Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 2 de março de 2015

Abertura de contas no HSBC de 1997 a 2002 supera a de 2006 a 2007

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swiss leaks

Ficou curioso sobre a razão de nenhum parlamentar do PSDB ter assinado o pedido de instalação de Comissão Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do SwissLeaks-HSBC protocolado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL) na quinta-feira (26)no Senado Federal? Bem, talvez o Blog da Cidadania possa ajudá-lo a entender o “fenômeno”.
No dia 19 do mês passado, este Blog publicou o post Abertura de contas brasileiras no HSBC suíço teve pico durante privatizações de FHC. A matéria revelou que as 6.606 contas de 8.667 brasileiros abertas naquela instituição desde 1970 tiveram picos de abertura em três períodos. O gráfico abaixo foi extraído do site do The International Consortium of Investigative Journalists (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) e mostra a movimentação.
hsbc 1
No site oficial do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, ao passar o mouse sobre os pontos de intersecção entre os anos marcados no gráfico reproduzido acima, aparece quanto aumentou o número de contas abertas por brasileiros naquela instituição desde 1988. O que se descobre nessa pesquisa é o que o Blog passa a demonstrar abaixo.
Em 1988, foram abertas 8 contas
Em 1989, foram abertas 419 contas
Em 1990, foram abertas 378 contas
Em 1991, foram abertas 582 contas
Em 1992, foram abertas 120 contas
Em 1993, foram abertas 43 contas
Em 1994, foram abertas 12 contas
Em 1995, foram abertas 24 contas
Em 1996, foram abertas 4 contas
Em 1997, foram abertas 65 contas
Em 1998, foram abertas 54 contas
Em 1999, foram abertas 81 contas
Em 2000, foram abertas 25 contas
Em 2001, foram abertas 43 contas
Em 2002, foram abertas 49 contas
Em 2003, foram fechadas 63 contas
Em 2004, foram fechadas 63 contas
Em 2005, foram fechadas 84 contas
Em 2006, foram abertas 20 contas
Em 2007, foram abertas 187 contas
Desses dados, extrai-se que houve três períodos de pico de abertura de contas de brasileiros na instituição suíça:
De 1988 a 1991, foram abertas 1387 contas
De 1997 a 2001, foram abertas 317 contas
De 2006 a 2007, foram abertas 207 contas
Estranhamente, a grande mídia brasileira comenta apenas o pico de 2006 e 2007 como período suspeito por terem sido criadas 207 contas após terem sido fechadas 210 contas de 2003 a 2005, mas a mesma mídia não comenta um pico muito maior de 1997 a 2002, quando foram abertas 317 contas.
Ocorre que o período que vai de 1997 a 2002 marcou também o pico de privatizações no Brasil, a dita “privataria tucana”, que até virou livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., um best-seller com mais de 200 mil cópias vendidas.
A mídia brasileira pode noticiar o que quiser, mas o fato é que tanto a CPI que está praticamente aberta no Senado quanto a investigação que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mandou abrir na Polícia Federal por certo não vão escolher um único período para investigar e, devido ao grande volume de abertura de contas durante as privatizações de Fernando Henrique Cardoso, o Estado brasileiro irá querer saber quem são os titulares das contas abertas naquele período.
A recusa do PSDB em assinar a CPI do HSBC suíço torna-se extremamente eloquente diante dos dados acima, não acha, leitor?

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Por que o PiG está nervosinho com o Janot

É porque o Merval, em nome do PiG, ainda não assumiu o lugar do Barbosa no STF … – PHA



Conversa Afiada reproduz brilhante – como sempre ! – artigo do Fernando Brito

A LISTA DE JANOT E A HISTERIA DA IMPRENSA



Hoje ou amanhã, será divulgada a lista dos políticos que serão investigados no contexto da Operação Lava-Jato.

Embora parte dos nomes já seja conhecida, graças aos vazamentos promovidos no Paraná, mais importante é interpretar a atitude do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot,  de pedir a abertura de inquérito sobre os indícios de crime dos acusados, em lugar – como lhe exigia quase abertamente a mídia – apresentar denúncias, no STF e no STJ, imediatamente.

Ou, pelo menos, em relação à maioria dos nomes citados.

Por que?

Parece estar claro que Janot tem dúvidas – a esta altura quase obrigatórias – não apenas sobre o conteúdo e a precisão das informações enviadas pelo Ministério Público Federal e pelo juiz Sérgio Moro, mas sobre os métodos que levaram à sua obtenção.

À denúncia, juridicamente, se exige uma descrição precisa e circunstanciada do alegado crime (o que ocorreu, como, onde, através de que pessoas ou meios se realizou e o conjunto de provas sobre os quais estas afirmações se dão).

Não vale o “ele sabia”, o “ouvi dizer” ou o “era notório que” da escola de “direito” paranaense.

Perante um Juiz – com maiúscula, por favor – isso provoca a rejeição (tecnicamente, o não-acolhimento) da denúncia.

Só um promotor irresponsável e politiqueiro faria isso e empurraria para um Juiz (de novo com maiúscula) ao papel de aceitar o que não deveria, por pressão da mídia linchadora.

Por isso a Folha antecipou a posição de Janot com uma manchete para lá de parcial: “Janot pedirá só abertura de inquéritos contra políticos”.

“Só”?

Um colunista disse que  “se pedir só inquéritos, Janot desidratará Lava Jato no STF”.

Desidratar quer dizer tirar o poder total de Sérgio Moro.

Com a abertura do inquérito, embora não se avoque ao Supremo ou ao STJ os processos daqueles que não possuem privilégio de Foro, os seus depoimentos (e, consequentemente, suas declarações sobre os chamados “agentes políticos”) passam a integrar o inquérito das instâncias superiores. Podem, inclusive,  serem chamados a prestar novas declarações, se o que foi colhido for impreciso ou se restarem dúvidas sobre como foram colhidas os depoimentos.

É muito mais difícil que se possa ter, como no caso do chamado “mensalão”, ações paralelas, relativas aos mesmos acontecimentos que, numa penada, possam ficar de fora do processo, baseado apenas naquelas tiradas de Joaquim Barbosa do “ah, isso não interessa”.

É por isso que a imprensa se frustrou com a opção de Janot de pedir a abertura de inquérito.

Por que ela descarta a espécie de “rito sumário” que se pretendia dar a este processo, no qual o “Superior Tribunal do Paraná” dá o veredito, aplica a nema e envia para o STF apenas homologar e estender aos que estão sob sua jurisdição as penas correspondentes.

O Dr. Janot parece estar sendo prudente, em meio ao festival de histeria do “prende até que confesse o que eu quero”  desta loteria de delações que vem sendo promovida, que já anda pela casa de duas dezenas, ao que se sabe, se considerarmos as “passagens para o perdão” fornecidas pelo Dr. Moro, “com direito a acompanhantes”.

É bom, para a Justiça e para o Estado de Direito que o seja.

Do contrário, é melhor revisarmos a organização judiciária do país e passemos a ter como instância máxima da Justiça o “STM”, o “Supremo Tribunal do Moro”.

Ou da Mídia, no que se aproveita a sigla e que não é o mesmo, mas é igual
.


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Quem for às ruas no dia 15 vai estar vomitando seu ódio com o patrocínio de empresas e políticos que querem tirar o foco da lista de políticos da Lava Jato


Antonio Lassance (*)

Roberto Brilhante




















Impeachment S.A.: uma empresa de capital aberto e mente fechada


Que ninguém se engane ou se faça de desavisado. As organizações Impeachment S.A. - uma sociedade mais ou menos anônima - está aí não só para promover eventos, mas, sobretudo, para se capitalizar.


Quem quiser ir às ruas no dia 15, com nariz de palhaço e cartazes pró-impeachment, vai estar batendo o bumbo e vomitando seu ódio com o patrocínio de empresas e políticos que querem bombar o desgaste de um governo por razões nada republicanas.

Algumas das organizações mais ativas na mobilização das manifestações do dia 15 de março são um negócio patrocinado pela oposição partidária e empresarial, com os préstimos sempre valiosos do cartel midiático, que dá uma boa força para a sua divulgação.

Tal e qual nos bons tempos do golpismo dos anos 1950 e 1960, trabalhar pela derrubada de um governo é, em parte, ideologia, mas tem seu lado 'business'. Dá dinheiro.

Os grupos que organizam os protestos e clamam pelo impeachment começam como rede social, mas crescem com apoio partidário e empresarial.

Nenhum desses grupos deixa de pedir, publicamente, recursos para financiar seu 'trabalho' - seria melhor dizerem 'seu negócio'. Até aí, nada de mais. 

Porém, o grosso das contribuições que algumas dessas pessoas recebem não são públicas e nem de pessoas que dão 5, 10, 100 reais. Hoje, a maior parte da grana que rola em prol do impeachment de Dilma tem outra origem.

Empresários em pelo menos três estados (São Paulo, Pernambuco e Paraná) relatam ter recebido telefonemas pedindo dinheiro para a organização dos atos do dia 15. A fonte da informação são advogados consultados para saber da legalidade da doação e possíveis implicações jurídicas para as empresas.

Em um dos casos, o pedido não foi feito diretamente por alguém ligado aos perfis de redes sociais que convocam o ato, mas por um deputado de oposição, com o seguinte argumento: "precisamos ajudar esse pessoal que está se mobilizando para tirar esses vagabundos do poder".

O curioso é que o deputado oposicionista faz parte do seleto grupo de parlamentares que teve o privilégio de contar, entre seus financiadores de campanha, com empresas citadas na Lava Jato. Portanto, pelo critério da Impeachment S.A., o deputado amigo é, de fato, um honorável vagabundo.

É bom lembrar que quase a metade dos nomes da famigerada lista do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, estava ligada às campanhas de Aécio ou Marina Silva

As empreiteiras pegas na Operação Lava Jato doaram quase meio bilhão de reais aos políticos e aos partidos com as maiores bancadas no Congresso, o que inclui os de oposição, como PSDB e DEM. Será que alguém vai se lembrar disso no dia 15?

Como o negócio funciona e prospera

A Impeachment S.A. virou franquia. Uma pessoa ou um pequeno grupo monta um perfil, sai à cata de adesões e seguidores e cria memes para serem espalhadas na rede. Com alguma sorte, essa 'produção' se torna viral - pronto, a fórmula de sucesso deu resultado.

Os grupos que organizam o protesto do dia 15 são muitos. Cada estado tem um ativista ou grupo de maior proeminência. Eles hoje disputam o mercado do protesto de forma cada vezmais empresarial. Com naturalidade, eles são absolutamente francos em dizer que o capitalismo é seu sonho de consumo. Qualquer maneira de ganhar dinheiro vale a pena.

Dependendo da força de adesão de cada perfil, o criador usa sua lista de seguidores, com ou sem nariz de palhaço, como portfólio para negociar patrocínio privado.

Quanto mais o impeachment se tornar um oba-oba, do tipo "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu", tanto melhor para o negócio de derrubar a presidenta.


A busca de um mercado do protesto veio a partir do momento em que esses mascates do impeachment bateram às portas dos partidos, como o PSDB, o DEM e o PPS.

Pelo menos no caso de Pernambuco, houve tentativas também junto ao PSB, cujo ex-candidato à presidência, Eduardo Campos, também consta citado na delação de Paulo Roberto Costa. O PSB hoje abriga, entre outros, 'socialistas' da estirpe do antigo PFL, como os renomados Heráclito Fortes (PI) e Paulo Bornhausen (SC).


Alguns dos ativistas da Impeachment S.A., de espírito empreendedor mais aguçado, pegaram a lista de financiadores de campanhas de políticos da oposição com os quais mantêm contato e foram pedir ajuda para conseguir abrir portas em empresas dispostas a financiar a campanha do impeachment.

Os políticos tucanos, ao que parece, têm sido os mais empenhados em redirecionar os pedidos de patrocínio privado para o universo das empresas.

Publicamente, só para variar, os tucanos definiram, com o perdão ao vocábulo 'definir', que apoiam o ato pró-impeachment, mas são contra o impeachment. Hein? Precisamos de pelo menos uns dois minutos para entender o raciocínio e pegar algum tucano pelo colarinho branco, escondido atrás de mais esse muro.

Os tucanos querem o protesto, torcem pelo protesto, ajudam a patrocinar o protesto, mas fingem que não têm nada a ver com isso. Faz sentido - e ainda tem gente que acredita que eles realmente não trabalham pelo impeachment.

Por que 15 de março?

A própria data do protesto foi calculada politicamente, pela Impeachment S.A., com um propósito evidente. 

O alvo do protesto é a presidenta Dilma Rousseff, convenhamos, justamente no mês em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgará a lista dos políticos envolvidos no escândalo. Mais exatamente, na semana seguinte àquela em que a lista de políticos será tornada pública.

Os revoltontos do dia 15 pedirão o impeachment de Dilma, que sequer aparece citada na Lava Jato. Será que vão pedir também o impeachment do senador Aécio Neves, cuja campanha recebeu doações das mesmas honoráveis empreiteiras, diretamente para o comitê de campanha desse candidato?

Vão pedir pelo menos o impeachment de Agripino Maia (DEM-RN), acusado de receber R$ 1 milhão em propina? Delator por delator, Agripino tem o seu e merece algum cartaz de algum revoltonto mais bem informado.

Irão pedir a apuração rigorosa e a prisão dos envolvidos com o trensalão tucano? Ou a falta d'água em São Paulo racionou também a memória e o senso de moral e ética dos que se dizem fartos - principalmente depois de seu repasto?

Irão eles pedir o impeachment dos parlamentares do PMDB? Eles fazem parte do segundo maior partido da Câmara, o primeiro no Senado, e seriam decisivos para a chance de impeachment. Só que, por coincidência, estão entre os preferidos das empreiteiras na hora de financiar campanhas.

Os revoltontos do dia 15 ainda não pararam para pensar que querem um impeachment de Dilma a ser feito por um Congresso cujo financiamento de campanha desenfreado deixa a maioria de seus parlamentares abaixo de qualquer suspeita - se for para generalizar o 'argumento' de quem vê Dilma como uma inimiga a ser banida.


Serão esses, de fato, os que podem abrir a boca para falar em afastar a presidenta eleita ? Estranho. Não deveriam ser eles os primeiros alvos de cassação?

Quem promove a campanha pelo impeachment está dando sua contribuição voluntária ou patrocinada para tirar o foco dos corruptos que de fato têm nome no cartório da Lava Jato - o que não é o caso da presidenta.

Seria melhor, antes de falarem em impeachment de uma presidenta eleita pelo voto de 54,5 milhões, que os revoltontos do dia 15 esperassem a lista de Janot e a usassem para escrever seus cartazes.

Por que não o fazem? Talvez por que isso não seja lá um bom negócio.






(*)Antonio Lassance é cientista político