Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Lançamento de livro sobre golpe terá Dilma e ato político

Lançamento de livro sobre golpe terá Dilma e ato político


livro capa
No mês passado, iniciativa relâmpago de um grupo de intelectuais cariocas que participa do grupo de Whats App “Os Carbonários” – grupo que conta com juristas, jornalistas, enfim, com intelectuais de várias partes do Brasil –, que integro, ocupou-se de selecionar 103 textos que simbolizassem a luta que o setor pensante da sociedade empreendeu contra o vergonhoso golpe parlamentar que afastou da Presidência da República uma mulher honesta e, em seu lugar, colocou um picareta acusado de corrupção na Operação Lava Jato.
Foi assim que nasceu o livro “A Resistência ao Golpe de 2016”, organizado pelos acadêmicos cariocas Carol Proner, Gisele Cittadino, Márcio Tenenbaum e Wilson Ramos Filho.
livro 2
Com índice de artigos ordenado pela ordem alfabética do nome dos autores, a obra conta com a contribuição de figuras de renome internacional como o juiz espanhol Baltasar Garzón, quem, em 1998, conseguiu prender por 503 dias em Londres o ex-ditador chileno Augusto Pinochet valendo-se de uma ordem de captura internacional – graças a Garzón, o monstro chileno não morreu totalmente impune, tendo escapado de pena maior por “problemas de saúde”.
Outro nome de expressão que figura entre os autores do livro é o de Boaventura de Sousa Santos, professor jubilado da Universidade de Coimbra. Foi um dos fundadores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra em 1973, onde veio a criar o curso de sociologia.
Seria impróprio escolher falar dos autores nacionais porque todos são muito bons. Há políticos, blogueiros, jornalistas, professores universitários, juristas, artistas, escritores etc., etc.
O livro tem 95 autores e 103 textos. Escrevi dois deles. Um é o post que denunciou que a 24ª fase da Operação Lava Jato havia sido vazada pelos investigadores para toda a imprensa de São Paulo e Rio de Janeiro; o outro é post em que sugiro à presidente Dilma que denuncie o golpe ao mundo.
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Todos os textos publicados no livro foram escolhidos pelos organizadores por terem, de alguma maneira, influído no cenário político. No caso dos textos do autor desta página, um provocou o adiamento da 24ª fase da Lava Jato e lhe rendeu ameaças de chefões da Operação, e o outro ajudou Dilma a se decidir pela denunciação ao mundo do golpe no Brasil, segundo informações de bastidores.
O livro foi lançado primeiramente em Brasília em 30 de maio. Confira, abaixo, o vídeo do lançamento.



De lá em diante, já houve lançamentos do livro em várias capitais. E o ex-presidente Lula gravou um vídeo de apoio à obra.



Agora, o livro será lançado em São Paulo – com certo atraso. Será no próximo dia 20, na Casa de Portugal, no Bairro da Liberdade, às 19 horas. A presidente Dilma estará presente.
livro 1
Como mostra a foto no alto da página, este blogueiro ficou encarregado de receber e distribuir em São Paulo os livros que serão vendidos por aqui. Na última quarta-feira, recebi algumas centenas de exemplares. Serão vendidos a 30 reais cada. Trata-se de uma obra obrigatória, de um registro histórico sobre um dos processos mais tristes da história deste país. Porém, servirá de norte para que, no futuro, as próximas gerações entendam o Golpe de 2016.

As bombas de efeito-retardado que Sérgio Machado deixou para a coalizão Temer-PSDB: Furnas, Castelo de Areia e dois entregadores de propina



As bombas de efeito-retardado que Sérgio Machado deixou para a coalizão Temer-PSDB: Furnas, Castelo de Areia e dois entregadores de propina

 
Captura de Tela 2016-06-07 às 16.17.56Da Redação
 
José Sérgio de Oliveira Machado, ao se aproximar dos 70 anos de idade, deve ter imaginado que não valia a pena terminar a vida na cadeia.
Juntou-se aos três filhos que participaram direta ou indiretamente de seus negócios e produziu 246 páginas de denúncias sobre o submundo da política brasileira.
Ele tem história. Serviu como coordenador de campanha de Tasso Jereissati no Ceará, estado pelo qual foi eleito deputado federal (1991-94) e senador (1995-2003).
Foi líder do PSDB no Senado, mas não se reelegeu em 2002.
Indicado pelo PMDB, assumiu a direção da Transpetro no governo Lula e passou a “pagar” a conta aos que o sustentavam no cargo: Renan Calheiros, Romero Jucá, Édison Lobão e José Sarney.
Machado calcula que distribuiu a políticos mais de R$ 100 milhões. Renan teria levado R$ 32 milhões, Lobão R$ 24 mi, Jucá R$ 21 mi, Sarney R$ 18,5 mi, Jader Barbalho R$ 3 mi e Henrique Eduardo Alves R$ 1,5 mi.
Trata-se da base de sustentação do governo interino de Michel Temer.
O próprio Sérgio Machado chegou a acumular no Exterior uma fortuna estimada em R$ 74 milhões — ele alega que juntou dinheiro dentre outros motivos para disputar o governo do Ceará em 2010.
Transitando na confluência dos negócios com a política, Machado aparece no documento da Procuradoria Geral da República como uma espécie de historiador do propinoduto brasileiro, que ele alega ter surgido em 1946 com taxas fixas: 3% em contratos nacionais, 5 a 10% em estaduais, 10 a 30% em negócios municipais.
Ele relata curiosas manobras políticas de bastidores: o ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra, e o demo Heráclito Fortes teriam cobrado propina para deixar andar numa comissão do Senado um projeto que interessava à construção naval no Brasil.
Trata também do esforço que levou Aécio Neves à presidência da Câmara no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Para montar a bancada de 99 deputados, foram feitas contribuições de campanha de 100 a 300 mil com dinheiro do empresariado, inclusive trazido de fora. Das sobras da campanha de FHC teriam vindo R$ 4 milhões. Aécio teria embolsado R$ 1 mi em dinheiro.
Diz a delação que “com frequência, Aécio recebia esses valores através de um amigo de Brasília, que o ajudava nessa logística; que esse amigo era jovem, moreno e andava sempre com roupas casuais e uma mochila”.
FHC temia contrariar Antonio Carlos Magalhães, já que o PFL tinha a maior bancada na Câmara (105 deputados). Mas Aécio, bombado com dinheiro do propinoduto, deu o golpe fechando acordo com o PMDB, que elegeu Jáder Barbalho presidente do Senado.
Sobre questões mais atuais, como a tentativa da coalizão PMDB-PSDB de acabar com a Lava Jato, Machado esclareceu que Renan Calheiros tratou do assunto com os tucanos  José Serra e Aécio Neves e pretendia em breve incluir nas conversas José Agripino e Fernando Bezerra.
Mas há outros danos, de efeito-retardado, que a delação da família Machado pode inflingir ao governo Temer.
Sérgio Machado, falando como íntimo do tucanato, reforça enormemente denúncias que o PSDB tanto fez para desacreditar,  sobre o esquema de Furnas.
A certa altura, ele diz que num contrato de janeiro de 2008 entre a Transpetro e a Bauruense, o dono desta, Airton Daré, pagou 300 mil reais em propina e que o empresário revelou que agia da mesma forma com a Eletrobras.
Daré, como se sabe, foi recordista em contratos com Furnas, que tinha um aliado de Aécio Neves, Dimas Toledo, como diretor de Engenharia. Numa ação de busca e apreensão na casa do empresário, em Bauru, a Polícia Federal apreendeu R$ 1.027.850,00 e U$ 356.050,00 em dinheiro vivo.
O doleiro Alberto Yousseff e o ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, já haviam mencionado Aécio. Segundo eles, Daré pagava propina ao hoje senador tucano pelos contratos obtidos em Furnas. Corrêa mencionou a irmã do tucano, Andrea Neves, como intermediária.
Na famosíssima Lista de Furnas, que teria bancado a campanha dos tucanos em 2002, o nome de Andrea aparece ao lado de R$ 650 mil: “Valor avulso repassado para Andréa Neves, irmã de Aécio Neves, para os comitês e prefeitos do interior do Estado – MG”.
Já aparece no horizonte a possibilidade de que outro delator, Nilton Monteiro, venha a ser ouvido em futuras investigações. Ele foi íntimo das campanhas tucanas em Minas Gerais. Já afirmou que aceitaria contar tudo a autoridades federais desde que os processos a que responde na justiça estadual sejam federalizados.
Outro ponto importantíssimo da delação de Sérgio Machado é a descrição que ele faz de um esquema envolvendo a empreiteira Camargo Corrêa. O executivo Pietro Bianchi teria repassado R$ 9 milhões vindos de contas no paraíso fiscal de Andorra ao esquema comandado por Sérgio Machado.
Como se sabe, muito antes da Operação Lava Jato a Camargo Corrêa foi o foco da Operação Castelo de Areia, anulada pelo STJ. A Polícia Federal, ao fazer busca e apreensão na empresa, conseguiu acesso à contabilidade paralela da empreiteira. Bianchi foi um dos principais alvos da Castelo de Areia. O nome do hoje presidente interino Michel Temer aparece várias vezes nos relatórios da operação da PF (reproduzidos abaixo).
Como se tudo isso não bastasse, a família Machado ainda entregou à PGR dois “homens da mala”, intermediários que faziam o trânsito de dinheiro vivo para o pagamento de propina a políticos: um se chama Felipe Parente e o outro, Alexandre Lui.
Certamente ambos serão chamados a depor, o que acrescenta a possibilidade de que, em breve, saberemos detalhes pitorescos sobre a circulação do cash no propinoduto de Sérgio Machado.
Destinatários? Todos os “homens fortes” do governo Temer.





Tijolaço: Cai o circo da hipocrisia. Todo mundo lá. Menos Dilma e Lula

Não há muito o que dizer depois da divulgação do depoimento de Sérgio Machado, ex-diretor da Transpetro.
A fábrica de salsichas de política real foi aberta e viu-se a massa que mistura o são e o nojento na formação da pasta que a compõe.
Há de tudo ali: dinheiro que serviu para o enriquecimento pessoal, recursos que serviram para comprar apoio do outros políticos, verbas para campanhas eleitorais milionárias e trocados para campanhas modestas, num cenário de mercantilização das eleições fez centenas de milhares de reais serem quantias modestas.
Há a corrupção histórica, própria dos canalhas e é a corrupção inevitável feita por um sistema eleitoral em que é – ou era – “legal” que um candidato pudesse receber milhares ou milhões de reais de uma empresa.
Ainda não é o pior, porque o pior está por vir.
Abriu-se a caixa de Pandora e a vintena da lista de Machado não é nada perto do que, se o fizerem, do rol que sairá das delação das empreiteiras.
Mas já coloca Michel Temer na situação de explicar, aos gaguejos, que não pediu e, adiante, ser desmentido com a prova do encontro com Machado. Tanto que que saiu pela tangente, dizendo que não pediu doações ilegais. Ilegais.
Renan, Sarney, Jucá, os sócios “beneméritos” da lista, ganhavam mesada. Os “esquerdistas” ganhavam uma “merreca”, na forma de doação. “Os políticos sabiam que o dinheiro vinha de empresas que prestavam serviços à Transpetro”, diz Machado para justificar colocar todos no mesmo saco.
Aécio sai com  trechos da delação colados em sua testa, pela farta distribuição de dinheiro a seus aliados e a “bolada” destinada a ele, pessoalmente, vinda daqui e do exterior.
Mas há dois nomes importantes.
Não por estarem na lista, mas por não estarem citados em momento algum.
Nomes que eram, diretamente, os responsáveis por manter Sérgio Machado no cargo, ainda que indicado pelo PMDB.
São exatamente Lula e Dilma.
Apontados como vilões, são dos poucos a quem, mesmo os delatores mais dispostos a tudo para salvar a pele, não apontam o recebimento de vantagem em dinheiros.

Delatado por Machado, Temer cancela fala à Nação

247 – O governo interino classificou a denúncia de que Michel Temer, teria pedido doação de recursos ilícitos para a campanha a prefeito de São Paulo de Gabriel Chalita em 2012 como "muito ruim para a governabilidade".
A divulgação do conteúdo da delação de Sérgio Machado já atrapalha os planos do presidente interino. Temer foi aconselhado a cancelar o pronunciamento à nação em cadeia de televisão e rádio, previsto para esta sexta-feira, com receio de panelaços.
No final da tarde desta quarta-feira, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência se viu forçada a distribuir uma nota oficial, dizendo ser "absolutamente inverídica a versão de que [Temer] teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da Transpetro".
Machado foi preciso em suas acusações e diz que conversou com Temer na Base Aérea de Brasília, provavelmente em setembro de 2012, para acertar uma doação de R$ 1,5 milhão.
Leia aqui reportagem de Gustavo Uribe sobre o assunto.