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sábado, 22 de maio de 2010

Análise Pepe Escobar – Irã, Sun Tzu e a Dominatrix


Análise Pepe Escobar – Irã, Sun Tzu e a Dominatrix
22/05/2010Comandante.MelkDeixe um comentárioIr para os comentários
Asia Times Online/Pepe Escobar

Vamos combinar: Hillary Clinton é Dominatrix, dessas que já não se fazem como antigamente.

Primeiro, a secretária de Estado dos EUA disse que a mediação de Brasil e Turquia para conseguir que o Irã aceitasse combustível nuclear em troca de seu urânio estaria condenada ao fracasso. Depois, o Departamento de Estado dos EUA disse que seria “a última chance” de algum acordo sem sanções. E finalmente, menos de 24 horas depois do sucesso das negociações em Teerã, Hillary, chicote em punho, põe de joelhos todo o Conselho de Segurança da ONU e proclama ao mundo, em triunfo, que tinha em mãos um rascunho de resolução preventivamente aprovado, para uma quarta rodada de sanções contra o Irã. Definiu o movimento a favor de sanções como “resposta aos esforços empreendidos em Teerã nos últimos dias”. Mas… Calma lá!

Imediatamente depois do trabalho genuíno e bem-sucedido de mediação em discussão tão sensível, levado a cabo por duas potências emergentes – e mediadores sérios, que contam com a confiança universal – nesse nosso mundo multipolar, Brasil e Turquia… Washington e seus dois aliados da União Europeia no Conselho de Segurança, França e Grã-Bretanha, só pensam em torpedear o acordo? É o que os EUA chamam de “diplomacia” global?

Não surpreende que Brasil e Turquia, aliados chave dos EUA, ambos membros não-permanentes do Conselho de Segurança e ambos poderes regionais emergentes, tenham respondido com fogo pelas ventas, indignados com a reprimenda absolutamente descabida. O Brasil, primeiro, disse que sequer discutiria sanções contra o Irã, na ONU. Depois, Brasil e Turquia enviaram carta à ONU, requerendo formalmente que sejam incluídos nas negociações do grupo “Irã 6” sobre as sanções, “para evitar que se adotem medidas que dificultem qualquer solução pacífica”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil – que dissera pessoalmente à Clinton, no início do ano, que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede” – também criticou o Conselho de Segurança, que lhe parece decidido a impedir qualquer tipo de negociação.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia Ahmet Davutoglu alertou que novo pacote de sanções só faria “estragar a atmosfera”.

E o primeiro-ministro da Turquia Recep Tayyip Erdogan disse que o movimento comprometia seriamente a credibilidade do Conselho de Segurança – e não deixou de lembrar, em tom ácido, o absurdo de haver cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, todos sentados sobre suas bombas atômicas, empenhados em desmantelar o programa nuclear legal e orientado para finalidades médicas e civis de um país em desenvolvimento.

Quanto à “credibilidade dos EUA”, está na lona. Não só na comparação com a credibilidade do Brasil de Lula e da Turquia de Erdogan, mas em todo o mundo em desenvolvimento – que é a verdadeira, a real, a única “comunidade internacional” de carne e osso e sangue que acompanha, interessada, esse sempre o mesmo golpismo incansável.

Frenesi de chicotadas contra o enriquecimento [do urânio]

Ao longo dos últimos meses, Clinton, a Dominatrix, acusou incansavelmente o Irã de ter rejeitado acordo semelhante, de troca de urânio baixo-enriquecido por combustível, proposto pelos EUA em outubro passado. Mais um movimento do script usual de Washington – um manual da eterna má-fé, insistindo que as sanções “nada têm a ver” com o enriquecimento do urânio, quando o mesmo enriquecimento, há apenas poucas semanas, era apresentado como o xis da questão e razão-chave para mais sanções.

E é ainda pior que isso. Como Gareth Porter revelou (“Washington queima pontes”, 21/5/2010, Asia Times Online e traduzido, em português, no Blog Viomundo, em http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/ira-diz-que-washington-queima-pontes.html), Washington só propusera alguma troca de urânio por combustível em outubro último, porque, desde o início, planejava forçar o Irã a suspender completamente seu programa de enriquecimento de urânio (programa perfeitamente legal e legítimo, ao qual o Irã tem direito, como signatário do Tratado de Não-proliferação Nuclear, NPT). Mas essa intenção dos EUA jamais fora anunciada publicamente: tudo foi apresentado como se o problema fossem as bombas atômicas que não há e das quais o Irã não cogita.

Seja como for, o Irã continuará a produzir urânio enriquecido a 20% (direito do Irã, nos termos do Acordo de Não-proliferação), e começará a construir uma nova usina de enriquecimento, das dimensões da usina de Natanz. É parte do projeto de construir outras 10 usinas, anunciado ano passado pelo presidente Mahmud Ahmadinejad. Além disso, a usina nuclear construída pelos russos em Bushehr já está em fase final de testes e será inaugurada no próximo verão. São fatos irreversíveis, a “realidade em campo”.

Saeed Jalili, secretário do Conselho Superior de Segurança Nacional do Irã e principal negociador iraniano de facto nas questões nucleares, deve encontrar-se em breve com a chefe da política exterior da União Europeia Catherine Ashton na Turquia. Ashton, negociadora designada pela “comunidade internacional” seria representante da opinião pública global, nos termos de um press release distribuído pela British Petroleum sobre o vazamento de petróleo no Golfo do México. Isso, porque a União Europeia prepara-se para editar suas próprias sanções contra o Irã. Vale o mesmo para o Congresso dos EUA; como o senador Chris Dodd, Democrata de Connecticut, confirmou essa semana. Portanto, além das sanções do Conselho de Segurança, o Irã também terá de enfrentar sanções extra, declaradas pela coalizão de direita, dos poodles europeus decadentes, liderada pelos EUA.

China e Rússia, vêm de Sun Tzu

Antigo clássico general chinês, mestre estrategista, filósofo e autor de A Arte da Guerra, disse Sun Tzu: “Deixe que o inimigo erre. Não corrija erros do inimigo.” A China e a Rússia, também mestres estrategistas, aplicam aos EUA, em grande estilo, essa lição bem aprendida.

As dez páginas do rascunho de sanções da ONU de que ontem tanto se falou, já foram reduzidos a tirinhas inócuas de papel por China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança. Qualquer manifestação em linguagem mais belicosa, que ainda se ouça contra aquele rascunho, no Conselho de Segurança, virá dos membros não permanentes Brasil, Turquia e Líbano. (Qualquer sanção terá de ser aprovada por unanimidade; sem isso, as sanções de Clinton nascem mortas.) Não há meio pelo qual Washington consiga forçar todos os membros do Conselho de Segurança a aprovar nova rodada de sanções, sobretudo agora que não há como negar que o Irã está cooperando.

No pé em que estão as coisas, as sanções hoje rascunhadas impedem as importações de armas convencionais pelo Irã; cortam todas as importações relacionadas a mísseis balísticos; congelam bens e valores de membros-chave do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos; e autorizam inspeção em portos e em águas internacionais. A maioria dessas sanções implicam adesão voluntária – i.e., os países não são obrigados a implementar o que determinem as sanções do Conselho de Segurança – e terão efeito zero no comércio global do Irã, de petróleo e gás.

Pequim e Moscou de modo algum lambem o chicote de Clinton. Imediatamente depois do bombástico anúncio em que ela falou do ‘rascunho’ de documento de sanções, o embaixador chinês na ONU, Li Badong, disse que o rascunho de Resolução “não fechava as portas à diplomacia” e, mais uma vez, reforçou a importância “do diálogo, da diplomacia e das negociações.”

E o ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov telefonou imediatamente a Clinton, insistindo na necessidade de melhor análise para o acordo de troca de urânio baixo-enriquecido por combustível, mediado por Brasil e Turquia. Lavrov repetiu que a Rússia absolutamente não considera oportunas quaisquer novas sanções unilaterais de EUA e União Europeia contra o Irã. O Chanceler russo disse que sanções unilaterais incluem medidas “de alcance extraterritorial, além do que permitem os acordos vigentes na comunidade internacional e contrariando princípios da lei internacional consubstanciada na Carta da ONU”.

E assim chegamos a uma situação em que um acordo real e válido, aprovado pelo Irã, sobre troca de seu urânio por combustível para seu reator está em estudos na Agência Internacional de Energia Atômica… ao mesmo tempo em que já está em curso um ataque contra o Irã, mediante sanções, na ONU. Em quem, afinal, a verdadeira “comunidade internacional” acreditará? Erdogan não poderia ter dito com mais clareza: “É tempo de decidir se acreditamos na supremacia da lei ou na lei dos fortes e supremos…”

De fato, o que todo o mundo em desenvolvimento está vendo é o passado – EUA, França, Grã-Bretanha, Alemanha – combatendo contra o avanço do futuro – China, Índia, Brasil, Turquia, Indonésia. A arquitetura da segurança global – policiada por uma camarilha de guardiões autonomeados e assustados – entrou em coma. O ocidente ‘atlanticista’ está naufragando feito Titanic.

Queremos guerra, e é pra já!

Só o poderoso lobby pró-guerra infinita nos EUA continua a considerar “um fiasco” o primeiro passo em direção a um acordo nuclear com o Irã. Inclui-se aí os cada dia mais desacreditados e pró-guerra-do-Iraque New York Times (a mediação Brasil-Turquia estaria “complicando a discussão das sanções”) e Washington Post (o Irã estaria “criando ilusões de avanço nas negociações nucleares”).

Para esse lobby pró-guerra, o acordo mediado por Brasil e Turquia seria “uma ameaça”, porque se opõe diretamente à decisão de atacar imediatamente o Irã (ataque a ser iniciado por Israel, e que os EUA seguiriam) e a promover lá uma “troca de regime” – sonho-desejo sempre acalentado por Washington.

Em recente discurso no Conselho de Relações Estrangeiras o luminar Dr. Zbigniew [Brzezinski] “vamos conquistar a Eurásia” alertou contra “gravíssimo perigo” de “um despertar político global” e de as elites globais se desentenderem”. Para o ex-conselheiro presidencial para assuntos de segurança nacional dos EUA, “pela primeira vez na história humana, toda a humanidade está politicamente desperta. É realidade totalmente nova, praticamente jamais aconteceu, em toda a história humana.” E quem, diabos, essas estrelas novas recém acordadas, como Brasil e Turquia, pensam que são, para atrever-se a perturbar ‘nosso’ governo do mundo?

Enquanto isso, norte-americanos sempre subinformados continuam a perguntar-se “Por que nos odeiam tanto?” Porque, dentre outras razões, visceralmente unilateral sempre, Washington nunca pensa duas vezes antes de meter-se a tentar erguer o chicote até para os seus melhores amigos.

Datafraude deve explicações



Datafolha deve explicações


A nova sondagem de intenções de voto do instituto de pesquisas do jornal Folha de São Paulo, o Datafolha, prova várias coisas e gera a necessidade de este instituto se explicar, bem como o jornal, pois a pesquisa mostra que Datafolha e Ibope sempre estiveram errados ao tentarem várias vezes, desde o início do ano, “abrir a boca do jacaré”.

Os reiterados “erros” de Ibope e Datafolha neste ano ficam claros no gráfico abaixo.
Notem que os distúrbios na linha de tempo formada pelas datas das pesquisas dos quatro institutos objetos da representação do Movimento dos Sem Mídia à Justiça Eleitoral aconteceram sempre por ação do Datafolha e do Ibope, que acabam sempre tendo que se ajustar ao Vox Populi e ao Sensus.

Desta maneira, torna-se hilária a explicação previsível que a Folha de São Paulo deu para a pesquisa que publica neste sábado, que mostra empate literal de Dilma e Serra (ambos com 37%).Dizer que tal resultado se deve ao programa eleitoral do PT, à luz do gráfico acima se torna completamente sem sentido.

Todas as suspeições que a Folha, o resto da grande mídia, os “espertíssimos” analistas midiáticos e esse bando de lunáticos que freqüenta blogs de Esgoto e da mídia corporativa levantaram sobre o Vox Populi e o Sensus, e agora fica claro quem tinha razão.

Ou alguém acha que um único programa eleitoral rendeu a Dilma superação de uma diferença de 12 pontos que a separava de Serra no último Datafolha ? Ou alguém nega que Datafolha e Ibope sempre têm que ir ajustando as margens do tucano e da petista para baixo e para cima, respectivamente, acompanhando os institutos concorrentes?

Fica cada vez mais claro o indício de que as pesquisas Datafolha e Ibope podem ter sofrido manipulações antes e que, inclusive, podem estar sofrendo manipulação agora, porque os outros institutos mostram que Dilma já passou Serra, de maneira que o Datafolha pode estar “errando” de novo, através da providencial “margem de erro”.

O pais, a Justiça Eleitoral e a Polícia Federal aguardam, ansiosamente, as explicações do Datafolha, que terão que ser dadas cedo ou tarde.

OPINIÃO – Fracos não têm vez nem credibilidade



Paulo Ricardo da Rocha Paiva

Coronel de Infantaria e Estado-Maior, é doutor em ciências militares
Foi só roubarem a cena do principal protagonista na condução do processo Irã & Contras do Oriente Médio e já o irmão do norte, mordido no seu ego intocável, resolve dizer um não à iniciativa do Brasil e da Turquia, que podem até serem acusados de crédulos de carteirinha, mas, jamais, de omissos na busca de uma solução menos radical, sem potencial de ameaças a um país que, até provas em contrário, como fez o Iraque, afirma não ter armas de destruição em massa e não estar empenhado em sua produção.
Afinal de contas, os foguetes balísticos testados pelas forças iranianas, em verdade, não constituem meios de grande poder letal, embora incomodem os atores que ameaçadoramente, próximo ao litoral iraniano, fazem singrar aeródromos agressivos plenos de caças supersônicos, os mesmos empregados no desmantelamento de cidades vizinhas.

Não é novidade: do século 21 em diante a vida no mundo passou a girar em torno dos desígnios das grandes potências militares. Ao final da 2ª Guerra Mundial, já poderios nucleares se alçaram acima do bem e do mal, encastelados no Conselho de Segurança da ONU, com direito de veto sobre toda e qualquer iniciativa que viesse a contrariar seus interesses.
Quem esperava que Rússia e China fossem respaldar o acordo obtido sem o aval de Washington por certo não avaliou: que a primeira já está visualizando seu futuro ameaçado pela segunda e um natural alinhamento com a Otan frente ao “tsunami amarelo” que se agiganta debruçado sobre a Sibéria; que à segunda, pelo menos por enquanto, não interessa antagonizar os Estados Unidos, pois, ao que tudo indica, estes já deglutiram o fato de que chineses podem até fingir, mas de modo algum vão pressionar pela desnuclearização da Coreia do Norte, a ponta de lança destes frente ao Japão, principal aliado dos americanos na Ásia. Fica a pergunta: mas, e se o acordo tivesse sido logrado por outras potências atômicas daquele “quinteto viciado”, como teria reagido a diplomacia de Tio Sam?
O desfecho que vai tomando a questão está a provar de novo que, quando se coloca em xeque os interesses dos poderosos, não há força de diplomacia que consiga suplantar a diplomacia de força, sendo ingênuo acreditar que os “arrasa-quarteirão” surgidos após 1945 já não mandem neste mundo ainda tão desigual.
Que não se duvide, queiramos ou não e por mais que machuque a verdade, hoje no planeta, além das grandes potências tradicionais, só detêm soberania plena em condições reais de manutenção aquelas nações que pelo seu poder de dissuasão definitivo são capazes de dirimir ameaças, evitando, em consequência, a necessidade de lutar.
Não é preciso ser muito cordato para se aceitar o fato de que, se a Amazônia fizesse parte do território da Índia, os todo-poderosos não se sentiriam à vontade em proclamá-la “patrimônio da humanidade” nem os indianos assimilariam tal idiossincrasia como o fazem alguns brasileiros malgerados, indignos daqueles bem-nascidos que colocam a pátria, ainda que indefesa, acima de tudo.
Fragilizados não têm vez, o que não quer dizer todavia que estejam impedidos de vir a constituir um dia a bola da vez. Em sendo assim, admitir que um emergente detenha tecnologia revolucionária para o enriquecimento de urânio, muito mais em conta do que a deles, é demais para os senhores da guerra, visto que, simplesmente, não vão sossegar enquanto não aceitarmos entregar mais esse trunfo nacional em prol do bem da humanidade. Ainda há tempo para se fazer o dever de casa estratégico?
Acorda, Brasil!