Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Baixas de uma batalha suja. Avante!


Existe um ditado gaúcho que diz que “é no entrevero que morre gente”. Estamos vivendo uma campanha política das mais aéticas da história da República e nesse embate, inevitavelmente, sairão feridos.

O importante, diante destas baixas – ainda que possam ser injustas – é mantermos o foco no combate principal. E o combate principal não são os fatos que ocupam as manchetes de jornal, é a batalha para aprofundar o rumo luminoso que nosso país tomou. É isso o que está em jogo, é isso o que não se pode permitir ser atingido, ainda que isso possa ceifar alguns de nós.

Não é nosso papel julgar a culpa ou a inocência da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, que hoje apresentou o seu pedido de demissão, diante de novas acusações apresentadas via mídia. Mas também não é papel da mídia ecoar, sem reservas, acusações feitas por um cidadão condenado duas vezes pela Justiça de São Paulo por receptação de produto roubado e dinheiro falso.

O consultor Rubnei Quícoli foi denunciado pela Justiça em 2000 por receptação de moeda falsa num posto de gasolina de Campinas, e em 2003 por ocultar “em proveito próprio e alheio” uma carga de 10 toneladas de condimentos que “sabia ser produto de crime de roubo”. Em 2007, foi preso e passou cerca de 10 meses na prisão.

Este personagem pra lá de estranho denuncia ter sido chantageado por uma empresa pertencente a um filho de Erenice Guerra para obter um crédito no BNDES. Pode até estar dizendo a verdade, mas suas acusações deveriam estar sempre precedidas pela margem da dúvida diante de sua vida pregressa e, sobretudo, como dois anos depois de sair da cadeia estava pleiteando empréstimos para um projeto de R$ 9 bilhões, pergunta apropriadíssima que li no Conversa Afiada.

A Folha o estampa em foto de mais de meia página, de terno e gravata, como um “executivo responsável”, reproduzindo sua suposta indignação por ter de pagar por algo que lhe seria de direito. “Fiquei horrorizado de ter de pagar”, diz negociador, é o título da entrevista com o consultor Rubnei Quícoli.

Será que uma pessoa que já lidou com carga roubada e dinheiro falso e que passou dez meses em cana por causa disso realmente fica tão escandalizada assim com um suposto crime de chantagem?

O que impressiona num caso como esse, além do comportamento midiático é a amplitude conferida a acusações frágeis, que muitas vezes não duram mais que algumas semanas. Mas esse é um dos lados da campanha aética e sem limites e que sabemos que irá piorar. Saber disso, porém, não deve deixar de nos escandalizar.

A saída da ministra pode ter sido uma maneira de facilitar as investigações e provar a disposição de se chegar à verdade dos fatos doa a quem doer. Mas ao mesmo tempo revela a fragilidade das instituições diante de acusações preliminares, ainda longe de configurarem culpabilidade em quem quer que seja. A decisão do presidente em aceitá-la pode ser um ato preventivo e um “murchador” das armações. Ele, certamente, tem mais informações que eu para julgar e é a ele que cabe comandar este processo.

Daqui para a frente, o jogo tende a ficar mais pesado e não haverá espaço de defesa nos grandes órgãos de comunicação. Nossa trincheira terá de ser na internet terá que ser defendida heroicamente, para garantir o respeito da escolha popular por Dilma Rousseff como sua próxima presidente e para que o processo eleitoral não seja turvado por esta campanha de mistificação.

Um passo atrás – embora com o sacrifício de alguns – pode ser a garantia de dois passos à frente.

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