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terça-feira, 17 de agosto de 2010

No Facebook, a humilhação banalizada

As fotos, espalhadas pelo Facebook, lembram as humilhações no Iraque
Em 2004, o mundo ficou chocado com a divulgação das imagens da soldado americana Lynndie England humilhando prisioneiros iraquianos na tenebrosa prisão de Abu Ghraib. A jovem soldado, então com 21 anos, se divertia com abusos físicos, psicológicos e sexuais contra prisioneiros iraquianos, numa postura covarde e reveladora de como o exército de ocupação dos Estados Unidos via o povo que dominara à força. Parecia impossível que tal desprezo poderia se repetir em situação semelhante, mas uma ex-soldado do exército israelense postou em seu Facebook fotos pousadas suas junto a prisioneiros palestinos de olhos vendados.

A soldado Eden Abergil reuniu as fotos em um álbum que intitulou de “o melhor período de minha vida”. Sobre uma das fotos, um amigo comenta que ela está sexy, ao que ela responde: Eu me pergunto se ele (o palestino com as mãos amarradas às costas e vendado) tem Facebook também. Eu teria que marcá-lo na foto”.

O comentário é um escárnio pois trata de forma pejorativa o prisioneiro, que na visão da soldado jamais participaria de seu universo de redes sociais. O governo palestino considerou a atitude da soldado uma afronta, que demonstra a “mentalidade ocupante, orgulhosa de humilhar”.

Um porta-voz das Forças Armadas de Israel criticou a ex-soldado, mas não está claro se ela poderá ser punida porque já encerrou seu período de serviço militar obrigatório. O mais grave é que a atitude da soldado não se trata de um comportamento isolado. Em julho, circulou no YouTube um vídeo de soldados israelenses fazendo danças coreografadas enquanto patrulhavam a Cisjordânia, o que também gerou protesto dos palestinos. Houve ameaça de punição aos soldados, mas depois não se soube se forma realmente punidos.

Subordinados não agem de forma tão irresponsável se não percebem eco de seus gestos nos superiores. As soldados americana e israelense revelam o total desprezo que sentem por outros povos, que consideram inferiores. Refletem exatamente a atitude de seus governos em relação aos países que ocupam. E o pior, não sentem um pingo de remorso por isso, como a própria Lynndie England falou cinco anos após o episódio, quando insistiu não feito nada de errado.

Quando o exemplo da brutalidade vem de cima, espalha-se. E aí, quando é uma pessoa – e mais, uma jovem – que personifica o que é feito institucionalmente sem chocar o mundo

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