Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Paulo Nogueira: Colunistas estão querendo crucificar Zé de Abreu

Zé de Abreu

por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

Estão querendo crucificar Zé de Abreu.

O colunista do Globo Jorge Bastos Moreno escreveu, no Twitter, que Zé de Abreu só tem autoridade para falar de dramaturgia.

De política, não.

Nesse campo, segundo Moreno, Zé de Abreu deveria se limitar a ouvir os sábios, aspas, jornalistas políticos das grandes empresas.

Isso porque Zé de Abreu questionou Moreno a respeito de uma série de tuítes em que ele afirmou que Lula está virtualmente morto no segundo governo Dilma.

Moreno listou colunistas que estão afirmando isso, os suspeitos de sempre, e com razão Zé de Abreu notou que há quatro anos eles dizem a mesma coisa.

Se você pegar material antigo da mídia, verá o número incrível de vezes, em 2014, em que Lula aparecia “querendo ” ser ele mesmo o candidato do PT à presidência.

Não bastaram os desmentidos, não bastaram sequer os gestos explícitos de apoio irrestrito de Lula a Dilma, mesmo nos momentos mais complicados de sua campanha. Lá estavam sempre os colunistas com uma informação de fonte privilegiada, aspas, segundo a qual Lula e Dilma guerreavam nos bastidores pela candidatura.

Deu no que deu.

Um desses colunistas é Josias de Sousa, do UOL, e por coincidência é outro que vem infernizando Zé de Abreu.

Josias publicou um texto em que criticou, asperamente, Zé de Abreu por uma série de tuítes em que ele, irreverentemente, registrou que pessoas como Lobão, Gentili e Aécio “se foderam”.

Zé de Abreu não foi exatamente um lorde inglês. Mas, comparado ao que os objetos de suas mensagens costumam escrever sobre ele mesmo e seu partido, foi suave, quase delicado. Atirou pedriscos em quem costumeiramente usa metralhadoras.

Josias não. Com sua prosa da Veja dos anos 70, quis matar Zé de Abreu.

Começou pelo título, em que o qualificou como “ator global”, com a clara intenção de intrigá-lo com a Globo.

Zé de Abreu, é verdade, representa o oposto do jornalismo da Globo, no qual há um exército de conservadores antipetistas em todas as mídias, de Merval a Jabor, de Míriam Leitão a Sardenberg, de Noblat a William Waack.

Mas ele é um ator e apenas um ator na Globo. Tem participação zero nas decisões jornalísticas da empresa.
Em seu campo de atuação, não se pode acusá-lo de propaganda ideológica: ele não enfia frases nos roteiros dos quais participa.

É um funcionário. Como ator, é pago para representar e representa. Ponto.

Fora da Globo, é um cidadão. Nesta condição, milita no PT, e está longe de ser um militante agressivo, intolerante, grosseiro. Se houvesse um ranking de petistas bem humorados, ele provavelmente ocuparia uma das primeiras colocações.

Sou apartidário. Entendo que o bom jornalismo não comporta compromissos com partido nenhum, e muito menos com interesses econômicos.

Como alguém de fora do PT, concordo com algumas ideias políticas de Zé de Abreu e discordo de outras.
Mas reconheço nele um cidadão inteligente e esclarecido, idealista e combativo – atributos que não enxergo nos “especialistas” em política da mídia que tentam crucificá-lo.

Escândalos abduzidos e a fonte de onde brota a corrupção, por Mauro Santaynna

bermudas

Do lúcido e vivido Mauro Santayanna sobre o “desparecimento” de escândalos e o manancial de corrupção que é o remédio que se recusam a usar contra a corrupção na política,  com eleições legal e imoralmente finaciadas pelas empresas.

“Nas últimas semanas, o Brasil tem vivido sob o impacto das notícias da “Operação Lava-Jato”, que, em busca de associar ao Mensalão, muitos chamam de Petrolão, esquecendo-se de que, enquanto se eleva esse novo escândalo ao posto de “o maior da história”, outros parecem ter se escafedido em um imenso Triangulo das Bermudas, como se tivessem sido reduzidos a pedacinhos pelas lâminas de Freddy Krueger, ou abduzidos por alienígenas.

Esse é o caso, por exemplo, do “Mensalão do PSDB” – perpetrado, de forma pioneira, com a ajuda do mesmo Marcos Valério, durante o governo do Sr. Eduardo Azeredo, em Minas Gerais.
Esse é o caso do “Escândalo do Banestado”, de desvio de mais de 100 bilhões de reais para o exterior, no qual foram indiciados vários personagens ligados ao governo FHC, incluído o Sr. Ricardo Sérgio de Oliveira, “arrecadador” de recursos de campanhas do PSDB, perpetrado, entre 1996 e 2002, também no Paraná, com a ajuda do mesmíssimo “doleiro” Alberto Youssef, do atual escândalo da Petrobras.

Esse parece ser também o caso, do Trensalão do PSDB de São Paulo, que, apesar de ter tido mais de 600 milhões de reais das empresas envolvidas bloqueados pela justiça no dia 13 de dezembro, parece ter sido coberto por um Manto da Invisibilidade digno de Harry Potter, do ponto de vista de sua repercussão.

Seria ótimo se – hipocrisias à parte – o problema do Brasil se resumisse apenas a uma briga entre “bonzinhos” e “malvados”.

Está claro que temos aqui, como ocorre em muitíssimos países, bandidos recebendo propinas no desvio de verbas públicas, atuando como “operadores” e facilitadores no trabalho de tráfico de influência, no superfaturamento e na “lavagem” de dinheiro e no envio de recursos para o exterior.

E também empresários que se acostumaram, com o tempo, a pagar ou a ser extorquidos, a cada obra, a cada licitação, a cada aditivo de contrato, pelos “intermediários” e oportunistas de sempre, e que já sofrem sucessivas paralisações, atrasos e adiamentos nas grandes obras que executam, que ocorrem devido a razões que muitas vezes escondem interesses políticos que nem sempre correspondem aos do próprio país e da população.

E padecemos, finalmente, ainda, da falta de coordenação e entendimento, entre os Três Poderes da 

República, em torno dos grandes problemas nacionais.

Leis, projetos e obras que são essenciais para o futuro do País, não são discutidas previamente entre Executivo, Legislativo e Judiciário, antes de serem encaminhadas para aprovação e execução, o que acaba levando, nos dois primeiros casos, a relações de pressão e contrapressão que acabam descambando no fisiologismo e na chantagem e que afetam, historicamente, a própria governabilidade.

Na contramão do que imagina a maioria das pessoas, com algumas exceções, ao contrário dos corruptos e dos “atravessadores”, os homens públicos – incluindo aqueles que trabalham abnegadamente pelo bem comum – estão muito mais preocupados com o poder, para executar suas teses, ideias e projetos, ou apenas exercê-lo, simplesmente , do que com o dinheiro.

No embate político, ter recursos – que às vezes chegam de origem nem sempre claramente identificada, pelas mãos de “atravessadores” que se oferecem para “ajudar” – é essencial, para conquistar o poder, na disputa eleitoral, e nele manter-se, depois, ao longo do tempo.

Esse é o elemento mais importante da equação. Mas ele só começará a ser resolvido se houver uma reforma política que proíba, definitivamente, a doação de dinheiro privado a agremiações políticas e candidatos a cargos eletivos, promova a cassação automática de quem usar Caixa 2 e aumente a fiscalização do uso dos recursos partidários ainda durante o período de campanha.

Por mais que sejam importantes, e impactantes, as prisões dos corruptos envolvidos no escândalo da Petrobras e a recuperação dos recursos desviados, se não for feita uma reforma política, de fato, elas não impedirão que mais escândalos ocorram, no financiamento de novas campanhas, já nas próximas eleições”.