Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 10 de março de 2015

DEPOIS DE DESTRUIR NACIONALISMO ÁRABE, EUA PREPARAM O BOTE NA AMÉRICA DO SUL

Cristina Fernandez, Nicolas Maduro, Dilma Rousseff, Evo Morales


DEPOIS DE DESTRUIR NACIONALISMO ÁRABE, EUA PREPARAM O BOTE NA AMÉRICA DO SUL

por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador

A lista é impressionante: Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria. Em menos de 15 anos, os quatro países se transformaram em Estados zumbis. É algo muito grave, a indicar a direção para onde aponta a política expansionista dos Estados Unidos no século XXI.

Com o fim da Guera Fria, deixaram de ter qualquer anteparo para sua estratégia de fazer tombar todos os governos que signifiquem ameaça ao controle do petróleo no Oriente Médio (ou em outras partes do planeta).

Saddam Hussein (Iraque) não era um santo. Todos sabemos. Muamar Gadafi (Líbia), tampouco. Os dois, ao lado da família Assad na Síria, faziam parte de um movimento (o nacionalismo árabe) a significar um grito de independência desses países – que, no passado, haviam estado sob domínio turco ou europeu.

Outra característica unia os três (e era a marca também do regime forte no Egito, comandado por Mubarak, que caiu na tal “primavera árabe”): conduziam estados laicos, com um discurso pautado mais pelo “orgulho nacional” do que pela religião. Eram países comandados por regimes fortes, organizados, com projetos de nações independentes. Apesar de longe, muito longe, de qualquer princípio democrático.

Em nome da democracia, os Estados Unidos varreram do mapa esses governantes. A Líbia foi retalhada, já não existe, debate-se em crise permanente com o confronto entre pelo menos 4 facções armadas. A Síria é um semi-estado, em que Assad resiste em Damasco, mas vê o Estado Islâmico (EI), de um lado, e os “rebeldes” armados pelos EUA/Europa, de outro, avançando sobre grandes porções do território. O Iraque é agora um protetorado ocidental, sem qualquer margem para se organizar de forma independente.

Vejo alguns analistas “liberais”, na imprensa brasileira, dizendo que Washington “fracassou” porque derrubou governos autoritários e, em vez de democracias, colheu o caos no Oriente Médio. Coitados. Tão ingênuos esses norte-americanos.

Ora, ora. Pode haver algo mais fácil de controlar do que populações desorganizadas, que se matam em guerras sem fim, sem a proteção de nada parecido com um Estado organizado?

O projeto dos EUA era – e é – o caos, a criação de uma grande franja que (do norte da África ao Tigre e Eufrates, chegando às montanhas do Afeganistão) debate-se no caos. É o que tenho chamado de “Estados zumbis”.

Mais recentemente, a intervenção de Washington avançou para a Ucrânia. De novo, vejo quem lamente que a intervenção não tenha levado a uma democracia ucraniana em estilo ocidental. Como se o objetivo fosse esse…

Está claro que, também na Ucrânia, o objetivo era criar um estado de caos e inoperância – que, de toda forma, é melhor do que uma Ucrânia forte, unificada, pró-Russia (essa era a ameaça antes da famosa rebelião fascista da Praça Maidan, insuflada pelos EUA, em Kiev).

A diferença é que na Ucrânia os norte-americanos encontraram resposta russa, que puxou para si a Criméia e as regiões do leste ucraniano (onde a cultura dominante e a língua são russas). “Ok, vocês podem criar o caos na sua Ucrânia; mas na nossa, não” – esse parece ter sido o recado de Putin a Obama.

Evidentemente, a derrubada dos governos em cada um desses países (do norte da África ao Afeganistão, da Ucrânia ao Tigre/Eufrates) seguiu motivações e roteiros próprios. Mas todas essas intervenções são parte de um mesmo movimento de afirmação da hegemonia dos Estados Unidos.

O poder imperial, em relativa crise econômica, se afirma pelas armas de forma impressionante, mundo afora – e isso em apenas 15 anos.

Vivemos o período das “operações especiais”, das guerras não-declaradas, das rebeliões movidas a whatsapp e vendidas como “gritos pela democracia”.

O mundo se ajoelha ao poder imperial. O nacionalismo árabe, que oferecia alguma resistência ao avanço dos EUA e seus parceiros da OTAN, foi destroçado.

Outro pólo de oposição é o que se desenha na Eurásia, com a parceria energética e logística entre russos e chineses. Por isso, Putin está sob cerco econômico, e ali – mais à frente – será jogada a partida decisiva no xadrez mundial.

Antes disso, no entanto, a política de intervenção de Washington se move para a América do Sul. Honduras e Paraguai foram ensaios, bem-sucedidos.

Venezuela, Argentina e Brasil: aqui, agora, vemos avançar o projeto de criar novos Estados zumbis. Depois do nacionalismo árabe, chegou a hora de destruir o nacionalismo latino-americano. Não é por outro motivo que “bolivarianismo” virou o anátema, o palavrão, o inimigo a ser derrotado – numa ofensiva que é política, econômica e sobretudo midiática.

Claro que todos esses país possuem problemas. Não quero dizer que todos os dilemas da América do Sul sejam responsabilidade do Império do Norte. Não. Simplesmente, Washington aproveita as contradições e fraquezas internas, em cada um desses países, para assoprar a faísca do caos.

Aqui, no Brasil, a intervenção não precisa ser diretamente militar. Basta atiçar setores sob hegemonia da cultura (e da grana) dos Estados Unidos.

Num encontro social (em São Paulo, claro), recentemente, ouvi a proposta pouco sutil: “bom mesmo é que o Obama invadisse isso aqui, e acabasse com essa bagunça”. Esse é o projeto dos paneleiros no Brasil. O fim da Nação, a anexação ao Império.

A próxima batalha – parece – será travada na Venezuela.

Maduro fustigou os Estados Unidos, mandando embora parte do pessoal da embaixada dos EUA em Caracas. Agora Washington reage e declara a Venezuela uma ameaça à segurança dos Estados Unidos (leia aqui).

A escalada verbal favorece os setores mais duros do chavismo. Ameaça de intervenção do Império pode dar a justificativa para um governo chavista mais forte, em que o poder já não estaria com Maduro, mas com os militares chavistas. A burguesia que hoje bate panelas em Caracas talvez tenha que seguir o caminho da elite cubana, em direção a Miami. Mas haveria guerra civil. O caos. Uma Líbia, ou um Iraque, às portas do Brasil.

Com um governo muito mais moderado, o Brasil também vive em estado de pré-convulsão política. Reparem: é o Estado (e não o “petismo”) que pode se desmanchar. Petrobras, políticas sociais, a própria ideia de desenvolvimento. Tudo isso está em cheque. E não é à toa.

Na Argentina, já se fala abertamente no envolvimento de serviços de inteligência estrangeiros, na morte do procurador Nisman – com o objetivo de desestabilizar Cristina Kirchner - leia mais aqui, no texto de Paul Craig Roberts (sugestão do site O Empastelador).

No Brasil, vivemos uma venezuelização de mão única: apenas um dos lados aposta no confronto total. Os paneleiros querem sangue; o governo mantem a moderação verbal. Até quando?

O cenário é de um confronto que ameça não o governo Dilma, mas a própria ideia de um Estado nacional com projeto próprio. Não é à toa que os quadros mais ajuizados da burguesia – inclusive ex-tucanos, como Bresser Prereira alinham-se contra o golpe, e em defesa do projeto nacional.

A manifestação do dia 15 é só um capítulo da guerra. A própria batalha do impeachment é parte de uma guerra muito mais ampla.

Essa guerra será dura, e pode durar muitos anos. O tempo da conciliação acabou.

PS do Rodrigo: Nos anos 80, quando se falava na participação direta dos Estados Unidos na derrubada de TODOS os governos do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai), ocorrida uma ou duas décadas antes, certos liberais uspianos sorriam, e atribuíam a afirmação a “teorias conspiratórias”; com a abertura dos arquivos em Washington, conheceu-se a verdade. Parece “teoria conspiratória” que, depois de eliminar o nacionalismo árabe, os EUA preparem-se para um ataque contra a América do Sul bolivariana?
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Tarso Genro: Mídia omite que PP gaúcho apoiou Aécio Neves


Barusco: 'Não posso dizer se Vaccari recebeu'


Pautas que a midia isenta esqueceu: o doleiro Alberto Youssef afirma que doou US$ 12 milhões ao PP, do falecido José Janene, em 2001, sob o governo FHC. De onde saiu esse dinheiro?


 Perguntas que a mídia prefere calar: doleiro Alberto Yousseff afirma que havia informação de que Aécio Neves e Janene, do PP, dividiram uma diretoria de Furnas durante quatro anos e que o dinheiro era comissionado para a irmã de Aécio.Quem era o diretor? O que ele faz hoje?

  Agora é rua: o golpismo aquece as caçarolas para fritar o governo Dilma;não reagir é sancionar uma regressão que contaminará toda AL; sexta-feira, 13, na rua em defesa da democracia, da Petrobras e do desenvolvimento com justiça social

 Carta maior


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Ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, depõe à CPI e esclarece pontos levantados pela mídia sobre US$ 200 milhões que teriam sido pagos ao PT; "O que eu disse e quero esclarecer é o que eu estimo que o PT tenha recebido", afirmou; "Como eu recebi a minha parte, imagino que outros tenham recebido"; Barusco levantou ainda outras dúvidas; "Não sei se o Vaccari recebeu, se foi doação legal, se foi no exterior, se foi em dinheiro"; ele afirma ainda que, dos US$ 100 milhões que recebeu, nunca transferiu nada a ninguém e que irá repatriar os recursos; Pedro Barusco falou também que se arrependeu de receber recursos ilícitos da Petrobras; "Entrei num caminho sem volta e me sinto aliviado por estar devolvendo os recursos. É um caminho que eu não recomendo para ninguém", afirmou; denúncia dos "US$ 200 milhões em propina" foi amplamente explorada pela mídia

247 - O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco presta depoimento na manhã desta terça-feira, 10, na CPI da Petrobras. Ele deixou claro que é uma estimativa o que ele falou sobre suposto recebimento de propina para o PT. O valor de US$ 200 milhões está baseada nos recursos supostamente repassados ao tesoureiro do partido, João Vaccari.

"O que eu disse e quero esclarecer é o que eu estimo que o PT tenha recebido", afirmou; "Como eu recebi a minha parte, imagino que outros tenham recebido". Barusco levantou ainda outras dúvidas: "Não sei se o Vaccari recebeu, se foi doação legal, se foi no exterior, se foi em dinheiro".
Pedro Barusco falou também que se arrependeu de receber recursos ilícitos da Petrobras. "Entrei num caminho sem volta e me sinto aliviado por estar devolvendo os recursos. É um caminho que eu não recomendo para ninguém", afirmou.

Barusco repetiu informações que constam dos depoimentos que já prestou no processo de delação premiada junto à Justiça Federal. Ele ratificou à CPI que a propina paga pelas empresas contratadas pela Petrobras variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos, e que esses recursos eram divididos da seguinte maneira: metade para o PT, por meio de João Vaccari, e metade para a "Casa", como ele chama os diretores da Petrobras envolvidos no esquema. Ele menciona, entre estes, Renato Duque e, eventualmente, Jorge Luiz Zelada e Roberto Gonçalves.

Ele afirmou que não repassou recursos para ninguém. "Nunca repassei recursos para ninguém. Por isso tenho o volume elevado [de US$ 100 milhões] que está sendo repatriado pelo Ministério Público Eu recebia para mim e para o Renato Duque".

Barusco contou que iniciou a receber propinas por serviços prestados à Petrobras em 1997. "Iniciei a receber propina em 1997, 1998, por iniciativa minha. Mas a partir de uma forma mais institucionalizada, foi a partir de 2004", afirmou.

Após a abertura da sessão, os parlamentares defenderam na sessão a saída dos deputados Lázaro Botelho (PP-TO) e Sandes Júnior (PP-GO) (suplente) da CPI. Os dois foram citados na lista entregue ao STF. "Investigados não devem investigar", afirmou Ivan Valente (PSOL-SP). Outro a se manifestar a favor da saída dos investigados foi o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).

O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB) informou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prestará depoimento na próxima quinta-feira (12), a partir das 9h30.

Cunha é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de ter se beneficiado do esquema de corrupção da Petrobras. Segundo Motta, o presidente da Câmara se colocou à disposição para depor, portanto, não se trata de convocação.

Barusco, que também é delator da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, ainda começou a falar. Nessa segunda-feira, 9, o engenheiro havia pedido que seu depoimento fosse tomado em sessão secreta, mas os deputados decidiram manter a sessão aberta.

Em sua delação premiada à Justiça, entre outras afirmações, Barusco declarou ter recebido, desde 1997, propina de empresas que mantinham contrato com a Petrobras; e que, a partir de 2003, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, passou a participar do esquema – segundo o delator, Vaccari teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propinas para o PT entre 2003 e 2013.

O deputado Affonso Florence (PT-BA) disse que o simples depoimento de Barusco não serve de prova contra o partido. "Não é um réu confesso, em delação premiada, que vira juiz. Então, ouvi-lo não significa que quem ele citou está condenado", argumentou. "Significa que quem ele citou tem direito a defesa. Temos de encarar isso com parcimônia, sem 'espetacularizar' e transformar em herói réu confesso", completou.

A convocação de Barusco, como primeiro depoente da CPI, foi fruto de um acordo entre deputados da oposição e do governo. Depois dele, serão ouvidos os ex-presidentes da Petrobras Sergio Gabrielli e Graça Foster.