Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Carta aos propagadores do ódio e da mentira

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Subprocurador-geral da República durante o governo FHC e AGU no governo Lula, Álvaro Ribeiro Costa escreve uma carta com críticas duríssimas aos golpistas que agem para derrubar a presidente Dilma Rousseff; "A História não esquecerá nem apagará o nome de vocês do rol das iniquidades e das vergonhas. E não adianta fingir que não há golpe; todo mundo já sabe", diz ele; para Costa, hoje procurador da República aposentado, "não importa se o arrombador dos pilares da ordem democrática possa eventualmente se valer de uma maioria parlamentar corrompida e mal-cheirosa ou de juízes parciais e desacreditados. Quando a injustiça e a corrupção se fantasiam de direito e moralidade, a justa indignação e a resistência se tornam obrigação"; ele faz, ainda, "uma brevíssima oração: que Deus não os perdoe; vocês sabem muito bem o que fazem!"; leia a íntegra 

Por Álvaro Augusto Ribeiro Costa
Carta a personagens imaginários

Em primeiro lugar, por favor, ninguém pense que estou falando com seres reais, nem se considere ofendido em sua honra. É que, como meros e ocasionais personagens de uma extraordinária farsa que se desenrola num lugar também imaginário, não poderiam ter existência própria nem honra que se lhes pudesse atribuir.

Quem seria o autor de tão assombrosa tragicomédia? É difícil saber, até mesmo porque os atores trocam de papéis a cada momento, numa volúpia que uma única mente, por mais delirantemente criativa, não poderia conceber. De cúmplices ou coautores de supostos delitos, passam de repente a acusadores, transmutam-se em seguida em juízes ou jurados, sob a fantasia da isenção ou integrando a claque dos que se aplaudem uns aos outros, cada um mais convencido da excelência de suas múltiplas e medíocres representações. Um de cada vez ou em grupos, todos muito cientes dos torpes proveitos que almejam.
Cabe, porém, oportuna advertência.

Quando as buscas e apreensões invadirem de surpresa seus lares e as conduções coercitivas os expuserem com ou sem razão à volúpia sádica das multidões insufladas pela mesma mídia que hoje os incensa e amanhã os vilipendiarão, não invoquem a presunção de inocência nem o direito de saber do que são acusados; não peçam que lhes seja assegurado o direito de defesa e do contraditório, nem supliquem pela presença de um juiz imparcial. Mas antes que isso ocorra, não percam tempo nem gastem dinheiro promovendo a operação lava-memória. A História não esquecerá nem apagará o nome de vocês do rol das iniqüidades e das vergonhas. E não adianta fingir que não há golpe; todo mundo já sabe.

Penitencio-me por não haver percebido antes quão distante me acho de vocês. A rotina das chamadas boas maneiras esconde a essência das pessoas. De uma coisa, porém, não tenham medo. Não cuspirei em vocês. Não é que não lhes tenha nojo. Compartilho, quanto a isso, do mesmo sentimento que Ulisses Guimarães pronunciou e prenunciou em relação àqueles a quem se dirigiu em mensagem que as ondas do Atlântico ainda hoje – e com mais força agora – repercutem. Contudo, diante da inominável deterioração moral em que estão mergulhados, o meu cuspe seria inócuo; não lavaria nada.

Devo admitir, entretanto, que me fizeram um grande favor: o de me propiciarem vê-los e ouvi-los como realmente são: preconceituosos, convencidos ou convincentes propagadores do ódio e da mentira. Em suma, cúmplices entusiasmados do que há de pior no lastimável cenário escancarado ao mundo desde a tragicômica encenação do último 17 de abril e na farsa que dali para frente cada vez mais se desenvolveu como uma enxurrada de iniquidades.

Caiu a máscara dessa gente que lhes faz companhia, cujos rostos não conseguem ocultar a mais repugnante feiúra moral. Juntando-se ao painel de mentecaptos que a televisão sem qualquer sombra de pudor ou recato revelou para assombro, vergonha ou riso de brasileiros e outros povos do mundo, vocês estarão para sempre ligados. E dessa memória pegajosa nada os livrará.

Não me digam que estão surpresos com os termos desta carta. Posso até imaginar a cena em que estarão diante de seus queridos familiares, tentando justificar a própria conduta. Por isso, explico: não se pode ser tolerante com o delito e o delinqüente quando o crime é permanente e flagrante. Seria como dialogar com o ladrão que invade a nossa casa, rouba nossa liberdade, se apossa do nosso patrimônio e quer se fazer passar por mera visita, com direito a impor o que chama de ordem. A hipocrisia se mostra com sua mais indecente nudez. Não! O diálogo e a compreensão são naturais e necessários entre pessoas que se respeitam no ambiente democrático; não, entre o predador da democracia e sua presa, entre o ofensor e a vítima. As regras de civilidade, próprias da democracia, não socorrem quem contra elas atenta. Contra esses, todas as formas de resistência são necessárias e legitimas. Não há diálogo possível.

Não importa se o arrombador dos pilares da ordem democrática possa eventualmente se valer de uma maioria parlamentar corrompida e mal-cheirosa ou de juízes parciais e desacreditados.Quando a injustiça e a corrupção se fantasiam de direito e moralidade, a justa indignação e a resistência se tornam obrigação.
Por fim, uma brevíssima oração: que Deus não os perdoe; vocês sabem muito bem o que fazem! Mas os mantenha vivos e com saúde pelo tempo suficiente para a reflexão e o mais desavergonhado arrependimento.

Temer ainda não tem votos para consolidar o golpe

LULA MARQUES: <p>Brasília- DF 16-06-2016 Presidente interino, Michel Temer e o ministro da educação, Mendonça filho anunciando prorrogação do FIES. Foto Lula Marques/Agência PT</p>

Levantamento publicado nesta terça-feira pela Folha mostra que a situação do interino Michel Temer é menos confortável do que alardeiam seus aliados; embora o Palácio do Planalto fale em 63 votos a favor do golpe parlamentar de 2016, Temer tem apenas 48 garantidos dos 54 necessários; a presidente eleita Dilma Rousseff, por sua vez, conta com 19; os demais não quiseram declarar seus votos; alguns senadores temem ficar rotulados como golpistas e também votar contra seus próprios eleitores, uma vez que, segundo pesquisa Vox Populi, 79% dos brasileiros defendem a saída imediata de Temer, seja para a volta de Dilma, seja para a realização de novas eleições 

247 – A três dias do início do julgamento final da presidente Dilma Rousseff, num processo do Senado Federal que não demonstrou crime de responsabilidade e que, portanto, é um golpe parlamentar denunciada pela imprensa do mundo interino, o interino Michel Temer não tem os votos necessários para se manter no poder.

De acordo com um levantamento feito pela Folha de S. Paulo com todos os senadores, o interino tem apenas 48 votos dos 54 necessários – embora seus aliados falem em até 63 (leia mais aqui). A presidente Dilma Rousseff conta com 19 e os demais estão indecisos.

Alguns senadores temem ficar rotulados como golpistas e também votar contra seus próprios eleitores, uma vez que, segundo pesquisa Vox Populi, 79% dos brasileiros defendem a saída imediata de Temer, seja para a volta de Dilma, seja para a realização de novas eleições. De acordo com a Vox, 61% querem eleições e 18% defendem que Dilma fique até o fim (leia aqui).

Como Dilma já declarou que, após a derrota do impeachment, pretende chamar novas eleições, a saída democrática defendida por 79% dos brasileiras passa pela derrota de Temer. E isso mexe com os senadores na reta final.

Se Olimpíada tivesse fracassado, Dilma e Lula seriam massacrados


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Nos últimos três anos, a imagem internacional do Brasil, que desde 2003 vinha melhorando, sofreu um forte revés. Tudo começou com as cenas de guerra de 2013, as quais, apesar de então o país estar crescendo, reduzindo a pobreza, distribuindo renda e valorizando salários, fizeram o mundo crer que estávamos afundando.

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Em 2014, o ataque à imagem do Brasil se intensificou e se internacionalizou com o mote “Não vai ter Copa”, que, apesar de não ter impedido o evento internacional – que foi um sucesso de organização, diga-se –, fez o Brasil perder muitos turistas – e, portanto, muito dinheiro – e difundiu a mentira de que “dinheiro da saúde e educação” estava sendo direcionado para aquele evento, de dois anos atrás, e o que termina neste domingo, a Olimpíada.

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A luta para conspurcar a imagem do Brasil começou muito bem engendrada, como mostra vídeo publicado em junho de 2013, mas que versava sobre a Copa que aconteceria no ano seguinte.



Motes daquele movimento de 2013 transformar-se-iam em movimentos que lutariam pelo impeachment de Dilma e até pela volta da ditadura militar.

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Apesar das críticas e da campanha para esvaziar a competição de 2014, a imprensa internacional aplaudiu fortemente a capacidade do país de organizar eventos desse porte.

O jornal “El País” enviou um representante ao Brasil e constatou que o cenário de caos previsto por alguns antes do início da competição não se concretizou. Para o profissional do diário espanhol, o mundial supera as expectativas. “Em geral, as partidas ocorrem pontualmente, de maneira brilhante. As ruas se enchem de torcedores felizes, envolvidos em um clima cada vez mais festivo”, disse.

O “The New York Times” destacou a qualidade do futebol disputado e os gramados brasileiros, mesmo em condições adversas. “Em geral, as condições de jogo para a maioria dos jogos têm sido excelentes, o que, em cidades como Natal e Salvador foi uma prova da qualidade dos sistemas de drenagem”, afirmou a publicação.

A revista britânica  “The Economist” ressaltou que os investimentos feitos pelo Brasil são agora vistos em construções entregues. “Já na chegada, você pode ver onde alguns dos 11 bilhões de reais (US $ 5 bilhões) gastos em aeroportos brasileiros entre 2011 e 2014 . Um misto de cimento e tinta fresca permeiam o novo terminal de Natal” constatou o diário, ainda lembrando que centrais de comando foram criadas no País para coordenar as ações de defesa e segurança.

O também inglês “The Guardian” fez um dia a dia em várias cidades brasileiras. O jornalista que veio ao Brasil se encantou com a paixão do brasileiro pelo futebol citando a experiência vivida em Cuiabá. “O fanatismo pela Seleção é extraordinário. Todos, independentemente da idade, sexo ou profissão, estão vestindo amarelo ou verde e estão reunidos por sua paixão para a equipe nacional”, destacou, revelando ter se encantado também com as paisagens brasileiras.


Contudo, o 7 a 1 empanou tudo e nos fez esquecer um grande gol do Brasil, um gol feito fora dos gramados por duas pessoas que foram e continuam sendo esquecidas até hoje.

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Antes de falar de quem construiu tanto, falemos um pouco sobre quem tenta e tenta e tenta destruir.
Pelo menos a esquerda pulou fora das tentativas de usar a Olimpiada de 2016 para prejudicar ainda mais a imagem do Brasil, que, nos três últimos anos dos 14 anos de governos petistas, teve essa imagem pisoteada por farsas como o impeachment e por recordes negativos na economia causados pela mais avassaladora sabotagem econômica que este país já sofreu.

Congresso, mídia e um grupo de autoridades tão partidarizadas que em 2014 fizeram campanha na internet para Aécio Neves paralisaram o país (pela ordem) não votando mais nada e conduzindo investigações que só avançavam se o investigado fosse petista.

Mas a Olimpíada do Rio começaria a resgatar a imagem do país já na abertura.

Contudo, a Olimpíada de 2016 não se limitou a repetir o êxito de organização da Copa de 2014. Foi também um show de competência dos atletas. A conquista do primeiro título olímpico de nosso futebol simboliza uma delegação de atletas nacionais que não se limitou ao tamanho, exibindo garra e talento.

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O êxito dessa Olimpíada mostrará ao mundo que não somos o país de incompetentes e fracassados que os golpistas e os burros pintaram ao longo dos últimos anos. Certamente estamos sendo mais elogiados do que nós mesmos poderíamos nos elogiar, se não tivéssemos esse complexo de vira-latas tão entranhado nas almas.

Seja como for, o mais doloroso é que poucos serão os que vão ter a grandeza e a decência de refletir que uma olimpíada não se organizaria e edificaria (literalmente) nos poucos meses que nos separam da derrubada “temporária” de Dilma Rousseff.

Se tudo tivesse dado errado, ninguém tenha dúvida de que Lula e Dilma estariam sendo massacrados. 

Atacariam a iniciativa de trazer o evento para cá, atacariam o custo das obras, atacariam a organização. Como tudo deu certo, o sucesso do evento parece ter sido obra do acaso, como se tudo tivesse se preparado sem concurso de ações humanas.

É patético, triste, dá vergonha alheia ver o que essa elite ridícula faz com o nosso país. Os golpistas estão tão envergonhados com o que fizeram que nem tentam colher os louros pelo sucesso de Dilma e Lula. O golpista-mor nem irá comparecer ao encerramento da Rio 2016.

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Nassif: Toffoli e a operação fruto da árvore envenenada, provavelmente para livrar Aécio e Serra das delações da OAS

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O xadrez de Toffoli e o fruto da árvore envenenada 


Luis Nassif, no GGN, 22/08/2016 

Entramos em um dos mais interessantes quebra-cabeças da Lava Jato: a operação fruto da árvore envenenada, possivelmente montada para livrar Aécio Neves e José Serra das delações da OAS. Trata-se do vazamento parcial da delação do presidente da OAS Léo Pinheiro, implicando o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.

Peça 1 – o teor explosivo das delações

Já circularam informações de que as delações da OAS serão fulminantes contra José Serra e Aécio Neves. Até um blog estreitamente ligado a Serra – e aos operadores da Lava Jato – noticiou o fato.

Em muitas operações bombásticas, pré-Lava Jato, os acusados valiam-se do chamado “fruto da árvore envenenada” para anular inquéritos e processos. A Justiça considera que se o inquérito contiver uma peça qualquer, fruto de uma ação ilegal, todo o processo será anulado. Foi assim com a Castelo de Areia. E foi assim com a Satiagraha.

Na Castelo de Areia, foi uma suposta delação anônima. Na Satiagraha, o fato dos investigadores terem pedido autorização para invadir um andar do Opportunity e terem estendido as investigações a outro.

Peça 2 – os truques para suspender investigações.

Vamos a um arsenal de factoides criados para gerar fatos políticos ou interromper investigações:

Grampo sem áudio – em plena operação Satiagraha, aparece um grampo de conversa entre Gilmar Mendes, Ministro do Supremo, e Demóstenes Torres, senador do DEM. Era um grampo às avessas, no qual o conteúdo gravado era a favor dos grampeados. Jamais se comprovou a autoria do grampo. Mesmo assim, com o alarido criado Gilmar conseguiu o afastamento de Paulo Lacerda, diretor da ABIN (Agência Brasileira de inteligência). Veículo que abrigou o factoide: revista Veja.

O falso grampo no STF – Recuperada a ofensiva, matéria bombástica denunciando um sistema de escutas no STF. Era um relatório da segurança do STF, na época presidido por Gilmar Mendes. Com o alarido, cria-se uma CPI do Grampo, destinada a acuar ainda mais a Polícia Federal e a ABIN. Revelado o conteúdo do relatório, percebeu-se tratar de mais um factoide. Veículo que divulgou o falso positivo: revista Veja.

O falso pedido de Lula – em pleno carnaval da AP 470, Gilmar cria uma versão de um encontro com Lula, na qual o ex-presidente teria intercedido pelos réus do mensalão. O alarido em torno da falsa denúncia sensibiliza o Ministro Celso de Mello, o decano do STF, e é fatal para consolidar a posição dos Ministros pró-condenação. Depois, a única testemunha do encontro, ex-Ministro Nelson Jobim, nega veementemente a versão de Gilmar. Veículo que disseminou a versão: revista Veja.

O caso Lunnus – o grampo colocado no escritório político de Roseane Sarney, que inviabilizou sua candidatura à presidência. Caso mais antigo, na época ainda não havia sinais da aproximação de Serra com a Veja.

O suborno de R$ 3 mil – o caso dos Correios, um suborno de R$ 3 mil que ajudou a deflagrar o “mensalão”. Veículo que divulgou: Veja. Fonte: Carlinhos Cachoeira, conforme apurado na CPI dos Correios.

Peça 3 – a fábrica de dossiês

Com base nesses episódios, procurei mapear os pontos em comum entre os mais célebres dossiês divulgados pela mídia.
Confira:

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Fato 1 – na Saúde, através da FUNASA o então Ministro José Serra contrata a FENCE, empresa especializada em grampo, o delegado da Polícia Federal Marcelo Itagiba e o procurador da República José Roberto Figueiredo Santoro.

Fato 2 – em fato divulgado inclusive pelo Jornal Nacional, Santoro tenta cooptar Carlinhos Cachoeira, logo após o episódio Valdomiro Diniz.

Fato 3 – Cachoeira tem dois homens-chave. Um deles, o araponga Jairo Martins, seu principal assessor para casos de arapongagem. O segundo, o ex-senador Demóstenes Torres, seu principal agente para o jogo político. Ambos têm estreita ligação com o Ministro Gilmar Mendes: Demóstenes na condição de amigo, Jairo na condição de assessor especialmente contratado por Gilmar para assessorá-lo.

Fato 4 – todos os principais personagens do organograma – Serra, Gilmar, Cachoeira, Demóstenes e Jairo – mantiveram estreita relação com a Veja, como fontes, como personagens de armações ou como fornecedores de dossiês.

Não se tratava de meros dossiês para disputas comerciais, mas episódios que mexeram diretamente com a República. O organograma acima não é prova cabal da existência de uma organização especializada em dossiês para a imprensa. São apenas indícios.

Peça 4 – a denúncia contra Toffoli.

Alguns fatos chamam a atenção na edição da Veja.

Fato 1 – já era conhecido o impacto das delações de Léo Pinheiro sobre Serra e Aécio (http://migre.me/uJKsj). Tendo acesso à delação mais aguardada do momento, a revista abre mão de denúncias explosivas contra Serra e Aécio por uma anódina, contra Toffoli.

Fato 2 – a matéria de Veja se autodestrói em 30 segundos. Além de não revelar nenhum fato criminoso de Toffoli, a própria revista o absolve ao admitir que os fatos narrados nada significam. Na mesma edição há uma crítica inédita ao chanceler José Serra, pelo episódio da tentativa de compra do voto do Uruguai. É conhecida a aliança histórica de Veja com Serra. A reportagem em questão poderia ser um sinal de independência adquirida. Ou poderia ser despiste.

Peça 5 – a posição do STF e do PGR

Um dos pontos defendidos de maneira mais acerba pelo Ministério Público Federal, no tal decálogo contra a corrupção, é a relativização do chamado fruto da árvore envenenada. Querem – acertadamente – que episódios irregulares menores não comprometam as investigações como um todo.

Se a intenção dos vazadores foi comprometer a delação, agiram com maestria.

Sem comprometer Toffoli, o vazamento estimula o sentimento de corpo do Supremo, pela injustiça cometida contra um dos seus. Ao mesmo tempo, infunde temor nos Ministros, já que qualquer um poderia ser alvo de baixaria similar.

Tome-se o caso Gilmar Mendes. Do Supremo para fora até agora, não houve nenhum pronunciamento público do Ministro, especializado em explosões de indignação quando um dos seus é atingido. E do Supremo para dentro? Estaria exigindo providências drásticas contra o vazamento, anulação da delação? Vamos aguardar os fatos acontecerem. Mas certamente, Gilmar ganha um enorme poder de fogo para fazer valer suas teses que têm impedido o avanço das investigações contra Aécio Neves.

A incógnita é o PGR Rodrigo Janot. Até agora fez vistas largas para todos os vazamentos da operação mais vazada da história. E agora?

Se ele insiste na anulação da delação, a Hipótese 1 é que está aliado a Gilmar na obstrução das investigações contra Aécio e Serra. A Hipótese 2 é que está intimidado, depois do tiro de festim no pedido das prisões de Renan, Sarney e Jucá. A Hipótese 3 é que estaria seguindo a lei. Mas esta hipótese é anulada pelo fato de até agora não ter sido tomada nenhuma providência contra o oceano de vazamentos da Lava Jato.

De qualquer modo, trata-se de um ponto de não retorno, que ou consagra a PGR e o Ministério Público Federal, ou o desmoraliza definitivamente.

Afinal, quem toca a Lava Jato é uma força tarefa que, nas eleições presidenciais, fez campanha entusiasmada em favor do candidato Aécio Neves. Bastaria um delegado ligado a Serra e Aécio vazar uma informação anódina contra um Ministro do STF para anular uma delação decisiva. Desde que o PGR aceitasse o jogo, obviamente.

Será curioso apreciar a pregação dos apóstolos das dez medidas, se se consumar a anulação da delação.
PS1 – A alegação dos procuradores, de que o vazamento teria partido dos advogados de Léo Pinheiro, visando forçar a aceitação da delação não tem o menor sentido. Para a delação ser aceita, os advogados adotariam uma medida que, na prática, anula a delação? Contem outra.

PS 2 – N semana passada o procurador Carlos Fernando dos Santos lima já mostrava deconforto com a delação da OAS, ao afirmar que a Lava Jato só aceitaria uma delação a mais de empreiteiras. Não fazia sentido. A delação depende do conteúdo a ser oferecido. O próprio juiz Sérgio Moro ordenou a suspensão do processo, sabe-se lá por quê. E nem havia ainda o álibi do vazamento irrelevante.

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Dilma vai a ato contra golpe a direitos sociais

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Manifestação pela democracia convocada pela Frente Brasil Popular na Casa de Portugal, em São Paulo, nesta terça-feira 23, tem como objetivo intensificar as mobilizações nos últimos dias que antecedem a votação final do impeachment no Senado; "Essa semana é decisiva para a classe trabalhadora e para os brasileiros e as brasileiras que mais necessitam de políticas públicas para ter uma vida digna", diz trecho da convocatória do evento; na quarta-feira 24, Dilma participa de ato com o mesmo propósito no Teatro do Bancários, em Brasília 

247 - A presidente Dilma Rousseff viaja a São Paulo nesta terça-feira 22, onde participa de ato organizado por movimentos sociais em defesa da democracia e contra a retirada de direitos sociais pelo governo interino de Michel Temer.

O ato é convocado pela Frente Brasil Popular, que reúne diversos movimentos sociais, sindicais e lideranças da sociedade civil, às 18h, na Casa de Portugal, na Avenida Liberdade, 602, região central de São Paulo. No evento criado no Facebook, há mais de 500 pessoas confirmadas.

Confira um trecho da convocatória da manifestação:

Essa semana é decisiva para a classe trabalhadora e para os brasileiros e as brasileiras que mais necessitam de políticas públicas para ter uma vida digna. O Senado deve começar a votação final do impeachment, golpe de Estado contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, conquistado de forma legítima nas urnas, no próximo dia 25. Dilma corre o risco de perder o mandato sem ter cometido nenhum crime de responsabilidade – um atentado contra a democracia e contra o povo brasileiro.

E o objetivo dos golpistas é claro, querem tirar direitos trabalhistas e sociais, reduzir ou extinguir programas como o Minha Casa, Minha Vida, ProUni, Ciências sem Fronteiras; reduzir o valor dos benefícios e aumentar a idade mínima para aposentadoria; aprovar medidas de redução drástica de gastos com saúde e educação; ampliar a terceirização que mutila e mata e acabar com a CLT.

Os movimentos sociais pretendem intensificar suas ações nesses dias que antecedem o julgamento final do processo de impeachment no Senado. No próximo dia 29, dia da votação final e quando Dilma deverá apresentar sua defesa na Casa, haverá uma grande mobilização no País e especialmente em Brasília, organizada pela CUT.

Os movimentos também não descartam a realização de uma greve geral contra o golpe. Na quarta-feira 24, Dilma participa de um ato com o mesmo propósito, também convocado pela Frente Brasil Popular, no Teatro do Bancários, em Brasília, no mesmo horário (confira aqui).