José Serra. Após a quebra do sigilo da filha e do genro, do primo de sua mulher, ainda saberemos que foram ao meio fio os sigilos da sogra, da sobrinha, de dois tios, de uma comadre de sua filha e de sua afilhada. É o jornalismo conta-gotas, como se a sociedade estivesse recebendo ao longo das próximas semanas doses diárias do homeopático Beladona.

O meio mais eficaz para banalizar um crime é tratá-lo como banal. Simples assim. E é isto o que a imprensa paulista, aquela que se autointitula de abrangência nacional, vem fazendo desde os últimos dias e deverá pautar sua equipe de "opinionistas" e colaboradores: a cada dia o escândalo requentado busca render imagens "na medida" para atender interesses eleitorais na propaganda veiculada na tevê.

Ora, jornalismo geralmente envolve a arte e o ofício de refletir a realidade com os dados verificados, a fim de dar aos indivíduos o instrumental necessário para formar uma opinião construída sobre aquilo que acontece e como isso lhe pode afetar. É a esse jornalismo que nos dedicamos, e onde alguns atuam com mais ou com menos assertividade, com mais ou com menos credibilidade para, ao fim, poder visualizar essa foto do momento atual.

No caso dos sigilos há excesso nos enfoques: o culpado não pode ser outro que não o PT, a candidata governista. Excesso nos métodos: os jornais publicam a mesma manchete com leves alterações. Excesso no espaço: primeira página, editorial, caderno eleições. Excesso na contundência: a candidatura do governo precisa ser cassada pelo TSE. Excesso na repetição de bordões e frases feitas: terrorismo de Estado, crime fiscal hediondo, crime de lesa pátria, ilegalidade abominável. Excesso de opinião: todos os que têm a opinião impressa falam a mesma língua, usam os mesmos recursos lingüísticos e se estivessem em bancada de telejornal da noite, fariam as mesmas caras e bocas.

Libelo diários
Não por coincidência é um caso abordado por meio de muitos adjetivos e pouquíssimos substantivos. É que falta a verificação de dados: que informações sigilosas vieram à luz do dia? Falta clareza sobre os autores reais porque são privilegiados autores imaginários que se confundem, não por artes do destino, com a candidata majoritariamente mais bem avaliada em um mix de pesquisas de opinião.

De repente, nós encontramos um conjunto de casos em que as publicações fazem marcha batida para a direita, uma direção que até bem pouco parecia completamente escondida, mas que agora parece estar em seu habitat natural. Ao emitir esta percepção quero salientar que não estou falando de ideologia, de uma luta leal entre os argumentos concorrentes e diferentes pontos de vista.

Refiro-me a jornalistas e a políticos que consideram a busca da verdade nada mais que uma quimera. Profissionais que chegam primeiro às conclusões para depois construir os marcos indispensáveis à formulação de uma tese. Profissionais que difundem suas opiniões na forma de notícias sem atentar para o ritmo que a lógica impôs há séculos no discurso racional e que deve tornar sólida a democracia. Não posso deixar de ver que tal técnica de ignorar a lógica e atacar a verdade pode conduzir o Brasil a um caminho de tristíssima memória, que remonta aos primeiros anos de 1960, que conduz ao acirramento dos ânimos onde a luta pelo poder tem como insígnia a compreensão equivocada que os fins sempre estarão a serviço dos meios.

Quando a propagação de um jornalismo partidarizado se une à política convencional, temos o perigo real. Uma fábrica de manipulação quando começa a funcionar durante duas horas ao dia é prenúncio de que logo estará funcionando 24 horas ao dia, em três turnos ininterruptos. E não há nada pior do que estes libelos diários a atiçar os piores instintos da sociedade: alguns partidos sem líderes capazes de se manter frios e que se coloquem em defesa da razão. À ausência de tal liderança calma e clara em nossos principais partidos em tempos de crise, aliado ainda à guerra contra a verdade e a lógica, podem apenas nos trazer maus presságios.

Washington Araújo é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela
UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil,
Argentina, Espanha, México. Tem o blog http://www.cidadaodomundo.org
Email - wlaraujo9@gmail.com

Os escândalos políticos midiáticos


Os escândalos políticos midiáticos
Não seria exatamente a tentativa de controlar a esfera propriamente política o último recurso que a grande mídia – declaradamente oposicionista pela voz da presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) – estaria a exercer na construção de escândalos políticos midiáticos a poucas semanas das eleições?
Venício Lima

Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa

Tão logo as pesquisas revelaram que uma das candidatas à presidência da República havia atingido índices de intenção de voto difíceis de serem revertidos, e que os resultados indicavam a possibilidade de decisão ainda no primeiro turno, a grande mídia e seus "formadores de opinião" reagiram prontamente. Insistiram eles que fatos novos poderiam ocorrer e que ainda era muito cedo para cantar vitória.

Um exemplo: sob o título "Festa na véspera", a principal colunista de economia do jornal O Globo escreveu em sua coluna "Panorama Econômico" do dia 31 de agosto:

"Então é isso? Uma eleição cuja campanha começou antes da hora acabou antes que os votos sejam depositados na urna? (...) Fala-se do futuro como inexorável. O quadro está amplamente favorável a Dilma Rousseff, mas é preciso ter respeito pelo processo eleitoral. Se pesquisa fosse voto, era bem mais simples e barato escolher o governante."

Simultaneamente, a poucas semanas do primeiro turno das eleições, os jornalões, a principal revista semanal e a principal rede de televisão abriram fartos espaços para a divulgação de "escândalos" com a óbvia intenção de atingir a reputação pública da candidata favorita.

O primeiro, diz respeito a vazamento de informações sigilosas da Receita Federal ocorridos em setembro de 2009 [antes, portanto, da escolha oficial dos candidatos e do início da campanha eleitoral]. O "escândalo" foi imediatamente comparado com o caso Watergate, que levou à renúncia o presidente dos EUA Richard Nixon, em 1974, e também à prisão de integrantes do PT em hotel de São Paulo, em 2006. A narrativa midiática logo passou a referir-se a ele como "Aloprados II" e/ou "Receitagate".

O segundo, que surge tão logo o primeiro parece não ter atingido os objetivos esperados, faz um incrível malabarismo ao tentar incriminar a candidata favorita através de ações de lobby e tráfico de influência atribuídos ao filho de sua ex-auxiliar. Um exemplo: a manchete de primeira página da Folha de S.Paulo de domingo (12/9): "Filho do braço direito de Dilma atua como lobista".

O que estaria acontecendo na grande mídia brasileira?

Controle e dinâmica
Em abril de 2006, no correr da "crise do mensalão", escrevi neste Observatório [ver "Escândalos midiáticos no tempo e no espaço"] sobre o conceito de "escândalo político midiático" (EPM) desenvolvido pelo professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, John B. Thompson, em seu aclamado O escândalo político – Poder e visibilidade na era da mídia (Vozes, 1ª edição, 2002).

O momento é oportuno para retomar os ensinamentos de Thompson.

Os EPM surgem historicamente no contexto do chamado jornalismo investigativo, combinado com o crescimento da mídia de massa e a disseminação das tecnologias de informação e comunicação. E, sobretudo, no quadro das profundas transformações que ocorreram na natureza do processo político, ainda dependente, em grande parte, da mídia tradicional. Envolve indivíduos ou ações situados dentro de um campo ligado à aquisição e ao exercício do poder político através do uso, dentre outros, do poder simbólico. Fundamentalmente, o exercício do poder político depende do uso do poder simbólico para cultivar e sustentar a crença na legitimidade.

O poder simbólico, por sua vez, refere-se à capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações e crenças de outros e também de criar acontecimentos, através da produção e transmissão de formas simbólicas. Para exercer esse poder, é necessário a utilização de vários tipos de recursos, mas, basicamente, usar a grande mídia, que produz e transmite capital simbólico – vale dizer, controla a visibilidade pública. A reputação, por exemplo, é um aspecto do capital simbólico, atributo de um indivíduo ou de uma instituição. O que está em jogo, portanto, num EPM é o capital simbólico do político, sobretudo sua reputação.

Como a grande mídia se tornou a principal arena em que as relações do campo político são criadas, sustentadas e, ocasionalmente, destruídas, a apresentação e repercussão dos EPM não são características secundárias ou acidentais. Ao contrário, são partes constitutivas dos próprios EPM.

Escândalo político midiático, portanto, é o evento que implica a revelação, através da mídia, de atividades previamente ocultadas e moralmente desonrosas, desencadeando uma seqüência de ocorrências posteriores. O controle e a dinâmica de todo o processo deslocam-se dos atores inicialmente envolvidos para os jornalistas e para a mídia.

Jogo de poder
Na verdade, a grande mídia ainda detém um enorme poder de legitimar a esfera propriamente política através do tipo de visibilidade pública que a ela oferece. Os atores da esfera política dependem de visibilidade na esfera midiática para se elegerem e/ou se manterem no poder. Através desse poder, próprio da esfera midiática, a grande mídia tenta submeter e controlar o processo político, em particular os processos eleitorais. É aí que surgem os EPM.

Não seria exatamente a tentativa de controlar a esfera propriamente política o último recurso que a grande mídia – declaradamente oposicionista pela voz da presidente da ANJ – estaria a exercer na construção de EPM a poucas semanas das eleições?

Será que o Brasil de 2010 é o mesmo de 2006, quando tentativa semelhante levou as eleições presidenciais para o segundo turno?

O que está realmente em jogo é o poder da mídia tradicional – e, por óbvio, dos grupos dominantes do setor – em tempos de profundas transformações nas comunicações. Em tempos de internet.

Quem viver verá.

Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.

Domadores de leões


No livro “No Planalto, com a imprensa”, ex-secretários de presidentes da República descrevem o jogo bruto a favor e contra o Planalto, que variava conforme os interesses em questão e as relações dos veículos com os regimes. Alguns personagens, que hoje bradam pela liberdade da imprensa, foram íntimos e aguerridos defensores do Estado em seus piores momentos.
Antonio Lassance
Certa vez, um ministro resolveu levar ao Presidente da República seu pedido de exoneração. Diante de uma crise aguda, uma verdadeira “blitzkrieg” (guerra-relâmpago) que assolava o Planalto na tentativa de deixar apenas terra arrasada, o ministro explicou a auxiliares por que achava que estava na hora de “pegar o boné”: “os leões precisam de carne”. Os leões eram os veículos de imprensa.

Esta é uma ótima analogia sobre a relação entre a imprensa e o “poder”. Isenta os leões de serem recriminados por sua ferocidade e apetite. É da sua natureza e instinto serem assim. É mais do que uma circunstância. Pelo menos, desde a Revolução Francesa, desde Jean-Paul Marat e seu jornal insurrecional e maledicente, “O amigo do povo” – recheado por política e fofocas, como os atuais.

Por outro lado, se os leões estão isentos de culpa, os políticos e o público, por obrigação, não podem ter com a imprensa uma relação ingênua. Os leões não estão à espreita para promover espetáculo, para fazer bonito e agradar ao público. Mesmo aqueles que lhes dão carne diariamente não podem ser ingênuos e românticos.

“No Planalto, com a imprensa”, livro em dois volumes, de quase mil páginas, produzido pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), sob o comando do ministro Franklin Martins, reúne entrevistas com antigos domadores - responsáveis pela intermediação das relações dos governos com a imprensa. Alguns o foram na condição de secretários de Imprensa; outros, na de porta vozes.

As entrevistas foram feitas pelo professor, jornalista e assessor da Secom, Jorge Duarte, um dos maiores especialistas do país em jornalismo e comunicação. Duarte faz uma cuidadosa reconstituição histórica do aparecimento da figura do jornalista “do presidente”, desde a I República até o golpe de 64.

Duarte demonstra que a imprensa ancestral, liberal, foi nutrida pela República Velha, como no caso do tradicionalíssimo e importante, à época, Jornal do Comércio (do Rio de Janeiro). Os jornais liberais recebiam encomendas, ou incumbências, principalmente a partir do governo Campos Sales (que governou o País de 1898 a 1902). “Há relatos de que a direção do jornal [do Comércio] recebia regularmente bilhetes de Campos Sales com opiniões, sugestões de reportagens e agradecimentos pela veiculação de informações” (pág. 11).

Um parêntesis: trata-se do mesmo Campos Sales que estava entre os 16
que insuflaram a transformação do velho jornal A Província de São Paulo em um “diário republicano”, passando a denominar-se O Estado de S. Paulo. Assim atesta o próprio veículo, em sua página de histórico
http://www.estadao.com.br/historico/resumo/conti1.htm . O jornal se tornaria intimamente associado aos destinos do Partido Republicano Paulista e da oligarquia (da qual fazia parte) que controlava a “República do Café com Leite”. É bem provável que o conhecido anticlericalismo de Campos Sales tenha influenciado até num detalhe que normalmente passa desapercebido: na troca do nome, o “São” passou a ser grafado sempre abreviado, e A Província de São Paulo passou a ser O Estado de S. Paulo. Ou seja, o velho diário, com seu liberalismo ainda hoje arraigado, nasceu, cresceu e conformou sua identidade sob as asas do Estado, fazendo jus ao apelido carinhoso que faz questão de empunhar: Estadão.

A função de secretário de Imprensa só se estabeleceu formalmente no Governo João Goulart, com o jornalista Raul Ryff. Ryff e Carlos Castello Branco, o Castelinho, são as grandes lacunas do livro, supridas tanto pela introdução de Duarte quanto pelo depoimento do jornalista Carlos Chagas.

Além de Jorge Duarte, o livro teve a organização do diplomata Carlos Villanova, também da Secom, de Mário Hélio Gomes (responsável por um minucioso trabalho de notas) e de André Singer (que foi porta voz e secretário de imprensa de Lula).

Nenhuma declaração bombástica ou segredo que já não tenha sido revelado. Os presidentes parecem ter a prática de não incluir os secretários de Imprensa entre seus confidentes. Certos depoimentos são primorosos e bastante intensos. Um deles (Cláudio Humberto) é visceral. A maioria é repleta de casos elucidativos e saborosos. Alguns, além de terem sido grandes jornalistas, ainda são bons contadores de história. Por exemplo, Carlos Chagas, que fala do “pijânio” (pág. 49), um misto de pijama e roupa indiana, que o presidente Jânio começou a usar, no lugar do terno. A moda fez sucesso apenas entre os puxa-sacos.

São relembrados momentos históricos. O assassinato de Vladimir Herzog,
a bomba do Riocentro, a morte de Tancredo Neves, a Constituinte, o
impeachment de Collor, a crise política que abalou o Governo Lula em 2005, dentre tantos outros acontecimentos de grande importância, são revistos com o olhar de quem estava dentro do Planalto, ao lado dos presidentes e, muitas vezes, com a ingrata função de ser sua trincheira.

Autran Dourado conta da famosa foto de Juscelino, estendendo a mão e fazendo um gesto vago ao secretário de Estado Americano, Foster Dulles, mas estampado nos jornais como um pedido de dinheiro (de fato, o Brasil estava atrás de empréstimo do FMI). “Aquilo foi uma maldade” (pág. 34). A imagem mendicante quase gerou um processo do presidente JK contra o Jornal do Brasil. Carlos Chagas fez um relato detalhado sobre o AI-5, de 1968 (págs. 67-73). Carlos Fehlberg atribuiu ao jornal “O Globo” ter lançado ao estrelato a frase entusiástica de Médici, “ninguém segura este país”, que virou bordão da ditadura (pág. 119).

Humberto Barreto, do período Geisel, lembra que alguns jornalistas “se tornaram meus comensais; notadamente o Merval Pereira” (pág. 135). Alexandre Garcia, secretário de imprensa do período Figueiredo, conta porque escreveu o livro “João Presidente” - num período em que se tentava “humanizar” o general que teria dito preferir o cheiro de cavalo ao cheiro do povo. Garcia diz que sua demissão (pág. 241) teve a ver com o título de uma entrevista concedida: “o porta-voz da abertura”. Na verdade, é notório que a demissão foi motivada, de fato, não pela entrevista, na revista Ele&Ela, mas pela foto que a acompanhava: o jornalista foi fotografado na cama, nu, coberto apenas por uma toalha sobre o corpo (a mesma informação consta do Memória Globo, do portal da própria Rede Globo
http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-259099,00.html). A Ele&Ela era uma revista “masculina”, como se dizia no século passado, e a foto deixava em má situação o presidente que antes havia feito declarações moralistas contundentes, imagine, sobre a nudez... no Carnaval do Rio de Janeiro.

Os únicos que não aceitaram ser entrevistados foram o general José Maria de Toledo Camargo (que serviu ao governo Geisel, de 1977 a 1978), e a secretária de imprensa de FHC, Ana Tavares. Toledo Camargo foi da época de Armando Falcão e do "nada a declarar", mas tem a seu favor o fato de ter escrito um livro, “A espada virgem”. Ele alega já ter dito, neste livro, tudo o que teria a pronunciar. Ana Tavares, secretária de Imprensa de FHC, apenas justificou que não se considera notícia. Nada a declarar mesmo.

Todos os secretários são chapa branca, até hoje. Todos, sem exceção –
com o perdão da ênfase, para destacar que comunicação chapa branca existe e independe de ditadura ou democracia. Fica patente – de novo,
independentemente de regime – que, de todos aqueles que um presidente
pode nomear, os secretários de Imprensa são os que mais valem a pena,
do ponto de vista da imagem: é incrível como continuam atuando como se
ainda fossem secretários de Imprensa, mesmo sem receber o salário a
que fizeram jus. Defendem seus antigos chefes com unhas e dentes.
Mesmo os que não merecem são retratados como mocinhos e vítimas de
injustiças, armações ilimitadas ou de erros cometidos no esforço de
acertar (só não se diz em quem). Vários consideram que a imprensa foi
deliberadamente malvada e até ingrata.

Há quem não se furtou a expor ódios particulares ou rancores especiais aos que lhes proporcionaram percalços e saias justas, ou que disputavam a mesma atenção do presidente.

Os ex-secretários descrevem muito bem o jogo bruto a favor e contra o
Planalto, que aí sim variava conforme os interesses em questão e as
relações dos veículos com os regimes.

Ricardo Kotscho proporciona um ótimo relato sobre a relação do presidente Lula com a imprensa, reproduzindo avaliações presentes em seu livro (“Do golpe ao Planalto: uma vida de repórter”). O depoimento de André Singer ficou em parte prejudicado por ter sido feito à época em que estava no cargo de secretário de Imprensa, razão pela qual se deve ler também a entrevista de Fábio Kerche.

Kotscho revela um traço que está presente em muitos dos depoimentos: os secretários de Imprensa em geral são jornalistas bem conhecidos pelos profissionais das redações e editores; costumam ter uma relação direta com os presidentes, ou pelo menos com alguém que seja de sua absoluta confiança e faça a “ponte”. Mas a grande lacuna, o que eles mais sentiram falta, o flanco pelo qual mais apanharam é o da experiência política, algo que normalmente chamam de “Brasília”. Há uma diferença razoável entre a lógica da imprensa e a lógica da política, embora ambas estejam entrelaçadas.

“No Planalto, com a imprensa” é um belo legado do Governo Lula, além
de ser um manual completo para a área de comunicação dos governos e
também aos profissionais da comunicação contra os governos.

O livro é oportuno e esclarecedor. Por exemplo, num momento em que se ouve falar, em editoriais, sobre supostos riscos do Estado à liberdade da imprensa, “No Planalto, com a imprensa” ilustra vivamente como certos interlocutores, editorialistas, comentaristas, articulistas e âncoras de veículos de comunicação de massa foram íntimos e aguerridos defensores do Estado em seus piores momentos. Um tempo quando o Estado estalava o chicote para mostrar quem é que manda, e uns abanavam o rabo atrás de um pedaço de carne.

Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política.

SOFREGUIDÃO UDENISTA: RESTAM APENAS DUAS CAPAS DE VEJA.


DEPOIS DA SINERGIA ENTRE UM LADRÃO DE CARGA E O 'JORNALISMO' DA FOLHA, O QUE MAIS VEM POR AÍ?
A coalizão demotucana e seu dispositivo midiático atiram-se com sofreguidão em qualquer 'língua negra' que desponte no solo ressequido da semeadura eleitoral demotucanao. Como tem anunciado todos os seus colunistas de forma mais ou menos desabrida, às vezes escancarada, a exemplo de Fernando Rodrigues, da Folha, há uma 'encomenda' em licitação aberta no mercado de compras do denuncismo lacerdista: "...é necessário um escândalo de octanagem altíssima (com fotos e vídeos de dinheiro) ...', especificou o jornalista em seu blog do dia 14-09. Na ausencia de oferta equivalente, usa-se por enquanto o que aparecer. Apareceu um 'empresário' indignado com supostas práticas de lobby, segundo ele, encasteladas na engrenagem da Casa Civil do governo, comandada pela agora ex- iministra Erenice Guerra. A Folha elevou-o à condição de paladino da honestidade. Esponjou-se no material pegajoso derramado da obscura tubulação. Claro, há o Manual de Redação, sobretudo as aparências de uma redação. Muito lateralmente, então, informa-se na 'reportagem-derruba Dilma' que a fonte da indignação cívica que adiciona um novo tempero à mesmice do cardápio diário apregoado pelos Frias inclui em sua folha corrida o envolvimento comprovado com roubo de carga, falsificação de 'notas de cinquenta reais e crime de coação, não detalhado. Há pouco tempo e espaço para detalhes. Nem o mínimo cuidado com a averiguação de valores se observa.O escroque que já cumpriu pena de 10 meses de cadeia, lambuzou a Folha com cifras suculentas e isso era o bastante: a negociata envolveria a 'facilitação' para um empréstimo de R$ 9 bilhões junto ao BNDES , desde que em contrapartida fossem desviados quase R$ 500 milhões a intermediários de uma cadeia supostamente iniciada com parentes ou subalternos da ministra Erenice Guerra para desembocar em caixas de campanha de candidatos do governo. Se a sofreguidão da Folha fosse menor, o jornalista, quem sabe seu editor, quiça o próprio diretor do jornal teriam tido a cautela de verificar a existência no BNDES de projeto e valores mencionados, já que o acepipe oferecido pelo ladrão de carga de tempero remetia à liberação de financiamento barrado na instituição. Se tal fosse a prática, o leitor teria a oportunidade de saber, em primeiro lugar, que os valores relatados são absurdos (equivalem a meia usina de Belo Monte para fornecer 6% da energia que ela prevê); ademais, há discrepância de cifras entre o relato do meliante eo o projeto que deu entrada no BNDES, cujo corpor técnico jamais o aprovaria. Diz a nota do banco divulgada 5º feira,"[o referido projeto]...foi encaminhado por meio de carta-consulta, solicitando R$ 2,25 bilhões (e não R$ 9 bilhões como afirma a reportagem) para a construção de um parque de energia solar. O BNDES considerou que o montante solicitado era incompatível com o porte da referida empresa. Vetou a solicitação. Naturalmente, isso comprometeria um pouco a 'octanagem' da manchete de seis colunas com duas linhas bombásticas saídas da sinergia estabelecida entre a Folha e um ladrão de carga de condimento. Não há tempo para minúcias. Restam apenas duas capas de VEJA para detonar a vantagem de Dilma e tentar uma sobrevida que leve Serra ao 2º turno. Essa é a lógica do que vem por aí. A esposa do candidato, Monica Serra, já diz em campanha de rua que "ela [Dilma] quer matar as criancinhas". Nas redações circulam rumores de que o comando demotucano estaria interessado em depoimentos de parentes de militares mortos em confrontos com grupos da esquerda armada, nos anos 70. Em especial se houver, ao menos, leve insinuação de suposto comprometimento de Dilma Rousseff.
(Carta Maior, 17-09)

jornal nacional faz o que o Serra não precisa fazer

A edição do jornal nacional desta quinta feira, na queda da ministra Erenice Guerra, foi uma dose tripla de Golpismo.

Uma reportagem ininteligível de Tonico Ferreira, ao longo de duas horas e 79 minutos, “leu” na televisão – ah !, se o Boni ainda mandasse ! – as edições completas da Folha (*) de hoje e da Veja deste domingo.

Foi uma tentativa inútil de impressionar não pelo conteúdo (inatingível), mas pelo volume, pela duração.

Nada disso, foi apenas uma reportagem chata.

Depois, veio uma reportagem de Brasília, igualmente opaca, confusa – de jornal escrito.

O pessoal da Globo (do Ali Kamel) desaprendeu televisão.

Pensa que televisão é jornal.

Mas, não é para entender.

É para sentir.

É para ter a impressão de que se trata de uma catástrofe.

E não é.

É apenas outra tentativa de Golpe.

Clique aqui para ler sobre a Operação Lunus, versão 2010.

Depois veio o programa do Serra.

Medíocre, como ele.

E termina numa coda: associar a Erenice ao José Dirceu e à Dilma.

Perda de tempo.

Até o ex-presidiário que se tornou fidedigna fonte da Folha (*) chegar à Dilma, a Dilma já terá tomado posse.

Por falar nisso: cadê a crise do sigilo ?

Não colou ?

Aí, vem o programa da Dilma.

Um show de televisão.

Ignora solenemente a Baixaria do Zé.

E mostra o Brasil que não passa na Globo.

Como disse o Marcos Coimbra, o programa eleitoral da Dilma teve a propriedade de informar, mostrar o que muitos brasileiros não conheciam.

Hoje, por exemplo, revelou a grandiosidade das usinas de Jirau e Santo Antonio, no rio Madeira.

(Aquelas dos bagres da Marina.)

Por que o super-rocambolesco-aero-pseudo-jato-informativo do Ernesto Paglia não sobrevoa Jirau e Santo Antonio, já que ele está li, pertinho ?

O programa da Dilma, além de informar, faz o que o Lula sempre quis: pendurar o FHC no pescoço do Zé Baixaria.

E a comparação é de cortar os pulsos dos dois jenios: FHC e seu discípulo dileto.

Enquanto isso, o jornal nacional dava curso à Operação Lunus, 2010.

Só tem um problema.

No dia 4 de setembro, Serra se torna poeta municipal.

Vai chefiar futuras Operação Lunus.

E a Globo continua.

Provisoriamente, na liderança.

Provisoriamente.


Paulo Henrique Amorim



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

emprego




Jornalismo de ficção, propaganda de verdade
O Jornal Nacional de hoje foi um triste espetáculo. Passou um tempo enorme reproduzindo o que a Folha já tinha publicado com base no denunciante-ex-presidiário que arranjaram e no pedido de demissão de Erenice Guerra.
Logo depois, veio o programa de Dilma que, em vez de tratar do que até agora é ficção, entrou no concreto: a criação de empregos, a aceleração da economia brasileira e seus compromissos para torná-la ainda mais dinâmica. Coloquei aí um bom trecho do programa, editado, atendendo a pedidos de leitores que têm dificuldades em carregar videos longos. Mas quem quiser ver na íntegra, pode fazê-lo no Youtube.
E, no dia em que o brasil bate mais um recorde na geração de postos de trabalho, com um compromisso que até arrepia a gente ver quem vai ser nossa governante assumir: que a finalidade do desenvolvimento econômico é a vida das pessoas, com mais emprego e salários melhores. E, graças a Deus, entrou direto na comparação do Governo Lula com o governicho de FHC. Já era hora de dar nomes aos bois.
Eu tenho dito e repito: o Brasil da baixaria que está na mídia não terá força para vencer o Brasil de verdade que está nas ruas, nas metrópoles, nas periferias, no interior.
O Brasil dos brasileiros.

Eu confio no povo brasileiro


Posted by eduguim on 17/09/10 • Categorized as Opinião do blog
Muita gente sensata e preparada discordará deste blogueiro quando diz que mantém uma fé inabalável na democracia. Mais do que um sistema em si, no qual a vontade da maioria prevalece, o que produz de melhor é o aprendizado democrático.
A democracia deixou de ser praticada neste país durante mais de duas décadas. Em 1989, quando voltamos a exercitá-la, a nova geração de um país de jovens ainda teria que aprender a lidar com essa direita midiática que continua tentando lhe tenta conduzir a vontade eleitoral.

Duas décadas depois, porém, o brasileiro adquiriu experiência democrática. Não se deixa mais enganar por ter aprendido a fazer perguntas a si mesmo que não faria quando do retorno do direito ao sufrágio universal em todos os níveis de governo.

O marco da evolução da experiência democrática de nosso povo nem é tão recente. Começou em 2002, com um ato de coragem que foi o de eleger presidente um homem que essa mesma imprensa disse, por décadas, que afundaria o país.

A escolha foi simples em 2006 e será ainda mais simples em 2010. Todos esperavam a sucessão de denúncias que cumpriu o script que a blogosfera deduziu e anunciou com grande antecedência.

Esse mesmo povo sabe ainda mais, que em um eventual governo de continuidade o bombardeio continuará tentando atrapalhar a administração do país, de forma que caminhe mal, o que criaria o ambiente para que as forças políticas de sabotagem retomassem o poder.

Enganam-se os que subestimam o povo brasileiro – e, por mais que tentem se mostrar conformados com o rumo da decisão eleitoral deste povo, acreditam piamente na possibilidade de revertê-la.

Fracassarão. Continuo dizendo que a sociedade brasileira não aceita mais campanhas eleitorais como a que José Serra e seu aparato de propaganda extra-oficial deram, novamente, ao país. E como não aceita, dará esse recado nas urnas de forma clara, dentro de 16 dias.

Os devaneios sobre comprometer o novo governo desde o início, tampouco se transformarão em realidade. Este povo sustentará esse governo enquanto ele se mantiver no rumo traçado por Lula.

A vitória de 3 de outubro não será de um partido ou de um candidato – ou candidata. Será de um povo que chegou ao início deste século compreendendo um fato crucial, o de que a política pode mudar a sua vida. Eu confio em nosso povo.