Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 7 de julho de 2016

“Pixuleko” contra Lewandowski e Janot não pode, mas contra Dilma pode?!


pixuleco capa

EDUGUIM

Desde o primeiro boneco inflável difamatório (contra Lula) que foi levado às manifestações de rua fascistas, o que ocorreu em agosto do ano passado, muitos se perguntam como é possível que grupos financiados por fontes obscuras promovam esses ataques à honra de cidadãos que, mesmo sendo pessoas públicas, não perderam seus direitos constitucionais.

No protesto de 16 de agosto de 2015 contra Dilma Rousseff apareceu o boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em menos de 48 horas desde sua primeira aparição, durante ato em Brasília, o personagem com roupa de presidiário já estava em São Paulo.

A alegoria de plástico foi batizada de Pixuleko –referência ao termo atribuído pela Lava Jato ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para se referir a propina.
Em poucos dias, o boneco de 300 quilos e 12 metros de altura foi transportado de lá para cá pelo país. Os custos para essa operação não são pequenos, haja vista que para inflar e manter inflado tal aparato é preciso levar geradores pesados e outros equipamentos.

Não demorou e um boneco das mesmas dimensões foi feito contra a presidente Dilma Rousseff. Em poucas semanas, vários desses bonecos eram vistos pelo país. Todos atacando a honra dos alvos. Alguns deles, atacando a presidente da República.

Até hoje não se sabe de onde vem todo esse dinheiro que financiou essas manifestações. E nunca houve interesse das autoridades de procurarem se informar. Tampouco nunca houve uma reação da Justiça ou das polícias a um crime contra a honra de autoridade como Dilma Rousseff e até contra a instituição Presidência da República.

Lula foi autor de notícia-crime que virou inquérito na 17ª Delegacia de Polícia do Ipiranga, em São Paulo. No dia 4 de setembro, o alvo das reclamações de Lula foi o Pixuleko, boneco inflável.

Na notícia-crime, Lula diz que tomou conhecimento “da exibição em via pública de um boneco inflável de 12 metros de altura elaborado a sua semelhança portando vestes de presidiário e com os pés presos a uma bola de ferro constando ainda os números 13 e 171 no peito do boneco”.

O ex-presidente disse que a repercussão do boneco nos meios de comunicação teria causado “eventuais crimes de calúnia, difamação e injúria”, o que é mais do que óbvio. Dilma Rousseff não tomou nenhuma medida contra o boneco difamatório contra si, mas, como é óbvio, caberia à Procuradoria Geral da República ter tomado uma atitude.

Nesta quinta-feira, porém, o Brasil foi surpreendido pela notícia de que, após tantos abusos contra a presidente da República e até contra cidadãos comuns como é hoje o ex-presidente Lula, foi só os fascistas se meterem com o Judiciário e com o Ministério Público para que providências fossem tomadas.
O Supremo Tribunal Federal enviou à Polícia Federal um pedido para que seja aberta investigação para apurar os responsáveis por levar a manifestação na avenida Paulista bonecos do presidente do Tribunal, Ricardo Lewandowski, e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Um oficio assinado pelo secretário de Segurança do Supremo, Murilo Herz, afirma que os dois bonecos da linha “pixuleko” representam “grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade” do Judiciário” e “ultrapassam a liberdade de expressão”.


No dia 19 de junho, segundo o Supremo, manifestantes do grupo Nas Ruas levaram para a avenida Paulista, em frente ao Masp, dois bonecos em alusão ao presidente do STF e ao procurador-geral.
Lewandowski aparecia de terno, gravata vermelha, estrela vermelha com a sigla PT no peito, e foi chamado de Petralovski. O outro boneco mostrava a figura de Janot como um arquivo, também com gravata e estrelas vermelhas, e ainda a grafia Petralhas. Ele foi apelidado de Enganô.

A Secretaria de Segurança, ligada à presidência, pede que seja investigado se o ato caracterizou crime de difamação, que tem como punição prevista detenção, de três meses a um ano, e multa.
De acordo com o Supremo, “foi identificada, como suposta líder da manifestação, Carla Zambelli Salgado”, que no ano passado se acorrentou na Câmara dos Deputados para defender o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Carla, que costumava ser alvo de processos de cobrança judicial, assim como outros líderes de movimentos anti Dilma, Lula e PT, nos últimos tempos fez fama e fortuna sob a desculpa de militância política. Ela resolveu seus problemas financeiros criando impressionantes 43 movimentos antipetistas.

A calúnia e a difamação viraram um próspero negócio. Desde que praticados contra as pessoas “certas”, autoridades ou não, esses crimes contra a honra têm salvado muito picareta de problemas com a Justiça.
Renan Antônio Ferreira dos Santos, por exemplo, um dos três coordenadores nacionais do MBL (Movimento Brasil Livre), entidade civil criada em 2014 sob pretexto de “combater a corrupção e lutar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff”, está envolvido em muitos problemas com a Justiça. É réu em pelo menos 16 ações cíveis e mais de 45 processos trabalhistas, incluindo os que estão em seu nome e o das empresas de que é sócio.

O dinheiro que a militância política rendeu a essa gente a está tirando de problemas financeiros que a estavam levando à falência.

A Justiça não se mexeu na difamação dos bonecos contra Lula, mas alguns poderiam argumentar que ele não é autoridade como Lewandowski ou Janot. Mas Dilma foi alvo desses ataques de bonecos difamatórios e ela, tal qual Lewandowski, é presidente de um Poder. Cadê a iniciativa da PGR ou do STF em defesa da instituição Presidência da República?

A medida do STF contra os bonecos difamatórios de Lewandowski e Janot é vergonhosa. Não por seus motivos, que são absolutamente plausíveis, mas porque mostra que a Justiça usa dois pesos e duas medidas de acordo com a situação política dos cidadãos, das autoridades e das instituições. Se não punirem os pixulekos contra Dilma e Lula, que não punam contra ninguém.

Juntos pelos cassinos: Cachoeira pediu ajuda a Temer para regularizar; hoje, núcleo duro do interino trabalha para aprovar a lei

temer e cachoeira
 
Cachoeira pediu para Temer encaminhar regularização de jogos de azar
  
por Cíntia Alves, no Jornal GGN, em 06/07/2016

Jornal GGN – Março de 2012. O ex-senador Demóstenes Torres, que chegara a estampar reportagens de Veja como um “mosqueteiro da ética”, vira o centro das atenções após cair em grampos da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, que investigava o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Na edição do dia 31 daquele mês e ano, Folha de S. Paulo publicou um diálogo entre Demóstenes e Cachoeira, no qual o bicheiro pediu que Michel Temer (PMDB) encaminhasse um projeto de lei que regulariza os jogos de azar.

O diálogo foi usado na reportagem “Gravações revelam favores de senador para empresário”. A conversa se deu no dia 24 de abril de 2009, quando Temer era deputado e presidente da Câmara.



Cachoeira diz: “Aquele negócio que eu pedi pra você olhar lá. Já chegaram lá? Aquela lei do Maguito?”

Demóstenes responde: “Já chegaram lá. Ela está na Câmara…”

Cachoeira: Pois é, você tinha que trabalhar isso aí com o Michel [Temer], né? Para por em votação…

Demóstenes: Lá isso passa por votação simbólica. Como passou no Senado.

O trecho foi usado para acusar Demóstenes de usar o mandato em nome dos interesses de Cachoeira, que foi preso recentemente na Lava Jato.

A regularização dos jogos de azar é um assunto que volta e meia entra em pauta, sempre que o governo está em crise e busca fontes de receita.

Na época do Cachoeiragate, Demóstenes apareceu alertando que trechos do projeto de regularização de jogos discutido no passado prejudicavam as atividades do bicheiro.

Hoje na presidência em virtude o impeachment de Dilma Rousseff (PT), Temer permite que o núcleo duro do governo trabalhe para aprovar o projeto de lei do Senado (PLS) 186/2014, que consta na Agenda Brasil – conjunto de propostas que o PMDB diz ter apresentado para tirar o País da crise. Geddel Vieira Lima e Henrique Alves, por exemplo, foram citados em reportagem apontando que o PLS seria uma fonte de receita conveniente em meio à situação econômica atual.

O PLS está inserido na ordem do dia, com previsão de ser votado no Senado nesta quarta (6).
Nas contas do governo, a liberação de cassinos e regularização de bingos e caça-níqueis, entre outros pontos, renderia à União uma receita anual de R$ 15 bilhões.

No passado, Temer, enquanto vice-presidente, fez lobby pela regularização. Um jornalista ligado a Cachoeira chegou a publicar que Temer usava um assessor pessoal pra fazer interface com o então presidente da Abrabin (Associação Brasileira do s Bingos).

No governo Lula e início do governo Dilma, o projeto foi ofuscado por escândalos de corrupção envolvendo Cachoeira.

Na CPI de 2012, instaurada na Câmara e Senado após as revelações da Monte Carlo contra Demóstenes e o bicheiro, Temer apareceu novamente. Dessa vez, como um dos membros da cúpula do PMDB – incluindo Eduardo Cunha – que trabalharam duro para evitar a convocação de Fernando Cavendish – também preso na Lava Jato – para depor na CPI. Cavendish era sócio oculto de Cachoeira e dirigente da Delta. A empreiteira, àquela época, era a que mais atuava junto ao governo federal em obras do PAC.

Artigo do jornalista Leandro Fortes, em CartaCapital de maio de 2012, mostrou envolvimento de Temer para impedir, inclusive, que a CPI do Cachoeira avançasse contra jornalistas.

Fortes escreveu: “Desde o início de maio, Temer tornou-se uma espécie de mensageiro da família Marinho. O vice de Dilma tem ouvido e repassado os recados do grupo que comanda a Globo ao governo e aos integrantes da CPI do Cachoeira. E que pode ser resumido em um ponto: a mídia não pode virar alvo na CPI. Isso inclui deixar de fora a mais explícita das relações do bando de Cachoeira com os meios de comunicação: aquela estabelecida com a revista Veja.”

O jornalista referia-se a outra descoberta da Operação Monte Carlo: a de que Cachoeira teria fortes relações com repórter de Veja, Policarpo Junior, a ponto de decidir quando emplacar matérias contra seus adversários na revista semanal.

No final, o time de Temer teve sucesso: a CPI do Cachoeira – que também recebeu ajuda do PT para ser freada – entregou um relatório de uma página e meia, sem indiciar ninguém, muito menos jornalistas. O caso foi sumindo do noticiário tão logo o julgamento do mensalão foi tomando conta daquele segundo semestre de 2012.

Artigo da jornalista Helena Chagas, publicado no portal Os Divergentes, nesta quarta, mostra que o governo Temer tem sofrido pressão para aprovar o projeto de regularização dos jogos.

“O Planalto tem se mantido à distância da discussão porque o assunto é uma bola dividida, mas o governo, nos bastidores, apóia a aprovação do projeto que legaliza os jogos de azar, que será votado hoje pelo Senado. (…) Aliados vêm tratando do assunto na surdina já foram procurados por grandes grupos hoteleiros internacionais interessados em implantar no Brasil resorts com cassinos – modalidade prevista pelo projeto em discussão”, escreveu.

A ideia, contudo, sofre forte resistência de setores que consideram os jogos de azar uma forma de lavagem de dinheiro para criminosos de colarinho branco e traficantes.

“E é por isso que o governo não saiu ainda na defesa aberta do projeto. Michel Temer não quer, por enquanto, comprar briga com setores como o Ministério Público. (…) Há também problemas com a bancada evangélica.”

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Esmael sabe o que Lula e Requião fazem Quem será o presidente no Natal? - Delfim Netto

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Reprodução: Esmael Moraes.

No Blog do Esmael:
 
Durante jantar, Lula e Requião comemoraram derrota de Temer na Câmara

Horas depois de a mídia partidária e golpista tecer loas à “inquebrantabilidade” do interino Michel Temer (PMDB) no Congresso, eis que o interino sofreu uma dura derrota na noite desta quarta (6) na Câmara.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva jantava no apartamento funcional do senador Roberto Requião (PMDB-PR), na Superquadra Sul, em Brasília, quando soube da 1ª derrota do golpista no parlamento.

Temer precisa de maioria simples (257 votos) para aprovar regime de urgência para a tramitação do projeto sobre a renegociação das dívidas dos estados. Ele obteve apenas 253 votos favoráveis, perdendo assim a maioria e a capacidade de governar o país

Horas antes, a mídia golpista fazia uma torcida pró-Temer acerca do impeachment no Senado. Entretanto, a realidade concreta foi bem outra e pode ser conferida na casa de Requião, transformada em bunker antigolpe de Estado.

De acordo com informações obtidas pelo Blog do Esmael, seis novos senadores se somaram ao G-30, grupo inicial de trinta senadores éticos e desenvolvimentistas que são contrários ao impeachment desde que seja convocado um plebiscito para antecipar a eleição presidencial.

Agora pode-se falar que o grupo é G-30 + 6, ou, como alguns preferem, G-36.

Conforme o Blog do Esmael havia adiantado na semana passada, Requião decidiu reduzir e fragmentar a quantidade de reuniões com os senadores para confundir a militância da mídia golpista e do Palácio Alvorada.

Portanto, a tática de Requião de reunir-se com senadores em menores grupos afeta a capacidade analítica dos abutres da velha mídia golpista. Vide o exemplo de ontem, que, horas antes, os veículos pró-Temer diziam sobre a infalibilidade do golpe no Congresso. Mas o Brasil e o mundo viram outra coisa: derrota acachapante dos golpistas.

O senador Roberto Requião não quis declinar os nomes dos senadores que estiveram ontem à noite com ele e Lula.

Toledo: calendário incerto de Temer explica o discurso evasivo

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"Enquanto setembro não chega, Temer tem que receber pessoalmente Eduardo Cunha e achar bacana. Tem que esperar ministro pego com a boca na botija pedir demissão porque não tem autonomia nem para demiti-lo. Tem que nomear quem lhe encomendam sem reclamar – e não nomear substitutos para os ex-ministros porque eles ainda acalentam a esperança de voltar. E dar aumentos, e liberar verbas, e bajular senadores e adular governadores. Às pencas", diz o colunista José Roberto de Toledo 

247 - Para José Roberto de Toledo, Michel Temer age como titular, mas sofre como interino. “Ajuste fiscal? Equilíbrio orçamentário? Medidas impopulares? Um dia, talvez, quem sabe? O calendário incerto de Temer explica o discurso evasivo. Subjaz a questão: como exigir de mim, um interino, a força de um titular?”, diz.
golpe, impeache 

"Enquanto setembro não chega, Temer tem que receber pessoalmente Eduardo Cunha e achar bacana. Tem que esperar ministro pego com a boca na botija pedir demissão porque não tem autonomia nem para demiti-lo. Tem que nomear quem lhe encomendam sem reclamar – e não nomear substitutos para os ex-ministros porque eles ainda acalentam a esperança de voltar. E dar aumentos, e liberar verbas, e bajular senadores e adular governadores. Às pencas", ressalta.

Segundo ele, seu teste de popularidade como titular ocorrerá em agosto, na abertura das Olimpíadas (leia aqui).