Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sábado, 31 de julho de 2010

Unesco defende combate a monopólio da mídia

Desculpem a demora em postar, mas estava em campanha em Santa Cruz, que você pode acompanhar no site de campanha, owww.brizolaco.com, daqui a pouco, assim que o pessoal acabar o vídeo.

Mas eu já tinha alinhavado um texto, indagando a vocês se já imaginaram o que diriam sobre um Governo que dividisse os canais televisão e o rádio brasileiros igualmente entre emissoras públicas, privadas e comunitárias? Já pensaram se o Estado proibisse o monopólio da mídia e a população participando da formulação de políticas públicas relativas a seu funcionamento?No mínimo seria chamado de comunista, como o Governo Lula vem sendo atacado pela simples ideia de cumprir a Constituição que determina que as concessões sejam um serviço público.

Claro que isso não é nenhum programa de radicais ou tentativa de controle da imprensa, tanto que são recomendações da Unesco para o que seria o funcionamento justo dos meios de comunicação.

Esses indicadores e muitos outros constam do estudo “Indicadores de desenvolvimento da mídia: marco para a avaliação do desenvolvimento dos meios de comunicação“, que a Unesco promoveu para avaliar a situação da mídia no mundo e seu alinhamento aos princípios do Programa Internacional para o Desenvolvimento da Comunicação (PIDC): promoção da liberdade de expressão e pluralismo da mídia; desenvolvimento das mídias comunitárias; e o desenvolvimento de recursos humanos (capacitação de profissionais de mídia e capacitação institucional).

A Unesco parte do princípio de que a liberdade de expressão é um elemento fundamental da Declaração Universal dos Direitos Humanos e que a mídia é crucial para seu pleno exercício por proporcionar a plataforma pública pela qual o direito é efetivamente exercido. E levanta a questão de como nutrir um modelo e uma prática que contribuam para esta realização.

Uma boa governança midiática, na opinião de muitos analistas, deveria se basear em duas condições: independência e acesso. Independência no sentido de liberdade de interesses estabelecidos e acesso não só para obter informações, como para fazer que com que suas vozes sejam ouvidas.

E os caminhos que o estudo sugere para o desenvolvimento da mídia apontam claramente que o Estado deve impedir a concentração no setor e assegurar a pluralidade. “Os governos podem adotar regras para limitar a influência que um único indivíduo, família, empresa ou grupo pode ter em um ou mais setores da mídia, bem como para assegurar um número suficiente de canais diversos de mídia”, diz o documento.

Ou seja, deveria haver interferência do Estado para impedir que um grupo como as Organizações Globo, por exemplo, controle emissoras de TV e rádio, jornais, revistas e portais, exercendo um caráter fortemente monopolista, que impede a multiplicidade de discursos e elimina a concorrência.

O estudo sugere uma legislação específica sobre a propriedade cruzada no âmbito da mídia eletrônica e entre esta e outros setores da mídia para impedir o domínio do mercado. “As autoridades devem ter, por exemplo, o poder de desfazer operações de mídia em que a pluralidade está ameaçada”, defende.

O documento certamente vai causar horror aos donos dos meios de comunicação no Brasil, que não toleram questionamentos ao controle que exercem há muitos anos. Será que vão acusar a Unesco de estar a serviço da candidatura de Dilma ou de ser integrada pelos radicais do PT?

Dilma em Curitiba: "Acredito na escola pública"

PF deverá centrar investigação em Datafolha e Ibope

Do blog cidadania, por Eduardo Guimarães

Em 23 de abril deste ano, a ONG Movimento dos Sem Mídia pediu à Procuradoria Geral Eleitoral abertura de investigação contra os institutos de pesquisa Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi devido à disparidade entre os números desses institutos sobre a sucessão presidencial e devido à troca de acusações entre, de um lado, jornais e revistas ligados a Datafolha e Ibope contra os institutos Sensus e Vox Populi e, de outro, de blogs e sites simpáticos ao governo Lula contra o instituto de pesquisas da Folha de São Paulo e o instituto ligado às Organizações Globo. Tais acusações foram de manipulação em prol de Serra ou de Dilma.

Acusações e números disparatados entre duas duplas dentre os quatro institutos – Datafolha e Ibope de um lado e Sensus e Vox Populi do outro – fizeram com que a PGE acolhesse a denúncia do Movimento dos Sem Mídia e determinasse a instauração de inquérito policial de acordo com a lei eleitoral nº 9504/97 e suas alterações, artigo 35, parágrafo 4º (Pesquisas Eleitorais), e com a resolução do TSE nº 23190/2009, artigo 18 (Pesquisas Eleitorais Eleições 2010), lei essa que versa sobre crime de falsificação de pesquisas eleitorais. Em 11 de maio, a vice-procuradora-geral-eleitoral, doutora Sandra Cureau, acolheu a representação do MSM e determinou à Polícia Federal que instaurasse inquérito contra os institutos representados. O processo junto à Procuradoria Geral Eleitoral–DF recebeu o número 4559.2010-33.

A divulgação da última pesquisa Ibope sobre a sucessão presidencial permite compor gráficos que revelam clara divergência das pesquisas Datafolha e Ibope de um lado e Sensus e Vox Populi do outro. Neste estudo, levou-se em conta apenas os três institutos que publicaram maior volume dessas pesquisas no primeiro semestre deste ano (Datafolha, Ibope e Vox Populi). Abaixo, os gráficos reproduzindo o que divulgaram esses institutos sobre as trajetórias estatísticas de Dilma Rousseff e de José Serra entre 31 de março e 30 de julho deste ano.

Como se pode ver nos gráficos, na pesquisa publicada em 15 e 16 de abril o instituto Datafolha joga para cima a candidatura Serra e mantém estagnada a candidatura Dilma. No mesmo período, em 13 a 18 de abril, o instituto Vox Populi joga a candidatura Serra marcantemente para baixo e a candidatura Dilma, da mesma forma, para cima, em uma trajetória das duas candidaturas que, naquele instituto, prossegue até hoje, enquanto que o Datafolha, em 20 a 21 de março, produz trajetória oposta para os candidatos, com o tucano e Dilma estagnados. A situação das duas candidaturas permanece estável no mês de junho e, em julho, Vox Populi volta a mostrar queda acentuada de Serra e subida acentuada de Dilma, enquanto que Datafolha e Ibope mantêm as duas candidaturas sem alterações, culminando com a pesquisa Ibope da última sexta-feira na qual o instituto, como em momentos anteriores, converge para o Vox Populi.

Fica fácil perceber, nos gráficos acima, que Datafolha e Ibope, no decorrer deste ano, produziram reações de Serra que não ocorreram no Vox Populi e que nos próprios Datafolha e Ibope vão se revertendo a cada dois ou três meses, sempre convergindo para o mesmo Vox Populi.

Ora, desde março deste ano o debate eleitoral no país vem se dando, em boa parte, em torno das divergências das pesquisas. As tentativas de Ibope e Datafolha de se descolarem da trajetória de Serra e de Dilma traçada pelo Vox Populi e pelo Sensus, portanto, ocorreram enquanto a imprensa corporativa e a imprensa dita alternativa acusavam, respectivamente, Vox Populi e Sensus, de um lado, e Datafolha e Ibope, do outro, de favorecimento a este ou àquele candidatos, o que, aliado à persistência do “descolamento” dos institutos tidos como serristas dos institutos tidos como dilmistas, elimina a possibilidade de alguém estar meramente “errando” sem intenção oculta.

A mera análise das pesquisas dos quatro maiores institutos do país certamente levará a investigação deles pela Polícia Federal – investigação que o Movimento dos Sem Mídia apurou que está, sim, acontecendo – a concluir que Datafolha e Ibope provocaram divergência de Sensus e Vox Populi de forma artificial e que vai tendo que ser revertida em uma trajetória na qual Dilma sempre acabava, primeiro, ficando mais próxima de Serra até, como se viu na pesquisa Ibope de sexta-feira, ultrapassá-lo, como o Vox Populi previra antes de todos, meses atrás, que aconteceria.

É zero a possibilidade de o Datafolha, por exemplo, estar errando inocentemente, sob a saraivada de acusações que todos os institutos de pesquisa estão sofrendo – e, ainda mais, com uma investigação da Polícia Federal em pleno curso.

O Ibope decidiu recuar devido à cada vez mais clara inexorabilidade da prevalência de Dilma sobre Serra, mas o instituto de pesquisa do jornal Folha de São Paulo – veículo que já publicou falsificação grosseira de ficha policial de Dilma em sua primeira página e que, portanto, não hesita em desafiar a lei –, provavelmente com base na confiança que tem nas relações políticas que o jornal mantém com a oposição ao governo Lula – relações que vão do Poder Legislativo ao Poder Judiciário, passando por instâncias estaduais e municipais do Poder Executivo –, acredita que pode continuar sustentando as chances eleitorais de Serra impedindo a sociedade de saber que tais chances estão diminuindo vertiginosamente.

Em minha opinião, o Ibope tomou uma boa decisão, mas que, entretanto, não elide um passado recente no qual as investigações da Polícia Federal fatalmente mostrarão que ao menos dois institutos de pesquisa cometeram crime eleitoral de uma natureza que atentou escandalosa e gravemente contra a democracia brasileira, a qual todo cidadão decente e consciente tem obrigação de proteger com todo empenho e com toda a convicção, pois esta nação sabe o quanto lhe custou recuperar a sua democracia depois do período de trevas ditatoriais em que foi atirada também por esses que hoje falsificam pesquisas.

Se PT e PSDB fossem iguais

Se tudo fosse igual

Há uma tese que corre em setores políticos distintos que, pelos equívocos que contém e pelas conseqüências desastrosas que gera, deve ser analisada com precisão. É a tese de que o PT e o PSDB seriam a mesma coisa, assim como os governos do FHC e do Lula.

A tese leva a uma espécie de “terceirismo” entre a direita e a esquerda, buscando definir uma eqüidistância em relação às candidaturas da Dilma e do Serra. Em 2006 essa posição levou a que alguns setores da esquerda propusessem o voto branco ou nulo diante da alternativa de Lula ou Alckmin, como se fosse igual para o Brasil qualquer um deles que fosse eleito.

Se os governos de FHC e Lula fossem iguais, a desigualdade teria diminuído e não aumentado durante o governo de FHC. Se fossem iguais, o extraordinário apoio popular que tem Lula teria sido dado também ao governo FHC que, ao contrário, terminou seu mandato com uma imensa rejeição da população brasileira.

Se fossem iguais, a reação do Brasil diante da mais grave crise econômica internacional desde 1929 teria sido a mesma de FHC em 1999: elevar a taxa de juros a 48%, pedir novo empréstimo ao FMI, assinar a corresponde Carta de Intenções (deles), cortar recursos das políticas sociais, aumentando a recessão e o desemprego, que levou o Brasil à uma profunda e prolongada recessão, de que só saímos no governo Lula.

Enquanto que o Lula reagiu diante da crise incentivando a retomada do crescimento da economia, baixando as taxas de juros, mantendo o poder aquisitivo dos salários, intensificando as políticas sociais, e fazendo assim que superássemos rapidamente a crise.

Se fossem iguais, não teria sentido a luta contra a ALCA – Área de Livre Comércio das Américas -, que FHC propugnava e que o governo Lula inviabilizou, para fortalecer os processos de integração regional. Dizer que são governos iguais ou similares é dizer que tanto faz privilegiar alianças subordinadas com os EUA ou aliar-se prioritariamente com os países do Sul do mundo, com os Brics entre eles.

Se fossem iguais os governos FHC e Lula, o Estado mínimo a que tinha sido reduzido o Estado brasileiro seria o mesmo que o Estado indutor do crescimento e a garantia da extensão dos direitos sociais da maioria pobre da população. O desenvolvimento, suprimido do discurso de FHC, foi resgatado como objetivo estratégico pelo governo Lula, articulado intrinsecamente a políticas sociais e de distribuição de renda.

Se fossem iguais, a maioria dos trabalhadores continuaria a não ter carteira de trabalho assinado, predominando o emprego informal sobre o formal. O poder aquisitivo dos salário teria continuado a cair, ao invés de ser elevado acima da inflação.

É grave que haja setores na esquerda que não consigam distinguir essas diferenças, entre a direita e a esquerda. Perdem a capacidade de identificar onde está a direita – o inimigo fundamental do campo popular -, correndo o grave risco de fazer o jogo dela, em detrimento da força e da unidade da esquerda.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Aula de porcalismo da Folha de São Paulo. Episódio de hoje:

Folha cai no ridículo para ajudar Serra





Como transformar uma notícia positiva em negativa. E ainda dar manchete de primeira página.

Manchete da Folha hoje: "Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais"

No corpo da matéria está a informação que interessa: a mortalidade infantil caiu no Brasil 54%.

Entre 1990 e 2008, quando a mortalidade infantil total caiu 54% (de 95.476 para 43.601 bebês por ano), o percentual de recém-nascidos no número total passou de 49% para 68%.

Mas isso é bom. Então, como transformar algo bom numa coisa ruim e dar a primeira página para ela? Simples, é só seguir o manual do porcalismo e manipular a estatística.

Vamos fazer as contas: Em 1990, o total de recém-nascidos mortos era de 49% e o número total da mortalidade infantil era 95.476. Logo, 49% de 95.476, teremos um total de 46.783 recém-nascidos mortos, número que é maior até do que o total da mortalidade infantil de 2008 (43.601).

Agora vejamos o tal aumento na mortalidade de recém-nascidos, que passou de 49% para 68%. Para isso vamos tirar 68% do total de mortos em 2008 (43.601). Resultado: 29.648, o que significa menos 17.153 recém-nascidos mortos, aproximadamente menos 50 mortes por dia, duas por hora. De recém-nascidos.

Só notícia boa. Mas a manchete da Folha está lá: "Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais". É a mesma estatística que diz que se João comer um frango e Pedro, nenhum, eles terão comido meio frango cada um.

Mas, não adianta. É Frias. Esse trem não sobe Serra, só desce Serra.

Por que votarei em Dilma e por que não votaria em Serra JAMAIS


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Leia sem preconceitos.

by Pablo 16. maio 2010 18:57

Já escrevi vários posts sobre o papel vergonhoso da grande mídia nestas eleições: a manipulação descarada (a última gota foi a Foxlha decidir intitular todas as matérias da eleição com "Presidente 40"), a falta de ética e o jogo sujo que viabiliza ao não condenar as ações desprezíveis de tucanos que insistem em pintar Dilma como "terrorista" e que até mesmo usam o câncer (derrotado) da candidata para desmerecê-la.
No entanto, percebi que nunca enumerei os motivos que me levam a votar em Dilma e a rejeitar com todas as forças a candidatura Serra - e que vão muito além da notória arrogância e antipatia do sujeito.
Comecemos com os motivos pró-Dilma:
1) O governo Lula, do qual Dilma representa a continuidade, foi um dos mais eficientes exemplos de gestão pública já documentados neste país. Aliás, o sucesso de Lula como presidente é tamanho que nem mesmo Serra, que se apresentou como seu completo oposto em 2002, agora exibe a coragem de desafiá-lo, fazendo questão de dizer que o governo de Lula "termina bem", que o presidente está "acima do bem e do mal" e por aí afora. Serra, que representa a oposição, não tem nem mesmo a honradez de admitir esta condição, preferindo dizer que não é "oposição nem situação". O que ele é, então?
2) Ao se candidatar em 2002, Lula prometeu criar 10 milhões de empregos. Foi atacado por Serra, que disse com todas as letras que aquilo era uma mentira óbvia, uma promessa de campanha absurda e inalcançável. Pois bem, ele realmente não criou os 10 milhões prometidos, mas por uma ótima razão: criou mais de 14 milhões.
3) O governo Lula trouxe para o Brasil um status internacional que jamais havíamos experimentado. Somos considerados como referência de democracia e de crescimento social lá fora, o que resultou em grandes honrarias ao Presidente, como o prêmio da ONU pelo combate à fomee, claro, a inclusão de Lula na lista dos 25 políticos mais influentes do mundo.
4) Com uma economia fortalecida ao longo de 8 anos de gestão, o Brasil foi um dos países que menos sofreu com a crise internacionaldisparada em 2009 e que chegou a 2010 fazendo vítimas nos EUA, na Europa e na América Latina.
5) Graças ao seu espírito excessivamente democrático, Lula - além de jamais tentar mudar a Constituição para permitir sua permanência no poder (como fizeram Chavéz e Fernando Henrique Cardoso) - não se deixou abalar pela pressão internacional ao tentar fechar um acordo nuclear com o Irã. Como resultado, o acordo, fechado hoje, alcança uma vitória que nem mesmo a ONU conseguiu e abre as portas para que o Estado iraniano possa estabelecer relações comerciais com o Ocidente. O que, conseqüentemente, diminui os riscos de um confronto internacional com graves repercussões.
6) O bolsa-família, embora ainda imperfeito por não conseguir filtrar exploração do benefício por adultos mal intencionados, vem alcançandoresultados expressivos não só nos índices de educação das crianças, mas também ao diminuir consideravelmente o número de crianças exploradas pelo trabalho infantil. E particularmente considero que 100 maçãs podres explorando o sistema não são o suficiente para desmerecer a realidade de milhares de crianças que vão à escola em vez de à lavoura. Como se não bastasse, a desnutrição infantil caiu em52% na população atendida pelo bolsa-família.
7) No governo Lula, os 10% mais ricos da população ficaram 11% ainda mais ricos. Já os 10% mais pobres tiveram um aumento de renda de 72%. Em outras palavras, sem desprezar a população classe AAA, o governo conseguiu beneficiar economicamente todas as camadas da população.
8) Dilma foi parte fundamental do governo Lula desde o primeiro ano, atuando como Ministra e como chefe da Casa Civil. Nestas posições, manteve-se ao lado do presidente durante suas duas gestões, compartilhando de sua visão sobre a forma de conduzir o país e mantendo-se no meio de todo o processo, passando a dominá-lo de maneira inquestionável. Como tal, é a candidata perfeita para dar continuidade ao projeto que guiou o país nos últimos 8 anos.
Analisemos agora Serra e seu modelo neo-liberal:
1) Os países que seguiram à risca o neo-liberalismo, advogando a interferência mínima do Estado sobre a economia, foram os que mais sofreram com a crise mundial. Aliás, é possível até mesmo dizer que a crise foi provocada por esta política, já que aberrações como Goldman Sachs e Lehman Brothers se tornaram possíveis justamente graças à total falta de fiscalização e regulação por parte do governo. No entanto, quando a coisa estourou, aí, sim, os governos mundiais foram chamados para apagar o incêndio, sendo obrigados a investir mais de um trilhão de dólares na economia para tentar salvá-la.
2) Se dependesse de Serra e FHC, tudo o que tínhamos de mais valioso já teria sido privatizado - como, de fato, muitas empresas estatais o foram. Parte fundamental do neo-liberalismo, estas privatizações teriam provocado um desastre em nossa economia. Basta lembrarmos que a Petrobrás só não foi privatizada graças à pressão da oposição da época e da população. Resultado: hoje a Petrobrás é uma das empresasmais lucrativas e respeitadas do mundo - e com o pré-sal, isto só tende a aumentar exponencialmente. Em outras palavras: as riquezas que iriam para os bolsos já recheados da iniciativa privada agora voltarão em forma de divisas para o país.
3) Serra, ainda candidato, tem feito uma série de declarações desastrosas que indicam seu despreparo absoluto para a Presidência. Primeiro, disse que o Mercosul era uma farsa - e, ao ser pressionado e condenado por praticamente meio mundo, voltou atrás afirmando que queria dizer que é preciso "flexibilizar o Mercosul". A pergunta: como alguém pode querer "flexibilizar" algo que considera uma "farsa"?
4) Em entrevista à CBN, Serra afirmou que iria intervir no Banco Central. Com isso, provocou um alvoroço no mercado financeiro, que recebeu muito mal a idéia. Por sorte, ninguém acredita, a esta altura, que Serra será eleito e, assim, os índices do dia não foram afetados. Agora reparem que ele ainda é candidato e afirma ter se preparado "a vida inteira" para ser presidente. Imagine se já estivesse no cargo, o estrago.
5) Notoriamente autoritário, Serra reprimiu manifestações de todos os tipos empregando pesada e covardemente a força policial, usando uma força desnecessária. Num dos momentos mais graves, cometeu a impensável asneira de colocar a Polícia Militar para reprimir ospoliciais civis em greve - e qualquer um que conheça a rivalidade entre as duas corporações sabe que isto poderia facilmente ter virado uma tragédia absoluta. Algo que não ocorreu quase que por milagre. E por que Serra ordenou a ação dos PMs? Apenas para evitar que os grevistas se aproximassem de seu palácio.
6) Ao assumir a prefeitura de São Paulo, Serra fez um compromisso em cartório que não abandonaria o cargo para concorrer ao governo do estado. Garantiu que iria até o fim do mandato. Não foi; abandonou o cargo, entregando-o a Kassab. E repetiu o gesto ao renunciar ao governo de São Paulo para concorrer à presidência.
7) O autoritarismo de Serra não se manifesta apenas através de sua utilização da polícia para reprimir grevistas. Como é possível ver neste link, ele destrata sem hesitação qualquer um que ousa questionar suas ações como gestor, desferindo patadas e deixando entrevistas no meio.
8) José Serra não hesita em assumir, sempre que pode, a autoria de obras alheias: diz-se, por exemplo, criador do programa contra a AIDS elogiado em todo o mundo - algo que vocês poderão constatar fartamente durante sua campanha. Mas o programa foi criado por Lair Guerra e Adib Jatene, não tendo absolutamente nada a ver com Serra. Da mesma forma, como governador, fez várias aparições públicas para vender a idéia de que o Estado de São Paulo havia comprado e iria distribuir gratuitamente as vacinas contra o H1N1 - ressaltando que São Paulo foi o primeiro Estado a fazê-lo, batendo até mesmo o Ministério da Saúde. Outra mentira: foi o governo Federal que comprou e pagou pelas vacinas (incluindo agulhas e seringas), enviando-as para os Estados. Ou seja: Serra se vangloriou por ter feito algo que o governo Lula fez. E a mídia vendeu a mentira. Finalmente, Serra não se cansa de se apresentar como o "pai dos medicamentos genéricos". Adivinhem só? Exato, outra farsa: o responsável pela chegada dos genéricos no Brasil foi Jamil Haddad, ministro da Saúde de Itamar Franco.
Recomendo que cliquem nos links que usei para embasar todas as argumentações e espero que tenha me expressado sem a agressividade ou mesmo a paixão da qual muitos me acusam neste espaço.

Dilma é nosso terceiro mandato

BRASIL, O PRÓXIMO ALVO - DOCUMENTÁRIO DE GUERRA

Jornal do Brasil - País - Para Lula, "direita tenta dar golpe a cada 24 horas"

Jornal do Brasil - País - Para Lula, "direita tenta dar golpe a cada 24 horas"

Para Lula, "direita tenta dar golpe a cada 24 horas"

Foto: Roberto Stuckert FilhoDilma ao lado de Lula e Tarso Genro em comício Foto: Roberto Stuckert Filho

Flavia Bemfica, Portal Terra

PORTO ALEGRE - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou durante 30 minutos no comício da presidenciável petista, Dilma Rousseff, em Porto Alegre, nesta quinta-feira(29), e recheou o discurso de críticas aos adversários da eleição. Comparando as correntes políticas e falando sobre seu governo, Lula disse que a esquerda acreditava que sabia fazer oposição. "Foi no governo que aprendemos que a esquerda faz oposição e a direita tenta dar golpe a cada 24 horas neste País", atacou Lula.

Ao final, o presidente disse à plateia que os adversários estão fazendo de tudo para que ele não apareça pedindo votos para Dilma e que alguns chegam a afirmar que ele deve se comportar como um "magistrado". "Quando eles estavam tentando me derrubar, eles não me mandavam ser magistrado. Eu não sei se eu vou ajudar, mas eles vão me ver muitas vezes na TV pedindo votos para a companheira Dilma Rousseff".

Também ficou evidente no discurso de Lula a preocupação em aumentar oumelhorar o desempenho petista no Rio Grande do Sul, onde, de acordo com as últimas pesquisas de opinião, o candidato tucano à presidência, José Serra, mantém a dianteira. "Este Estado que eu considero o mais politizado deste País não pode faltar neste momento histórico. Não pode ter vergonha, não pode ter medo."



Jornal do Brasil - País - Lula diz vai participar todos os dias do programa de TV de Dilma

Jornal do Brasil - País - Lula diz vai participar todos os dias do programa de TV de Dilma

Lula diz vai participar todos os dias do programa de TV de Dilma

Agência Brasil

PORTO ALEGRE - Ao participar do comício da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, em Porto Alegre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que os opositores não vão conseguir tirá-lo da campanha. Lula reclamou do que ele chamou de tentativas de afastá-lo do palanque e disse que estará “todos os dias” no programa de televisão de Dilma.

“Eles vão ter que ver a minha cara todos os dias na televisão, pedindo voto para minha companheira Dilma Rousseff. Quero lembrar a vocês que isso que fizemos aqui [comício] é apenas o embrião do que vai ocorrer na campanha. Acampanha está começando agora e espero voltar aqui mais vezes”, disse Lula.

Lula disse ainda que “os capitalistas” brasileiros nunca souberam conduzir a economia do país. “A elite não sabia o que era capitalismo. Precisou que um metalúrgico socialista chegasse ao poder para ensinar a fazer capitalismo neste país. Nós dissemos para o FMI [Fundo Monetário Internacional] que estávamos cansados de gritar 'fora FMI'. Devolvemos US$ 16 bilhões para eles e hoje eles nos devem US$ 14 bilhões que nós emprestamos para ajudar a salvar da crise as economias dos Estados Unidos e da Europa”.

“A mesma elite que levou Getúlio Vargas a dar um tiro no coração, matou Jânio Quadros e fez João Goulart renunciar. Eu disse a essa elite que eu não estarei no gabinete lendo o jornal deles, mas na rua, com o povo brasileiro que vai decidir o destino desse país”.

O presidente disse que sempre acreditou que Dilma iria construir um leque de alianças até maior do que ele conseguiu reunir nas suas campanhas de 2002 e 2006. “Dilma tem apoio de todas as centrais sindicais, da União Nacional dos Estudantes (UNE), dos estudantes secundaristas, de todas as conferências e movimentos. Eu vejo que ela continua construindo esses apoios”.

Lula disse que o PT gaúcho deve continuar com a política de alianças. “O PT aqui começou a perder quando começou a adotar uma postura de autosuficiência e de pouca humildade. Estou alegre de ver o nosso querido Collares [ex-governador pelo PDT] fazendo campanha para a Dilma e para o Tarso Genro”.

Pela primeira vez, Lula discursou depois de Dilma, que se mostrou mais descontraída no comício em Porto Alegre do que em eventos anteriores de campanha. Lula também buscou valorizar a mulher e disse que quem sabe “gerar, parir e administrar” outro ser humano terá sensibilidade suficiente para conduzir o país. “Gerir esse país não pode ser apenas com a sabedoria da cabeça. Tem que misturar a sabedoria da cabeça com a sensibilidade do coração”.

Coisas da Política - JBlog - Jornal do Brasil - O homem do lado de fora


O homem do lado de fora

Por Mauro Santayana

O rápido olhar para as notícias do mundo, nesta semana que anuncia agosto, dá a impressão de que o homem procura fugir de si mesmo, para longe de sua condição humana. A ciência anda em busca do truque de Deus, a famosa partícula de Bóson, e, nesse orgulhoso desafio, já consumiu, no acelerador de partículas do centro da Europa, mais de 10 bilhões de dólares. Esta mesma e orgulhosa ciência, que pretende reproduzir o momento exato da criação do Universo, ainda não foi capaz (ou não teve interesse) de salvar o homem da fome, das endemias e da insânia, que se manifesta, com maior gravidade, entre os grandes da Terra.

Da França, que um dia iluminou a Europa com sua razão, chega a notícia da mãe que matou, um após outro, seus oito filhos recém-nascidos, apesar de seu rosto sereno.

Ainda que o homem identificasse, no acelerador de partículas, o momento preciso do nascimento do Universo, de nada isso lhe valeria para guardar a memória de seu grande feito. Ao que dizem outras notícias, a vida, pelo menos a do homem e dos mamíferos superiores, parece caminhar para o fim. Segundo medições criteriosas, realizadas durante o século passado e na primeira década deste, diminuiu em 40% a existência dos fitoplânctons na superfície dos oceanos. Isso me lembra o sorriso irônico de um cientista brasileiro, em Estocolmo, na Primeira Conferência do Meio Ambiente – em 1972 – quando alguém vociferava, já então, contra a devastação da Amazônia, com o argumento de que a floresta era o “pulmão do mundo”. O pulmão do mundo, explicou o brasileiro, é o mar, porque mais da metade do oxigênio do planeta é produzido pelos plânctons. O mar, nestes últimos decênios, se tornou o grande depósito de lixo do planeta. No Pacífico, de acordo com o oceanógrafo norte-americano Charles Moore, calcula-se em 100 milhões de toneladas o mingau de plástico que cobre área equivalente a duas vezes os Estados Unidos, vagando entre a Califórnia e o Japão.

Há, silenciosa, outra armadilha contra o homem, na excitação do campo magnético, pelos novos instrumentos de produção e de telecomunicações. Apesar de todos os desmentidos dos fabricantes de aparelhos e das empresas mundiais interessadas, há suspeitas de que ela já esteja causando danos irreparáveis ao homem. De qualquer forma, há sempre o risco, advertido pelos físicos, entre eles o brasileiro Ubirajara Brito, de que, em qualquer momento, pode inverter-se o campo magnético da Terra ou ocorrer tempestade solar, como a de 1859, que venha a trazer o definitivo “apagão” de todos os computadores do mundo. Se isso ocorrer, provavelmente teremos que retornar ao ábaco, se houver ainda quem saiba usá-lo.

Não obstante todos esses avisos, o homem, desnorteado, tenta a fuga, mediante a presunção de que a ciência, e não a política, que é uma ciência moral – como a definiu Tomás de Aquino – poderá salvá-lo.

Nunca a política pareceu tão inútil, e jamais ela foi tão necessária quanto hoje. É exigida, a fim de reunir os homens, promover a discussão do que é preciso fazer para conservar a civilização e, mediante a solidariedade, extinguir o legado de Caim, que se manifesta em nosso tempo na aldeã de Villers-au-Tertre, na violência urbana, nos assassinatos em massa, nos crimes de Auschwitz, Hiroxima, My Lai; no Iraque, na Faixa de Gaza, em Guantánamo, no Afeganistão.

Nenhuma ata deste nosso tempo é tão assustadora quanto os 91 mil documentos militares do Afeganistão, com sua lista de crimes horrendos, cometidos em nome da pax americana.

Globo reclama de juro menor

Diante do aumento menor do que o esperado da taxa Selic – esperava-se 0,75% e o aumento foi de 0,5% – na última reunião do Copom, na noite de quarta-feira o comentarista de economia do Jornal da Globo, Carlos Alberto Sardemberg, e o âncora Willian Waack acusaram o Banco Central de ter aumentado menos a taxa por “motivação política”.

Trocando em miúdos a tese da dupla, o BC teria aumentado em menos 0,25 p.p. a Selic para ajudar a campanha eleitoral de Dilma Rousseff.

A teoria é tão cretina que custei a acreditar que tivesse sido proferida, pois se houvesse motivação política no BC a Selic não teria voltado a subir nos últimos meses, em pleno ano eleitoral.

O fato de a Selic ter aumentado menos do que os dois palhaços da Globo esperavam não irá gerar absolutamente nenhum efeito eleitoral, pois o aperto monetário continua se acentuando e ninguém conseguirá perceber qualquer diferença entre aumento de 0,5 p.p. ou de 0,75 p.p.

A continuidade do aperto será sentida de qualquer forma na economia, pois aumento dos juros está havendo. Além do que, o efeito do que se fizer agora com os juros só será sentido daqui a meses, com toda certeza depois da eleição.

A teoria é tão burra que ignora que Dilma cresceu nas pesquisas durante o auge do aperto monetário desencadeado pela inflação de demanda que começou a surgir neste ano, com a economia crescendo a taxas consideradas “chinesas”.

É claro que o que interferiu na decisão do BC sobre o aumento da taxa básica de juros da economia foi a queda acentuada da inflação e a perceptível redução da atividade econômica, redução que continuará em curso durante a campanha eleitoral.

Nem se o governo Lula quisesse usar o BC politicamente, conseguiria fazê-lo agora. Repito: teria que ter segurado a restrição monetária lá atrás, no começo do ano, para que a economia chegasse a outubro bombando, mesmo que às custas de um grave problema inflacionário no ano que vem.

Eis a prova de que não há nada que este governo faça que deixará de ser criticado pela Globo, porque o objetivo é apenas o de criticar. É uma aposta na incapacidade do público de refletir que se o governo aumenta os juros é criticado e se baixa, também é criticado.

A Globo continua apostando na burrice do povo. Já do lado do governo Lula e da campanha de Dilma, a aposta é inversa. Este é o busilis desta eleição: será o brasileiro tão burro a ponto de negar continuidade a um governo que melhorou tanto a sua vida com base em meros “trololós” ideológicos e econômicos?

Lula: vão ter de me aturar na TV com Dilma

PIG

PiG (*) desiste de Serra e lança Uribe
Publicado em 30/07/2010
Überfark joga um bolão
O jornal nacional do Ali Kamel e o PiG (*) de hoje, nas versões Globo, Folha (**) e Estadão, sempre na primeira página, lançam Uribe candidato a presidente na coligação DEMO-Tucana.Como se percebe, o PiG (*) desistiu do Serra.Já sabe que, desde 2002, ele não sai dos 30%.E lá se afogará no “fim melancólico” previsto pelo Marco Aurélio Garcia.O que o PiG (*) e o Ali Kamel fazem, agora, com a ajuda centenária e insuperável do Datafalha e do Globope, é garantir o fluxo de dinheiro para o marqueteiro e manter acesa a eterna quimera do Serra: virar o jogo no “debate”. Virar o jogo no “debate”, porque, é óbvio, ele e o Fernando Henrique são mais “preparados”.Em 2002 foi assim: Serra exigiu, impôs, mandou e a Globo fez um “debate”.Findo o “debate”, o jenio venceu a eleição de 2002 por 39% a 61%.O jenio não tem mais jeito.Prega para o convertido: para o eleitorado neo-udenista (***), que morre de medo das FARC, do Chávez, do Irã, da Bolívia, da Argentina, de Belzebu e da Regina Duarte.Esse pessoal já foi convertido.Esse pessoal vota no jenio, tenha o nome que tiver.Um poste não-petista, desde Eduardo Gomes, tem 30%.E o jenio continua a pregar para os que votaram no Eduardo Gomes (que perdeu a eleição duas vezes).Como previa o Aécio, o Serra não “amplia” – ele não sai do cercadinho do neo-udenismo.Por isso, o PiG (*) e o Ali Kamel resolveram, em Assembléia Extraordinária, realizada ontem à noite, na bancada do jornal nacional, diante do olhar espantado do Bonner, jogar o jenio fora e lançar a candidatura do Uribe.O Uribe vai deixar a presidência da Colômbia. Ele fez o sucessor.(O PiG (*) acha que o Lula não faz o sucessor. Mas, o Uribe faz.)E está desempregado.Uribe elegeu as FARC como Bush elegeu o Iraque.Com as FARC debaixo do braço – e muito marketing – ele aterrorizou a Colômbia e o PiG (*).E o eleitorado neo-udenista.Lá em Madureira, na quadra da Portela, quando o Bonner ontem falou do Uribe e das FARC, o pessoal pensou que era um alemão que vinha para o lugar do Petkovic: Überfark.Joga um bolão.Paulo Henrique Amorim(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.(***) Um passarinho pousou aqui na janela em frente e contou que Maria Inês Nassif cogita de fazer um doutorado em “neo-udenismo”. Imagine, amigo navegante, a obra prima que vem por aí.

O Globo estabelece novo padrão de manipulação jornalística

Nestes sete anos e meio de governo Lula eu já tinha visto todo tipo de manipulação da imprensa a favor dos tucanos e contra o governo petista, mas o jornal O Globo de hoje desce mais um degrau rumo ao fundo do poço da credibilidade jornalística: numa matéria sobre declarações de Aloizio Mercadante o jornal simplesmente usou a resposta a uma pergunta, feita por um jornalista sobre um determinado assunto, como resposta a outra pergunta, de outro jornalista, sobre outro assunto! Parece absurdo demais, mas é a verdade. O artigo é de Jorge Furtado.
Jorge Furtado
Do blog de Jorge FurtadoAcho que conheço bastante bem o episódio dos “aloprados”, um dos mais vergonhosos momentos da história da imprensa brasileira, uma tentativa de golpe nas vésperas do primeiro turno da eleição presidencial de 2006, orquestrada pelos principais veículos da mídia, alguns integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público e pelos partidos de oposição, e estranhei muito o tal “mea culpa” de Aloizio Mercadante publicado na edição de hoje (29/07/2010) de O Globo.Segundo o jornal, Mercadante teria admitido “um grave erro”.A matéria de O Globo tem uma chamada, que está na capa da edição on-line:MEA CULPAA manchete:Mercadante assume 'grave erro' na campanha de 2006Uma frase em destaque:“Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor”. Os dois parágrafos iniciais da matéria, na íntegra:Candidato ao governo de São Paulo por uma coligação de 11 partidos, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) admitiu nesta quarta-feira que cometeu um "grave erro" na campanha eleitoral de 2006 ao ter seu nome envolvido no escândalo conhecido como dos "aloprados do PT". Um de seus assessores foi acusado de comprar por R$ 1,7 milhão um suposto dossiê contra o então candidato José Serra (PSDB) ao governo paulista. Mercadante disse que a denúncia foi arquivada e que nunca foi réu em processos que envolvem a administração pública.- Nunca fui réu em nenhum processo em relação a administração pública. Nenhuma denúncia. Sou bastante rigoroso e bastante exigente. No entanto, aconteceu. Acho que foi um grave erro. Mas consegui (o arquivamento da ação), através do Ministério Público rigoroso, não o engavetador geral do passado. (...) Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor - disse o senador durante sabatina promovida pelo portal UOL e pela "Folha de S.Paulo".http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/07/28/mercadante-assu...xO texto segue o padrão de mixórdia muito em voga na antiga imprensa, onde não se distingue o que é incapacidade no uso da língua e o que é má-fé. Segundo o texto, Mercadante teria admitido que “cometeu” um “erro grave” “ao ter seu nome envolvido” no tal escândalo. Qual o erro cometido (e supostamente admitido) por Mercadante? O texto não informa.Segundo o texto, um dos assessores de Mercadante “foi acusado de comprar um suposto dossiê”, o que já é mentira, ninguém foi acusado de comprar nada, até porque não houve compra alguma. Os tais assessores (Valdebran Padilha e Gedimar Passos) foram detidos porque supostamente iriam comprar um suposto dossiê, num caso único na história mundial onde uma prisão por flagrante foi efetuada antes do (suposto) crime acontecer, se é que algum crime aconteceria. Os dois foram imediatamente soltos, é claro, já que todo o procedimento da polícia e do Ministério Público no caso foi grosseiramente eleitoreiro e tecnicamente bizarro.A única concretude entre tantas suposições era a necessidade de se produzir manchetes a tempo de influenciar as pesquisas eleitorais antes do primeiro turno da eleição, plano que se cumpriu. (O que não estava previsto era a fragilidade do candidato oposicionista, Geraldo Alkmin, que posou para fotos vestindo uma jaqueta ridícula com logotipos de empresas brasileiras, prometeu vender o avião presidencial para construir um hospital e, outro fato inédito na história mundial, acabou tendo menos votos no segundo turno do que no primeiro.)O texto de O Globo segue citando Mercadante que, supostamente, teria afirmado: “Evidente que o erro é nosso. Nós que não fomos capazes de convencer o eleitor”. Esta frase aparece em destaque nas páginas de O Globo e, ao meu ver, não fazia sentido algum. O erro é nosso? A que erro Mercadante se refere? E por que o verbo no presente? Se ele se referia a um episódio de 2006 não deveria ter dito, se é que disse alguma coisa, “o erro FOI nosso”? A que “grave erro” (conforme a manchete) Mercadante se refere? A respeito de que não foi capaz de convencer o eleitor?XNa tentativa de preencher tantos furos da matéria de O Globo, fui em busca da entrevista no UOL. (Chega a ser engraçada a dificuldade que a antiga imprensa tem de entender o quanto encurtaram as pernas da mentira no mundo dos arquivos digitais).Assisti a entrevista, na íntegra.Aos 11:10 o jornalista Irineu Machado diz a Mercadante, que criticava a administração tucana em São Paulo, que o PT não foi capaz de vencer as eleições para o governo paulista. O jornalista pergunta:IRINEU MACHADO pergunta:O senhor acha que o erro foi do partido ou do eleitor que não soube escolher? MERCADANTE responde:Não, evidentemente que a deficiência é nossa, nós que não fomos capazes de convencer a sociedade de votar na mudança. Quarenta e dois minutos depois (aos 53:00), o jornalista Fernando Canzian puxa o assunto dos “aloprados”:FERNANDO CANZIAN pergunta:Em 2007 o senhor foi indiciado pela polícia federal por acusação de participação na compra de um dossiê de 1,7 milhões de reais contra tucanos aqui em São Paulo. Acabou tento impacto negativo na sua eleição, o senhor perdeu a eleição em São Paulo. O STF depois arquivou mais o caso foi rumoroso, o caso dos aloprados do PT, o senhor esteve diretamente envolvido.MERCADANTE responde:Eu já respondi isso outras vezes pra você, você usou uma frase que você não sustenta, “esteve envolvido”, eu não tive nenhum envolvimento. O que a Polícia Federal fez: “Eu não consigo explicar, quem tem que explicar é o Mercadante”, o que é uma coisa juridicamente inacreditável. Tanto que o Procurador Geral da República, o Ministério Público falou: “Não existe um único indício de participação do Mercadante”. Não foi só o Procurador da República, o mesmo que enquadrou dezenas de deputados, senadores, cassou 4, 5 governadores, pôs na cadeia um governador, esse mesmo procurador disse: “Não existe nenhum indício de participação do Mercadante nas 1.100 páginas que tem o inquérito”. E mais: o Supremo, por unanimidade, arquivou e anulou qualquer menção ao meu nome. Então isso para mim está mais do resolvido e explicado. Agora, na vida é assim: pros amigos você não precisa explicar e para os inimigos não adianta.MÔNICA BERGAMO pergunta:Mas eles eram da equipe da sua campanha. O eleitor não pode olhar e falar: Será que o senador é cuidadoso na escolha da sua equipe?” MERCADANTE responde:Depois de 20 anos de vida pública você nunca me viu envolvido num ato de corrupção. Nunca fui réu num processo de administração pública, uma denúncia. Portanto, eu sou bastante rigoroso e bastante exigente. No entanto aconteceu, acho que foi um grave erro e eu consegui, através do Ministério Público, rigoroso, que não é o engavetador geral da república que tinha no passado, foi o mesmo que denunciou e cassou vários parlamentares, prefeitos e governadores. Esse episódio mostrou para mim o quanto é importante a justiça.Vídeo da entrevista completa em:http://eleicoes.uol.com.br/2010/sao-paulo/ultimas-noticias/2010/07/28/me...xEm nenhum momento Mercadante se refere ao episódio dos “aloprados” dizendo que “evidente que o erro é nosso”.Em nenhum momento Mercadante afirmou não ter conseguido convencer o eleitor a respeito de algo sobre o episódio dos aloprados. O “grave erro” a que Mercadante se refere foi de integrantes da sua equipe. Ao usar a resposta a uma pergunta, feita por um jornalista sobre um determinado assunto, como resposta a outra pergunta, de outro jornalista, sobre outro assunto, o jornal O Globo estabelece um novo padrão de manipulação jornalística. E ainda faltam dois meses para a eleição.Quando Dilma ultrapassar Serra em todas as pesquisas, no início da propaganda eleitoral, o que mais eles vão inventar?